In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.
Os 75 anos do equipamento público municipal comemorados por trabalhos da antropóloga Zulmara Clara Sauner Posse e da arquiteta Elizabeth Amorim de Castro.
Você sabia que Curitiba já teve um Matadouro Municipal no bairro do Guabirotuba? E que antes dele existia outro na Rua Itupava? Os matadouros eram (e ainda são, em algumas cidades pequenas) importantes equipamentos urbanos que, apesar de serem considerados “perigosos, insalubres e incômodos”, mantinham longe dos centros urbanos o abate de animais para o consumo da população. Estes equipamentos citadinos, estreitamente relacionados aos processos de urbanização e constituição da administração pública moderna, sujeitam-se às determinações higienistas, às imposições legais e aos interesses econômicos de empresários.
O Matadouro Municipal funcionou entre 1899 e 1974. Durante esta trajetória, muita coisa aconteceu em Curitiba e no Guabirotuba. De arrabalde, distante do centro urbano e constantemente alagado pelo Rio Belém, a região transformou-se em bairro, com mais de 11.000 moradores e tomada por residências unifamiliares, congregações religiosas, um comércio consistente e escolas, públicas e particulares, de todos os níveis de ensino. A constituição do bairro do Guabirotuba – tendo como forte indutores de ocupação o Matadouro Municipal, as estradas Curitiba-São José dos Pinhais e a BR-116 e os conjuntos habitacionais – é o tema do site O Matadouro Municipal e o Guabirotuba (https://omatadouromunicipaleoguabirotuba.wordpress.com/). Ali são encontradas informações preciosas e inéditas, acompanhadas por fotografias e mapas que mostram de forma simples, dinâmica e consistente como a ocupação da região leste da cidade ocorreu, ultrapassando os limites impostos pelo Rio Belém e contrariando as recomendações dos planos Agache (1943) e Diretor (1967).
Além do site, a pesquisa rendeu um livro, Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – arquitetura, urbanização e higienismo, que analisa as instalações físicas do Matadouro do Guabirotuba e revela sua total inadequação aos preceitos higienistas vigentes, suas intermináveis reformas e a grande insatisfação da população com este equipamento urbano. O trabalho apresenta um texto consistente, baseado em uma pesquisa de mais de três anos que levantou uma extensa documentação, oficial e oficiosa. A narrativa é enriquecida por projetos arquitetônicos e urbanísticos, mapas, fotos, matérias em periódicos, legislações, relatórios e discursos. Também reúne e analisa a vasta legislação voltada para a higiene pública, o funcionamento do matadouro e todo o processo de transporte e comercialização da carne.
Os três temas – o edifício do Matadouro Municipal, as normas e o bairro do Guabirotuba – estão presentes no livro e no site e resultam de estudo realizado pela antropóloga Zulmara Clara Sauner Posse e a arquiteta Elizabeth Amorim de Castro. Esta pesquisa foi viabilizada pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e incentivada pelas empresas Celepar, Higiserv Limpeza e Conservação S/A e Best Way Trips Agência de Viagens e Turismo Ltda. Fruto de renúncia fiscal, o trabalho retorna à sociedade com a disponibilização integral do livro Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – arquitetura, urbanização e higienismo no site O Matadouro Municipal e o Guabirotuba.
Este é o quarto trabalho da dupla de pesquisadoras que já revelou a extensa produção arquitetônica do engenheiro Eduardo Fernando Chaves e o processo de urbanização de Curitiba nas primeiras quatro décadas do século 20 (ver https://asvirtudesdobemmorar.wordpress.com/); analisou os Ginásios, Escolas Normais e Profissionais do Paraná e esmiuçou a conturbada história do Matadouro Modelo de Curitiba. Com uma perspectiva multidisciplinar, os trabalhos de Zulmara e Elizabeth mostram uma Curitiba pouco conhecida, que cresce e urbaniza-se, é movida por inúmeros interesses, encontra-se repleta de conflitos, mas busca a modernização.