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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Este artigo aborda o debate sobre a “Cidade Latino-Americana” que teve lugar nos III e o IV SAL – em 1987 e 1989, respectivamente – e que fora frequentemente minorado ou esquecido pelas críticas que foram ensejadas destes eventos

english
This article emphasis the debate about the "Latin-American City", which took place in the III and IV SAL – in 1987 and 1989, respectively – and has often been diminished or forgotten by the criticisms that have been writing about these events

español
Este artículo aborda el debate sobre la "Ciudad Latinoamericana", que tuvo lugar en los III y IV SAL – en 1987 y 1989, respectivamente – y que ha sido frecuentemente aminorado u olvidado por las críticas que se han escribido acerca de estos eventos


how to quote

SOUZA, Gisela Barcellos de. Um debate esquecido:. A Cidade Latino-Americana no terceiro e no quarto SAL. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 138.01, Vitruvius, nov. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.138/4127>.

Introdução

Ao se debruçar sobre a cultura arquitetônica latino-americana dos anos 1980 e 1990, dificilmente algum pesquisador poderia, em seu estudo, contornar os Seminários de Arquitetura Latino-americana. No período compreendido entre os anos 1985 e 1995 – entre o primeiro e o sétimo evento – os SAL obtiveram uma forte penetração no subcontinente, chegando ao ponto de serem postulados, por alguns, como uma versão latino-americana dos CIAM (1). Através de numerosas referências em crônicas e críticas veiculadas em revistas e publicações diversas – de livros teóricos a catálogos –, foi-se constituindo uma representação genérica do debate que se convencionou associar à imagem destes seminários. Contudo, apesar de sua ampla divulgação, pouco se sabe sobre os debates que tiveram lugar nos eventos em si. Seus anais, quando existentes, obtiveram uma circulação restrita. Por outro lado, estes eventos foram objeto de raros escrutínios historiográficos.

De modo geral, as revisões deles ensejadas reiteram a imagem de um debate cujo foco de interesse estaria nas questões pertinentes à identidade e ao regionalismo. Sem negar a existência de outras questões no debate, Ruth Verde Zein afirma que “boa parte” das discussões teriam pendido para estas duas noções (2). Segawa, em uma tentativa de resumir em poucas linhas as discussões fomentadas pelos SAL, diferenciou-as em dois momentos: um em que se empregaram e se desenvolveram conceitos de grande fortuna crítica nas décadas antecedentes – como dependência e a relação centro/ periferia –; outro no qual se ensejou a formulação de expressões e de sínteses próprias – como a noção de “modernidade apropriada” cunhada por Cristián Fernández Cox (3). Independentemente de qual seja a narrativa, as discussões dos seminários são sempre descritos como centradas na busca de parâmetros para a construção – ou definição – de uma arquitetura latino-americana. Garcia Moreno chegaria mesmo a afirmar que a temática das cidades latino-americanas não teria sido objeto de debate dos SAL (4).

Neste contexto geral, o V SAL – cuja temática fora “Nuestro espacio urbano: morfología y propuestas” – parece não encontrar lugar para sua compreensão. Este evento, realizado em Santiago do Chile em 1991, não teve como foco do debate as questões da “modernidade apropriada” ou da interação entre “o espírito do tempo e o do lugar”. Ao contrário, na convocatória do evento declarava-se o objetivo de promover a ampliação da atuação dos SAL; estes deveriam passar a abarcar, também, a reflexão sobre a deterioração das cidades latino-americanas e a buscar orientações comuns para reversão deste processo (5).

Face à percepção deste contraste, alguns autores buscaram caracterizar o V SAL como um hiato, ou mesmo uma ruptura. Entre os primeiros encontra-se um texto de Silvia Arango, escrito sob a pluma do período de forte atuação ideológica dos SAL, em 1995, no qual afirmava que o evento de Santiago havia sido “muito diferente das anteriores” (6). Entre os segundos, insere-se Jorge Ramírez, que caracteriza o V SAL como marco de um novo estágio nestes seminários; o ponto de inflexão que marcaria o ingresso em uma segunda fase na qual se afirmaria o desgaste do debate, que ocorreu de fato no VII SAL (7).

Passados vinte anos da realização deste evento, a distância temporal permite a realização de novas revisões. O presente artigo interessa-se por esse aparente contraste entre a especificidade do evento de Santiago e as representações dos eventos que lhe antecederam. Pretende-se demonstrar que o evento de Santiago do Chile não fora uma ruptura, nem mesmo uma cesura na história dos SAL. Ao contrário, este representou a assunção pública de um debate – frequentemente omitido em suas coberturas críticas – sobre a cidade latino-americana e sua morfologia, que ganhara corpo ao longo do terceiro e do quarto seminário.

Para tanto, este trabalho apoia-se no escrutínio das contribuições publicadas nos Anais do III e do IV SAL. Busca-se, inicialmente, construir um enquadramento para a ponderação da relevância e representatividade das discussões sobre a cidade latino-americana naqueles eventos. Ou seja, identificam-se os traços distintivos desses eventos e o grau vinculação que possuíam à história dos SAL os sujeitos envolvidos no debate. Na sequência, analisam-se as formas com que a cidade foi discutida; desvelam-se ressonâncias entre determinadas temáticas e o esmaecimento de outras.

Quando a cidade aparece como tema

Antes mesmo que o II SAL ocorresse (8), já estava decidido que o terceiro seminário teria sua sede em Manizales (Colômbia) e aconteceria em abril de 1987 (9). Dois anos mais tarde, o IV SAL seria realizado em Tlaxcala (México) – maio/junho de 1989. Ambos os eventos caracterizam uma nova etapa nos SAL, na qual a ampliação da inserção do debate no subcontinente seria buscada através da proposição constante de novos paradeiros. Deixavam-se, também, para trás os tempos heroicos – nos quais os convidados podiam sentar-se informalmente em torno de uma mesa e debater longamente as questões colocadas em pauta –, para assumir, a partir do terceiro SAL, o desafio de congregar numerosas apresentações.

Ao contrário de seus antecessores, nos III e IV SAL buscou-se um enquadramento formal do debate. A organização de ambos seria marcada pela solicitação prévia dos textos a serem apresentados e publicados, pela divisão do debate em seções temáticas específicas e simultâneas e, por último, pelas chamadas de comunicações abertas a qualquer interessado. O primeiro aspecto denota uma mudança de postura nos seminários; não havia mais espaço para o improviso, tinha-se, desde então, a certeza de se produzir história – veja-se, por exemplo, a conferência de abertura no III SAL de Gutiérrez, na qual afirma antever que este evento seria histórico (10). O segundo traço distintivo, a definição de seções temáticas e simultâneas, impediria qualquer tentativa de onisciência através da observação. Logo, as narrativas do evento que pretendessem resgatar seus distintos debates só poderiam fazê-lo a partir dos textos publicados. Impressões pessoais sobre as interações e reflexões ocorridas durante as apresentações estariam, por ora, restritas à participação em um dos distintos grupos temáticos e a um olhar, portanto, parcial. Por último, a proposição de convocatórias abertas ampliou expressivamente o número de palestrantes. Esta abertura coloca, todavia, em xeque a própria afirmação – frequentemente reiterada – dos seminários como um “movimento” (11). Oriunda de filiações distintas, a cada novo evento uma leva de expositores ingressava no debate. Dentre aqueles, o número que de fato permanecia – que se envolveu em encontros subsequentes – é significativamente restrito. De tal sorte que, a um grupo inicialmente coeso, que se engajou e idealizou os eventos, agregaram-se debatedores flutuantes, que não possuíam vínculos com sua história e ultrapassavam em número àqueles (12).

Diante do número expressivo de apresentadores que não estabelece vínculos com os SAL, há que se perguntar sobre a pertinência de uma análise que se paute em seus anais. As reflexões sobre a cidade latino-americana seriam de fato significativas dentre os debates dos SAL ou seriam simplesmente fruto de contribuições ocasionais, que não encontrariam ecos entre aqueles que de fato estiveram engajados nestes eventos?

Ao analisarmos o conjunto dos textos publicados nos anais do terceiro e do quarto seminário, percebe-se que ambas as situações ocorrem simultaneamente, ou seja: tanto há intervenções, escritas por iniciados ou iniciantes, que ressoam inquietações semelhantes às esboçadas nos primeiros encontros e se desdobram em eventos subsequentes; quanto há outras que, fortuitas, causam pouco efeito junto às personagens que ajudaram a construir os SAL. Para efeitos de maior acuidade na caracterização da discussão sobre a cidade, adotaram-se dois critérios no estabelecimento do recorte de textos a serem analisados: o primeiro é o engajamento do palestrante na história dos SAL – caracterizado, no caso, através de sua participação ativa em pelo menos três eventos anteriores ao quinto seminário (13) –; o segundo seria sua ressonância em relação a outros debates do SAL e sua continuidade em eventos subsequentes – aplicada em casos em que o apresentador só participara em dois eventos. Antes de passar a análise deste debate em específico, deve-se, no entanto, verificar como se deu sua inserção nos III e IV SAL.

Organizado por Salmona, Trujillo, Gutiérrez e Arango (14), o evento de Manizales teve três mesas temáticas de discussão.. A primeira destinava-se ao debate de questões relativas à história da arquitetura latino-americana, ao patrimônio, aos centros históricos e às teoria e crítica arquitetônicas. A segunda direcionava-se aos aspectos concernentes às tendências da arquitetura contemporânea – latino-americana, e de cada país em específico –, às relações entre internacionalidade e identidade latino-americana e suas interfaces com o uso de novas técnicas e materiais. Já a terceira e última, abordava a problemática da periferia e dos espaços públicos, sob o ponto de vista arquitetônico e urbano.

Malgrado o fato de ter contado com número de apresentações semelhante ao das demais seções (15) – e que, dentre suas nove contribuições, quatro eram de membros já engajados nos SAL e um o faria a partir deste evento (16) – o debate sobre a periferia urbana foi, frequentemente, abordado pela crítica como uma dentre as “outras aberturas” temáticas possibilitadas pelo evento (17). Por conseguinte, o trabalho de toda uma seção – e de um terço dos participantes – fora elencado em meio a questões que tiveram uma importância relativa dentro do contexto geral do evento (18).

A fim de dar continuidade aos debates que tiveram lugar em Manizales, a comissão que organizou o IV SAL, coordenada por Toca, procurou apenas reinterpretar as seções temáticas e os debates daquele evento. Definiram-se, portanto, quatro mesas, assim especificadas: “características da arquitetura latino-americana”; “dualidade entre declaração teórica expressa e a obra”; “a construção da cidade a partir das necessidades da sociedade de massas” e, por último, “a recuperação e renovação da cidade histórica”. Ou seja, enquanto as duas primeiras correspondiam a generalizações os debates de duas seções do III SAL, a terceira mesa apresentava um novo rótulo ao debate sobre a periferia urbana e dos espaços públicos e a quarta buscava dar maior voz a um debate que quase passou por despercebido em Manizales.

Os expositores não se dividiram, no entanto, igualmente dentre as seções temáticas definidas. A primeira seção – e, talvez, a mais aberta – congregou o maior público de interessados, vinte e um palestrantes, enquanto as demais contaram com um número que variou entre quinze a dez expositores (19). De forma semelhante ao que ocorrera no terceiro SAL, as narrativas do quarto evento tenderam, salvo algumas exceções (20), a minimizar ou mesmo a omitir a importância do debate sobre a cidade latino-americana (21).

A discussão sobre a cidade latino-americana não fora, de fato, o objeto de interesse direto do maior número de seus participantes destes dois eventos. Todavia, esta correspondeu ao tema central de uma porcentagem significativa das apresentações realizadas nestes eventos – em torno de trinta por cento no terceiro SAL e de quarenta por cento no quarto (22).  De modo geral, pode-se afirmar que a temática foi abordada no III e IV SAL a partir de dois polos: de um lado a questão da periferia e da “cidade de massas” – como fora chamada em Tlaxcala –; de outro, a dos centros históricos e do patrimônio. Frente a esses, encontram-se personagens cuja vinculação aos SAL pode ser verificada desde os primeiros eventos. Dentre os engajados no primeiro, constatam-se Jorge Moscato, Cristian Boza e Humberto Eliash; no segundo, agregam-se Marina Waisman, Ramón Gutiérrez e Mariano Arana. Portanto, nem o número de contribuições, nem a ausência participantes habitués justificariam a corrente omissão dessa discussão que teve lugar nos III e VI SAL. Procurar-se-á, na sequência, caracterizá-la a partir de seus dois polos: a periferia e o centro histórico.

A periferia urbana e a cidade de massas

O debate relativo à periferia urbana parece ser aquele que, dentro da abordagem da cidade latino-americana, conseguiu constituir um grupo mais coeso em torno de si. De fato, verifica-se, já no seminário de Manizales, certa ressonância entre a maior parte das exposições apresentadas. Estas semelhanças, no entanto, não eram obra do acaso.

O evento colombiano não fora a primeiro encontro entre cinco dos nove arquitetos presentes; laços anteriores a este – alguns estreitos, outros mais tênues – são passíveis de serem identificados. Boza e Eliash, por exemplo, participavam desde 1977 do Centro de Estudios de la Arquitectura (CEDLA), responsável, entre outros, pela edição da revista ARS. Entre Jorge Moscato, Humberto Eliash e Cristián Boza verificam-se colaborações em experiências docentes e na elaboração de projetos a partir 1985 (23). Juvenal Barraco iniciara seus contatos com o grupo CEDLA na IV Bienal do Chile, de 1983, e fortalecera-os no Encontro de Caburga, em 1984 (24). San Martín participara, em 1986, juntamente com os arquitetos supracitados, de um debate sobre habitação social durante a V Bienal do Chile que, em suas as palavras, fora “um dos primeiros passos em direção ao tratamento do tema [da periferia urbana] com maior profundidade” (25). Este tema fora, também, amplamente analisado em dois números monográficos da revista ARS, de 1985 e de 1986 – Periferia Urbana I e II, os quais, segundo San Martín, se tornaram referência no assunto (26). 

Dentre as exposições, as de Moscato e Eliash são aquelas que apresentam maior semelhança na argumentação. Ambos iniciam suas palestras com acusação de uma “orfandade teórica” – expressão que se repete em ambos os textos – em relação à periferia das cidades latino-americanas. Trata-se, segundo Moscato, do local “onde nossa arquitetura naufraga irremediavelmente” (27) e de um “problema que não é importante para as cidades europeias” (28). Humberto Eliash chega a listar os autores cujas asserções tornam-se inoperantes no contexto latino-americano: os irmãos Krier, Maurice Culot, Aldo Rossi e a Tendenza, Colin Rowe e Alan Colqhoun (29). As dimensões físicas desta omissão teórica são salientadas em números pelos dois arquitetos. Estes buscam contribuir para reversão desta lacuna caracterizando-a, primeiramente, e indicando-lhe alternativas de projeto, na sequência.

Ao apontar possíveis soluções para intervenção na periferia, ambos recorrem aos estudos tipo-morfológicos: a utilização de padrões reconhecidos seria o caminho adequado. Todavia, enquanto Eliash enumera, ao final de seu texto, cinco itens a serem respeitados na prática arquitetônica (30); Moscato aponta somente dois princípios gerais: intensificar utilização da tipologia – entendida aqui como o estudo dos tipos – como forma de afirmar o “regional” e o “próprio” e aproveitar o potencial significativo que os edifícios de serviços públicos exercem em tecidos habitacionais de “crescimento contínuo e indiscriminado” (31) como seus “nós”.

Diferentemente de Moscato e de Eliash, Boza não procurou retomar o debate anterior e partiu diretamente para a exposição de seu postulado sobre “bairro” como o ponto de partida para a intervenção nas cidades do subcontinente (32). Ao elencar os elementos físicos que caracterizariam os bairros latino-americano com “qualidade urbana” (33) e cujos exemplos seriam verificáveis em Santiago, Buenos Aires e Bogotá, Boza descreve-os em um nível de detalhamento e condicionamento superior ao verificado as proposições nas comunicações de Moscato e Eliash – chega-se ao ponto de definir tamanhos em hectares e número máximo de habitantes.

Não obstante a existência de certas divergências, reconhecem-se similitudes entre os pontos elencados por Boza e os princípios definidos por Eliash e por Moscato. Nestes três arquitetos observa-se o interesse semelhante pela relação entre os tipos edilícios e as formas urbanas; a mesma discussão de fundo sobre a necessidade de voltar à atenção para a arquitetura das periferias da cidade latino-americana, bem como seu reconhecimento como uma questão própria ao subcontinente. 

Ecos deste mesmo debate imprimem-se também nas contribuições de San Martín e de Juvenal Barraco. Todavia, nestas exposições os efeitos desta reverberação na sequência argumentativa parecem menos perceptíveis, plasmam-se no discurso junto a ideias provenientes de outras matrizes intelectuais; tornam-se uma espécie de híbrido. Percebe-se, em ambos, um esforço em recuperar e se inserir no debate chileno sobre arquitetura da periferia urbana.

Tendo participado da mesa redonda do I SAL, Juvenal Barraco foi responsável por retomar brevemente a tônica daquele debate. Entretanto, assim como os demais presentes na seção sobre a Periferia Urbana, o peruano também apontou a “irrupção da edilícia funcionalista” (34) como responsável pela deterioração da estrutura urbana latino-americana e indicou, como caminho para uma possível reversão, “reconhecer a cidade como estrutura histórica, descobrir a tipologia original da cidade, suas características arquitetônicas e sua evolução” (35).

A palestra de San Martín foi amplamente pautada por sua experiência profissional prévia (36). A partir deste lastro, entretanto, amalgamou-se a abordagem da periferia sob a ótica de sua arquitetura. Segundo este autor, até então, “o problema da periferia t[eria] sido tratado mais como um problema de construção de habitações que como uma forma de fazer cidade” (37) – grifo nosso. O texto apresentado organiza-se basicamente em duas partes: a primeira dedica-se à sua inserção no debate sobre a arquitetura da periferia; a segunda hibrida-o com ideias de origens diversas. Dentro deste contexto, o autor inicia sua argumentação com afirmação semelhante à de Moscato e de Eliash, ou seja, a de que há “quase uma ausência total de proposições teóricas para a periferia urbana” (38). No sentido de contribuir para o preenchimento desta lacuna, apresenta uma versão preliminar de teses que seriam ampliadas e desdobradas em Tlaxcala: a diferenciação entre as arquiteturas responsáveis pela conformação da periferia das cidades chilenas, a oficial e a espontânea. Na segunda parte, observa-se a ressonância de notas oriundas das ciências sociais, notadamente das asserções de Castells sobre a urbanização dependente latino-americana (39).

Dentre os participantes do debate sobre a periferia urbana em Manizales, apenas San Martín permaneceu na mesa do IV SAL que lhe deu continuidade, intitulada “Construção da cidade latino-americana a partir das necessidades da sociedade de massas”. Malgrado a ausência daqueles primeiros, a retomada do debate fora possibilitada não apenas pela presença de San Martín, mas também, pelo empenho nítido de outros participantes em resgatá-lo e em procurar inserir-se neste.

Significativamente, Gonzalez Lobo – que fora um dos organizadores do evento e responsável pela conferência de abertura da mesa – apresentou um texto pontuado por citações ipsis litteris dos anais do III SAL. Esta construção permitiu-lhe lograr a hibridação entre os debates de Manizales e outros pertinentes à cultura profissional no México. As reverberações de seminários anteriores, mesmo quando apenas parciais, parece, portanto, ter-se constituído neste momento como condição para fazer avançar as discussões sobre outras frentes, bem como para garantir uma maior inserção dos iniciantes nos seminários. 

Apoiando-se neste dispositivo, a palestra de Gonzalez Lobo propõe a fusão entre a definição de Angel Mercado de “cidade de massas” e o debate sobre a arquitetura da periferia urbana.  Segundo o mexicano, duas posturas de projeto deveriam ser empregadas, em sua construção: “urdir” – ou reconstituir o tecido – e “bordar” – entendido como o ato de “criar variações multiformes (...), porém sujeitas ao ritmo e à ordem da trama” (40). Percebem-se, por conseguinte, tanto em sua interpretação sobre a forma urbana da cidade de massas, como em sua proposta de intervenção, ecos às noções de “tecido” e “nós” definidas por Moscato no III SAL.

Na condição de único representante do debate realizado em Manizales, San Martín desenvolveu algumas das questões que já estavam esboçadas naquela ocasião. Esmaeceram-se, no entanto, os empréstimos à sociologia e suscitou-se maior destaque ao olhar arquitetônico sob a periferia. A classificação, iniciada no III SAL, das arquiteturas constituintes da periferia – a oficial, realizada pelo Estado, e a espontânea ou popular, fruto da autoconstrução – foi ampliada a fim de dar lugar àquela que San Martín indicava como um possível caminho para a aplicação da “Modernidade Apropriada” à periferia: as arquiteturas de autogestão (41).

Apesar de não terem participado da mesma mesa no IV SAL, Moscato, Boza e Eliash, ao se dispersarem em outras seções temáticas, carregaram consigo um pouco do debate de outrora. Em sua palestra Moscato afirmava, novamente, a ignorância latino-americana sobre seus próprios problemas urbanos e a necessidade de buscar uma resposta a estes ao se construir de uma teoria própria: “a periferia é um problema nosso” (42). Cristián Boza defendia a análise tipológica e formal como caminho para “uma identidade arquitetônica própria, singular e peculiar” (43). Humberto Eliash apoiava sua caracterização dual da arquitetura latino-americana sobre a definição de tipo (44).

O debate sobre a cidade latino-americana nos III e IV SAL não se restringiu, como já afirmamos, ao olhar para suas margens. Em outras seções, enfocava-se esta temática sobre outro polo: seus antigos centros.

O centro histórico

A questão do centro histórico esteve latente nas discussões dos SAL desde o primeiro seminário, trazida à discussão por Mariano Arana. Entretanto, apesar de prevista na pauta de uma das mesas do III SAL, esta questão não chegou a congregar palestras destinadas exclusivamente à sua análise nesta ocasião. A delimitação de uma seção sobre a recuperação e renovação da cidade histórica no evento de Tlaxcala, por conseguinte, representou a busca de conferir a esta temática maior espaço e autonomia em relação às questões de historiografia entre as quais costumeiramente amalgamava-se.

Ao contrário do que se verificou no debate relativo à periferia urbana, há pouca coesão nas apresentações relativas aos centros históricos. Responsável pela palestra de abertura desta seção, Arana enfocou questionamentos gerais sobre a preservação do patrimônio no âmbito latino-americano (45), sem transparecer preocupações diretas ou representações sobre os centros históricos. Ao contrário deste uruguaio, Marina Waisman e Gutiérrez trataram de compreender o significado dos centros históricos dentro da cidade contemporânea e de apontar perspectivas para sua recuperação. Apesar deste interesse comum, as posturas defendidas por estes argentinos eram, como veremos na sequência, notadamente dissonantes.

Outro fato digno de nota é que, apesar de os debates sobre a periferia e o centro histórico se darem em seções distintas nos III e IV SAL, verifica-se certa reverberação entre o discurso de algumas das personagens que estiveram em suas frentes. Dentro deste quadro, insere-se a semelhança entre a proposta Marina Waisman, apresentada no III SAL, de utilização dos instrumentos aplicados no conhecimento e na preservação do patrimônio – no caso a tipo-morfologia – para o reconhecimento de traços regionais comuns (46) e a sugestão semelhante de Cristián Boza, apresentada no seminário seguinte, de emprego destes mesmos métodos para construção de uma identidade latino-americana. Estas reverberações, no entanto, não necessariamente vinculam-se às palestras apresentadas nos seminários.

O interesse de Waisman pela tipo-morfologia bem como sua proposição como caminho para para construção de uma identidade regional não datam, obviamente, daquele evento em Manizales. Pelocontrário, a defesa do recurso à tipificação é recorrente nos textos desta arquiteta argentina, cujas primeiras manifestações reconhecíveis já em seu livro “La estructura histórica del entorno” (47), de 1972. A proposição da utilização da tipologia como auxílio na definição de uma arquitetura própria ao subcontinente, por sua vez, já transparecia em texto publicado na revista Summa, em maio 1985 (48). Por ocasião do III SAL, no entanto, Waisman enfatiza a necessidade de se empreender um estudo comparativo dos núcleos urbanos latino-americanos – chegando a sugerir categorias de análise para tal (49) – como forma de identificar aspectos comuns à região (50).

Em sua exposição à mesa relativa aos centros históricos no IV SAL, entretanto, Waisman parece um pouco reticente quanto à afirmação de uma urbanização recente genuinamente latino-americana. Apoiando-se em ciclos temporais de longa duração, a historiadora afirma que, até o final do século XIX, as cidades latino-americanas cresceram através de um direcionamento centrípeto – “tendente à consolidação do tecido urbano (...) [à] integração das margens ao centro” (51). Este processo ter-se-ia invertido no século XX, sendo substituído por outro centrífugo – “tendente ao enfraquecimento do tecido, (...) [à] perda de força do centro” (52). Esta forma de crescimento recente, que conduziria à descentralização e à dispersão no território, não seria, no entanto, exclusiva à América Latina; seria, ao contrário, característica às “grandes cidades da era pós-moderna” (53).

Ao analisar os efeitos desta expansão centrífuga, no entanto, Waisman não se limita à caracterização de seus impactos nos centros históricos; descreve, também, o processo de marginalização e o enfraquecimento da identidade dos antigos bairros. Como alternativa para reversão deste processo, propõe, assim como aqueles que debatiam sobre a periferia, a realização de intervenções pontuais que possibilitariam “dar um centro significativo a um material urbano amorfo e indefinido” (54) e afirmar a escala do bairro.

Se em Waisman observam-se algumas notas de interesse comum com aqueles que dirigiam seu olhar para as margens, a palestra de Ramón Gutiérrez sobre os centros históricos apresentada no IV SAL estabelece um diálogo direto. Nesta ocasião, o autor desenvolveu a proposta– já laçada em textos anteriores (55) e cuja referencia, nem sempre declarada, era o Plano de Bolonha de 1969 – de recuperação dos centros históricos latino-americanos, degradados por seu processo esvaziamento, através de políticas de promoção de habitação de interesse social. Contudo, se em outros escritos a questão habitacional não era o foco – e sim apenas uma sugestão dentre as ações que caracterizariam a política de preservação do “patrimônio como resposta social” (56) –; no evento mexicano esta torna-se a base da argumentação do arquiteto argentino e da proposição de seus “vinte pontos” para intervenção nos centros históricos latino-americanos (57). Gutiérrez chega a afirmar que no contexto da América Latina, “é impossível assegurar a preservação de um centro histórico sem resolver simultaneamente problemáticas de índole social” (58). Desta forma, permitir-se-ia, por um lado, a coexistência de diferentes usos a fim de garantir a manutenção da vida urbana nos centros e, por outro, o provimento de habitação de interesse social. Seria, portanto, “paradoxal que países que proclamam centenas de milhares ou milhões de unidades habitacionais de déficit não aproveitem este patrimônio construído” (59) – números que eram enfatizados nas palestras de Moscato, Eliash e San Martín.

A construção da proposta de Gutierrez apoiava-se na diferenciação prévia entre as cidades latino-americana e europeia. Ao contrário da semelhança, apontada por Waisman, entre a urbanização difusa das grandes cidades mundiais; Gutiérrez reiterava que a existência de “cidades de enormes carências sociais (...) em rápido processo de expansão e de renovação edilícia sem consolidação” constituíam uma realidade urbana própria à América Latina e oposta à europeia (60).

Raras vezes questionada, a definição da cidade latino-americana a partir de sua oposição à europeia afigura-se como um dos elementos mais recorrentes nos discursos dos habitués no III e no IV SAL. Efetivamente, esta afirmação transparece nas mais distintas seções temáticas, não sendo, portanto, exclusiva àquelas que se destinaram ao debate de questões urbanas. Seu emprego usual se dava como asserção inicial, e supostamente óbvia, que permitia o encadeamento e a justificação da argumentação subsequente.  A convocação desta imagem ocorrera com tamanha frequência, que Comas, em 1989, apontara a perplexidade face à “cidade iluminista europeia encampada como modelo de validade universal” (61) como um dos pontos de convergência entre os participantes dos SAL.

Considerações finais

Através do percurso empreendido por este texto, revela-se existência de um debate sobre a cidade latino-americana no âmbito dos SAL, cuja importância fora, em diversas oportunidades, minorada. Apesar de não ser representativo da tônica geral destes eventos, o interesse pela temática ganhada corpo entre 1987 e 1989, chegando a congregar quarenta por cento das apresentações.

Comprova-se, portanto, que, neste contexto, a realização de um seminário específico sobre a morfologia dos espaços urbanos latino-americanos não representava uma ruptura nos rumos dos SAL. Neste debate, dois olhares codificam-se claramente: um voltado às margens, outro aos centros. Logo, não é de se estranhar que os “centros históricos” e a “periferia urbana” tenham sido dois dentre os quatro temas propostos para discussão no V SAL. Na condição de engajado neste debate, Moscato afirmaria, anos mais tarde, não apenas a continuidade entre o III e o V SAL, como também construção de uma teoria urbana através destes (62).

notas

1

Cesar Naselli definira os SAL como os “verdadeiros e próprios CIAM latino-americanos” apud MOSCATO, J. Architetti in America latina. In: GUTIÉRREZ , R. (org)., Architettura e Società. L’América Latina  nel XX secolo. Milão: Jaca Book, 1996 p.65-76.

2
ZEIN, R. V.; BASTOS, M. A, “Outras Arquiteturas Brasileiras e os Debates Latino-Americanos do Regionalismo”. In: _____. Brasil: arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva, 2010. p. 241-258.

3
SEGAWA, H. “La condición Latinoamericana”. In: ______. Arquitectura Latinoamericana Contemporánea. Barcelona: GG, 2005. p. 49-54.

4
GARCÍA MORENO, B. Región y Lugar. Arquitectura Latinoamericana Contemporánea. Bogotá: Javeriana, 2000.p.20.

5
BROWNE; FERNANDEZ COX; MURTINHO. “Convocatoria”. In: V SAL. Nuestro Espacio Urbano: Propuestas Morfológicas, Santiago, 1991.

6
ARANGO, S. “Diéz Años de los SAL en America Latina”. In: PROA. Bogotá: Ed. PROA, n. 425, jun.1995, p.19.

7
RAMÍREZ NIETO, J. “El pensamiento a través de los Seminarios de Arquitectura latinoamericana”. In: SEMINARIO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 11, Oaxtepec, 2005, Anais UAM, 2005.

8
Os primeiros dois eventos tiveram lugar em Buenos Aires, em maio de 1985 e dezembro de 1986.

9
A definição de Manizales como sede deste evento deu-se durante a inauguração da exposição “Historia de la Arquitectura en Colômbia”, em 1985. Cf: JARAMILLO J., Jose Oscar. “Intervención del Ing. José Oscar Jaramillo”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988. p.1.

10
GUTIERREZ, R. “Intervención del Arq. Ramón Gutierrez”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988. p.2.

11
Cf. GUTIERREZ, R., “Relatoría General”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989. p.35.

12
Tem-se o registro de uma atuação prévia ativa junto aos SAL de apenas 16 palestrantes dos 33 totais do evento de Manizales. Dentre os iniciantes, apenas 5 participariam de, pelo menos, outro seminário até 1995. Esta situação acentuou-se ainda mais em Tlaxcala: dentre os 58 expositores, apenas 21 já tinham debatido em algum evento anterior e/ou assumido um engajamento público com os SAL. Entre os 37 debutantes, somente 7 envolver-se-iam com seu debate.

13
Consideraram-se como “ativas” apenas as participações como palestrantes e/ou através da assinatura de declarações. A afirmação de possíveis vinculações aos SAL a partir da condição de espectador seria de difícil comprovação.

14
GUTIERREZ, R., Op. Cit., 1988.

15
As duas primeiras seções contaram com 10 apresentações cada, enquanto a terceira teve 9.

16
Cristián Boza, Humberto Eliash, Jorge Moscato e Juvenal Barraco encontram-se no primeiro caso, Eduardo San Martín no segundo.

17
Veja-se, a título de exemplo: “III Encuentro de Arquitectura Latinoamericana, Manizales, Colombia”. In: Summa. Buenos Aires: Ed. Summa. n.238, jun. de 1987.

18
Refere-se aqui a avaliação de Arango deste seminário — ARANGO, Op. Cit.,1995. Esta lacuna deve-se, provavelmente, à impossibilidade de domínio da totalidade do evento por seus participantes.

19
A seção intitulada “a construção da cidade latino-americana” contou com 13 intervenções e a nomeada “a recuperação e renovação da cidade histórica” com 10 — cf. anais do IV SAL.

20
Insere-se, neste caso, ao relato de Gutiérrez que, na busca de dar coerência a um suposto “movimento”, busca costurar os distintos debates de seus encontros. Cf. GUTIERREZ, R. “Testimonio y Conclusiones”. In: Summa, Buenos Aires: Ed. Summa, 265, set 1989, p 58-59.

21
Cf. IRIGOYEN, A. “Encuentro en Tlaxcala o como los arquitectos latinoamericanos consolidan sus lazos de amistad, compromiso y solidaridad”. In: Summa, Buenos Aires: Ed. Summa, 265, set 1989, p 54-55.

22
Considerou-se neste número apenas as apresentações publicadas dentro das seções temáticas especificamente voltadas à discussão sobre a cidade — 31% no III SAL e 39% no IV SAL.

23
Ver registros destas colaborações nos números 6 e 7 da ARS, de 1985 e 1986, respectivamente.

24
Trata-se de um encontro organizado pelo grupo CEDLA em 1984, as contribuições deste evento foram publicadas na revista ARS número 4.

25
SAN MARTIN, E. “Ponencia sobre la Periferia”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988.  p.94.

26
SAN MARTIN, Op. Cit., 1988, p.94.

27
MOSCATO, “Arquitectura de la Periferia”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988. p. 82.

28
MOSCATO, Op. Cit., 1988, p. 82.

29
ELIASH, H. “Dimensión Arquitectónica de la Periferia Urbana”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988, p.86.

30
ELIASH, Op. Ci.t, 1988, p.87.

31
MOSCATO, J. Op. Cit., 1988, p.84.

32
BOZA, C., “El Barrio: Punto de partida para reurbanizar la ciudad latinoamericana”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988, p.78.

33
BOZA, C., Op. Cit., 1988, p.78.

34
BARRACO, J., “La Recomposición de la Ciudad Perdida”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988, p.100.

35
BARRACO, J., Op. Cit., p.100.

36
Cf. SAN MARTIN, Op. Cit., 1988, p.94.

37
SAN MARTIN, E. Op. Cit., 1988, p.94.

38
SAN MARTIN, E. Op. Cit., 1988, p.94.

39
Cf. CASTELLS, M. “Urbanización Dependiente en América latina”. In: Castells (org) Imperialismo y Urbanizacíon en América latina. Barcelona: GG, 1973, p7-26.

40
GONZALEZ LOBO, C. “La construcción de la ciudad latinoamericana, desde las necesidades de masas”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

41
SAN MARTIN, E. “Hacia una Arquitectura Apropiada para la Periferia de Santiago”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

42
MOSCATO, J.; SCHERE, R. Hacer “Arquitectura en Argentina”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

43
BOZA, C. “Identidad Arquitectónica: Un análisis tipológico y formal en Santiago de Chile”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

44
ELIASH, H. “Esquizofrenia Arquitectónica. El desencuentro entre la ética y la estética”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

45
ARANA, M. “De la recuperación y la renovación de la ciudad histórica”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

46
WAISMAN, M. “Contribución de las disciplinas históricas y de preservación del patrimonio a la definición de una arquitectura regional”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 3, Manizales, 1987, Anais. Buenos Aires: CAPBA D III, 1988, p.7-8.

47
WAISMAN, M. La estructura histórica del entorno. Buenos Aires: Ed. Nueva Visión, 1972.

48
WAISMAN, M. “Alineación e integración en el traspaso de las ideologías”. In: Summa. Buenos Aires: Ed. Summa, n°212, maio de 1985.

49
Cf. WAISMAN, M. Op. Cit. 1988.

50
Idem. Ibidem.

51
WAISMAN, M. Op. Cit., 1989.

52
Idem. Ibidem.

53
Idem. Ibidem.

54
Idem. Ibidem. Grifo no original.

55
Cf. GUTIERREZ, R. “Identidad en la Arquitectura Latinoamericana”. In: Summa. Buenos Aires: Ed. Summa, no 224, maio de 1986. (Republicado no III SAL)

56
Idem. Ibidem.

57
GUTIERREZ, R. “Los centros históricos de América Latina. Un desafío a la creatividad”. In: ENCUENTRO DE ARQUITECTURA LATINOAMERICANA, 4, 1989, Anais. Tlaxcala: UAM, 1989.

58
Idem. Ibidem.

59
Idem. Ibidem.

60
Idem. Ibidem.

61
COMAS, C. E. Op. Cit., 1989.

62
MOSCATO, Op. Cit., 1996.

sobre a autora

Gisela Barcellos de Souza é Arquiteta e Urbanista, mestre em “Projet Architectural et Urbain” pela Université de Paris VIII, doutoranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, bolsista da CAPES Proc. n. 0313-11-4. Professora Assistente da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

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