Dentro do tema que orientou toda a programação da edição especial do CCBB Música.Performance, a desesperança como estímulo criativo, que teve como inspiração o álbum “Hopelessness”, da cantora, compositora e performer americana Anohni, no dia 27 de agosto o coletivo Mamba Negra propõe um happening inédito, intitulado Em Estado De(s)Graça, que ocupa o entorno do prédio do CCBB São Paulo, trazendo convidados como Ava Rocha e Bella, Teto Preto, EXZ_, Cashu e Guillerrrmo, em conexão direta com as performances visuais da Coletividade Namíbia, Loic Koitana, Alma Negrot e MIWI.

O coletivo Mamba Negra promete criar uma grande obra interativa e coletiva de som, luz e corpos que almejam ressignificar o espaço onde acontece o happening como encruzilhada histórica e política. É uma espécie de rito de fortalecimento e resistência para além dos conceitos artísticos estabelecidos, através do qual performers e público se irmanam pela força da materialidade de diversas expressões artísticas.

EXZ_ é o produtor que abre a programação com live percussivo e melódico de timbragens eletrônico-brasileiras, trazendo um pouco das origens da pesquisa sonora da Mamba Negra e também preparando o calçadão para receber a performance inédita de Ava Rocha e Bella, em explosões sonoras, fogo, carvão e um círculo de sal. A festa segue com Guillerrrrmo, projeto de acid house/techno iniciado em 2014 pela manauara Viviane Mendes, com influências que vão desde os álbuns de disco music até chicago house e detroit techno. Euvira é a performer do coletivo Namíbia, nascido com o intuito de conectar multiartistas negros de diversas áreas, como artes visuais, música, performance e dança. Teto Preto, banda eletrônico-orgânica que reúne músicos de diferentes bagagens em livre improvisação, se apresenta com Carneosso em performance, voz e colagens, com Pedro Zopelar nos beats e synths, William Bica no sopro-percussão e Benjamin Sallum nos beats. Loic Koutana, que também performa ao lado de Carneosso (Laura Diaz), comparece com seu projeto Virgo, corpo convulsivo de dança que agrega a dimensão simbólica, corporal e visual da apresentação. Encerrando a noite, Cashu (Carolina Schutzer), com suas batidas hipnóticas e nervosas que remetem a narrativas sensoriais e Alma Negrot, ciborgue voodooqueen, com seu corpo manufaturado por sucata, papel, botões e rendas na construção de devires oníricos.