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Veja ilustre passageiro: o Atelier Mirga e os cartazes de bonde e Caprichosamente engarrafada: rótulos de cachaça
Como parte do ciclo de exposições Anônimos e Artistas, projeto desenvolvido pelo Instituto Tomie Ohtake que procura revisitar a origem de uma identidade no design brasileiro, serão apresentadas, a partir de 09 de fevereiro, as mostras Veja ilustre passageiro: o Atelier Mirga e os cartazes de bonde e Caprichosamente engarrafada: rótulos de cachaça.
A primeira traz uma seleção com cerca de 300 obras do Atelier Mirga. Criado e dirigido por Henrique Mirgalowski, ou apenas Mirga, o ateliê produziu, entre 1928 e 1970, mais de oito mil anúncios para bondes e ônibus de São Paulo, dos quais pequena parte está reunida nesta exposição. O que pouca gente sabe é que este escritório foi o único responsável por todos os cartazes de bonde criados para a antiga “Companhia dos Annuncios em Bonds”.
Almejando organização e eficácia profissional, o ateliê reunia diversos artistas, organizados numa espécie de linha de produção, para atender a essa expressiva demanda. Com influências que partiam da cartazística norte-americana, francesa e soviética, o ateliê conseguiu imprimir um traço brasileiro nestas criações.
Veja ilustre passageiro: o Atelier Mirga e os cartazes de bonde, com curadoria de Norberto Gaudêncio Junior, autor de dissertação de mestrado sobre o tema, nos revela um importante e desconhecido capítulo da arte gráfica brasileira, que muito se contrapõe ao modelo de hoje, marcado por uma publicidade agressiva, pautada por complexas estratégias de gerenciamento de marcas e perfis de consumo.
Paralelamente, Caprichosamente engarrafada: rótulos de cachaça traz cerca de 400 rótulos, além de pedras litográficas, que fazem parte das coleções do designer gráfico e pesquisador carioca Egeu Laus e do extenso acervo da Fundação Joaquim Nabuco, o maior centro de estudos sociais do nordeste brasileiro.
Com curadoria de Egeu Laus, a mostra retrata essa bebida popular que sempre esteve presente no cotidiano brasileiro e que circulou em todos os meios sociais. Com uma provocante reunião de rótulos, impressionantes por sua capacidade de chamar do mais rico ao mais pobre a compartilhar um gole, a exposição busca compreender o brasileiro, sua identidade e sua relação com a modernidade.
Muitas vezes o rótulo era idealizado pelo próprio dono do alambique e a gráfica apenas o imprimia, noutras a gráfica desenvolvia e apresentava o desenho final já impresso com tipos móveis ou na matriz que seria impressa. No entanto, o importante e interessante de se notar é que, ao contrário do que vemos em outros produtos, os rótulos de pinga são uma criação nacional que, imitando nosso próprio meio social, aceita influências distintas e as reúne de maneira harmônica numa fala única de sedução.
Na mesa de desenho dos inúmeros responsáveis pelos rótulos de pinga, escoou e ainda escoa um pensamento que se apropria livremente de santos em imagens e tipografias, assim como de cores chamativas e mulheres estereotipadas em trocadilhos para comunicar a toda população, e, nesse ínterim, articular o que hoje chamaríamos de uma certa brasilidade.
Anônimos e Artistas
Conjunto de quatro exposições que se concluirá em 2012, Anônimos e Artistas, partindo da mostra de produtos de realização e consumo em massa, provoca um questionamento sobre quais seriam as origens do nosso design, atualmente reconhecido dentro e fora do Brasil, mas ainda em busca de uma definição. Foi idealizado há mais de dez anos pelos designers gráficos Milton Cipis, coordenador da série, Sylvia Monteiro e Ricardo Ohtake, e tem participação ativa da equipe de pesquisa do Instituto Tomie Ohtake.