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architectourism ISSN 1982-9930

Stonehenge, planície de Salisbury, condado de Wiltshire, Inglaterra. Foto Victor Hugo Mori

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LIMA, Adson Cristiano Bozzi Ramatis. Uma visita a uma Capri mítica. Ou como atrair turistas. Arquiteturismo, São Paulo, ano 05, n. 056.05, Vitruvius, out. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.056/4106>.


Capri, c'est fini,
Et dire que c'était la ville
De mon premier amour,
Capri, c'est fini,
Je ne crois pas
Que j'y retournerai un jour.
(1)
Hervé Villard

Em quatro de junho de 1952 Jean-Paul Sartre escreveu uma carta a sua amante Simone Jolivet – que ele chamava por um nome de cidade: “Chère Toulouse” – na qual ele narrou parte da sua viagem a Itália, país que, como sabemos, era objeto de grande paixão por parte desse viajante inveterado que foi este filósofo francês: “Eu lhe envio uma breve saudação de Nápoles e de Capri. Viagem tranqüila, sem inconvenientes, feliz. Com exceção do fato de que (você sabe que eu estou escrevendo um livro sobre a minha última viagem a Itália. Não essa, a precedente) tento escrever sobre ‘Veneza na chuva’ nesse sul onde há tanto sol” (2). No momento em que escrevia essas linhas Sartre tinha a chuva de Veneza em mente, mas se encontrava sob o sol inclemente do sul da Itália.

Esse “livro sobre uma viagem a Itália”, todavia, jamais foi concluído, e o seu autor contentou-se em publicá-lo em fragmentos em diversas revistas, e, no ano de 1990, a sua filha adotiva, Arlette Alkaïm-Sartre, publicou o conjunto de fragmentos com o título de La reine Albermale ou le dernier touriste (3). E é essa a versão que utilizaremos nesse artigo, com o objetivo de estudar e analisar o breve sub-capítulo intitulado Capri mítica (convém acrescentar que esse subcapítulo, assim como todos os demais e próprio título são de autoria da sua filha adotiva). Neste texto, partiremos da premissa segundo a qual Sartre – e, sobretudo, nesse sub-capítulo – se propunha que a sua personagem realizasse uma atividade de “anti-turismo”, no sentido em que desejava demonstrar as “armadilhas” que cercam quase todo o tempo o turista, e que este, sequioso, por um lado, do “exótico”, e, por outro lado, do seu oposto, o “estereótipo” (4), comete o “delito do turismo” (5). A observar, contudo, que mesmo o exótico pode se trasvestir em estereótipo, como o fato, relativamente comum ontem como hoje, de encontrar “habitantes locais” fantasiados em roupas pretensamente “típicas” nas cercanias de monumentos históricos.

Marina Grande, Capri, Itália
Foto Tango7174 [Wikimedia Commons]

Para realizar esta tarefa, Sartre criou uma personagem, um turista francês (6) que faz uma viagem a Itália e escreve um “diário íntimo” no qual narra as suas atribulações e descobertas. Ora, o leitor poderia argumentar que, nesse caso, estaríamos diante de uma contradição ou de uma hipocrisia, uma vez que um turista não teria a perspectiva adequada – ou o afastamento necessário – para compreender e criticar o turismo. Reconhecemos a validade desse argumento, contudo, devemos reconhecer, igualmente, que nenhuma personagem seria mais adequada para decifrar o turismo do que, justamente, um turista, desde que, naturalmente, este não se deixe encantar facilmente e que permaneça lúcido; ora, é mister reconhecer que, por vezes, as melhores críticas são as internas.

Posto isso, convém acrescentar que tentaremos demonstrar como as cidades e as paisagens naturais participam desse processo, no qual uma praça, uma determinada montanha ou gruta, contribuem para despertar esse gosto pelo exotismo que parece mover a maioria dos turistas. Pode-se observar isto até no trecho da carta de Sartre que citamos: ele faz referência ao “sul onde há tanto sol”. Para um parisiense ou para um europeu do norte esta seria a representação mental por excelência do sul da Itália, e, na época, seria esta a imagem icônica a ser usada, sobretudo em cartazes e cartões postais, para atrair os turistas; o uso de imagens com fins publicitários não data, certamente, de ontem.

Ilha de Capri, Itália
Foto MTSRS [Wikimedia Commons]

Capri, uma ilha mítica

Sartre começa o seu texto refletindo os mecanismos que a indústria do turismo utiliza para “vender” a ilha de Capri aos turistas, e, de certa maneira, isto equivale a tentar compreender qual é a imagem mental e publicitária que cerca o local, que ele afirma ser “mítico”: “Chove [em Capri] mais do que em Londres ou Paris. Mas escondem este fato aos turistas. Os habitantes têm poços confortáveis nos quais eles conservam a água da chuva. Mas o turista ignora tal fato e deixam-no sonhar com poços artesianos” (7). O filósofo francês desmonta uma das tantas “engrenagens” do mecanismo aludido acima: o turista não deve saber que Capri seria, não fosse o interesse da indústria do turismo, conhecida pela ocorrência de chuvas frequentes, as quais são, aliás, necessárias para a manutenção da população. E é a ignorância desse fato que faz com que os turistas passem a criar felizes devaneios sobre essa Capri tão “seca” e ensolarada.

Mas o mito não se esgota nas condições, por assim dizer, meteorológicas, da ilha. A personagem de Sartre compreende como a questão da origem é importante na criação dos mitos, e pergunta-se qual seria a origem de Capri. O turista a compreende: “Então, ilha de Tibério, ilha romana, ilha romântica, ilha africana, ilha de pederastas e simbólica, ilha futurista e fascista, ilha grega e clássica” (8). E, se estas asserções estão corretas, não se trata de uma única origem, mas de várias, e Capri seria uma espécie de palimpsesto de origens que se superpõem. Assim, como todo espaço geográfico que conheceu a ocupação humana, Capri foi atravessada por muitos povos que deixaram ali impressas as suas marcas.

Ilha de Capri, Itália
Foto Sean William [Wikimedia Commons]

Mas, no caso da origem, qual seria a engrenagem do mecanismo a ser desmontado? Isto é, em que o turismo teria se aproveitado da origem diversa e plural de Capri? Mais uma vez, o turista nos responde: “Em resumo, fazer com que ela [a ilha] reflita o mito do momento.” Ora, se em determinados momentos atrai mais visitantes a Antiguidade Clássica, então Capri será grega e romana; se, em outros momentos, a grande voga é o gosto pelo pathos do romantismo, então Capri será romântica. Trata-se de evocações oportunistas de um passado, e, nesse caso, procede-se a uma “mitificação”: assim como há os mitos nas mais diversas tradições culturais sobre a “criação do mundo”, há os mitos – mais modestos – sobre a “criação de Capri”.

Mas onde, exatamente, residiria o problema? Afinal, trata-se, certamente, de um mito, mas é fato histórico que a ilha conheceu vários períodos históricos e que sofreu as mais diversas ocupações (e é quase senso comum afirmar que os mitos possuem um “fundo de verdade”). Ora, acreditamos que o problema residiria no uso da história, que nesse caso não seria fonte de conhecimento, mas possuiria finalidades meramente contábeis, e o resultado seria a falsificação dessa mesma história, como, aliás, admite a personagem: “Pensamos na África e olhamos essa ilha tão propriamente mediterrânea cujas cores são as dos Alpes-Marítimos (9) acima de Nice. Há uma defasagem...” (10). O que é narrado sobre a ilha ao turista nem sempre corresponde ao que ele consegue ver e observar, e, então, essa defasagem acaba por se tornar o espaço do mito.

Marina Piccola, Capri, Itália
Foto Tango7174 [Wikimedia Commons]

Em seguida, há o que a personagem denomina de “utensílio numerado” (11), que seriam as mais diversas “atrações turísticas” que já estariam todas devidamente repertoriadas, catalogadas e com o seu mode d’emploi determinado. E, segundo o turista, o Arco Naturale e o Monte Solaro, conhecidos acidentes naturais da ilha, seriam bons exemplos de “utensílios numerados”. Esse procedimento, segundo a personagem, “(...) dita certa qualidade de admiração” (12). Ao turista, então, deve-se indicar exatamente quando e onde ele deverá ficar surpreso e admirado, isto é, quando ele deverá ter fruição estética com o urbano ou experimentar o sublime na natureza; assim, por abundância de informações turísticas, suprime-se o guia: tudo já estará dito. Contudo, é lícito que nos perguntemos a quem seria conferida a autoridade de criar os mitos e de realizar o “catálogo” de Capri. Veremos, então, que há sempre os “especialistas” para fazer os procedimentos formais desse reconhecimento, e a personagem afirma ter conhecido ao menos um desses especialistas, de nome Edwin Cerio:

“Não tente dizer, como A. Dumas, que a grotta Azzura era desconhecida dos romanos, Sr. Cerio demonstrará que eles ali se banhavam todos os dias; não vá observar, como o fez Rilke, que há montanhas demais para um espaço tão pequeno, você será tratado de poeta superficial” (13).

Grotta Azzurra, Capri, Itália
Foto Arnaud Gaillard [Wikimedia Commons]

Segundo as reflexões da personagem, o especialista é a autoridade inconteste do turismo de massa, ao menos na ilha de Capri. Ele é o responsável pelos procedimentos aludidos acima, e, como em certas culturas que desconhecem a escrita, o seu conhecimento é, sobretudo, oral (14); e talvez seja mesmo anti-escritura, uma vez que, como afirmou a personagem, a qualidade de um poeta, em Capri, está profundamente relacionada à repetição dos mitos e à glorificação dos tais “utensílios numerados”. E, além dos mitos e dos utensílios numerados, há a tradição narrativa que o turista denomina de “histórias”; e, nesse caso, devemos salientar que o uso do plural afasta qualquer possibilidade de que o termo seja confundido com a História. Trata-se de mais uma engrenagem a ser desmontada no complexo mecanismo do turismo em Capri; citemos, então, a personagem:

“Enfim, há as histórias. Quantas Rainhas Albermale [nome fictício, nunca houve uma Rainha com esse título] passearam ali, suspiraram. Pode-se seguir a sua pista. Ainda hoje há aqueles que compreendem Capri, pequena aristocracia que aqui passava o inverno. Então, Capri é sagrada” (15).

Igreja de Santo Stefano, Capri, Italia
Foto MHJohnston [Wikimedia Commons]

Nesse caso, a intenção é a de conferir certa aura à ilha, para que o seu encanto turístico seja – assim como no caso dos mitos – constantemente renovado, ou, como afirma o turista: “Não se trata de vê-la [Capri], mas de sentir ali certa qualidade de emoção.” Isto é, assim como no caso dos “utensílios numerados”, trata-se sempre de ditar a emoção ao turista, cujo maior pecado seria, justamente, sentir uma admiração no local e no momento inadequados, um pouco como aquelas pessoas que, sem o hábito de frequentar concertos de música clássica, aplaudem indevidamente na pausa de uma nota a outra. Para a personagem de Sartre, a indiferença ou ignorância em relação às regras e códigos do turismo local seria a maior gaffe de um turista.

Mas os termos criados pelo turista não terminam aqui, há, ainda, os chamados populares, termo definido como uma “uma reação comum ao mesmo evento” (16), que, nesse caso, estaria associado ao turismo. A personagem, então, afirma que uma determina praça de Capri suscitou a mesma reação em diferentes turistas: “Por exemplo, chegando em uma pequena praça com os seus quatro cafés e, no fundo, os seus mercados que, de um lado,  conduzem  a uma igreja branca e bizantina, e de outro, a uma loja iluminada, eu pensei: teatro, ópera” (17). “Eis um popular bem estabelecido” (18), e o turista afirma ter encontrado cinco outros turistas de diferentes tradições culturais e nacionalidades que, diante daquela, praça, confessaram-lhe ter evocado e dito as mesma palavras: teatro, ópera. Isto significa que o turista, diante dessa paisagem urbana, deve ter tais devaneios, sob o risco de ser acusado de não ter tido uma verdadeira experiência viática. O que Sartre denominou de “popular” a tradição de narrativas de viagem chama de estereótipo, e mesmo uma paisagem urbana pode ser estereotipada, como é o caso, parece-nos, daquela pequena praça em Capri.

Funicular, Capri, Itália
Foto Tim Brighton [Wikimedia Commons]

O turista, contudo, admite que não conseguiu ir tão longe e ter enxergado verdadeiramente aquela praça como um teatro, apesar de ter reconhecido ali alguns elementos arquitetônicos que fazem parte, normalmente, de uma casa de espetáculos: a decoração, o palco, a escada, as rampas etc. Mas contra os “populares” de Capri  um turista recalcitrante é impotente, e, na presença dos seus “semelhantes”, ele é obrigado a  sussurrar as duas “palavras mágicas”: teatro, ópera. Mas, ainda assim, o turista pensou em contrapor a alta literatura a esse “popular”, recorrendo ao romance de Félicien Marceau, intitulado Capri, petite île, no qual aquela mesma praça é descrita como um salão, e não como um teatro. Todavia, como reconhece a personagem, tal procedimento é inútil, porque a alta literatura é quase sempre impotente face à força dos “populares” de Capri, que ganham quase sempre a batalha pelo coração dos turistas.

Outro “popular” de Capri, ainda segundo a personagem de Sartre, seriam os Bougainvilles, descritos poeticamente como coroas violetas sobre as fachadas brancas das casas” (19). No entanto, nada é mais falso, e o turista descobre, mais tarde, que essa vegetação foi introduzida tardiamente na ilha, e que depois do período inicial em que teve dificuldade em se aclimatar, tornou-se uma espécie de “praga”. Para os habitantes locais, as flores coloridas e exuberantes dos Bougainvilles estariam em desacordo com uma paisagem que eles pretendiam rústica, áspera e seca; ora, prefeririam eles a austeridade das oliveiras e dos ciprestes a essas flores “untuosas”: “Fala-se dos Bougainvilles serrando ligeiramente os dentes.” (20) Mas, por uma questão de lógica comercial, as delícias dos turistas – e dos mitos, das histórias e dos “populares” que eles consomem como se fossem souvenirs – suplantam sempre as dores dos habitantes locais. Feitas essas breves análises sobre o turismo na ilha de Capri, caminharemos, então, em direção às últimas e derradeiras considerações.

Marina Piccola, Capri, Itália
Foto Bicloch [Wikimedia Commons]

Últimas considerações

Vimos que, segundo a personagem de Sartre, o turista oscilaria quase permanentemente entre a gaffe e o delito. A gaffe consistiria em ignorar os inúmeros códigos do turismo, que, em Capri, seriam os utensílios numerados, os mitos, os especialistas, as histórias, e, finalmente, os populares. A partir das frases do “especialista” Edwin Cerio citadas pelo turista, vimos o destino severo que é reservado aos turistas incautos: mesmo escritores como Rilke ou como A. Dumas seriam ignorados ou desprezados, uma vez que Capri estaria acima deles. Mas, de qualquer sorte, não poderíamos imaginar, inicialmente, que uma ilha tão pequena pudesse comportar um compêndio de leis turísticas tão vasto. Todavia, se os conceitos criados por Sartre são reveladores da natureza do turismo em Capri tal como ele pôde percebê-la, essa ilha não é o único local turístico da Itália – e do mundo – a possuir os seus códigos e os seus especialistas.

Por outro lado, o delito do turista seria, ainda segundo o autor francês, a complacência diante de um monumento, de uma paisagem ou de qualquer outro espetáculo suscetível de despertar um interesse turístico. O turista, de maneira instintiva, sabe que aquele espetáculo é falso e que foi feito apenas para o seu, por assim dizer, deleite; ele sabe, igualmente, que se trata, antes de tudo, de um empreendimento comercial. Ele o sabe, mas tem uma quase necessária fruição estética. Sartre, em outro subcapítulo de La reine Albermale descreve dessa maneira o desconforto da sua personagem em um espetáculo turístico no Coliseu: “Surpreendido em flagrante delito de turismo: no Anfiteatro Flaviano não se comia o homem, matava-se a besta. Mas o turista é o rei do mais ou menos” (21). Esse “mais ou menos” posto por Sartre é o resumo do que escrevemos acima, apesar de tudo, o turista conhece o artificial desses eventos, que são falsos (porque são historicamente imprecisos) e verdadeiros (o Coliseu como uma construção romana é um fato histórico que poucos – ou ninguém – ousariam negar). É mais ou menos falso e, ao mesmo tempo, mais ou menos verdadeiro.

Ruina da Villa Jovis, Capri, Itália
Foto Thomas Möllmann [Wikimedia Commons]

Por fim, há a questão de como a paisagem – tanto a natural quanto a urbana – faz parte desse mecanismo. Ora, “vender” Capri aos turistas significa, no texto de Sartre, vender os seus mitos e as suas histórias, mas significa, igualmente, oferecer a estes uma paisagem exótica – ainda que seja um exótico estereotipado, como no caso já citado da praça – para que haja a impressão de que se está diante do absolutamente “novo”, e que o deslocamento espacial teve a sua justa recompensa. Mas, reside nessa questão a última contradição do turismo apontada pelo filósofo francês, posto que, quase sempre, na impossibilidade da compreensão imediata de uma paisagem estrangeira, o turista tende a comparar o desconhecido ao que já é conhecido, isto é, as suas paisagens de referências (22). Dessa maneira, pode-se observar que mesmo o “novo” e o “desconhecido” acabam por tornar-se parte integrante da rotina do turista.

notas

1
Canção francesa de 1965 na qual o eu-lírico associa os espaços da ilha-cidade de Capri ao seu “primeiro amor”, mas que é, simultaneamente, o local da ruptura definitiva. Servimo-nos das letras dessa canção como epígrafe para indicar o imaginário às vezes “romântico-popular” o qual reveste a ilha italiana.

2
SARTRE, Jean-Paul. Lettres au Castor et à quelques d’autres (1940-1963). Paris: Gallimard, 1983, p. 354. Tradução nossa do Francês para o Português.

3
Para maiores informações consultar: a) CONTAT, Michel; RYBALKA, Michel. Les écrits de Sartre. Paris: Gallimard, 1970, b) CONTAT, Michel. Autopsie d'un livre inexistant : La Reine Albemarle ou le Dernier touriste. Em: Item [On line] Disponível em: http://www.item.ens.fr/index.php?id=172593.

4
Sobre essa questão, Bernard Fernandez escreveu: “Segundo ensinamento sempre atual, a tomada de consciência de um mundo radicalemente outro permanece um obstáculo maior. Como ver o que nunca se pensou? Ver não é reencontrar, pois o ato de ver é ele mesmo tomado em um esquema de representações mentais e culturais que nos impede de descobrir o que se apresenta à vista. No índio do Novo Mundo Colombo via o Homem do Éden, o mito do Bom Selvagem, isto é, o nosso alter ego do Gênese.” Isto indica que o desconhecido, muitas vezes, é percebido de maneira esquemática, isto é, como um simples estereótipo. Fernandez, Bernard. L’homme et le Voyage, une connaissance éprouvée sous le signe de la rencontre.  Em: R. Barbier (Org.). Education et sagesse: la quête du sens. Paris: Albin Michel, 2001, p. 08. Tradução nossa do Francês para o Português.

5
De modo geral, esse delito consiste em tomar o falso pelo verdadeiro. Teremos a oportunidade de abordar essa questão de maneira mais aprofundada no último capítulo desse artigo. SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 49.

6
Esse turista não será jamais nomeado ao longo do livro inacabado, ele será por nós nomeado, simplesmente, como a “personagem” ou o “turista”.

7
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 22. Tradução nossa do Francês para o Português.

8
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 22. Tradução nossa do Francês para o Português.

9
Departamento situado no extremo sudoeste da França, próximo à ilha de Córsega.

10
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 22. Tradução nossa do Francês para o Português.

11
O uso do termo utensílio, por parte do autor, apenas enfatiza que a indústria do turismo serve-se dos acidentes naturais como de simples objetos.  

11
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, o uso meramente utilitário que a indústria do turismo

12
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 23. Tradução nossa do francês para o português.

13
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 23. Tradução nossa do francês para o português.

14
No sentido de que ele não escreve livros sobre o tema, mas explica oralmente aos turistas a partir de certo senso comum cristalizado durante muitas décadas.

15
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 23. Tradução nossa do francês para o português.

16
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 24. Tradução nossa do francês para o português.

17
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 24. Tradução nossa do francês para o português.

18
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 23. Tradução nossa do francês para o português.

19
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 23. Tradução nossa do francês para o português.

20
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 24. Tradução nossa do francês para o português. Na realidade, trata-se de um “anti-popular”, uma vez que não foi estabelecido pelos habitantes locais, mas que, no final, por atrair os turistas, acaba funcionando como um verdadeiro “popular”.

21
SARTRE, Jean-Paul. La reine Albermale ou le dernier touriste. Paris: Gallimard, 1990, p. 49. Tradução nossa do francês para o português.

22
A comparação é um procedimento clássico das narrativas viáticas, como nos assevera Sylvie Requemora: “A comparação do desconhecido de além mar é também um procedimento clássico. Franck Lestrigant emprega a fórmula ‘mapa do mundo em palimpsesto’ para qualificar esse fenômeno que consiste em comparar o desconhecido ao conhecido. O procedimento não concerne somente aos lugares e aos objetos, mas, igualmente, aos modos observados; ele é recorrente, e mostra os limites da abertura do viajante à alteridade e o seu desejo de referencial. Esse topos revela quase um reflexo.” Em: REQUEMORA, Silvye. L’espace dans la littérature de voyages. Études Littéraires, v. 34, nº 1-2, 2002. Tradução nossa do francês para o português.

sobre o autor

Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima, arquiteto e urbanista, Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo, Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, autor do livro: Arquitessitura; três ensaios transitando entre a filosofia, a literatura e arquitetura. Professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

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