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interview ISSN 2175-6708

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Bruno Roberto Pavodano entrevista Bernard Tschumi, um dos líderes do movimento desconstrutivista nos anos 80 e discutem sobre a arquitetura e seus conceitos

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PADOVANO, Bruno Roberto. Bernard Tschumi. Entrevista, São Paulo, ano 02, n. 008.01, Vitruvius, out. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/02.008/3344>.


Parque de La Villette, Arquiteto Bernard Tschumi
Foto AG

Bernard Tschumi: arquitetura é forma do conhecimento
Patricia Bertacchini

Em visita ao Brasil, Bernard Tschumi apresentou uma palestra na FAU-USP, em São Paulo, em 22 de junho de 2001. Após a palestra, o arquiteto foi entrevistado exclusivamente pelo bolEtimIDEA. (1)

Na ocasião, Tschumi lembrou que, para ele, "a arquitetura não é o conhecimento da forma; mas sim, uma forma de conhecimento". Dizendo-se desinteressado nas questões meramente formais da arquitetura, Tschumi questionou a relação entre a arquitetura e o programa – entre o espaço e seu uso. Discutindo que não há nenhuma arquitetura sem evento e sem programa, o arquiteto traz, em seus projetos, os interesses programáticos e formais dentro do discurso arquitetônico e da sua representação – o que chama de notação arquitetônica. (2)

Para o arquiteto, todas as seqüências arquitetônicas (referentes à notação arquitetônica), implicam em, ao menos, três relações: primeiramente, uma relação interna com o método do trabalho; uma segunda que trata da justaposição de espaços reais; e uma terceira relação, que é referente ao desenvolvimento do programa. Estas relações dependem da interação entre os três níveis da experiência arquitetônica: o evento, o espaço e o movimento.

O evento é definido, pelo arquiteto, como um incidente, uma ocorrência – o item particular em um programa. Os eventos podem abranger usos particulares, funções singulares ou atividades isoladas. Incluem momentos da paixão, dos atos do amor e do o instante da morte.

Dentro deste conceito, o espaço é um estado mental. Categoria do a-priori da consciência definida por Kant. Talvez a forma pura, ou um produto social: a projeção no âmbito da estrutura sócio-politica.

O movimento é a ação ou o processo, e ainda o ato ou uma maneira particular de mover-se – que em um poema ou em uma narrativa, configura um progresso ou incidente, como o desenvolvimento de um lote. Segundo Tschumi, o movimento, na arquitetura, é a qualidade de ter a abundância do incidente.

O arquiteto demonstrou que os eventos e o movimento são fatores independentes, mas que se relacionam de modo que os componentes arquitetônicos são desconstruídos e reconstruídos, configurando sempre novas relações.

A Notação, segundo o arquiteto, é um elemento tríptico, em sua arquitetura (é introduzir a ordem da experiência, a ordem da hora – movimentos, intervalos, seqüências – tudo implica, inevitavelmente, na leitura da cidade). Esta notação é, também, reflexo de uma necessidade em questionar as modalidades da representação usadas geralmente por arquitetos, como plantas, cortes, axonométricas, etc.

Na abordagem da notação arquitetônica, de acordo com Tschumi, ocorre uma inevitável disjunção entre o uso, a forma e os valores sociais: a circunstância. Quando esta circunstância se transforma em um confronto arquitetônico, o resultado é uma relação inevitável de prazer e violência – referentes aos eventos.

A Articulação, em sua obra, é uma acumulação aleatória destes eventos. A principal característica da articulação é a seqüência – definida como uma sucessão composta por cenários que confrontam espaços, movimentos, e eventos – cada uma com sua própria estrutura combinante.

Os componentes arquitetônicos, porém, nunca tentam, em sua obra, transcender as contradições entre o homem, os eventos e os objetos; mas, buscam trazê-los à uma nova síntese caracterizada por uma relação dinâmica, de reciprocidade ou conflito.

Este referencial teórico se reflete em sua obra, da seguinte maneira: segundo o arquiteto, o prazer da arquitetura é concedido quando esta arquitetura cumpre suas expectativas espaciais, sendo capaz de incorporar idéias e conceitos, com inteligência e invenção. O prazer é, então, resultante dos conflitos. Segundo o arquiteto, "o projeto do Parc de la Villette pode assim ser visto para incentivar o conflito sobre a síntese, a fragmentação sobre a unidade, a loucura e o jogo sobre a gerência cuidadosa. Este projeto subverte um número de ideais que lhe eram sacrificados no período moderno – desta maneira, pode ser aliado a uma visão específica de pós-modernidade". (3)

Seus projetos atuais demonstram uma preocupação em interagir, neste contexto, o evento, o movimento, e agora, o terceiro fator: as forças (agora forças como articulantes do espaço – e não mais somente o espaço). Esta ênfase para as forças adquirem seu ápice de exploração projetual no Alfred Lerner Hall, Universidade de Columbia, onde as rampas de circulação adquirem até mesmo um caráter simbólico, referencial do projeto; e no Performance Hall and Exhibition Center, que é um espaço livre, resultante da articulação intra-fluxos.

notas

1
Boletim informativo virtual do IDEA – Instituto para o Desenho Avançado. A entrevista foi feita pelo arquiteto Bruno Padovano

2
Todos os trechos em itálicos são expressões ou estruturas utilizadas pelo arquiteto durante a palestra.

3
Explicação utilizada pelo próprio arquiteto, sobre o Parque de La Villette, retirada do website www.pixcentrix.co.uk/pomo/arch/arch.htm

Alfred Lerner Hall, Universidade de Columbia. Arquiteto Bernard Tschumi
Fotos website oficial do arquiteto

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