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Na comemoração dos dez anos do Dia do Centro - 16 de agosto, conforme lei sancionada no ano 2000 – a estação da estrada de ferro Santos-Jundiaí pode ser apontada como exemplo do resgate dos tesouros do passado da cidade
Lá no alto, figuras de leões simbolizam o império britânico. Em comunhão com as linhas vitorianas, as esculturas caracterizam o prédio da antiga estação da estrada de ferro Santos-Jundiaí, lembrando a época em que o poder inglês dominava o mundo. Na comemoração dos dez anos do Dia do Centro - 16 de agosto, conforme lei sancionada no ano 2000 – esta edificação de ares aristocráticos pode ser apontada como exemplo do resgate dos tesouros do passado da cidade.
Datada de 1867, a construção dispõe de torre quadrangular centralizada e mais dois corpos laterais semelhantes com telhados em declive, adotados na Europa para o escoamento da neve. O trio culmina com varandins de ferro e possui sótãos guarnecidos por janelas, ainda à maneira do Velho Mundo. O sino e o relógio - que ensinava aos viajantes a pontualidade britânica de chegadas e partidas - aliam-se aos três corpos na tarefa de quebrar a simplicidade da planta retangular. Reza pelo mesmo catecismo a graciosa cobertura dianteira do térreo, avançando na fachada principal sustentada por colunas de ferro, decoradas na altura do capitel
Foi de bom prenúncio a instalação da sede da Secretaria Municipal de Turismo (Setur), em 2004, na primeira estação do Estado de São Paulo a ouvir o apito de um trem. Seguida da exploração do pré-sal com seus reflexos na cidade, e também do projeto do futuro complexo turístico e cultural Porto Valongo Santos, a iniciativa acabou se transformando num divisor de águas. De um lado o abandono. De outro o desenvolvimento da região que compreende os bairros Valongo, Vila Mathias, Vila Nova e Paquetá. Eles estão inseridos no Projeto Alegra Centro, que visa revitalizar a zona histórico-arquitetônica da cidade, e traz em seu rastro o Alegra Habitação, programa de recuperação de habitações coletivas.
Ressaltando também a importância da Igreja de Santo Antônio do Valongo, vizinha da estação, Wânia Seixas, secretária de Turismo da administração do prefeito João Paulo Papa, ressalta: “O Complexo do Valongo é o grande precursor do movimento de resgate do Centro Histórico, e com certeza, dentro de pouco tempo, será o principal pólo turístico e cultural de Santos”
Muitos planos
A sede da Setur concentra seu setor administrativa no primeiro andar do edifício antigo e no anexo envidraçado, erguido em 1965. O destino do térreo está traçado: vai abrigar restaurante-escola. O objetivo é capacitar mão-de-obra para o segmento de gastronomia, promovendo a inclusão social por meio da inserção do aluno no mercado de trabalho.
O antigo salão de embarque da 1ª classe está pronto para receber os equipamentos. Terá capacidade para 80 pessoas, distribuídas em 20 mesas. A obra de restauro conservou o ladrilho hidráulico original do piso e as molduras formando três arcos meramente decorativos na parede da esquerda. Já os arcos da direita são vazados, enriquecidos por bandeiras trabalhadas em ferro. Conduzem ao bar e aos setores de serviço: padaria, lavagem de louça e cozinha.
Sala de aula, lavabos feminino e masculino, despensa e setor administrativo da escola ficarão no antigo salão de embarque da segunda classe. A ausência de reboco deixa à mostra as entranhas de uma parede para expor a evolução do material construtivo, em que pedra, argila e cal se misturam a tijolos mais recentes.
Destinada a alunos com curso médio completo, a escola contará com 30 vagas, das quais 22 para Santos e oito disponibilizadas para as cidades que compõem a região metropolitana. Em cada curso de seis meses serão ministradas aulas de todas as atividades que os funcionários de restaurantes costumam desempenhar: cozinheiro, garçom, comim, maitre, barman. Haverá, ainda, aulas de fabricação de pães, massas, doces.
A parte técnica será viabilizada por meio de convênio com a Unisantos. Ficará a cargo da Fundação Jovem Profissional a assessoria e consultoria para implantação da escola, ong que já administra o restaurante-escola da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP). “Ele é considerado modelo pelo Ministério do Turismo”, afirma Marcelo Fachada, funcionário da Setur.
Instalações complementares
A ligação entre os dois espaços do restaurante–escola - separados pelo vestíbulo com escada que leva à área administrativa da Setur - é feita pelo pátio interno. Ali, o anexo construído sobre colunas gerou um espaço coberto de circulação, vinculado a amplo pavilhão. Ele será a sede da Fundação Ciência e Tecnologia de Santos.
O antigo armazém de carga e descarga de mercadorias e bagagens também será restaurado. Ele abrigará o Museu do Bonde, minimuseu ferroviário, cafeteria, salão de exposições e estação de embarque e desembarque do passeio de trem, aproveitando os dois ramais que se escondem sob a hera. Em parceria com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), a ideia é utilizar uma locomotiva maria-fumaça para puxar o vagão de passageiros. Como Santos fez as honras da casa como o portal de entrada de portugueses, espanhóis, italianos, japoneses, libaneses e todos os povos que aportaram no Brasil, haverá viagens temáticas alusivas à imigração.
A construção onde será instalada a nova oficina de bondes da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET), adjacente à estação e contígua ao Armazém 01 da Codesp, também foi restaurada. Contará com acesso envidraçado para visitas, tornando-se outro equipamento de interesse turístico.
Alegra em números
Instituído em 2003, o Programa Alegra Centro participou como facilitador de investimento da ordem de R$ 136 milhões na região histórica. Foram oriundos dos poderes públicos municipal, estadual e federal (63%), iniciativa privada (31%) e parcerias público-privadas (6%).
A Área de Proteção Cultural (APC) recebeu 2.276 empresas, entre 2003 e 2009. Nesses seis anos, foram concedidas 219 isenções fiscais aos imóveis com nível de proteção 1 (preservação total) e NP 2 (preservação da fachada), restaurados para serem ocupados com atividades econômicas. Mais 297 passaram por obras de conservação, restauração e reforma.
Em 29 de julho deste ano, foi instituído o Programa Reabilitação do Uso Residencial na Região (Alegra Habitação) e decreto definindo os primeiros 221 imóveis a serem reabilitados. A intenção é melhorar as condições de vida de quem reside em habitações coletivas na área central, além de atrair novos empreendimentos residenciais e comerciais para a região.
Empreendedores que se interessem por investir na área podem procurar o Escritório Técnico do Alegra Centro, na Rua XV de Novembro, 41/43, conjunto 86, 8º andar. De segunda a sexta-feira, das 9h às 12 h e das 14h às 17h30, técnicos dac Secretaria de Planejamento (Seplan), oferecem consultoria especializada e gratuita.