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A mostra reúne 30 obras do artista Tomás Santa Rosa (1909-1956)entre pinturas, desenhos, figurinos, projetos , azulejos e ilustrações.

Tomás Santa Rosa nasceu em 20 de Setembro de 1909, na Rua da Areia, na Parahyba, segundo a grafia da época. De acordo com seu biógrafo oficial, Cássio Barsante, foi um garoto "estudioso, introspectivo, mas irrequieto". E no começo de sua vida adulta, foi contabilista do Banco do Brasil, mas preferiu seguir sua vocação de artista, e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1932, com 23 anos, com a cara e a coragem. Seu começo foi difícil, mas seu talento, aliado à sua personalidade, fez dele um sucesso, senão instantâneo, mas sim profícuo, persistente, e sempre uma agradável surpresa, por toda sua curta vida.

Aos 28 anos inicia sua carreira de cenógrafo, após ficar famoso juntamente com o grupo de teatro "Os Comediantes" que logo atraiu para seu grupo o conhecido e influente diretor de teatro francês Louis Jouvet, que habitava então o Rio de Janeiro, fugido do nazismo.

Seria tedioso enumerar aqui sua lista de sucessos, mas alguns pontos altos foram Orfeu, em 1942, Escola de Maridos (1943), de Molière, e seu sucesso mais retumbante: Vestido de Noiva (1943), escrito pelo genial Nélson Rodrigues, e dirigido pelo não menos inspirado Ziembinski. Descrita como uma tragédia da memória, a peça tinha um cenário à sua altura, em dois andares, com arcadas no térreo, que podiam ser também nichos de arranjos florais, ou janelas com vitrais. 
"A fragmentação das cenas e a sequência não cronológica dos fatos foram ligados por essa concepção genial de espaço e tempo, ordenando o que poderia ser um caos interpretativo". 
A peça foi um dos maiores sucessos da história do teatro brasileiro.

Sua modernidade, inovação, e grande capacidade de síntese, logo fez de Santa Rosa, além de figurinista e cenógrafo, um muito completo homem de teatro, de quem se esperava sempre uma grande cena inspirada, um cenário arrebatador, em harmonia com o momento da peça, e com uma iluminação fascinante. Santa Rosa foi tudo isso, e muito mais. "O revolucionário e discutido Teatro Experimental do Negro, recebeu durante muitos anos a colaboração desinteressada de Santa Rosa"(CB). Na Companhia Dramática Nacional, criada em 1952, e dirigida por Henrique Pongetti, Santa Rosa desenhou outro cenário de grande sucesso, para mais uma peça de Nélson Rodrigues, "A Falecida". "Santa sabia como ninguém a função exata da cenografia"(CB). Colaborou notavelmente para dezenas de óperas e bailados. Se tornou cenógrafo oficial do teatro municipal do Rio de Janeiro. Em muitos espetáculos, era o figurinista também. Sempre inspirador. Criou em 1956, com amigos, o Movimento Brasileiro de Arte, um grupo teatral para encenar "a coisa brasileira!"  Isso depois de ter sido, por quase 30 anos, diretor, cenógrafo, ou colaborador, dos principais grupos teatrais da capital carioca. Como pintor, ele foi um artista diferente dos artistas atuais, que perseguem uma marca reconhecível, na época de Santa Rosa, artistas gostavam de exibir sua versatilidade, criando em vários estilos diferentes, uma obra coerente, só que diversificada.

Uma terceira carreira completou a de pintor e cenógrafo de Santa Rosa, a de ilustrador de livros, gráfico, e diretor de arte. Darling da editora José Olympio, criou, só para eles ilustrações e capas de 220 obras. Foi durante 20 anos a estrela desse mercado, criando para as principais editoras do período, os melhores autores, e as grandes obras. Para citar uma ínfima parcela: José Lins do Rego em "Menino do Engenho", Graciliano Ramos em "Vidas Secas", Jorge Amado em "Cacau", Jorge de Lima em "O Anjo", Manuel Bandeira em "Estrêla da Manhã", Mário de Andrade em

"Macunaíma", Clarice Lispector em "Perto do Coração Selvagem", Dinah Silveira de Queirós em "Floradas na Serra", Lucio Cardoso em "Novas Poesias", Rachel de Queirós em "Lampião, Guimarães Rosa em "Sagarana", Carlos Drummond de Andrade em "A Rosa do Povo", e Lima Barreto em "O Triste Fim de Policarpo Quaresma". Além de autores estrangeiros como Leon Tolstoi, Jane Austen, Dostoiesvski, Walt Whitman, Rabindranath Tagore, Tchekov, Thomas Hardy, e muitos outros. Além da Livraria José Olympio Editora, criou capas inesquecíveis para a Pongetti, Ariel, Rio, Schmidt, Agir, Zélio Valverde, Cruzeiro do Sul, editora A Noite, Ocidente, Martins, Vecchi editora, e Companhia Editora Nacional.

Sempre dentro de um espírito crítico, uma refinada síntese da obra, sua, era a ilustração que não só vendia, mas valorizava a obra. Ele era exatamente os que os editores procuravam, um artista que entendesse completamente o autor e a obra, e cuja arte soubesse expressa-la, à sua altura. 
E foi ainda mais: ensaísta de jornais e revistas, geralmente sobre arte e teatro, professor, e crítico de arte, tendo se debruçado sobre os principais temas de sua época, como, por exemplo, a polêmica entre figurativismo e abstração, que chegou a praticar, mas nunca chegou a adotar completamente. Enfim, a rica biografia de Santa Rosa não cabe aqui, mas explica sua merecida fama em vida, e que após sua morte, se estendeu até hoje, para quem conhece a história da arte, e da cultura, brasileiras.

Aliás, a morte de Santa Rosa foi um capítulo à parte em sua trajetória de vida. Viajou em 1956 para a Índia, como representante brasileiro na Conferência Internacional de Teatro, em Bombaim. Visitou o Taj Mahal, esteve em Agra, Elefanta, Elora e Ajanta, cidade monumento da arte Hindu. Adoeceu, alguns dias antes de sua morte, dos rins e da bexiga. Atendido por um médico, foi levado a um hospital, onde morreu em 24 horas, de embolia séptica, segundo o diagnóstico atual. Seu corpo foi trazido de volta ao Brasil de avião, via Londres, e foi velado no foyer do teatro municipal do Rio de Janeiro, com honras de chefe de estado, já que o Brasil tinha perdido um dos seus principais artistas, morto no exterior. O presidente Juscelino Kubitschek veio especialmente de Belo Horizonte para o enterro, realizado no cemitério de São João Batista, o cemitério dos artistas cariocas. Santa Rosa foi um artista pleno, cujas obras em alguns momentos lembram o traço de Portinari, com quem estudou pintura, com De Chirico, Ismael Nery, Pavel Tchelichev, Christian Bérard, e outros, que seu gosto refinado, soube admirar, compreender e emular. Sua arte era versátil, como comprova esta exposição, ele foi modernista, cubista, metafísico, surrealista, e até abstracionista experimental, por pouco tempo. Ainda como ser humano, Santa Rosa era sempre lembrado por seus amigos como um grande namorador, que amava o amor, como amava a arte. 
E suas morenas, adoradas, amadas, e muito desejadas, ganharam uma boa parte de sua atenção, em sua curta vida. Outro traço digno de ser lembrado, e que completa sua figura, era a de um eterno atrasado, talvez absorvido momentaneamente pela poética da vida, da qual era arguto observador. Mas quando chegava ao compromisso, com horas de atraso, cumpria a obra que viera criar, com carinho, atenção, e sempre, com um excelente resultado.

E quando recebia aplausos do cliente, geralmente um grande escritor ou poeta, se justificava maliciosamente, dizendo: foi o atraso que ajudou na obra! Resumindo, Santa Rosa, e sua arte, foram onipresentes em seu tempo, um grande inovador, um poeta das artes, um artista completo, como quase não se faz mais hoje em dia.

Exposição "Tomás Santa Rosa, encena o pintor ilustrado"

happens
from 25/04/2017
to 16/05/2017

opening
25 de abril, às 17h

where

Galeria MaPa
Rua Costa, 31
São Paulo, SP

source
Patrícia Rabello
São Paulo, SP

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