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architexts ISSN 1809-6298

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português
É necessário desmistificar: excluindo-se as tecnologias sustentáveis, os demais preceitos divulgados como requisitos de projeto relativos à Arquitetura Sustentável são meramente questões de uma boa prática arquitetônica

english
Demystify is needed: apart from the sustainable technologies, the other precepts said to be project requirements to Sustainable Architecture are merely issues of a good architectonic practice

español
Es necesario desmitificar: excluyéndose las tecnologías sostenibles, los demás preceptos divulgados como requisitos de proyecto relativos a la Arquitectura Sostenible son meramente cuestiones de una buena práctica arquitectónica


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CÂNDIDO, Stella de Oliveira. Arquitetura Sustentável. ? questão de bom senso. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 147.02, Vitruvius, ago. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.147/4459>.

Vista externa da Casa Solar, em La Plata, Buenos Aires, Argentina. Exemplo de arquitetura bioclimática. Desenho do IAS - Instituto de Arquitectura Solar, dirigido pelo arquiteto Elias Rosenfeld, concluída em 1980
Foto Andreateletrabajo [Wikimedia Commons]

O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente nas discussões ao redor do globo, em qualquer atividade humana. Mais que isso, vivemos numa sociedade que considera politicamente correto preocupar-se com o meio ambiente, enquanto a mídia alarma as consequências desastrosas de um apocalipse ecológico e beatifica soluções milagrosas, feitas sob medida para cada ser humano, sem que nada de substancial precise ser modificado em nossas rotinas.

Esta espécie de consciência pesada da sociedade atual abriu caminho para um lucrativo mercado “verde”: o green wash ou marketing sustentável. Com ele, empresas descobriram uma nova fatia de mercado, disposta a pagar mais por um produto ou serviço que garanta a salvação do planeta.

Aproveitando-se deste novo mercado, empresas passaram a investir na sustentabilidade, mas as próprias contradições e ambiguidades referentes ao tema abriram espaço para incongruências. Na prática, o que parece importar é que algo pareça sustentável, sem que seja necessário realmente sê-lo.

O tema da Sustentabilidade foi incluído na agenda da Arquitetura no final da década de 80 e início da década de 90 – paralelamente à divulgação do Relatório Brundtland. (1) Embora a discussão remote a este período, seus preceitos fundamentais podem ser remetidos há séculos antes:

O projeto ecológico tornou-se uma disciplina própria da formação dos arquitetos somente na década de 1970. Nesse período, evidentemente, as escolas de arquitetura estavam mais preocupadas com a economia de energia do que com o desenvolvimento sustentável, em um contexto mais amplo. No entanto, do ponto de vista conceitual, as abordagens ecológicas já integravam textos que constituem a base da arquitetura. Para Vitrúvio, por exemplo, conforto e clima faziam parte do modelo triangular de firmitas, vetustas e utilitas (solidez, beleza e utilidade). (2)

Já o conceito de Arquitetura Bioclimática que também é comumente associado à Arquitetura Sustentável, remota à década de 60, apoiando-se também nos preceitos vitruvianos (3).

A Arquitetura Sustentável é discutida por diversos autores ((4), (5), (6), (7), (8), (9)), sem haver um consenso global sobre seu significado. Juntamente com suas definições, surgem outros termos – projeto sustentável, construção sustentável, edifício sustentável, edifício inteligente, tecnologias sustentáveis, materiais sustentáveis, etc.

Amodeo, Bedendo, Fretin (10), citando Yeang, relacionam essa profusão de definições e termos à própria amplitude de aplicações e conceituações inerentes ao termo Sustentabilidade:

Na Arquitetura também houve a proliferação do termo “Sustentabilidade”. Este termo acabou caindo em lugar comum, sendo utilizado para tudo e significando o que for mais conveniente. Derivações deste termo também acabaram sendo incorporadas no vocabulário da Arquitetura: Arquitetura Verde, Arquitetura Bioclimática, Arquitetura Ecológica, entre outros. Sem nenhum consenso, estes termos são utilizados constantemente trazendo ainda mais incertezas. (11)

Nunes, Carreira e Rodrigues (12) consideram arquitetura verde, arquitetura ecológica e ecoarquitetura como sinônimos de Arquitetura Sustentável. Corbella e Yannas (13), afirmam que a Arquitetura Sustentável é, na verdade, uma continuação natural da Arquitetura Bioclimática. Edwards (14) considera simplesmente a Sustentabilidade na Arquitetura como um conceito complexo. Assim, não existe consenso entre os conceitos utilizados pelos profissionais e nem mesmo entre os termos que designariam esta Arquitetura.

“O momento da arquitetura brasileira a respeito da sustentabilidade ainda é de definições das reais necessidades e possibilidades” (15), indicando a necessidade de uma visão crítica do tema, evitando falsos paradigmas.

Esta indefinição tem levado alguns profissionais a vangloriar seus projetos como sustentáveis, sem que haja realmente características dignas do adjetivo em suas obras: “A sustentabilidade em arquitetura não pode se confundir com os cuidados técnicos, condições a priori de qualidade” (16).

Amodeo, Bedendo e Fretin (17) indicam a responsabilidade dos arquitetos nesta questão por serem profissionais que sempre demonstraram comprometimento com a qualidade de vida e com a paisagem urbana, alardeando criatividade. Logo, estes mesmos profissionais deveriam demonstrar igual comprometimento “na busca de soluções técnicas, econômicas e sociais viáveis para o desenvolvimento da sustentabilidade” (18).

Gonçalves e Duarte (19) defendem que exemplos de prática semelhante à proposta pela Arquitetura Sustentável podem ser encontrados nas arquiteturas vernaculares de diversas culturas e em obras modernistas, sem que seja necessário pressupor um estilo ou movimento arquitetônico específico.

Partindo deste pressuposto, levantemos uma questão: será que a chamada Arquitetura Sustentável, na realidade, não é apenas uma evolução natural, com adição de novas tecnologias ecológicas e atenção à responsabilidade social? Considerando-se também que responsabilidade social deveria ser um pressuposto em qualquer atividade humana, será que o que temos visto não seria uma Tecnologia Sustentável? Estaria havendo a incorporação natural de novas tecnologias disponíveis na construção civil?

Para Veiga (20), o desenvolvimento de novas tecnologias não deve ser o grande foco da discussão sobre a Arquitetura Sustentável, pois, “(...) muitas sociedades já demonstraram notável talento em introduzir tecnologias que conservam os recursos que lhe são escassos” (21).

Qual seria, então, a grande questão com relação ao uso de tecnologias que emprestariam a alcunha sustentável para a Arquitetura? O problema, segundo Behling (22), é que, ao invés de servir como instrumentos da Arquitetura, as novas tecnologias têm submetido a Arquitetura ao seu controle.

Behling (23) afirma: “Arquitetura e tecnologia nunca se desenvolveram de maneira independente e os avanços arquitetônicos e construtivos foram determinados pelo desenvolvimento técnico e da engenharia” (24). Entretanto, a preocupação é com a dependência completa de tecnologias.

Edwards (25) afirma que a ecoarquitetura pode acabar se transformando em ecotecnologia, dependendo exclusivamente da tecnologia sustentável. Para ele,

(...) a verdadeira sustentabilidade envolve todos os elementos de uma edificação (...). Se esta nova abordagem ecológica não conseguir promover uma mudança no entorno social e na forma da cidade, fracassará em sua tentativa de se converter na tendência predominante. (26)

Edwards (27) alega que, atualmente, as tecnologias ecológicas estão num estágio avançado de desenvolvimento, embora não haja uma prática arquitetônica condizente. Isoldi, Sattler e Gutierrez (28) afirmam que as inovações tecnológicas que têm ocorrido devam ser vistas com senso crítico. Os autores afirmam ainda que fica cada vez mais evidente o fato de que medidas puramente tecnológicas são insuficientes para solucionar os problemas ambientais causados pela humanidade.

Gonçalves e Duarte (29) propõem que, quando as inovações tecnológicas forem apropriadas, façam parte da concepção do projeto arquitetônico, para que não sejam inseridas posteriormente como “acessórios” e, de fato, contribuam para o bom desempenho e o resultado arquitetônico do edifício.

Esta questão é confirmada por Wines (30), que alega que as tecnologias sustentáveis são comumente tratadas como elementos instalados ao invés de elementos expressivos, que poderiam contribuir para a estética, ou seja, para a beleza da arquitetura. De acordo com o autor, sem que as tecnologias sustentáveis sejam plenamente incorporadas ao design das edificações, dificilmente a Arquitetura Sustentável será duradoura.

Wines (31) afirma ainda que as raras exceções de profissionais que atuam de forma integrada entre o projeto arquitetônico e as tecnologias sustentáveis têm um valor fundamental, pois conseguem atribuir confiança e agradabilidade ao que, em primeira instância, pode parecer demasiadamente experimental e duvidoso para os usuários do espaço.

O autor defende que a conscientização ambiental poderia ser facilitada se os profissionais envolvidos na construção civil valorizassem aspectos sociais e estéticos, ao invés de supervalorizar o papel das tecnologias sustentáveis.

A Arquitetura Sustentável brasileira está extremamente apoiada na incorporação de novas tecnologias às tipologias arquitetônicas, que pouco se modificaram nas últimas décadas. Para Wines (32), os profissionais da construção civil têm “beatificado” as tecnologias sustentáveis. Segundo o autor, embora se trate de algo fascinante, as tecnologias em si não são suficientemente cativantes para instigar mudanças de hábitos em seus usuários.

Embora haja discordância entre as definições para Arquitetura Sustentável, o que parece ser de comum acordo entre os diversos autores é que “(...) as preocupações devem começar desde o projeto, prosseguirem durante a construção e participarem da etapa de utilização” (33).

O projeto arquitetônico se apresenta como a etapa primordial de inserção da Sustentabilidade e isto talvez se justifique por um dos impasses para a Arquitetura Sustentável, no qual o custo de implantação das edificações ditas sustentáveis é de cerca de 30% superior ao de uma edificação convencional (34). Na etapa de projeto, as decisões podem ser analisadas, experimentadas e, se necessário, revistas, sem grandes gastos financeiros adicionais.

Contudo, as demais etapas não devem ser menosprezadas, posto que nelas – na construção e na operação do edifício – concentram-se os gastos e os impactos mais significativos (35).

Mas se nos concentrarmos no significado de “projeto sustentável”, veremos que a expressão encerra em si própria uma incongruência: que projeto não seria sustentável?

O termo sustentabilidade pode ser descrito como o estado de equilíbrio, no qual condições ambientais, econômicas e sociais satisfatórias estariam asseguradas para o presente, assim como para o futuro, indefinidamente. Projeto é, por definição, algo não edificado e, portanto, sem impactos. Como dizer então que um projeto não pode se sustentar indefinidamente?

As questões referentes à construção sustentável estão, portanto, relacionadas às decisões de projeto, que serão postas em prática durante a construção e operação dos edifícios, utilizando-se em maior ou menor grau das tecnologias sustentáveis disponíveis.

É necessário desmistificar: excluindo-se as tecnologias, os demais preceitos divulgados como requisitos de projeto relativos à Arquitetura Sustentável são meramente questões de boa prática arquitetônica.

Projetar para o local, estudando os condicionantes específicos e respondendo satisfatoriamente a eles, não é característica de Arquitetura Sustentável. É simplesmente Arquitetura.

notas

1
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. “Arquitetura sustentável: uma integração entre ambiente, projeto e tecnologia em experiências de pesquisa, prática e ensino”. In: Ambiente Construído, Porto Alegre, v.6, n.4, p.51-81, out./dez. 2006.

2
EDWARDS, B. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008, p. 37.

3
Idem. Ibidem.

4
CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em Busca de uma Arquitetura Sustentável para os Trópicos: conforto ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

5
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Op. Cit., 2006

6
EDWARDS, B. Op. Cit., 2008.

7
NUNES, I. H. O.; CARREIRA, L. R. M.; RODRIGUES, W. A Arquitetura Sustentável nas Edificações Urbanas: uma Análise Econômico-Ambiental. In: Arquiteturarevista. _____, v.5, n.1, p.25-37, jan.-jun. 2009. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1936/193614469003.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012.

8
LAMBERTS, R.; TRIANA, M. A.; FOSSATI, M.; BATISTA, J. O. Sustentabilidade nas Edificações: contexto internacional e algumas referências brasileiras na área. Brasil: Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/documents/sustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_areasustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_area.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2011.

9
TIBURCIO, T. M. S. Morar contemporâneo, morar verde, morador em transição. In: TRIGUEIROS, C. (Org.). Uma utopia sustentável: arquitetura e urbanismo no espaço lusófono: que futuro? v. 1. 1 ed. Lisboa: Antonio Coelho Dias S/A, 2010, p. 912-925.

10
AMODEO, W.; BEDENDO, I.; FRETIN, D. Conceitos de Sustentabilidade em Arquitetura S.O.S. ARQ: Sistema de Orientação em Sustentabilidade na Arquitetura Brasileira. In: NUTAU, 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: FAUUSP, 2006.

11
YEANG, s.d. apud: AMODEO; BEDENDO; FRETIN, Op. Cit., 2006.

12
NUNES, I. H. O.; CARREIRA, L. R. M.; RODRIGUES, Op. Cit.

13
CORBELLA, O.; YANNAS, S. Op. Cit., 2003.

14
EDWARDS, B. Op. Cit., 2008.

15
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Op. Cit., 2006.

16
AMODEO, W.; BEDENDO, I.; FRETIN, D. Op. Cit., 2006.

17
Idem. Ibidem.

18
Idem. Ibidem.

19
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Op. Cit., 2006.

20
VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010, 226p.

21

Idem. Ibidem.

22
ISOLDI, R.; SATTLER, M. A.; GUTIERREZ, E. Tecnologias Inovadoras Visando a Sustentabilidade: um Estudo sobre Inovação, Técnica, Tecnologia e Sustentabilidade em Arquitetura e Construção. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/faurb/prograu/documentos/artigo3-sustentabilidade.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.

23
Idem. Ibidem.

24
Idem. Ibidem.

25
EDWARDS, B. Op. Cit., 2008.

26
EDWARDS, B. Op. Cit., 2008, p. 162.

27
EDWARDS, B. Op. Cit., 2008.

28
ISOLDI, R.; SATTLER, M. A.; GUTIERREZ, E. Op. Cit. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/faurb/prograu/documentos/artigo3-sustentabilidade.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.

29
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Op. Cit., 2006.

30
WINES, J. Green Architecture. Köln: Taschen, 2008.

31
WINES, J. Op. Cit., 2008, 240p.

32
Idem. Ibidem.

33
LAMBERTS, R.; TRIANA, M. A.; FOSSATI, M.; BATISTA, J. O. Op. Cit.. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/documents/sustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_areasustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_area.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2011.

34
NUNES, I. H. O.; CARREIRA, L. R. M.; RODRIGUES, W. Op. Cit. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1936/193614469003.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012.

35
LAMBERTS, R.; TRIANA, M. A.; FOSSATI, M.; BATISTA, J. O. Op. Cit. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/documents/sustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_areasustentabilidade_nas_edificacoes_contexto_internacional_e_algumas_referencias_brasileiras_na_area.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2011.

sobre o autor

Stella de Oliveira Cândido é arquiteta e urbanista formada em 2009 pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tem experiência em projetos arquitetônicos de pequeno e grande porte, com ênfase em projetos residenciais e institucionais. Atualmente está finalizando seu mestrado em Arquitetura e Urbanismo (UFV) sobre as diferenças entre o discurso e a prática na Arquitetura Sustentável nacional.

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