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research

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architectourism ISSN 1982-9930

Panorâmica de Ocean Drive, Miami (parte 2). Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Viagem de estudo em alguns jardins históricos no Rio de Janeiro, São Paulo e Oeste Paulista: compartilhando uma experiência didática.

english
Study tour in some historical gardens in Rio de Janeiro, São Paulo and Oeste Paulista: sharing a learning experience.

español
Viaje de estudios en algunos jardines históricos en Río de Janeiro, Sao Paulo y Oeste Paulista: compartir una experiencia de aprendizaje.


how to quote

ENOKIBARA, Marta. Jardins históricos no Rio de Janeiro, São Paulo e Oeste Paulista. Itinerário de estudo. Arquiteturismo, São Paulo, ano 10, n. 110.02, Vitruvius, maio 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/10.110/6017>.


A viagem de estudo como complementação da formação era uma prática antiga que mesmo após a moda dos “Grand Tour” na Europa continuou a perdurar em algumas escolas de engenharia e arquitetura, como na Escola Politécnica de São Paulo. Esta premiava, no início do século 20, o melhor aluno do curso com uma viagem à Europa (1). Mas tal prática era incorporada, também, nas viagens didáticas internas às disciplinas como instrumentação prática e contato de novas técnicas, tecnologias e projetos. No curso de engenheiros agrônomos, que funcionou de 1896 a 1911 como uma das especialidades da Escola Politécnica (2), era comum alguns professores levarem seus alunos em excursões (de trem) às fazendas do interior paulista; mais precisamente para a porção oeste do estado, visitando as fazendas de cultura do café, de outras variedades agrícolas, além de novas máquinas.

A viagem de estudo também é parte integrante do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista – Unesp, campus de Bauru. Tal prática foi incorporada há vários anos na estrutura curricular como parte da formação dos alunos. Visitar as capitais projetadas no século 19 e 20 como Belo Horizonte e Brasília, nem sempre seriam viáveis frente à distância destas em relação ao interior paulista.

Na disciplina “Repertório vegetal e paisagístico na configuração do território paulista”, do Programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unesp-Bauru, também incorporamos esta prática. Se o “urbanismo se faz a pé” como dizia o urbanista italiano Bernardo Secchi (3), podemos dizer que o paisagismo o é da mesma forma, principalmente para o estudo dos jardins. Como registrar a diversidade de apreensões visuais de um parque? Seus odores? Sua interação entre a fauna e a flora? Sua vulnerabilidade em função do tempo?

Repertório vegetal e paisagístico na configuração do território paulista

A disciplina tem por objetivo apresentar e discutir a atuação de algumas instituições de ensino e pesquisa, paisagistas, agrônomos, botânicos e firmas voltadas para a pesquisa e produção vegetal, que atuaram no final do século 19 até a década de 1950 no território paulista e contribuíram para a constituição e difusão de um repertório vegetal e paisagístico característico, notadamente expresso nas praças, jardins e na arborização urbana deste período. O enfoque recai, sobretudo, nas cidades formadas ao longo dos quatro ramais ferroviários que ensejaram a ocupação do Oeste Paulista; contextualizando as transformações do espaço público com aquelas empregadas na capital paulista, em outras capitais do Brasil e do exterior. Almeja-se que a discussão sirva de base para a compreensão de alguns jardins históricos disseminados no Oeste Paulista e, portanto, possa dar suporte a inventários e a salvaguarda destes espaços. Neste contexto, as cidades escolhidas para estudo na disciplina foram algumas do Oeste Paulista, São Paulo e Rio de Janeiro.

Fichas de catalogação

As Fichas de catalogação foram elaboradas no decurso da disciplina com o objetivo de ser um instrumento de pesquisa e ao mesmo tempo de apoio para a viagem de estudo, com o registro das diferentes transformações dos projetos a serem visitados. As “fichas” continham as informações principais de cada jardim e, com apoio cartográfico, iconográfico e bibliográfico registraram o projeto original, sua inserção urbana e suas transformações até os dias atuais. O objetivo era elucidar como seu deu a circulação de profissionais, ideias, técnicas, equipamentos e um repertório vegetal e paisagístico na configuração do território paulista, especialmente nas cidades configuradas ou reconfiguradas ao longo das linhas férreas que propiciaram a ocupação do Oeste Paulista. A metodologia segue a adotada em pesquisa precedente sobre as “Praças e Jardins do Oeste Paulista”, inserida na pesquisa “Saberes teóricos e técnicos na configuração e reconfiguração das cidades formadas com a abertura de zonas pioneiras no Oeste do Estado de São Paulo”, do Projeto Temático “Saberes eruditos e técnicos na configuração e reconfiguração do Estado de São Paulo: séculos XIX e XX”, com apoio da Fapesp.

Ficha de catalogação, Campo de Santana
Imagem divulgação [Priscila Kamilynn Araujo dos Santos, 2015]

Percursos históricos

As cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e algumas cidades do Oeste Paulista dispõem de jardins que foram elaborados por paisagistas que exerceram grande influência na arte dos jardins. O Rio de Janeiro contou com projetos do mineiro Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813), mais conhecido por Mestre Valentim e os paisagistas franceses Auguste François-Marie Glaziou (1828-1906), Paul Villon (1841-1905). São Paulo também contou com a presença de Paul Villon e outros franceses como Joseph-Antoine Bouvard (1840-1920) e Francisque Couchet, este último também atuou no Rio de Janeiro. Também teve a presença do belga Arsène Puttemans (1873-1937) e os descendentes de alemães Reynaldo Dierberger (1899-1977) e Germano Zimber. Os jardins escolhidos foram, portanto, os que permitiam esclarecer um universo comparativo alicerçado pelo conteúdo teórico das aulas e os dados sistematizados nas “fichas”, fornecendo apoio para a viagem de estudo.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o percurso incorporou o Jardim Público, de 1783, obra de Mestre Valentim ainda no período colonial, posteriormente reformulado por Glaziou, mas que conservou os elementos escultóricos propostos por Mestre Valentim. O Real Horto, de 1808, posteriormente Jardim Botânico do Rio de Janeiro, também inserido no roteiro, simbolizou a política da coroa portuguesa de implantação de jardins botânicos em várias capitais do Brasil para a aclimatação de espécies nativas e exóticas, entre eles, o Jardim Botânico de São Paulo, fundado em 1825.

Itinerário de estudo no Rio de Janeiro
Imagem divulgação [Mapa elaborado por Karina Mattos e Fernanda Foloni, 2016]

Ainda no Rio de Janeiro, foram inclusos o Campo de Santana, de 1880, e a Quinta da Boa Vista, de 1872. Ambos possibilitam a apreensão de diferentes escalas de projeto elaboradas por Glaziou, bem como os elementos decorativos propostos em rocaille como grutas, cascatas, pontes, bancos; além de equipamentos como os quiosques e outros elementos decorativos em ferro fundido como luminárias, esculturas, fontes, bebedouros, pontes. Estas em sua maioria da fundição Val d’Osne, a mesma que fornecia para os projetos de parques e jardins em curso nas remodelações parisienses da gestão do prefeito Georges-Eugène Haussmann (1853-1870).

São Paulo

Alguns destes elementos decorativos também constarão no Jardim da Luz (antigo Jardim Botânico de São Paulo) a partir das reformas de 1899. Os coretos, elementos presentes em vários jardins do Rio de janeiro e São Paulo, posteriormente se tornarão característicos nas praças e jardins do Oeste Paulista.

O final do século 19 e início do século 20 foi um período de grande produção paisagística em São Paulo, acolhendo desenhos com referências tanto do jardim paisagístico francês ou jardin paysager, como também do jardim francês do século 17. Ambos podem ser vistos, respectivamente, com adaptações, nos projetos inaugurados em 1922 para o Parque da Várzea do Carmo, futuro Parque Dom Pedro II, elaborado pelo paisagista francês Antoine Joseph Bouvard e posteriormente desenvolvido por Francisque Couchet; e no projeto proposto por Reynaldo Dierberger para o Jardim do Museu Paulista ou Jardim do Ipiranga, como também é conhecido, em substituição ao projeto de 1909 de autoria de Arsènne Putemans. Soluções diferenciadas também foram inseridas no final do século 19, como a proposta de Paul Villon, em 1892, para o “Parque da Avenida Paulista”, posterior Parque Villon e atual Parque Tenente Siqueira Campos, onde a mata preservada é o elemento principal. Ao contrário da Praça da República, cujo projeto, de 1890, utiliza em sua maioria vegetação exótica.

Itinerário de estudo em São Paulo
Imagem divulgação [Mapa elaborado por Karina Mattos e Fernanda Foloni, 2016]

Oeste Paulista

O paisagista Reynaldo Dierberger também elaborou vários projetos no Oeste Paulista, entre eles, e ainda parcialmente conservado, o Jardim Público para São Manoel (1929), proposto para estudo na disciplina. Outro estudado foi a Praça da República, elaborado pelo engenheiro José Esteves Ribeiro da Silva em 1915 para Jahu, em ótimo estado de conservação. Já em Marília, a Praça Maria Izabel, elaborada em 1944 pelo paisagista Germano Zimber, foi completamente descaracterizada, restando um ou outro exemplar vegetal do projeto original. Esta é, infelizmente, uma realidade para a maioria das praças e jardins no Oeste Paulista do período republicano.

Itinerário de estudo no Oeste Paulista
Imagem divulgação [Mapa elaborado por Karina Mattos e Fernanda Foloni, 2016]

Exposição Jardins Históricos no Rio de Janeiro, São Paulo e Oeste Paulista

Após a complementação e atualização dos dados das “Fichas” no retorno da viagem de estudo, os produtos finais compuseram a exposição “Jardins Históricos no Rio de Janeiro, São Paulo e Oeste Paulista”, divulgada pelo Vitruvius, e ocorrida no período de 12 a 25 de janeiro de 2016 no saguão da Biblioteca do Campus da Unesp-Bauru. Neste ano realizaremos novamente o percurso ao Rio de Janeiro, enfocando mais detalhadamente o repertório vegetal e equipamentos (4).

Cartaz Exposição Jardins Históricos no Rio de Janeiro, São Paulo e Oeste Paulista
Imagem divulgação [Marta Enokibara, 2015]

Rio de janeiro: jardins estudados
Imagem divulgação [Marta Enokibara, 2015]

São Paulo: jardins estudados
Imagem divulgação [Marta Enokibara, 2015]

Oeste Paulista: jardins estudados
Imagem divulgação [Marta Enokibara, 2015]

notas

1
RETTO JUNIOR, Adalberto da Silva; ENOKIBARA, Marta. A dimensão paisagística no projeto da cidade contemporânea. Um itinerário de estudo nas cidades de Paris, Roma e Veneza. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 067.06, Vitruvius, set. 2012 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.067/4517 >.

2
SIGUEMOTO, Luciana Suemi. O Curso de Engenheiros Agrônomos da Escola Politécnica de São Paulo – Ensaio de Catalogação. Relatório Final de Iniciação Científica Fapesp, 2011. Orientação: Profa. Dra. Marta Enokibara. Processo nº 2010/16870-6.

3
RETTO JUNIOR, Adalberto da Silva. Bernardo Secchi. Um adeus ao urbanista italiano. Drops, São Paulo, ano 15, n. 084.07, Vitruvius, set. 2014 < www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.084/5294 >.

4
Endereços para visitação de praças e parques estudados:

Rio de Janeiro

Parque Campo de Santana, Praça da República s/n na área central da cidade. Estacionamento: não há. Metrô mais próximo: em frente à Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil. Obs: A Fundação Parques e Jardins do Rio de Janeiro está localizada no parque e dispõe de folders com informações sobre algumas espécies vegetais notáveis, além de esculturas.

Quinta da Boa Vista. Av. Pedro II s/n – São Cristóvão. Metrô mais próximo: Estação São Cristóvão. Estacionamento: há algumas vagas públicas e estacionamento privado. Obs: internamente também há o Museu Nacional (entrada paga)

Praça Passeio Público (antigo Jardim Público). Endereço: Endereço: s/nº Centro, 290 - Rua do Passeio – Centro. Metrô mais próximo: Estação Cinelândia. Estacionamento: não há. Obs: próximo à Biblioteca Nacional (região central) e ao Aterro do Flamengo.

Parque do Flamengo, em frente ao Museu de Arte Moderna. Endereço do Museu: Av. Infante Dom Henrique, 85. Metrô mais próximo: Estação Flamengo. Estacionamento: ao longo do parque há estacionamentos públicos e privados. Obs: há várias estações ao longo do parque. O Museu de Arte Moderna também está locado no Parque do Flamengo.

Jardim Botânico. Rua Jardim Botânico, 1008. Estacionamento: pago, do Jóquei Clube, em frente ao Jardim Botânico. Não há estação de metrô próxima. www.jbrj.gov.br. Obs: a entrada é paga e é possível agendar visitas guiadas.

Sítio Roberto Burle Marx. Endereço: Estr. Roberto Burle Marx, 2019 - Barra de Guaratiba
Telefone: (21) 2410-1412. visitas.srbm@iphan.gov.br / http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/620. Visitas: pagas e agendadas. Estacionamento: somente para as visitas agendadas.

São Paulo

Parque Jardim da Luz. Endereço: Praça da Luz, s/n. Metrô: Estação Luz. Estacionamento: não há.

Parque Dom Pedro II. Endereço: Avenida do Estado, 3600 – Centro. Metrô: Estação Pedro II.

Praça da República. Endereço: República, s/n – Centro. Metrô: República.

Parque Tenente Siqueira Campos. Endereço: Avenida Paulista, altura do nº 1700. Metrô: Trianon-Masp. Obs: em frente ao Museu de Arte de São Paulo – Masp.

Parque da Independência. Endereço: Parque da Independência, Ipiranga. Metrô: Estação Ipiranga / CPTM L10 – Turquesa. Estacionamento: não há. www.mp.usp.br. Obs: Complexo formado pelo jardim frontal ao Museu Paulista, mais conhecido como “Jardim do Ipiranga”, que posteriormente se estende até o Monumento do Ipiranga. Aos fundos do Museu há um pequeno bosque.

Oeste Paulista

Praça da República. Endereço: Rua Major Prado esquina com Rua Campos Salles s/n, Centro, Jaú SP.

Praça Dr. Pereira de Rezende (antigo Jardim Público). Endereço: Praça Dr. Pereira de Rezende, Jardim Público s/n, Centro, São Manoel SP.

Praça Maria Izabel. Endereço: Praça Maria Izabel s/n, Centro, Marília SP.

sobre a autora

Marta Enokibara é arquiteta e urbanista pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em História das Ciências e da Saúde. É professora do curso de graduação e pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru).

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