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A obra Errante, de Hector Zamora, situada na região da Avenida do Estado, em frente ao Mercado Municipal de São Paulo, é a primeira realização do projeto Margem, criado pelo Itaú Cultural. A intervenção consiste na elevação de um conjunto de árvores de porte sobre uma larga extensão do leito do rio Tamanduateí, suportadas por uma armadura de ferro e cabos de aço, como que a criar um jardim suspenso e surreal na borda de um local que ainda guarda o nome de Parque D. Pedro II.

Suspensão é, justamente, uma palavra-chave para descrever o trabalho, pois remete tanto à sua realidade física quanto metafórica: a epifania de outra cidade latente, fantasmática, que parece emergir por sobre a cidade real, suspendendo-a. O seu conteúdo poético é paradoxalmente delicado e agressivo. Por um lado, a intervenção figura de modo onírico um parque linear em terreno inexistente, aludindo ao sacrifício dos espaços naturais e de lazer numa cidade que fez o “pacto fáustico” da modernização industrial e rodoviarista. Por outro, replica as operações de enérgica artificialidade e improvisação de uma cidade que salta insistentemente sobre suas dificuldades ao invés de procurar resolvê-las – como é o caso do crescente aumento da frota de helicópteros em resposta ao trânsito e à violência urbana.

O Tamanduateí é, junto com o córrego do Anhangabaú, o rio da formação original de São Paulo. Retificado e canalizado para a construção do Parque D. Pedro II nos anos 1920, foi desaparecendo progressivamente da vista das pessoas entre vias expressas, grades, esgotos e alças viárias. Porta de acesso para a Zona Leste, e histórica área cerealista da cidade, a antiga Várzea do Carmo é hoje uma região popular, conflituosa e rica de informações, marcada pelo comércio informal, a presença de moradores de rua, e a traumática história de desocupação recente e demolição (em curso) dos edifícios São Vito e Mercúrio – alterando mais uma vez a paisagem do lugar.

Ao escolher esse local para pousar o projeto Margem em São Paulo, procuramos abordar criticamente essa confluência de relações. Pois se as margens do Tamanduateí se tornaram um espaço urbano desertificado, não deixaram de ser um lugar de máxima vitalidade na dinâmica excludente da cidade feita metrópole.

Atravessando as críticas social e ambiental, a paisagem errante de Zamora não propõe um remédio para o pesadelo urbano. É, ao contrário, um evidente tour de force, que pode ser visto tanto como um jardim do éden em local impróprio, quanto como uma natureza híbrida e mutante, imobilizada em teia de aranha.

informações

ErranteHéctor Zamora, 2010

Inauguração

dia 9 de outubro a partir das 12h
A intervenção acontece sobre o rio Tamandatueí, no trecho em frente ao Mercado Municipal

de 9 de outubro a 28 de novembro

Projeto Margem

curadoria Guilherme Wisnik Realização Itaú Cultural

Rio Tamanduateí, São Paulo [Divulgação]

Rio Tamanduateí, São Paulo [Divulgação]

Rio Tamanduateí, São Paulo

Rio Tamanduateí, São Paulo

Rio Tamanduateí, São Paulo

Rio Tamanduateí, São Paulo

"Errante" trabalho de Hector Zamora

happens
from 09/10/2010
to 28/11/2010

source
Guilherme Wisnik
São Paulo SP Brasil

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