O Governo do Estado do Paraná, a Associação dos Amigos do Museu Oscar Niemeyer e o Instituto John Graz e Annie Graz promovem a exposição John Graz, que acontece no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba de 9 de dezembro de 2010 a 3 de abril de 2011.

Depois de apresentar algumas peças do artista na exposição Os Modernos Brasileiros +1, o Museu Oscar Niemeyer apresenta uma exposição exclusiva sobre John Graz, que faz uma homenagem às suas muitas habilidades artísticas. Com múltiplos dons, Graz impressiona na pintura e também foi um dos grandes pioneiros da arquitetura e do mobiliário moderno brasileiro.

John Graz absorveu muito bem a cultura brasileira e isso fica claro em sua pintura, onde retrata a beleza da natureza, a fauna, a flora, as cores e os costumes do povo de seu novo país. Sobreviveu ao tempo em que a ideia de que qualquer objeto de uso cotidiano deveria ter suas densidades artísticas esteticamente trabalhadas e, assim, foi capaz de unir a arte, a arquitetura e o design em uma única linguagem plástica. Tudo isso, aliado ao seu talento excepcional, faz desse artista um grande pioneiro nas áreas onde atuou, sendo admirado mundialmente.

John Graz 1891-1980, o arquiteto de interiores

John Graz, artista suíço, de formação européia, viveu em São Paulo por sessenta anos, dos anos 1920 aos anos 1980, exercendo ativamente a profissão de artista plástico, designer e arquiteto de interiores. Fez parte do seletivo ambiente social e cultural da cidade e, esteve presente, atuando nas principais manifestações artísticas da capital paulista. Sua trajetória artística acompanhou as transformações estéticas pelas quais São Paulo atravessou.

John Graz foi um desses artistas de espírito arrojado, responsável pela introdução do estilo moderno nos interiores das residências paulistas. Seus clientes, pessoas ricas e influentes da época, fizeram parte da primeira geração que apostou na adoção dessa nova estética para o ambiente doméstico. Portanto, suas residências representaram marcos de novos valores sociais e símbolos das transformações dos costumes; um paralelo entre a arte e a vida, que demonstra como a modernidade foi assimilada na maneira das pessoas viverem. Ele sintetizou em suas obras a modernidade, apresentando novas soluções decorativas, agregando aos objetos de uso do cotidiano um novo valor estético diferenciado e inovador. Mais do que um artista, John Graz ajudou a difundir o conceito de que as artes aplicadas deveriam ser integradas a um projeto global de arquitetura.

Durante sua trajetória profissional John Graz transitou em nível exploratório por vários estilos artísticos e decorativos, dialogando com eles e fazendo por vezes uma ponte entre a tradição e a modernidade. Foi um artista do presente, que reconhecia o passado e projetava o futuro. Ousado para sua época, propunha soluções estéticas que poderiam ser aplicadas em qualquer período histórico, pois sabia que a convivência do tradicional e do moderno possibilitaria que costumes e tradições sobrevivessem, aliados à diversidade da vida moderna. Assumia uma atitude moderna em relação ao fazer artístico, na medida em que absorvia várias influências sem se filiar a um partido estilístico. Por esta mesma razão, sua arte não se limitava a um mesmo suporte e transpunha os limites do desenho para atingir a esfera das experiências reais, concretizadas no ambiente doméstico. Muitas de suas obras esclareciam um dos veios mais criativos e inovadores, porém, menos valorizado das artes, que corresponde as artes aplicadas e decorativas. Seus trabalhos serviram de estímulo à incorporação de novos paradigmas estéticos nos suportes expressivos da vida cotidiana.

[Anna Maria Affonso dos Santos]