Entre os dias 7 de março e 7 de abril está aberta chamada a cineastas, artistas visuais, programadores, dançarinos, arquitetos e outras pessoas da indústria criativa, para submeterem propostas, coletivas ou individuais, relacionadas às mudanças urbanas enfrentadas pelo Rio de Janeiro nos últimos anos. É para o projeto Editora Temporária, das designers Clara Meliande e Tania Grillo, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural (2015-2016) – um dos principais programas de fomento à cultura do país. A ideia é editar e produzir, com o material escolhido, três livros impressos de baixa tiragem no período de três meses. Os interessados devem se inscrever pelo site. As pessoas selecionadas que não residirem na cidade precisarão arcar com os custos de permanência no local.

Editora Temporária pretende abordar as transformações realizadas recentemente no Rio de Janeiro e que mudaram de forma radical bairros como a Barra da Tijuca e o Centro, mas que se estendem por diversos pontos da cidade, em maior ou menor escala. O intuito é desenvolver, nas obras temas como as relações entre paisagem natural e paisagem construída, interferências urbanas, remoções, gentrificação, manifestações coletivas que gerem mudanças urbanas, circulação, lixos e vestígios, memória, transparência pública, entre outros. Os trabalhos podem ser acadêmicos ou não, estarem completos ou em processo. O que se busca não é um material pronto para virar livro, mas sim que possa ser trabalhado e editado para se tornar uma publicação.

As pesquisas recebidas na convocatória serão analisadas por um comitê composto pelas idealizadoras do projeto e pelos designers Tatiana Podlubny, Ana Costa e Thiago Lacaz, convidados para participar do processo de desenvolvimento dos volumes. A seleção dos projetos vai acontecer entre 10 e 13 de abril e os contemplados serão comunicados via e-mail e anunciados na página do Facebook da Editora.

Apenas três trabalhos serão transformados em livros. Os critérios de seleção são: coerência com o tema proposto, qualidade dos dados, relevância do tema e se é factível com o orçamento disponível. A elaboração das obras é feita em uma parceria entre os selecionados e um dos designers. A tiragem é de 150 exemplares cada, lançada no início de agosto, no Centro Carioca de Design. Nesse mesmo local será montada uma estrutura temporária com ferramentas de edição, impressoras digitais e acabamentos gráficos, para a confecção dos livros.

O Projeto

A Editora Temporária teve sua primeira edição em 2013 no Centro Carioca de Design (RJ), quando foi contemplada com o edital Pró-Design do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Nela foram criados os livros A-125, Caderno de Observações ou Coreografias do Cotidiano, Cidade-andaime – estruturas transitórias na cidade contemporânea e Processo Impresso. O Rumos Itaú Cultural contempla a segunda edição.

Este projeto consiste, portanto, na edição de livros que produzam pensamento sobre design e cidade, mas, ao mesmo tempo, propõe reflexões sobre como costumamos fazer publicações. O fato de serem lançados em baixa tiragem e a proximidade entre autor e designer no processo faz com que cada livro seja pensado não apenas como um canal para transmitir um projeto de texto ou pesquisa, mas também como um objeto que amplia a sua compreensão.

Rumos Itaú Cultural

O Itaú Cultural mantém o programa Rumos desde 1997. Este que é um dos primeiros editais públicos do Brasil para a produção e a difusão de trabalhos de artistas, produtores e pesquisadores brasileiros, já ultrapassou os 52 mil projetos inscritos vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,3 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.

Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados. Na última edição (2015-2016), as propostas inscritas foram examinadas, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 30 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 22 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição.