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architexts ISSN 1809-6298


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DA SILVA, Luís Octávio. A constituição das bases para a verticalização na cidade de São Paulo. Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 080.05, Vitruvius, jan. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.080/280>.

O período compreendido entre 1930 e 1945 foi de crucial importância nos desígnios da cidade de São Paulo. Isso tanto do ponto de vista dos processos econômicos, da evolução do quadro demográfico, como também pela consolidação das bases de um determinado modelo de organização espacial assumido pela metrópole nas décadas seguintes.

É difícil aquilatar toda a conjuntura do período de 1930 a 1945 sem levar em conta o legado dos anos 1920. Difícil não mencionar o significativo crescimento da economia cafeeira e, conseqüentemente, das receitas tanto estaduais quanto municipais provenientes do imposto sobre exportações. Em 1921, no município de São Paulo, esses recursos eram de 17 mil contos de réis, saltando para 80 mil em 1930 (2). Os anos 1920 foram também marcados pelo grande desenvolvimento industrial, inclusive com a implantação de uma indústria de base no país. A crise de 1929, entretanto, significou uma severa restrição às receitas municipais: em 1931 elas haviam descido para 52 mil; em 1932 eram de 60 mil e em 1933 de 62 mil contos de réis. A euforia dos anos 1920, assim como as restrições financeiras dos primeiros anos da década seguinte, se defrontavam com uma série de desafios, legados aos anos 1930: as precárias condições habitacionais da população de baixa renda; a incessante expansão horizontal da cidade e a decorrente necessidade de recursos públicos crescentes para dotar esses territórios de pavimentação e de infra-estrutura; o congestionamento do centro; a precariedade das ligações entre os bairros e a área central. Isso tudo configurava um quadro generalizado de despreparo para o fenômeno de crescimento colocado (3).

A evolução econômica, demográfica e urbana do período de 1930 a 1945

No que diz respeito ao desenvolvimento econômico, as décadas de 1930 e 1940 significaram a consolidação e o aprofundamento do processo de industrialização do país. Esse período abarcou dois importantes momentos da industrialização brasileira: os anos de recuperação pós-crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em ambos períodos, as restrições às importações foram cruciais para o desenvolvimento de uma industrialização de substituição. No primeiro caso, após alguns poucos anos de declínio das atividades comerciais e financeiras, a recuperação da indústria brasileira deu-se sobre uma base não mais tão dependente da economia cafeeira, que, aliás, perdia espaço para outros produtos (4). A era Vargas, de forma geral, e o Estado Novo, em particular, foram marcados por uma nova relação do Estado com a economia. É importante ressaltar que, concomitantemente a esse processo, deu-se a consolidação do estado de São Paulo como principal pólo econômico e industrial do Brasil e da cidade de São Paulo como principal foco desse processo (5). Em 1939, pela primeira vez, o valor da produção industrial desse estado já ultrapassava o valor da produção agrícola (6).

Foi no bojo desse processo de desenvolvimento econômico e, especialmente, industrial que houve uma aceleração do processo de urbanização. O município de São Paulo tinha, em 1930, cerca de 890 mil habitantes. Em 1933, esse número já ultrapassava um milhão. Em 1945, já eram 1.608 mil (1.800 mil na região metropolitana). Mesmo que, em números absolutos, os incrementos demográficos fossem cada vez maiores, houve um arrefecimento no ritmo desse crescimento. De 1920 a 1930, o acréscimo foi de 56%; de 1930 a 1940, foi de 47%. Por outro lado, o peso demográfico do município no total do estado, assim como no do país, não cessou de aumentar. Em 1900, o município abrigava 1,4% da população do Brasil; em 1920, esse percentual já era de 1,9%; em 1940, 3,2% e, em 1950, 4,2%. Durante o nosso período de interesse (1930 a 1945), a maior parte desse incremento já se dava por crescimento vegetativo. No que diz respeito à chegada de novos habitantes, os anos 1930 e as décadas seguintes foram marcados pela intensificação dos fluxos migratórios internos, que se tornaram mais importantes do que a chegada de imigrantes estrangeiros (7).

Um outro traço característico do período foi a consolidação, também, do processo de metropolização (8). Na Planta da Cidade, organizada pela Comissão Geográfica de São Paulo de 1922, o que se observa é uma grande disponibilização de territórios para a expansão urbana. A quase totalidade dos novos loteamentos e esboços de arruamentos encontravam-se quase isolados da trama maior e desprovidos de edificações, assim como a maior parte dos loteamentos mais antigos. Já no Mapa Sara Brasil de 1930, apesar de mantido o caráter pouco compacto, a maioria dos antigos bairros isolados já se encontrava conurbada ao resto da mancha urbana através dos novos loteamentos. Ainda que vastas áreas vazias assim permanecessem, novos loteamentos se justapunham aos antigos (9). Os limites da zona urbanizada contígua já ultrapassavam as fronteiras municipais. Na verdade, foi só a partir da metade dos anos 1930 que os loteamentos periféricos começaram, efetivamente, a ser ocupados. Até os anos 1940, os cortiços continuavam a ser a principal alternativa de moradia popular.

Na São Paulo de 1930, dois dos grandes traços da urbanização brasileira já estavam delineados: um determinado modelo de organização urbana envolvendo um grande desenvolvimento extensivo e a ocorrência do fenômeno de verticalização, naquele momento ainda em pequena escala e concentrado na área central da cidade.

O padrão extensivo de desenvolvimento urbano

Três elementos são centrais para compreensão do padrão extensivo de desenvolvimento urbano, característico da urbanização brasileira e que, em São Paulo, tomou corpo na sua forma mais avançada. A incessante atividade de parcelamento implicou uma explosão da demanda por serviços públicos, por infra-estrutura e pela implantação e manutenção de um extenso sistema viário carroçável. Essa atividade de parcelamento e de ocupação das periferias deu-se articuladamente à implantação de um sistema de transportes baseado principalmente nos veículos automotivos. Há que ressaltar, também, que esses dois elementos se articularam a um sistema de acesso à moradia popular baseado na propriedade própria e na autoconstrução.

Desde 1909, cobertura dos custos de urbanização vinha sendo tentada via a instituição da taxa de pavimentação (10). Em 1923, a Lei de Loteamentos estabelecia um teórico controle sobre o processo de parcelamento. A atividade de fiscalização, entretanto, não se efetivou. No ano de 1930, os arruamentos irregulares já cobriam área superior a das áreas regulares. Após inúmeros embates, em 1932, a cobrança da taxa de calçamento foi finalmente revogada e foi dada a possibilidade de oficialização dos loteamentos clandestinos. Além da falta de fiscalização, ficava consolidada a prática das regularizações que seriam fundamentais para a contínua reprodução dos loteamentos clandestinos.

Outros fatores indutores da expansão horizontal

A ocupação efetiva dos loteamentos mais afastados dependia da conexão com o centro e com o resto da cidade. Os anos 1920’s, 30’s e 40’s materializaram a transformação de uma cidade cujo transporte público funcionava sobre trilhos em uma cidade onde o transporte sobre pneus se tornou hegemônico. O serviço de bonde era operado pela Companhia Light & Power que se ocupava também da produção e distribuição de energia elétrica, da iluminação pública, do fornecimento de gás e do serviço de telefonia. Nos anos 1920, a lucratividade da concessão era comprometida pela concorrência dos ônibus, pelo congelamento tarifário, desde 1909, e pelo aumento dos custos de operação decorrente dos congestionamentos na área central (11). Em 1926, a companhia propôs à prefeitura um plano de investimentos e de modernização dos serviços vinculado a um aumento das tarifas. A esse plano, conhecido como Plano Light, se opunha um outro, de autoria de Ulhôa Cintra / Prestes Maia (mais tarde formatado no Plano de Avenidas) que propunha justamente um outro modelo de desenvolvimento urbano, de orientação rodoviarista e de priorização do transporte individual. Tanto pela disponibilidade de recursos financeiros quanto pela disputa na ocupação do viário, esses dois planos eram antagônicos e excludentes. Esse plano rodoviarista se tornou hegemônico. A proposta da Light nunca foi aceita.

Dois outros acontecimentos foram também nevrálgicos para a consolidação da urbanização extensiva. A Lei do Inquilinato, de 1942, inibiu da produção rentista de moradias. Também bastante importante foi a instituição do sistema de vendas a prestação, ocorrida em 1937. O crescimento demográfico e a crise da produção rentista empurraram a população de mais baixa renda para a auto-construção em lotes periféricos, na sua maioria desprovidos de infra-estrutura, mas comprados a prazo e acessíveis através dos ônibus. Ainda que não totalmente materializado, o modelo do desenvolvimento urbano extensivo teve suas bases e hegemonia consolidadas durante os anos 1930’s e 40’s. Esse padrão se tornou uma das principais características assumidas pela cidade nas décadas que se seguiram.

Constroem-se os alicerces para a verticalização de São Paulo

Edifícios altos e verticalização não são conseqüências naturais da urbanização, mas opções possíveis de configuração no largo espectro das soluções urbanísticas (12). A verticalização constitui um dos traços característicos da urbanização brasileira. Primeiramente, pela própria intensidade com que ela se dá, mas também pelas formas que ela assume. São Paulo é o grande ícone desse fenômeno. Nessa cidade, ele adquiriu proporções de peso apenas a partir das décadas de 1960 e 1970. Antes disso, entretanto, edifícios altos e áreas verticalizadas constituíam uma simbologia que encontrou seu espaço na própria história da cidade. Eles eram associados à idéia de modernização, de progresso e aos êxitos econômicos da metrópole. Durante as décadas de 1920, 1930 e 1940, estabeleceram-se os alicerces para o desenvolvimento desse fenômeno.

Do ponto de vista da tecnologia, os primórdios da verticalização brasileira podem ser contados pelo “embate” entre a opção pelo emprego de estruturas metálicas e a moldagem da estrutura em concreto armado. A segunda opção significava a constituição de um modo de produção muito mais nacionalizado do que o emprego de estruturas metálicas, geralmente projetadas e produzidas no exterior. A partir de 1926, com o estabelecimento da indústria de cimento no país, a segunda opção passou a significar uma opção ainda mais nacional (13). Foi principalmente no período de restrição às importações, durante a Segunda Guerra Mundial, que se consolidou o emprego do concreto armado.

Nas primeiras décadas do século XX, São Paulo e Rio de Janeiro já apresentavam diferenças em seus respectivos processos de verticalização. No Rio, os primeiros focos de construção de edifícios altos estiveram todos eles ligados a importantes intervenções urbanísticas governamentais, como foi o caso da Avenida Central, Cinelândia e Avenida Beira-Mar. Já em São Paulo, tratou-se de um fenômeno, de certa forma, mais protagonizado pela iniciativa privada. No Rio, em 1910, existiam apenas 33 edifícios com mais de seis andares. Assim como em São Paulo, tratava-se de um fenômeno de dimensões reduzidas. A partir desse ano, a verticalização carioca destinou-se progressivamente ao uso residencial ou misto (térreo não-residencial e apartamentos nos andares superiores) (14). Em 1900, a cidade de São Paulo já apresentava alguns raros edifícios verticalizados. Vinte anos mais tarde, edifícios altos continuavam a ser exceção na paisagem urbana. Durante os anos 1920, a construção de edifícios novos apresentou um certo desenvolvimento. Mas, em 1929, eles ainda eram em número modesto, pouco mais de cinqüenta edifícios com mais de quatro andares, principalmente localizados no Centro Velho e no Centro Novo, misturando uso residencial com locações do setor terciário. Quando ocorreu a retomada econômica pós-crise de 1929, em meados da década de 1930, o processo de verticalização em São Paulo assumiu proporções muito superiores às da década anterior. Em 1939, já havia 813 edifícios com elevadores, e tratava-se de uma verticalização já predominantemente destinada ao uso terciário (65%). Essa tendência consolidou-se na década de 1940 (15).

A passagem dos anos 1920 para os anos 1930 coincidiu também com mudanças dos modelos arquitetônicos aplicados às construções verticalizadas. Durante os anos 1920, o Modernismo dava os seus primeiros passos no país, mas o ecletismo ainda era largamente hegemônico, inclusive na arquitetura dos edifícios. Do ponto de vista da morfologia urbana, a verticalização deu-se sobre um parcelário colonial, caracterizado por lotes estreitos e profundos, e os edifícios não apresentavam recuos nem de frente nem laterais. Internamente, esses edifícios procuravam reproduzir os programas arquiteturais das edificações não-verticalizadas. A grande ênfase estética dava-se nas fachadas frontais. As empenas cegas eram uma conseqüência natural e indesejada da heterogeneidade das volumetrias. Os anos 1930 coincidiram com a emergência do art decô e com o despojamento ornamental identificado como estilo modernizado. As mudanças morfológicas deram-se também por conta das normativas que, progressivamente, foram permitindo edifícios cada vez mais altos, pela implantação de mecanismos que justamente procuravam evitar a configuração de empenas cegas e também através da difusão do estilo moderno que implicou uma valorização também das fachadas não frontais.

Principalmente durante os anos 1930, quando houve um grande aumento da produção de edifícios de apartamentos para alugar, a aceitação desse tipo de solução arquitetônica ainda era objeto de ressalva por parte do público-alvo. Esse tipo de moradia coletiva ainda era associado aos estigmatizados cortiços. Os promotores que produziam edifícios de escritórios no Centro Novo, por sua vez, inquietavam-se quanto à aceitação dessa nova localidade. O Centro Velho ainda era o território de maior prestígio na geografia da cidade.

Em 1928, entrou em vigor o Decreto Federal nº5.481, que dispunha sobre a alienação parcial de edifícios com mais de cinco pavimentos, estabelecendo, assim, normas de co-propriedade. Isso foi de fundamental importância, pois o decreto deu base institucional para ações de incorporação, ou seja, os prédios eram construídos sem que fosse necessária a disponibilização de recursos exclusivamente por parte do empreendedor. Na verdade, não foi de imediato que essa possibilidade instrumentalizou a atividade de incorporação. A construção de edifícios em condomínio, na cidade de São Paulo, disseminou-se apenas a partir dos anos 1940. Isso se casou com o desestímulo à produção rentista decorrente da vigência da Lei do Inquilinato, de 1942.

Assim como acontecia em relação à expansão horizontal, o processo de verticalização suscitava um embate muito claro entre duas posturas distintas. Uma advogava o controle e a limitação do processo por parte do poder público. A outra propunha uma atitude liberalizante em relação aos interesses privados da promoção imobiliária. Esse embate já estava presente quando da definição do Padrão Municipal, em 1920. Nessa ocasião, ficou estabelecido que a verticalização ficaria restrita à área central. Entretanto, os limites definidos já eram bem superiores àqueles preconizados por Victor Freire, que então respondia pela Diretoria de Obras da Prefeitura. Freire era um defensor ativo da limitação e do controle do processo de verticalização. A legislação que se seguiu, durante o período de 1930 a 1945, obedeceu algumas tendências que poderiam ser sintetizadas como uma normatização, que foi se alterando ao longo do tempo. Além disso, ela ainda era definida de acordo com a região da cidade e, ao longo dos eixos viários de maior interesse, pelo estabelecimento de limites máximos em função da largura da via, mas também pela flexibilização desses limites (estabelecimento de recuos escalonados, como era usual na legislação americana). Em algumas localidades, a legislação estabelecia alturas mínimas, com o objetivo de conseguir conjuntos homogêneos, minimizando o efeito, considerado negativo, das empenas cegas. O aprimoramento dessa legislação deu-se ao sabor das conjunturas políticas, mas a macrotendência foi a liberalização progressiva. Durante o período de 1930 a 1945, a legislação municipal teve um papel muito mais incentivador do que limitador do processo de verticalização. O controle zonal dos usos foi, durante essa fase, aplicado de forma limitada a bairros específicos, sobretudo com o intuito de preservar características de uso exclusivamente residencial em bairros das classes mais abastadas.

Conclusão

A morfologia da cidade de São Paulo, moldada durante o período de 1930 a 1945, resultou numa curiosa combinação de expansão horizontal e verticalização. As grandes intervenções viárias materializaram a opção por um modelo de desenvolvimento urbano baseado no transporte sobre pneus e no crescimento extensivo, retroalimentado pela liberalização dos loteamentos periféricos. A abertura de avenidas, especialmente na área central, de imediato, contornou o problema dos congestionamentos e conseguiu vender a imagem de uma opção racional pelo automóvel que prepararia a cidade para o bem-vindo crescimento ilimitado. As avenidas abriram espaço também para a promoção imobiliária e o processo de verticalização, da mesma forma progressivamente liberalizado.

O período tratado caracterizou-se pela implantação de uma modernização urbanística, cujos instrumentos regulatórios foram progressivamente limitados. Isso pode ser identificado pelas posições vencedoras em todos os principais embates que pautaram o período em questão: a limitação da expansão horizontal, a cobrança da taxa de calçamento e de melhoramento, o controle e limitação do processo de verticalização e a aplicação do zoneamento de forma muito limitada à salvaguarda dos bairros-jardins. Foi também desse período a consolidação de uma opção que implicou grande precariedade para o desenvolvimento do transporte de massa. Essa opção foi sucessivamente confirmada nas décadas seguintes. Em relação aos dois prefeitos de mandato mais longo, há que enfatizar que a gestão Prestes Maia foi de maior duração e dispôs de recursos mais avantajados. O caráter limitado da modernização urbanística por ele empreendida espelhava, de maneira muito clara, as ambivalências e contradições do contexto político, econômico e social brasileiro daquele período. Sob um discurso de racionalidade, um grande número de prementes demandas coletivas foi indefinidamente postergado, ao sabor dos interesses hegemônicos. A modernização empreendida por Prestes Maia foi portadora de uma racionalidade distorcida e desprovida de qualquer traço socializante mais efetivo, portanto, bastante diferenciada da modernização idealizada pelo movimento moderno de então.

Anexo – compilação da legislação com implicação sobre o processo de verticalização (não exaustiva, apenas notas de estudo)

Lei 2.332 de 1920, o Padrão Municipal restringiu a verticalização à área central.

Lei 3.427, de 1929, instituiu o Código de Obras, dividiu a cidade em zonas e definiu regras gerais de ocupação e normas específicas para cada zona. Artigo 142 “define para os edifícios da zona central a altura mínima de 5m (como na Lei nº2.332/20) e com altura máxima dependendo da largura da via (exata/ como Lei nº2.332)”.

1930 IV Congresso Pan-americano de Arquitetos sugeriu a regulamentação da construção e localização dos arranha-céus.

Ato Municipal nº 58 de 15 de janeiro de 1931 instituiu a Divisão de Censura Estética.

Ato Municipal nº 663 de 1934 (atualizou o Código de Obras, passou a ser conhecido como Código Arthur Sabóya) Artigo nº 39 e 40 incorporaram o Ato n° 127, de 1931, que estabelecia o zoneamento residencial nos bairros jardins. Artigo 762 reiterou a possibilidade de regularização dos loteamento clandestinos (dada por Henrique Guedes). Reafirmou os limites para verticalização da área central (adotados em 1920) e fora do centro, foi mantido o limite estabelecido em 1929. No centro, esses limites eram restritos, fora dele, prédios de apartamentos continuavam restritos às avenidas mais largas. Deu-se a possibilidade de verticalização suplementar via escalonamento, tetos de 50 e 80 m. Consolidação da censura estética instituída por Anhaia Mello.

Ato 1.366 de 19 fev 1938 estabeleceu gabaritos para altura das ruas do Centro Novo. Não mais em relação à largura das ruas, como do Código A Sabóya, mas em exigência de um número mínimo de pavimentos (6 na S.Bento; 10 num outro grupo de vias),  acima desse limite poderia haver verticalização suplementar via escalonamento com recuo. Não deveria ser ultrapassado o limite de 50m de altura. Nas demais vias a altura máxima seria de 80m. R. Marconi e Xavier de Toledo as fachadas deveriam ser contínuas.

Ato 1.496 de 25 de outubro 1938 regulamentou construções ao longo da Av. 9 de Julho (da Al. Jaú até a  Estados Unidos),  12m frente e fachadas laterais trabalhadas.

Decreto lei nº 26, de 6 de abril de 1940 institui vistoria nos elevadores e implementa registro de elevadores, criado desde 1925.

Decreto lei nº 41 de 1940 Estipulou altura mínima de 39m (13 andares), na Av.Ipiranga, com possível escalonamento até 80m e em casos especiais até 115 ou 135m. Prédios que não atingissem a altura mínima estabelecida arcariam com o acréscimo de 20% no IPTU.

Decreto lei n° 75 de 11 fevereiro 1941 Regulamenta construções na Av. 9 de Julho, estabeleceu alturas máximas e usos permitidos, autorizando aumentos mediante recuos escalonados.

Decreto Municipal nº 163 de 23 outubro 1940 estipulou marquises e revestimentos para os térreos e tratamento de passeios.

Decreto-lei Municipal nº 75 de 11 fevereiro de 1941 definiu alturas mínimas e regulamentos volumétricos a serem aplicados na Av. 9 de Julho.

Decreto Lei nº 92 de 2 de maio de 1941, elaborado depois da implantação do Perímetro de Irradiação,  alterou o  perímetro da área central (estabelecido pelo Código de Obras); ampliou alturas máximas para área Central (em função da largura das vias); e estendeu altura mínima obrigatória para 39m (10 pav.+ térreo) a uma  lista de logradouros; altura mínima de 22m (6 pavimentos+térreo) a uma outra  lista de logradouros.

1942 Promulgação da Legislação do Inquilinato.

notas

1
Artigo preparado para a Oficina “Verticalização das cidades brasileiras”, evento realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, durante os dias 08 e 09 de dezembro de 2006, e promovido pelo Grupo de Pesquisa “O desenho da cidade e a verticalização: São Paulo de 1940 a 1957” e formado pelos professores doutores Nadia Somekh (coordenadora), Abílio Guerra, Antonio Cláudio Pinto da Fonseca e Mario Arturo Figueroa Rosales, e pelos pesquisadores Juliana Di Cesare Margini Marques (mestre), Tais Okano (mestranda), Eliana Barbosa (arquiteta), Elida Zuffo (arquiteta), Aline Simões (graduanda), Daniel Horigoshi Maeda (graduando) e Maria Beatriz Sartor (graduanda). O Grupo de Pesquisa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e o evento contou com apoio do Portal Vitruvius. A série de artigos publicados em Arquitextos é a seguinte:

COMAS, Carlos Eduardo Dias. Questões de base e situação: arquitetura moderna e edifícios de escritórios, Rio de Janeiro, 1936-45. Arquitextos, nº 078. São Paulo, Portal Vitruvius, nov. 2006 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq078/arq078_00.asp>.

CASTROVIEJO RIBEIRO, Alessandro José; DEL NEGRO, Paulo Sergio Bárbaro. Oswaldo Bratke e a “cidade nova”: o texto e o contexto. Arquitextos, nº 078.1. São Paulo, Portal Vitruvius, nov. 2006 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq078/arq078_01.asp>.

CARDEMAN, David; CARDEMAN, Rogerio Goldfeld. O Rio de Janeiro nas alturas: a verticalização da cidade. Arquitextos, nº 078.2. São Paulo, Portal Vitruvius, nov. 2006 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq078/arq078_02.asp>.

FERREIRA, Caio de Souza. O Edifício Sant’Anna e a Gênese da Verticalização em Campinas. Arquitextos, nº 078.3. São Paulo, Portal Vitruvius, nov. 2006 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq078/arq078_03.asp>.

NOBRE, Cássia C. Conjunto residencial "Predinhos da Hípica”. Arquitextos, nº 080, Texto Especial 398. São Paulo, Portal Vitruvius, jan. 2007 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp398.asp>.

SILVA, Luís Octávio da. A constituição das bases para a verticalização na cidade de São Paulo. Arquitextos, nº 080, Texto Especial 399. São Paulo, Portal Vitruvius, jan. 2007 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp399.asp>.

TÖWS, Ricardo Luiz; MENDES, Cesar Miranda. Verticalização x legislação na Avenida Brasil em Maringá-Pr no período de 1960-2004: algumas considerações. Arquitextos, nº 083, Texto Especial 410. São Paulo, Portal Vitruvius, abr. 2007 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp410.asp>.

2
Aumento bem superior à inflação do período.

3
CAMPOS, Candido Malta. Os rumos da cidade: urbanismo e modernização em São Paulo. São Paulo, SENAC, 2002, p. 254; 258-9; 487.

4
No estado de São Paulo, por exemplo, em 1931, o café respondia por 90% do valor das exportações; em 1936, esse percentual caíra para 60%. Idem, ibidem, p. 494.

5
Em 1907, o estado de São Paulo concentrava 15,9% do valor bruto da produção industrial do país, enquanto o equivalente ao estado da Guanabara concentrava 30,2%. Em 1919, esses percentuais já eram de 31,5% contra 20,8%; em 1939 os dados eram de 45,4% e 17%. Fonte: Censos Industriais. Apud CANO, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. Rio de Janeiro, Difel, 1977, p. 253.

6
SOMEKH, Nadia. A cidade vertical e o urbanismo modernizador: São Paulo 1920-1939. São Paulo, Studio Nobel, 1997, p. 118.

7
Em relação ao estado de São Paulo, por exemplo, entre 1908 e 1934 o saldo migratório interno foi de 92.023, ao passo que o saldo imigratório foi positivo de 391.152. Já no período entre 1935 e 1945, o saldo migratório interno foi de 401.990 ao passo que o saldo de imigrantes foi de apenas 3.027. Fonte: Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado de São Paulo. Boletim do Serviço de Imigração e Colonização nºs 1, 1937; 2, 1940; 3, 1941; 4, 1941. De 1941 a 1945, os dados são provenientes do Serviço de Imigração e Colonização. Crescimento da população no Estado de São Paulo e seus aspectos econômicos. São Paulo, USP/Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Boletim nº 153, nº 1, vol. II), 1952. Apud EMPLASA. Reconstituição da memória estatística da Grande São Paulo. São Paulo, Secretaria dos Negócios Metropolitanos, 1980, p. 143.

8
A conceituação, aqui utilizada, é aquela da constituição de uma área conurbada extravasando os limites municipais. A Emplasa, por sua vez, afirma que, em São Paulo, esse processo só se firmou após 1940 e se consolidou apenas nos anos 1950’. EMPLASA. Memória urbana: a Grande São Paulo até 1940. São Paulo, Arquivo do Estado/Imprensa Oficial, 2001, vol 1, p. 23. Maria Adélia Souza apresenta um balanço sucinto de diferentes propostas de periodização da constituição metropolitana. SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. A identidade da metrópole: a verticalização em São Paulo. São Paulo, Hucitec/EDUSP, 1994, p. 48-49.

9
LANGENBUCH, Juergen Richard. A estruturação da grande São Paulo – estudo de geografia urbana. Rio de Janeiro, IBGE, 1971.

10
Durante as primeiras décadas do século XX, na verdade, a principal implicação para a prefeitura eram os custos de pavimentação, posto que energia elétrica e transportes estavam a cargo da Light & Power e a infra-estrutura hidráulica e sanitária eram de competência do governo estadual. Cf. CAMPOS, Candido Malta. Op. cit., p. 236.

11
OSELLO, Marcos Antônio. “Planejamento urbano em São Paulo: 1899-1961”. Projeto nº 87, São Paulo, maio 1986, p. 81.

12
Parafraseando Sylvia Fisher, onde troquei “políticas urbanas” por “configurações”. FICHER, Sylvia. “Edifícios altos no Brasil” in Revista Espaço & Debates nº37, 1994, p. 61.

13
Se bem que, em 1940, a importação de cimento ainda fosse significativa.

14
Essa tendência permanecia inalterada até a década de 1950. Um levantamento feito em 1933, apontou que o Rio de Janeiro possuía, então, 122 prédios com mais de seis andares, sendo 60% de uso residencial. Cf. FICHER, Sylvia. Op. cit., p. 64.

15
SOMEKH, Nadia. “São Paulo anos 30: verticalização e legislação urbanística”. Espaço & Debates nº 40, São Paulo, 1997, p. 70-71.

Bibliografia complementar

DEAN, Warren. A industrialização de São Paulo. 3ª ed. São Paulo, Difel, 1985. 269p.

ELETROPAULO/MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (SMC-DPH). Evolução urbana da cidade de São Paulo. Estruturação de uma cidade industrial: 1872-1945. São Paulo, ELETROPAULO, 1989. 209P. (Série Bibliografia 1).

GROSTEIN, Marta Dora. “A cidade clandestina: os ritos e os mitos. O papel da irregularidade na estruturação do espaço urbano no município de São Paulo 1900-1987”. Tese de doutoramento defendida junto à FAU-USP, 1986.

LEME, Maria Cristina da Silva. “As portas da cidade moderna” in Revista Arquitetura & Urbanismo nº64, fev/mar 1996. 59-68p.

MORSE, Richard Mcgee. Formação histórica de São Paulo: de comunidade à metrópole. São Paulo, Difel, 1970. 447p.

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sobre o autor

Luís Octávio da Silva, urbanista e professor junto aos cursos de Graduação e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo na Universidade São Judas Tadeu.

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