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Projeto nasce de uma parceria inédita entre o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro, e a Galeria Almeida e Dale, de São Paulo.

Diagnosticado como esquizofrênico paranoico, viveu por quase 50 anos como interno de uma clínica psiquiátrica do Rio de Janeiro. Aproveitou-se dos materiais precários que o cercavam para recriar o mundo e registrou em mantos e estandartes tudo que sua memória foi capaz de recordar. Arthur Bispo do Rosário, um dos expoentes da arte contemporânea brasileira, terá toda a sua produção reunida e reverenciada em um catálogo raisonné, cujo lançamento está previsto para agosto de 2018.

Idealizado e patrocinado pela galeria Almeida e Dale e coordenado por Ricardo Resende, curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, o projeto de pesquisa e catalogação da obra do artista está em fase inicial e deve se estender por mais dez meses. A equipe de pesquisa é chefiada pela pesquisadora Aída Cordeiro.

Bispo do Rosário teve a sua genialidade reconhecida tardiamente, somente em 1982, quando alguns de seus objetos integraram À margem da vida, mostra coletiva organizada pelo crítico Frederico Morais, no MAM do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que seu trabalho foi visto fora da Colônia Juliano Moreira, antigo hospital psiquiátrico do qual era interno, em Jacarepaguá, zona oeste da capital fluminense.

“Suas condições social e de saúde dificilmente permitiriam a inserção e o destaque na sociedade contemporânea. Contudo, sua obra subverteu a lógica das estruturas convencionais do sistema da arte, alcançando destaque na arte do século XX. O seu reconhecimento enquanto artista fez com que sua obra estivesse presente nos maiores e mais importantes eventos e espaços da arte no mundo”, afirma Ricardo Resende.

O trabalho de Bispo do Rosário já foi reverenciado em duas Bienais de Veneza, em 1995 e 2013, e na 30ª Bienal de São Paulo, em 2012. O artista teve ainda uma série de outras exposições de grande relevância e destaque, como a realizada no Victoria & Albert Museum, de Londres, em 2012, e mais recentemente, em 2016, no New Museum, de Nova York. Atualmente, o Manto da Apresentação, talvez o mais icônico de seus trabalhos, integra uma mostra na Maison Rouge, em Paris.

“Bispo do Rosário é um dos mais importantes nomes da arte brasileira contemporânea e sua relevância tem sido legitimada pela presença de sua obra nos circuitos artísticos brasileiro e internacional. Nesse sentido, a catalogação de sua produção é de fundamental importância para a democratização do conhecimento, compreensão e preservação da memória que cerca seu trabalho”, diz Antonio Almeida, da Galeria Almeida e Dale, de São Paulo.

Com tiragem de 1.000 exemplares, o catálogo reunirá imagens, dados técnicos, histórico de exposições e bibliografia referentes a 804 trabalhos produzidos pelo artista e será distribuído a instituições e bibliotecas de acesso público. A publicação terá ainda uma versão digital, que será disponibilizada em site vinculado ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. Paralelamente ao trabalho de pesquisa e catalogação, as obras de Bispo passarão por um processo de higienização e desinfestação, realizado segundo padrões museológicos internacionais.

Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Iberê Camargo e Tarsila do Amaral integram o seleto grupo de artistas brasileiros que já tiveram seus trabalhos catalogados em raisonné. Com o seu catálogo, Bispo do Rosário de juntará ao contemporâneo Leonilson, artista cuja produção foi fortemente influenciada pelo trabalho do sergipano e que terá seu raisonné lançado no final de junho de 2017.

O artista

Arthur Bispo do Rosário nasceu em 1909, na cidade de Japaratuba, em Sergipe. Nordestino, negro e semianalfabeto, alistou-se como marinheiro no Quartel Central do Corpo de Marinheiros Nacionais, no Rio de Janeiro, em 1926. Sete anos depois, foi desligado da Marinha por indisciplina.

Em 1938, teve seu primeiro surto. Na noite de 22 de dezembro daquele ano, saiu em uma espécie de peregrinação para uma apresentação na igreja da Candelária. Foi dado como louco e encaminhado ao Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, onde o diagnosticaram como portador de esquizofrenia paranoide. Tempos depois, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá e alojado em uma ala reservada aos pacientes mais agressivos e agitados.

Após uma série de idas e vindas a instituições psiquiátricas diversas, Bispo retornou definitivamente à Colônia em 1964 e, a partir daí, iniciou sua extensa produção de objetos. Ainda naquele ano, após ser preso em uma solitária, ouviu uma voz, que lhe deu sua missão: a de representar “os materiais existentes na Terra para o uso do homem”. Com o aumento de sua produção, expandiu seu espaço para as dez solitárias do pavilhão.

Ao longo de 50 anos, Bispo produziu mais de 800 objetos em um processo contínuo. Em seu processo criativo, aproveitou-se de tudo que tinha à mão para a produção de bordados, objetos e esculturas. Em um trabalho meticuloso, desmanchava os uniformes dos internos, retirando deles as linhas que serviriam como matéria-prima para a trama de suas peças. Talheres, tênis e garrafas - tudo era reaproveitado pelo artista que, ordenado por um deus, era incumbido a inventariar o mundo.

O Museu

Inaugurado em 1992, o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea está situado dentro do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, complexo de saúde mental popularmente conhecido como Colônia, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade do Rio de Janeiro. A instituição é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de Arthur Bispo do Rosário – um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional. Seu acervo é composto por mais de 1.500 peças, sendo mais de 800 de autoria de Bispo e outras, cerca de 250, provenientes do acervo da Casa Dr. Eiras Hospital de Paracambi e Ateliê Gaia.

Bispo do Rosário

Bispo do Rosário

Expoente da arte contemporânea brasileira, Bispo do Rosário ganha catálogo raisonné

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A4&Holofote
São Paulo, SP

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