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architexts ISSN 1809-6298


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SEGAWA, Hugo. Efemérides latino-americanas. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 016.00, Vitruvius, set. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.016/846>.

Passadas as celebrações pelo Milênio, resta um gosto de frustração pelo quase nada que representaram enquanto conteúdo as iniciativas em torno do tema, senão certa apreensão pelo apocalíptico pane previsto nos computadores. Sedutores como exercícios de numerologia, as efemérides contêm certa graça pitoresca e algumas vezes servem para apreciar a temperatura, ou o prestígio do evento ou da personalidade em foco.

Isto me ocorre pensando nos arquitetos e na memória de figuras ilustres da cultura arquitetônica e, em particular, nossos heróis modernos. O movimento moderno, para alguns, está morto e enterrado – longa vida para a arquitetura moderna! E na prática, ele sequer completou um século. Mas uns ou outros protagonistas dessa história são centenários. Vale lembrar as celebrações em torno de Mies van der Rohe (1886-1969) e Le Corbusier (1887-1965). Pobre Mies: nasceu na década errada. Nos anos 1980, valia o less is a bore. As celebrações foram discretas. Se ele tivesse nascido uma década depois, talvez fosse merecer a mais radiante das homenagens do século 20 a um arquiteto. Mas quem realmente mereceu homenagem à altura foi Le Corbusier em 1987, apesar da (ou talvez contra a) vigência do pós-moderno arquitetônico.

Mais recentes foram as comemorações por Alvar Aalto (1898-1976). A Finlândia há muito cultua o mestre do neoempirismo: sua figura estampa cédulas do marco finlandês. Sem ser um protagonista da primeira geração de pioneiros, e tido como periferia, ou apenas um "regionalismo" em seu tempo, o mundo soube apreciar belas exposições e publicações sobre o grande nórdico.

Como na Escandinávia, a América Latina é um território em que o movimento moderno teve protagonistas mais novos. A maioria de nossos heróis nasceu nas primeiras décadas do século 20, e certamente doravante teremos inúmeras oportunidades para cultuar (ou acabar de enterrar) ilustres conterrâneos de subcontinente. Nesse sentido, creio que os venezuelanos foram exemplares. As comemorações do centenário de Carlos Raúl Villanueva (1900-75) trouxeram à tona – para venezuelanos, latino-americanos e para o mundo – a figura ímpar de um arquiteto que raramente consta nas antologias arquitetônicas, mas que não comparece por ignorância ou esquecimento. Discípulos, amigos, descendentes e estudiosos de Villanueva promoveram ações rememorativas: reeditou-se em 1998 de modo fac-similar o (até então) único livro sobre o arquiteto organizado por Sibyl Moholy-Nagy em 1964; a linda exposição Villanueva un Moderno em Sudamérica teve sua estréia na IV Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 1999 e esteve aberta por longo período na Galería de Arte Nacional em Caracas ano passado, com o belo catálogo elaborado por William Niño e Carmen Araújo; Paulina Villanueva organizou e está organizando a edição de várias monografias sobre o pai. Ao longo de todo o primeiro semestre de 2000, Sílvia Hernández de Lasala promoveu a Cátedra Libre Carlos Raúl Villanueva, um percurso pelos espaços da Ciudad Universitária da Universidad Central de Venezuela acompanhando uma série de conferências e depoimentos de estudiosos, ex-colaboradores, companheiros e ex-alunos do mestre, integrando um tema arquitetônico ao cotidiano universitário no mais belo campus de toda a América. Um link na página da Architectural Association remanesce como registro da mostra apresentada naquela escola ano passado, bem como o espanhol Guillermo Vázquez Consuegra está a frente de algumas iniciativas, como uma publicação, uma exposição e um concurso sobre o arquiteto venezuelano. O ponto alto de toda esta movimentação em torno de Villanueva foi a listagem da Ciudad Universitária como Patrimônio da Humanidade por parte da UNESCO, o segundo conjunto urbano moderno a receber tal reconhecimento, depois de Brasília.

Não sei se os mexicanos estão preocupados com o centenário de José Villagrán García (1901-82), mas certamente Luís Barragán (1902-86) será lembrado, mesmo por não-mexicanos. Entre nós, a agenda moderna já anotou uma discreta solenidade do centenário de Gregori Warchavchik (1896-1972) com uma exposição em São Paulo que só deixou registro nas hoje amareladas páginas de jornais e semanários informativos. Goiânia ou a aposentada estação de hidroaviões do Rio de Janeiro não inspiraram qualquer recordação de Attilio Correia Lima (1901-43) e seu legado (apesar de algumas dissertações no recôndito das academias). Melhor sorte (mas ainda é pouco) terá Rino Levi (1901-65), com a publicação da excelente monografia de Renato Anelli a sair até outubro (não sem dificuldade dos editores) – um entre os inúmeros estudos dedicados a uma vertente paulista da modernidade brasileira que ganha consistência historiográfica nos anos recentes. Lucio Costa (1902-98) terá possivelmente uma comemoração de centenário quatro anos após a morte. E se tomarmos cuidado, Oscar Niemeyer será homenageado em seu centenário ainda entre nós.

notas

1
Versão modificada de artigo originalmente escrita para a revista argentina Summa+.

sobre o autor

Hugo Segawa é arquiteto, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos/USP.

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