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architectourism ISSN 1982-9930

Monumento às bandeiras, Parque do Ibirapuera, São Paulo. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Ao visitar Manaus, Karina Tengan e Rafael Schimidt registram diversos edifícios e monumentos da cidade do mesmo ponto de vista de fotos do início do século 20, permitindo a comparação entre as épocas e a constatação do estado de conservação do patrimônio.


how to quote

TENGAN, Karina; SCHIMIDT, Rafael. Paisagem construída de Manaus. Um século depois. Arquiteturismo, São Paulo, ano 10, n. 114.01, Vitruvius, set. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/10.114/6183>.


Em 2015, planejamos uma viagem para conhecer a cidade de Manaus e parte da Amazônia. A capital amazonense possui belos remanescentes históricos do período conhecido como Ciclo da Borracha, o que despertou nosso interesse logo de início. Ao pesquisarmos um pouco mais sobre sua história, nos deparamos com o Álbum do Amazonas (1), que traz registros fotográficos do início do século 20 feitos pelo português Felipe Augusto Fidanza. A obra, produzida por encomenda do então governador Silvério Nery, configura-se como um registro do espaço urbano daquele período.

A partir destas imagens, surgiu a ideia de elaborarmos um ensaio comparativo entre as fotos antigas e o atual cenário da cidade. Com isso em mente, buscamos também imagens de cartões-postais (2) do mesmo período e que, somados ao álbum, formaram a base inicial do nosso roteiro.

01a. Antiga Rua da Installação, atual cruzamento entre a Rua 15 de Novembro e Avenida 7 de Setembro
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Antiga Rua da Installação, atual cruzamento entre a Rua 15 de Novembro e Avenida 7 de Setembro
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Começamos o passeio pela Praça São Sebastião, famoso ponto de encontro da cidade, que reúne em seu entorno grandes monumentos da história manauara, além de diversos restaurantes e bares. Entre uma visita e outra, pudemos experimentar pratos típicos locais como o delicioso tambaqui na brasa, além do tradicional tacacá no fim de tarde.

Monumento de Abertura dos Portos e Teatro Amazonas, Praça São Sebastião, Manaus
Foto divulgação [GERODETTI, J.E.; CORNEJO, C. Greetings from Brazil: Brazilian State Capitals]

Monumento de Abertura dos Portos e Teatro Amazonas, Praça São Sebastião, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Junto à praça encontra-se a Igreja de São Sebastião, construída por volta de 1890 com seu sineiro único (o segundo nunca chegou a ser finalizado), e o Teatro Amazonas, cuja ativa programação cultural proporciona espetáculos semanalmente

Igreja de São Sebastião, Manaus
Foto divulgação [GERODETTI, J.E.; CORNEJO, C. Greetings from Brazil: Brazilian State Capitals]

Igreja de São Sebastião, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Inspirado nas tradições arquitetônicas francesas, o Teatro Amazonas é o maior símbolo da riqueza proporcionada pelo Ciclo da Borracha durante a virada do século 19 para o 20. A curiosa pintura interna da cúpula cria a ilusão de se estar no ponto central em baixo da Torre Eiffel, de Paris. Não à toa, Manaus ficou conhecida como a “Paris dos Trópicos” durante seu apogeu econômico.

Teatro Amazonas, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Teatro Amazonas, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Nosso passeio pela cidade coincidiu com um interessante fenômeno astronômico: a conjunção entre a Lua, os planetas Vênus e Júpiter, e a estrela Regulus, que aconteceu em 18 de Julho de 2015. O resultado dessa formação gerou uma situação semelhante à constelação do Cruzeiro do Sul e pôde ser apreciado facilmente a olho nu, enquanto explicávamos o acontecimento aos transeuntes mais curiosos.

Teatro Amazonas, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Teatro Amazonas, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Ainda na região central, junto à Praça Dom Pedro II, visitamos o antigo Palácio do Governo (construído em 1874, seguindo referências neoclássicas) e atual Museu Paço da Liberdade. Inicialmente o prédio abrigava a administração do governo local, sendo usado posteriormente como residência de governadores do Estado e ainda, durante o século 20, como sede da Prefeitura de Manaus.

Museu Paço da Liberdade, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Museu Paço da Liberdade, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

O Palacete Provincial é outro prédio que foi adaptado para o uso de museu. Inaugurado em 1875, foi sede do Quartel da Polícia por mais de 100 anos. Atualmente, abriga o Museu de Numismática, o Museu da Imagem e do Som do Amazonas, a Pinacoteca do Estado, o Museu de Arqueologia, o Museu Tiradentes e o Ateliê de Restauro de Obras de Arte.

Palacete Provincial, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Palacete Provincial, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

O palacete é tombado em conjunto com a Praça Heliodoro Balbi e o Colégio Amazonense Dom Pedro II, uma das escolas mais tradicionais da cidade e que mantém suas atividades pedagógicas há quase 150 anos.

Colégio Amazonense Dom Pedro II, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Colégio Amazonense Dom Pedro II, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Um pouco mais afastada da região central, no bairro Cachoeirinha, a também tradicional Escola Estadual Euclides da Cunha, edificada em 1896, continua em funcionamento. O prédio ainda mantém características construtivas antigas, porém um pouco prejudicadas na sua integridade pelas ampliações que foram sendo construídas ao longo dos anos.

Escola Estadual Euclides da Cunha, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Escola Estadual Euclides da Cunha, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Já no limite do centro histórico, encontra-se o prédio do Hospital Beneficente Português do Amazonas. Fundado em 1873 por imigrantes portugueses, o hospital continuou sendo ampliado até chegar ao seu estágio atual, sendo hoje reconhecido como uma das referências em tratamentos de saúde no Amazonas.

Hospital Beneficente Português do Amazonas, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Hospital Beneficente Português do Amazonas, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Um dos passeios indispensáveis em Manaus é navegar para ver o encontro das águas, fenômeno que ocorre na confluência do rio Negro (água preta) e rio Solimões (água barrenta). Na região do porto (conjunto arquitetônico tombado como patrimônio histórico nacional), de onde saem a maioria das embarcações para o passeio, localiza-se a antiga alfândega.

Prédio da antiga alfândega, Manaus
Foto divulgação [GERODETTI, J.E.; CORNEJO, C. Greetings from Brazil: Brazilian State Capitals]

Prédio da antiga alfândega, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Seguindo em direção à região norte da cidade, encontramos o Reservatório do Mocó. Inspirado numa plástica neorrenascentista, ele foi construído no final do século 19 com o propósito de abastecer a cidade com água potável. Ele continua em operação e ainda hoje abastece parte da cidade de Manaus, sendo outra obra manauara tombada como patrimônio histórico nacional.

Reservatório do Mocó, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Reservatório do Mocó, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Na Avenida 7 de Setembro, ligando o centro da cidade ao bairro Cachoeirinha, encontra-se a centenária ponte Benjamin Constant, também conhecida como ponte metálica. Construída com peças trazidas da Inglaterra em 1892, ela ainda mantém seu desenho original – apesar de ter sido totalmente reconstruída em 1938 e reformada novamente em 2009.

Ponte Pênsil Benjamin Constant, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Ponte Pênsil Benjamin Constant, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

O igarapé do Mestre Chico, sob a ponte Benjamin Constant, foi em parte aterrado e transformado em parque como uma tentativa de revitalização do espaço público. Durante a década de 2010, o local era ocupado por moradores de uma densa favela de palafitas, que foram então alocados para conjuntos residências construídos nas proximidades.

Igarapé do Mestre Chico, Manaus
Foto Felipe Augusto Fidanza [Álbum do Amazonas 1901-1902]

Igarapé do Mestre Chico, Manaus
Foto Karina Tengan e Rafael Schimidt

Ao mostrarmos essas imagens comparativas pela primeira vez a um amigo, ele exclamou: ”As antigas são mais bonitas!”. Apesar de ter sofrido modificações intensas em seu espaço urbano, a memória arquitetônica da Manaus dos tempos áureos resiste. A transformação da paisagem, devido à dinâmica própria das cidades como obra humana em constante atualização, não diminuiu em nada nossas expectativas em relação ao prazer de visitar Manaus. Sua diversidade cultural, história e tradições fazem dela um ótimo destino para viajantes curiosos em conhecer pessoalmente um pouco mais deste rico mosaico que compõe nosso País.

notas

1
Todos os registros em preto e branco aqui reproduzidos foram extraídos de: FIDANZA, Felipe Augusto. Álbum do Amazonas 1901-1902. Manaus, Edição do autor, 1902.

2
Os cartões-postais aqui reproduzidos foram extraídos de: GERODETTI, João Emílio; CORNEJO, Carlos. Greetings from Brazil: Brazilian State Capitals in Postcards and Souvenir Albums. São Paulo, Solaris Cultural Publications, 2004.

sobre os autores

Karina Tengan é pesquisadora iconográfica, formada pela ECA USP e atua profissionalmente no ramo editorial de livros didáticos.

Rafael Schimidt é arquiteto, mestre pela FAU USP, doutor pela FAU Mackenzie e professor da graduação no FIAM FAAM Centro Universitário e na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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114.01 patrimônio construído
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