A última etapa da Jornada da Habitação, que desde janeiro promoveu o diálogo e a troca de experiências entre seis projetos de São Paulo e cidades de quatro continentes, ocorreu no último dia 30 na Estação Júlio Prestes. Diversas atrações culturais, barracas com artesanato e alimentação, palestras e debates atraíram centenas de pessoas ao local. Essa etapa fez a relação entre as habitações coletivas do Centro, atendidas pelo Programa de Cortiços da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), e os assentamentos precários de Bagdá, no Iraque.

A abertura da última etapa da Jornada da Habitação ocorreu em um palco montado em uma das plataformas de embarque da Estação Júlio Prestes, por meio de uma parceria com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Estavam presentes o secretário municipal de Habitação, a superintendente de Habitação Popular da Sehab, o diretor da Regional Centro da Sehab (Habi-Centro) e a arquiteta italiana Lorenza Baroncelli, que representou o curador da Jornada da Habitação, Stefano Boeri.

“O principal mérito da Jornada foi disseminar o conhecimento sobre os problemas habitacionais e as soluções possíveis, que a gente já atingiu e que pode atingir, e de que forma podemos beneficiar o coletivo. A vinda dos estrangeiros permitiu o intercâmbio de ideias e a valorização dos nossos projetos”, ressaltou o secretário municipal de Habitação.

Em seguida, na palestra “São Paulo & Bagdá”, o fotógrafo de arquitetura da agência Luz Photo, Antonio Ottomanelli, falou sobre o trabalho desenvolvido por ele com moradores dos cortiços do Centro de São Paulo: “Fizemos oficinas de foto e vídeo e, dessa forma, conseguimos estabelecer uma relação com as pessoas. Isso permitiu que elas investigassem o local onde vivem com um outro olhar”.

Para encerrar, os participantes assistiram a palestra “Pensões – A Experiência de São Paulo”, com três moradoras e ex-moradoras de cortiços, Sheila Cristina Quintiliano, Irene Callichio e Maria Helena Ferreira da Cruz, e acompanharam o debate “São Paulo: Espaços Públicos e Habitação na Área Central”, com os arquitetos José Armênio, Ruben Otero, Pablo Hereñú, Marta Moreira e Vinícius Andrade, além da encarregada de Assuntos Internacionais do Ministério de Habitação e Urbanismo do Chile, Paola Siclari.

“A Jornada é uma experiência magnífica, pois mostra que os assentamentos informais têm problemas comuns em vários lugares do mundo. E a melhor maneira de desenhar políticas públicas é a troca de conhecimento”, disse Paola.

Atrações culturais

Na parte externa da Estação Júlio Prestes, foram montadas diversas barracas de artesanato e alimentação, além de um palco e uma tenda, para as atrações culturais. No palco principal, houve apresentações musicais de cordel, do Grupo Gaiteando, do violeiro Ailton Rios, do Circo Bixigão, do sanfoneiro José Gonzaga, do violonista Paulo Miranda e de dança caipira. Já na tenda, houve dança afro, dança coreográfica, Batuque na lata/Afro Mix, desfile de roupa para idosos, oficina de circo, dança do ventre, capoeira e campeonato de dominó.

Na plataforma de embarque foram transmitidas ao vivo, em três telões, as partidas decisivas da Copa Jornada da Habitação, disputadas no Clube Escola Pelezão, na Lapa, e que teve como campeã a equipe do Caiubão, de Perus (Zona Norte). Ainda por lá, houve apresentação de trabalhos feitos por alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em parceria com a Sehab, e a exposição “Favela Rules!”, produzida por alunos da ETH Zürich.

O encerramento oficial da Jornada da Habitação foi feito com apresentação da Orquestra de Cordas e Coral Infantil do Trio Images.