Tecnologia em Preto e Branco tem a proposta de apresentar a beleza das experiências vividas no primeiro século do IPT, ao mesmo tempo em que transmite o espírito arrojado dos pesquisadores

Muitas das principais obras da cidade de São Paulo na primeira metade do século 20 foram desenvolvidas graças ao trabalho pioneiro de um grupo de pesquisadores do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Dentre elas, as primeiras linhas de bonde elétrico, a pavimentação das ruas da cidade, os trilhos de trem que cortaram o município para levar o desenvolvimento além da capital, e o Edifício Guinle (1913) - primeiro arranha-céu de São Paulo erguido com o uso pioneiro de concreto armado. Na época, o material foi testado pelo IPT para garantir a segurança da estrutura num período em que a cidade não tinha prédios com mais de dois andares. O Edifício mantém até hoje suas características originais

A origem dessas e muitas outras construções remonta a 1910, quando pesquisadores publicaram o primeiro Manual de Resistência dos Materiais, um compilado de estudos para avaliação da qualidade de materiais utilizados na construção civil, que foi essencial para a transformação de São Paulo na metrópole que ela é hoje.

O acervo de imagens

O que muitos não sabem é que o IPT manteve, ao longo de mais de um século, registros fotográficos dos mais variados processos tecnológicos desenvolvidos por seus engenheiros, técnicos e operários. 

Das mais de 30 mil imagens armazenadas cuidadosamente pelo instituto, 187 foram selecionadas e reunidas no livro “Tecnologia em Preto e Branco”, cujo lançamento oficial pela Versal Editores acontecerá no próximo dia 15 de fevereiro, às 14h30, no IPT, prédio 50, localizado na Av. Professor Almeida Prado, 532, Cidade Universitária – São Paulo – SP. Produzido com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e com patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBBM), a obra traz imagens, em preto e branco, que inicialmente foram feitas para auxiliar no entendimento dos relatórios técnicos e mostrar o aperfeiçoamento da tecnologia com o passar dos anos.

Apesar das dificuldades para se produzir uma foto no início do século XX, as imagens impressionam pela técnica, composição e beleza dos enquadramentos compostos à base de luz e sombra. A foto mais antiga data de 1901 e mostra os trilhos da atual ladeira General Carneiro, no Centro, que haviam passado por estudos comparativos de flexão e elasticidade no antigo Gabinete de Resistência dos Materiais, nome original do IPT.

Além de imagens da metrópole construída por cientistas, Tecnologia em Preto e Branco expõe as particularidades de peças e maquinários, como o forno elétrico Heroult, com capacidade de até uma tonelada, adquirido para pesquisa e desenvolvimento de ligas metálicas. Um luxo para a época, mas tão importante que até hoje é utilizado no Laboratório de Processos Metalúrgicos do Instituto.

Já outras imagens mostram a rotina de pessoas e seus instrumentos, suas máquinas, conduzindo o seu trabalho no dia a dia. Imagens que nos remetem ao filme Metropolis (1927), do austríaco Fritz Lang, conforme observou Fernando Landgraf, diretor-presidente do IPT entre 2012 a 2018, em seu texto de apresentação da obra. Para ele, surpreende o contraste dos “personagens” ora em poses compenetradas ao cuidar de seus instrumentos; ora em poses divertidas durante um ensaio mecânico ou evento festivo.

Por sua qualidade estética e valor histórico, esses registros mereciam ser acessados por um número maior de pessoas. Essa foi a motivação para a condução deste projeto.

Tecnologia em Preto e Branco tem a proposta de apresentar a beleza das experiências vividas no primeiro século do IPT, ao mesmo tempo em que transmite o espírito arrojado dos pesquisadores pioneiros, que se dedicaram à construção coletiva de conhecimentos para o nosso país.

Além da evolução tecnológica brasileira, Tecnologia em Preto e Branco traz também especial contribuição ao conhecimento da história da fotografia do Brasil.