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architectourism ISSN 1982-9930

Fazenda São Miguel no Vale do Paraiba SP. Foto Victor Hugo Mori

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português
O curso internacional de extensão universitária “A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea" teve como atividades principais viagens de estudo às cidades de Paris, Roma e Veneza.


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RETTO JR., Adalberto; ENOKIBARA, Marta . A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea. Um itinerário de estudo nas cidades de Paris, Roma e Veneza. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 067.06, Vitruvius, set. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.067/4517>.


A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea: um itinerário de estudo nas cidades de Paris, Roma e Veneza.

A história dos homens desde o início é a história de grandes movimentos através de espaços. Ora levados pela necessidade de encontrar meios de subsistência em um modelo de vida nômade; ora quando floresceram as primeiras civilizações no Mediterrâneo, na Índia ou na China, pelas exigências do comércio através de vias navegáveis; ora por questões religiosas. Ao lado destes deslocamentos efetuados por razões econômicas e religiosas, surgiram tipos de viagens ditadas pelo prazer de alargar os conhecimentos.O protótipo da “viagem exploratória”, “viagem formativa” ou “viagem de instrução”, pode ser exemplificada ao longo da história, no mítico percurso de Ulisses ou do legendário marinheiro da tradição oriental, Simbad, mas também, na célebre viagem do historiador grego Heródoto no mundo antigo, que viveu no século IV antes de Cristo.

A partir de 1720 surge um tipo de “viagem de complementação da educação”, principalmente na Inglaterra, onde os ingleses de “boa família” faziam o percurso em direção à Itália, passando pela França e pela Suíça. Nenhum aristocrata ou gentil uomo del Settecento podia dizer que sua formação estava completa sem ter vivido no exterior por pelo menos um ano. Durante tal viagem ele adquiria o conhecimento da língua e dos costumes dos países em que permanecia e visitava os monumentos e lugares mais célebres. Um particular fascínio tinham pela Itália, o Bel paese, que se tornou um percurso formativo quase obrigatório, tanto na arte como na arquitetura, principalmente pelas recentes escavações de Pompéia e Herculano, e pela possibilidade de estudar obras de mestres como Raffaello, Michelangelo, Caravaggio, Guido Reni, Guercino, etc.

Mesmo depois, a Itália, principalmente Roma, continuou a representar um momento central na formação dos artistas desde o século XVII ao XIX, que visavam seguir os vestígios de uma antiguidade perdida, transformada em objeto de evocação, em uma contínua mistura de “invenção” e “realidade”, da qual se perfilava a relação “romântica” com o passado. Vale lembrar que na França é instituído na Academia Real o famoso Prix de Rome, como coroamento da carreira dos arquitetos.

Apesar da moda do Grand Tour na Europa ser interrompido na segunda metade do século XVIII com o advento da indústria do Turismo, em algumas escolas de engenharia ou arquitetura perdurou essa prática com o mesmo intuito de complementação da formação. Por exemplo, no contexto paulistano, o engenheiro Alexandre Albuquerque, primeiro professor de Composição Geral e História da Arquitetura e Estética na Escola Politécnica de São Paulo, não somente viajou como resultado de um prêmio recebido da referida escola em 1906, como, em seu retorno, publicou ensaios intitulados “Renascimento italiano e seu desenvolvimento” (1909, 1929 e 1930). Os ensaios eram ilustrados com desenhos que assumiram um enorme importância para a difusão e a interpretação da história da arquitetura.

Dizer que a idéia de viagem de formação estancou-se em função da indústria do turismo, seria negligenciar uma série de personagens ou trajetórias transatlânticas, que tomaram-nas base de sua reflexão e formação. Ou ainda, negligenciar a grande discussão entre cidade e história/ memória e o debate travado a partir dos anos de 1960 no contexto italiano.

Como elucida Le Corbusier, em 1907, em sua Voyage d’Italie:

“Quand on Voyage et qu’on est praticien des choses visuelles: architecture, peinture ou sculpture, on regard avec ses yeux et on dessine afin de pousser à l’interérieur, dans sa propre histoire, le choses vues. Une fois les choses entrées par le travail du crayon, elles restent dedans pour la vie; elles sont écrites, elles sont inscrites”.

O que vale ressaltar é que, se de um lado o Grand Tour ou as viagens serviram como complementação formativa, por outro, assumiram importância na difusão de conceitos, experiências e por que não, de modelos. Afinal, é sabido que o Grand Tour teve uma grande contribuição para a difusão do neoclássico em toda Europa, tanto no âmbito pictórico como arquitetônico, a partir de 1760.

A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea

Partindo-se do princípio que a cidade contemporânea é formada por uma sobreposição de temporalidades e escalas – “um palimpsesto” nas palavras de André Corboz –, o curso proposto constituiu-se de as aulas de campo entendidos como percursos históricos, propiciando entender de um lado as estratificações pretéritas e de outro, como os projetos contemporâneos confrontam-se com a dimensão espaço-temporal a partir da resolução do fragmento. Os itinerários, dos quais o primeiro foi no Rio de Janeiro e agora Paris, Veneza e Roma (julho 2012), são entendidos como narrativas de experiências espaciais dentro desse cenário específico.

O título do curso “A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea” é, na realidade, uma hipótese de trabalho levada a cabo a partir de uma investigação de estratégias de intervenções das três últimas décadas, como um novo percurso para a interpretação e o projeto da cidade contemporânea (1). Nesse sentido, parte-se da chave de leitura intitulada “A paisagem dentro da cidade”, que aborda a reconfiguração de partes da cidade como paisagem, a partir dos projetos de reestruturações de áreas ferroviárias, tramas urbanas, centros históricos, partes de cidades e grandes eventos que começaram a delinear um percurso gradual que coloca o projeto de espaços abertos como conectores de estruturas urbanas e territoriais.

Por outro lado, as três cidades escolhidas foram pensadas de forma a perpassar do ponto de vista temporal toda a problemática teórica: Paris, a Capital do Século XIX, a partir de seus parques e as hipóteses projetuais recentes em companhia de Yannis Tiomis e Cristiana Mazzoni para o Le Grand Paris; Veneza, a República Lagunar e suas estruturas medievais e renascentistas, a partir das intervenções do Doge Gritti, e as intervenções modernas de Vittorio Gregotti, Carlo Scarpa, Tadao Ando e Calatravas; e finalmente Roma, com suas estratificações históricas a partir das praças imersas na área interna de suas sete colinas, até a arquitetura contemporânea de Renzo Piano e Zaha Hadid, apresentadas pela profa. Heleni Porfyriou e convidados.

Após o êxito da experiência recente do curso de Julho 2012, apresentamos o novo itinerário, a nova estrutura, e a equipe que dará continuidade e aprofundamento aos debates, agora percorrendo as cidades de Paris, Roma e Barcelona.

O escopo teórico principal do curso, que acontecerá em duas etapas, primará por avaliar criticamente as transformações paradigmáticas em função de grandes eventos: das Exposições Universais em Paris, passando pelo EUR – o primeiro Projeto de Vila Olímpica permanente em Roma, às Olímpiadas de Barcelona.

Para estimular o intercâmbio de profissionais e alunos, fomos recebidos pelos professores em Paris na École Nationale Supérieure d'Architecturede Paris la Villette, e na Scuoladi Architettura da Universitá Sapienza di Roma, pelo professor Diretor do doutorado em Architettura del Paesaggio, Dr. Ippolito Achille.

A experiência pretérita de aula de campo, como aconteceu em Paris com os arquitetos e urbanistas Yannis Tsiomis e Cristiana Mazzoni, possibilitou, além das leituras das estratificações temporais, desenvolver uma ótica operativa-reflexiva do ponto vista projetual sobre a cidade contemporânea. Alguns nomes importantes no cenário internacional estão sendo cogitados como continuidade e enriquecimento desse método, como os paisagistas Patrick Blanc e Gilles Clément.

Na sequência os percursos feitos nas cidades de Paris, Veneza e Roma.

Paris

Percuso 1: Das Praças Reais às Promenades Clássicas (Pont Neuf, Square du Vert Galant, Place Dauphine, Place des Voges, Place Vendôme, Jardin des Tuileries, Place de la Concorde, Jardin des Champs-Elysées e Arc de Triomphe).

Percurso 2: As Promenades Haussmannianas (Parc Buttes-Chaumont, Bois de Boulogne).

Percurso 3: A Paris Moderna

Percurso 4: Os Parques Contemporâneos (Parc de La Villette, Parc André Citroën).

Percurso 5: A metrópole em projeto: os territórios periféricos (Paris-Nord-Est, La Plaine St-Denis, Paris-Rive Gauche, Paris-La Défense, Nanterre/Seine Arche).

Veneza

Percuso 1: Praça San Marco (Basílica, velhas e novas procuradorias, Torre do Relógio, Biblioteca Marciana, Zecca, Fondaco dei Tedeschi).

Percurso 2: Rialto (Ponte di Rialto, Pallazzo dei Dieci Savi e Fabbriche Vecchie).

Percurso 3: As grandes escolas e a estruturação da periferia veneziana (Scuola Grande e Chiesadi San Rocco, Complesso Residenziale a Santa Maria Mazor).

Roma

Percurso 1: Roma Caput Mundi e Roma Antiga

Percurso 2: Roma do Renascimento, Barroco e Moderna

Percurso 3: Roma Capital da Cristandade

Percurso 4: Roma Fascista, Roma E.U.R. e Roma e Arquitetura Contemporânea (Renzo Piano, Maximiliano Fuksas e Zaha Hadid)

nota

1
O Curso Internacional de Extensão Universitária denominado “A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea", estruturou-se a partir de atividades na Unesp/Bauru (um módulo preparatório – 02 a 06/07/12) e palestras e aulas de campo, com um total de 142h/aula ministradas por grandes especialistas das Universidades colaboradoras (23/07 a 05/08/12): École Superieure d’Architecture de Paris La Villette (Paris VIII), Universitá Sapienza (Roma) e Istituto Universitario di Architettura di Venezia (IUAV di Venezia-Itália).

sobre os autores

Adalberto da Silva Retto Júnior é arquiteto e professor do Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado FAU USP/Departamento de História do IUAV de Veneza (2003) e pós-doutorado (Fapesp) no IUAV de Veneza (2007).

Marta Enokibara é arquiteta e professora de paisagismo no Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado na FAU USP.

ficha técnica

coordenação do curso
Prof. Dr. Adalberto da Silva Retto Júnior (Unesp/Bauru e Sorbonne Paris I); Profa. Dra. Marta Enokibara (Unesp/Bauru)

Colaboradores
Prof. Dr. Yannis Tsiomis (Diretor de Estudos na EHESS e Professor na École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-la-Villette); Profa. Dra. Cristiana Mazzoni (Professora na École Nationale Supérieure d’Architecture de Strasbourg e Diretora do Laboratório Amup/ENSA de Strasbourg); Prof. Dr. Gianmario Guirardelli (Professor do IUAV di Venezia); Profa. Dra. Heleni Porfyriou (Consiglio Nazionale di Ricercadi Roma); Prof. Dr. Achile M. Ippolito (Professor da Sapienza, Università di Roma); Arqueóloga Dra. Laura Genovese (Consiglio Nazionale di Ricerca di Roma); Profa. Dra. Emma Tagliacolo (Professora da Sapienza, Universitàdi Roma e Consiglio Nazionale di Ricercadi Roma); Prof. Ms. Eraldo Rocha (UNIP/Bauru)

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