Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Mauro Claro, texto curatorial da exposição "O Ambiente Moderno", que marca a reabertura da casa modernista da Rua Santa Cruz à visitação pública. Nesta exposição a casa é cotejada com algumas outras casas da modernidade

english
Mauro Claro, curatorial text of the exhibition "The Modern Environment", which marks the reopening of the modernist house on Rua Santa Cruz to the public. In this exhibition, the house is checked against some other houses of modernity

español
Mauro Claro, texto de la exposición "El ambiente moderno", que marca la reapertura de la casa modernista de la Calle Santa Cruz abierta a las visitas públicas. En esta exposición la casa es comparada con algunas otras casas de la modernidad

how to quote

CLARO, Mauro. Ambientes modernos. A casa modernista da Rua Santa Cruz, de Gregori Warchavchik, e outras casas da modernidade. Drops, São Paulo, ano 09, n. 025.03, Vitruvius, nov. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/09.025/1775>.


A casa, pouco tempo depois de terminada a construção, ainda sem as modificações que, em 1935, alteram sua volumetria e seus espaços internos, dotando-a de sua configuração atual [Acervo da família Warchavchik]


A arquitetura moderna não fez parte, como se sabe, da Semana de 22, marco da absorção antropofágica do modernismo no país. Sua chegada deu-se um pouco adiante no tempo, pela mão de arquitetos como Gregori Warchavchik, Rino Levi, Lucio Costa, Flávio de Carvalho, entre alguns outros que, já em meados daquela década ou início da seguinte, quiseram adequar sua formação semi-acadêmica – obtida na Europa ou no Brasil – às práticas da modernidade estética.

Warchavchik é um caso especial dentro desse grupo de pioneiros pois, formado na Itália, chega ao Brasil em 1923 já com um repertório moderno relativamente consolidado, antes portanto de seus colegas arquitetos brasileiros de fato se terem a si próprios como modernos. Integra-se rapidamente, por meio de sua extensa obra construída e de seus escritos e militância profissional, ao grupo de intelectuais brasileiros que faria, nas décadas seguintes, da estética moderna – tanto na arquitetura como na cultura em geral – um fato do cotidiano, entranhado na vida das grandes metrópoles.

Também conjugou-se – a obra de Warchavchik – aos progressos da arquitetura moderna internacional (a própria arquitetura moderna brasileira como um todo foi, como sabemos, protagonista do modernismo arquitetônico internacional a partir da década de 1930), por meio do diálogo que estabeleceu, ao longo de visitas e contatos pessoais, com os que, como Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Richard Neutra, entre outros, produziram essa arquitetura moderna (inclusive escrevendo intensamente sobre ela, como foi o caso de Le Corbusier) ao longo da primeira metade do século XX.

Esta exposição marca a reabertura da casa modernista da Rua Santa Cruz à visitação pública. Projetada pelo arquiteto ucraniano naturalizado brasileiro Gregori Warchavchik e construída entre 1927 e 1928, é tida pela crítica de arquitetura como a primeira construção brasileira a empregar repertório formal integralmente moderno e, por essa qualidade, valorizada como marco estético de nossa modernização. Foi, também, a casa onde viveu durante toda a sua vida, com sua mulher Mina – que idealizou e implantou os jardins da casa, precursores de um abrasileiramento no trato paisagístico – e os filhos Anna Sonia e Mauris.

Gregori Warchavchik, nascido em 1896 na cidade de Odessa, veio a falecer em São Paulo em julho de 1972, deixando uma obra de importância ímpar na arquitetura moderna brasileira, ainda não completamente estudada, apesar das cuidadosas análises que vêm sendo publicadas recentemente e dos vários estudos e teses acadêmicas que, desde o estudo inaugural de Geraldo Ferraz, em 1956 na revista Habitat, enriquecem e possibilitam sua compreensão.

A casa da Rua Santa Cruz, com outras residências projetadas e construídas pelo arquiteto naqueles anos, constitui uma obra cuja importância foi imediatamente reconhecida – não sem discordâncias, é bom que se diga – gerando intensos debates entre os que, profissionais e intelectuais, se preocupavam, naquela época como hoje também, com a incorporação da modernidade (hoje pós-modernidade) entre nós.

Nesta exposição esta casa será cotejada com algumas outras casas da modernidade, de outros 8 arquitetos brasileiros e estrangeiros. A idéia é mostrar ao visitante um pouco da variedade inerente ao chamado “movimento moderno” na arquitetura da primeira metade do século XX. Contemporâneos de Gregori Warchavchik, mais ou menos jovens que ele, todos os arquitetos escolhidos conceberam e construíram espaços com alto grau de flexibilidade – embora sempre marcados por soluções singulares – como se pode ver pelas fotos que compõem a exposição.

Sabendo que essa flexibilidade é própria da arquitetura moderna o visitante poderá compreender e valorizar as mudanças que a casa da Rua Santa Cruz sofreu em 1935 na disposição e no tamanho dos aposentos e das áreas de circulação, na maior importância do acesso lateral em detrimento do frontal, na alteração de elementos da caixilharia e na redivisão dos dormitórios. Todas obedeceram a uma lógica que a construção já tinha e a obra, vista em sua transitoriedade, atesta de maneira ainda mais rica o valor dessa arquitetura frente à característica dinâmica, fluida e mutante da vida que São Paulo, e o país, passariam a conhecer a partir de então.

sobre o autor

Mauro Claro é arquiteto e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Mauro Claro , São Paulo SP Brasil

A casa, pouco tempo depois de terminada a construção, ainda sem as modificações que, em 1935, alteram sua volumetria e seus espaços internos, dotando-a de sua configuração atual [Acervo da família Warchavchik]

O alinhamento do portão com a fachada enfatiza sua simetria. Foi posteriormente deslocado para a esquerda, onde encontra-se hoje, passando a servir mais diretamente a entrada lateral da casa que, na reforma de 1935, ganhou uma marquise [Acervo da família Warchavchik]

O ambiente de estar aparece apenas parcialmente nesta foto, mas pode-se ver as duas estantes ladeadas por poltronas LC2 Grand Confort, desenhadas em 1928 por Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand. No centro da foto estão a escada que leva ao [Acervo da família Warchavchik]

O grande tapete dá o tom circular da nova sala de estar que, ampliada depois da reforma de 1935, passa a comunicar-se com o jardim e a piscina através de uma porta em semi-círculo que se projeta para fora do perímetro quadrangular da casa, dotando-o de um [Acervo da família Warchavchik]

O contraste entre a opacidade da mesa e das cadeiras e a porta, coberta pela vaporosa cortina, nesta sala de almoço evidencia-se pelo desenho do arco metálico que suporta a luminária. A sobriedade do ambiente é, em muitas das casas projetadas por Gregori [Acervo da família Warchavchik]

Vestíbulo superior: antes da reforma de 1935 a janela era de caixilho metálico basculante, com vidros planos transparentes. Foram substituídos depois pelos blocos de vidro cilíndricos atuais [Acervo da família Warchavchik]

 

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided