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Exposição comemorativa do centenário de Akira Kurosawa no Instituto Tomie Ohtake
No ano em que se comemora o centenário de nascimento de Akira Kurosawa (1910-1998), o Instituto Tomie Ohtake e a Mostra Internacional de Cinema trazem pela primeira vez ao público brasileiro os desenhos para cinema criados pelo mestre japonês. A mostra reúne 80 storyboards concebidos para os filmes Kagemusha (1980), Ran (1985), Dreams (1990), Rhapsody in August (1991), Madadayo (1993) e The Sea Watches (2002).
Organizada para a efeméride, a exposição, que antes de chegar a São Paulo esteve no Tókio Metropolitan Museum of Photografy, revela o singular talento também para as artes plásticas do cineasta que, quando jovem, aspirava ser pintor. Prova disso é que aos 18 anos já se destacava o suficiente para que seu trabalho fosse admitido na prestigiosa Nika Art Exhibition.
Posteriormente, entretanto, Kurosawa decidiu seguir a carreira que o consagrou, deixando completamente a pintura e queimando todos os trabalhos que havia feito até então. Meio século depois, durante a produção do filme Kagemusha, que enfrentava constantes adiamentos devido a restrições orçamentárias, retomou o pincel para criar os storyboards com o desejo de registrar ao menos as imagens estáticas, na eventualidade de a filmagem não ser realizada.
Retomando a prática em outros trabalhos, os storyboards de Kurosawa podem revelar o quanto seus filmes já estavam completos em sua mente. As emoções dos personagens, o figurino, as locações, a luz, o enquadramento e a composição das cenas contidas em suas pinturas são reproduzidos nos filmes. Por isso, ao contemplar essas pinturas perfeitamente executadas, além de remeter à origem de cada obra cinematográfica, compreende-se os recorrentes comentários em sua filmografia de que “cada quadro é belo como uma fotografia”.
Segundo o diretor Martin Scorsese, que atuou como Van Gogh, em Dreams, pode-se ver a maestria absoluta do cinema em seus desenhos e pinturas preparatórios. “Ao ver os desenhos que ele me dera para minhas cenas como Van Gogh em seu Dreams, lembro-me da sua precisão em absolutamente tudo – quantos passos dar durante a filmagem de uma cena, o posicionamento de meus braços, o tamanho das pinceladas de Van Gogh, o modo com que meus olhos e minha barba seriam enquadrados. Ao olhar essas pinturas e desenhos, pode-se sentir que ele vive e respira cinema – elas estão esperando para serem realizadas e postas em movimento”.