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architectourism ISSN 1982-9930


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Buscando a alma das cidades onde vive e trabalha – Iporanga, São Paulo e Paris –, Clayton Lino valoriza os trajetos do cotidiano, que considera inesgotáveis viagens turísticas


how to quote

LINO, Clayton. Entre as matas e as metrópoles. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 004.03, Vitruvius, jun. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.004/1331>.


Aonde você vai a turismo?

Buscando um equilíbrio, entre São Paulo, Iporanga (no vale do Ribeira) e Paris. Tenho o prazer de ser turista sempre nesses lugares, como se fosse a primeira vez. Trabalho em 3 dos melhores lugares do mundo: a sede da reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em São Paulo, no Parque Estadual da Cantareira, junto ao Horto Florestal; em Iporanga no coração da mata atlântica e como a Reserva da Biosfera é ligada à Unesco, vou para reuniões em Paris, naquele predinho corbusiano. Estas viagens obrigatórias como Paris, Iporanga e São Paulo, dentre outras, são inesgotáveis criam relações turísticas diferenciadas. São viagens em busca da alma destas cidades, que são parte da minha alma também.

Você não gosta mais de viajar como turista?

Adoro, curto todos os cartões postais também, mas não pode ficar só neles. Viajo muito, conheço mais de 60 países e o Brasil quase todo, turismo é criar relações e com a experiência sair enriquecido.

Então como é ser turista em São Paulo?

Eu “viajo” em São Paulo. A gente não usa São Paulo.

Cada um tem uma cidade pequena dentro de si, que se sobrepõe com as de seus amigos em alguns pontos de encontro como os cinemas ou os restaurantes. Há pontos de encontro que são metropolitanos, como a avenida Paulista ou o Ibirapuera. O centro da minha cidade em São Paulo é a Paulista e o umbigo é a marquise do Ibirapuera, com feira, skate, patins, dança, MAM, Bienal, Museu Afro Brasil.

Saio por São Paulo nos fins de semana e busco direções que não conheço, para ver e fotografar. Gostei tanto do que vi que estou pretendendo fazer um livro sobre isto.

O que há de tão diferente?

A cidade perdeu a geografia não tem morro, vale e rio, é muito difícil de enxergá-la, faltam referências, estudos das bacias, o morador tem que se re-conectar com a geografia e sua história. Eu posso dizer que moro nas barrancas do córrego do Itororó, próximo à avenida 23 de Maio, a região era o caaguaçú, a mata grande, que só tem o Trianon como remanescente.

Gosto de circular nas diferenças, não gosto das coisas mornas, é melhor ir para o quente. Você vê o povo da rua se lavar nas fontes que brotam dos morros, alguns também lavam os carros nas águas naturais da cidade. A comunidade guarani que ainda sobrevive em São Paulo é um exemplo da força deles, que tem religião, língua própria e jeito de ver o mundo; estão lá há 5 séculos na mesma cidade, precisam de maior atenção, são guardiões da cultura.

Depois de mais de 30 anos você ainda é turista em Iporanga, no vale do Ribeira?

Iporanga é uma cidade das mais antigas do Brasil. A cidade, o mato, o rio Ribeira é o dominante, a natureza é o dominante com uma harmonia muito grande com sua história.

O PETAR – Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira – onde fui o primeiro diretor, que tem mais de 250 cavernas é o coração da Mata Atlântica conservada no Brasil.

Lá tem regiões onde sobreviveram muitas comunidades tradicionais, é o maior índice de Quilombos de São Paulo. Há relações diferentes com culturas, que estão sempre ameaçadas de extinção, é uma “riqueza frágil”, porém é forte porque sobreviveu 500 anos. As formas de construir as casas, as roças, a convivência com a mata, não foram extintas.

E em Paris (covardia!) como é ser um turista freqüente?

Conheci as cavernas e a Mata Atlântica no vale do Ribeira em 1972, o que acabou mudando a minha vida, portanto Iporanga, via São Paulo, me levou a Paris.

O programa da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica é vinculado à Unesco, há 5 anos vou lá regularmente às reuniões das Comissões de Programas.

Paris é um lugar de síntese da Terra, de cultura em equilíbrio, muito agito, mas em equilíbrio, há lugares interessantes no mundo, mas com menos diversidade e com mais conflitos.

Para falar algo bem diferente que faço quando estou na capital francesa, uma amiga botânica brasileira, Fatia Coutte, que trabalha com educação ambiental, me conduz a pequenas praças que são jóias de paisagismo; o principal não é só época e a história, mas a manutenção, são cuidadas por famílias de viveiristas.

Encanto-me com as florestas urbanas, como o parque de Bagatelle, que intercalo com subidas aos locais mais elevados, como a torre Eiffel, para não fugir do cartão postal.

Nós tivemos grandes influências francesas em nossos jardins, e o novo paisagismo brasileiro agora influencia jardins franceses.

sobre o entrevistado

Clayton Lino, arquiteto, espeleólogo, fotógrafo profissional e especiasta em Patrimônio Ambiental Urbano e Manejo de Áreas Naturais Protegidas. Foi Diretor Geral do Instituto Florestal de São Paulo. É atuante em várias ONGs, como a Fundação SOS Mata Atlântica e a Sociedade Brasileira de Espeleologia, presidente por dois mandatos. Fotógrafo da 1ª expedição Brasileira à Antártida (Barão de Teffé, 1982-83), é presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Coordenador da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera. Participa de grupos de trabalho internacionais da UNESCO e é membro da WPC/Brazil da IUCN.

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004.03 Entrevista
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