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architexts ISSN 1809-6298


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O poeta suíço Blaise Cendrars, freqüentador das hostes modernistas paulistas, redige em 1924 o estatuto da Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil, entidade que não chegou a funcionar, mas que antecipa a criação do Sphan.


how to quote

CALIL, Carlos Augusto. Sob o signo do Aleijadinho. Blaise Cendrars, precursor do patrimônio histórico. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.05, Vitruvius, out. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4540>.

“pois viajar, mudar de país e de cidades, pegar a estrada de ferro, o navio e o avião, transpor as longitudes, saltar as latitudes, mudar de lugar é menos se deslocar no espaço que recuar no tempo e se lançar com gozo, como num banho vivificante, na vida de ontem...”.
Blaise Cendrars, Sous le signe de François Villon” (1)

Em 29 de abril de 1924 retornavam a São Paulo os turistas aprendizes que haviam desbravado os sertões de Minas, à caça dos tesouros artísticos de São João del Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Congonhas do Campo. Eram eles: d. Olívia Guedes Penteado, seu genro Gofredo da Silva Teles, Tarsila, Cendrars, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e seu filho Nonê, ainda um menino de calças curtas.

A curiosidade de Cendrars pelos “antigos monumentos” do Brasil é anterior à viagem a Minas. Numa carta de apresentação que de Paris Di Cavalcanti endereçou a José Mariano Filho – o defensor intransigente da restauração de um estilo neocolonial – este o adverte para os interesses do estrangeiro:

"Blaise deseja fazer umas entrevistas para o Excelsior, que ele representa, sobre a nossa flora e sobre os nossos antigos monumentos.

Ninguém melhor que você poderá prestar a este nosso amigo um grande obséquio" (2).

Embora em outra companhia, mais numerosa, mais divertida e eclética, a excursão a Minas foi portanto organizada para atender a uma demanda do poeta-jornalista.

Com exceção de Mário, que havia feito uma viagem a Mariana em 1919, para conhecer o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, todos os outros excursionistas acabavam de ser apresentados à obra do Aleijadinho, que os assombrara tanto na arquitetura como na escultura.

Dona Olívia Guedes Penteado, Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade Filho (Nonê) e Oswald de Andrade na fazenda Santo Antônio, Araras, São Paulo, 1924

Cendrars por sua vez foi de imediato conquistado por esse “leproso genial”; até 1939 manterá o projeto de transformá-lo – tanto quanto a Congonhas do Campo – em personagem de um dos seus relatos dos antípodas que pensava intitular “Aleijadinho ou a história de um santuário brasileiro”. Em várias oportunidades e a vários interlocutores Blaise Cendrars solicitou informações e fotografias de boa qualidade das obras daquele que julgava ser “o escultor do século XVIII” (3). Só dependia delas para concluir seu livro. Na verdade este jamais foi escrito. A Henry Miller confessaria num bilhete de 1951 que não o fizera porque era “preguiçoso” (4).

Ao lado do Aleijadinho, outro aspecto chamou a atenção dos descobridores do Brasil, como os chamava, não sem uma ponta de auto-ironia, Oswald de Andrade: o abandono das igrejas, possuidoras de um acervo inigualável, objeto da cobiça dos antiquários e da descura dos padres. Numa crônica de Malazarte, Mário de Andrade constatava perplexo:

“Que é da grandeza antiga? Essa dorme sono de cobra, enorme, tombando aos pedaços, apodrecida pelas goteiras, na Trindade, no Rosário, na casa de Tiradentes. É pena. Quanta obra de arte a se estragar!” (5)

O problema de tão candente afetava a todos. Tarsila, possuída por “um fogo sagrado”, promete renunciar ao cubismo:

"Volto a Paris, mas para me aperfeiçoar ainda mais nos processos de restauração de pinturas. Depois venho para Minas. É preciso conservar tantos tesouros. Eu estou pronta. E sem nenhuma paga. Que remuneração melhor para mim que restituir à pequena e maravilhosa Rosário de S. José del Rei o esplendor passado do seu teto? Toda a minha vida que se resumisse nisso... Eu seria feliz. Gosto das grandes empresas" (6).

Sob o impacto do desaparecimento de toda a prata do templo, ocorrida poucos dias antes da sua visita, ou indignada com a notícia da venda de imagens antigas pelos próprios padres, para fazer face a dificuldades financeiras, d. Olívia decidiu fundar na “Sexta-feira Santa, no altar-mor da igreja de S. José del Rei, em Minas” uma Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil, para compensar, pela ação dos seus membros esclarecidos, a omissão da elite dirigente, do clero e do poder público.

A primeira reunião para discutir os estatutos dessa sociedade ocorreu menos de um mês depois, provavelmente a 20 de maio, num dos disputados “chás das terças”, promovidos por d. Olívia no seu salão da rua Conselheiro Nébias. A ela compareceram, segundo o depoimento de René Thiollier (7), o recém-empossado presidente do Estado, Carlos de Campos, e José Carlos de Macedo Soares, além dos freqüentadores habituais.

Em São João D’El Rei, abril de 1924: Gofredo da Silva Telles, Blaise Cendrars, Oswald de Andrade, dona Olívia Guedes Penteado, Oswald de Andrade Filho (Nonê), Tarsila, René Thiollier, desconhecido
Foto Mário de Andrade

Mário de Andrade, em carta a Manuel Bandeira do 19 desse mês, deixou um valioso testemunho dessas reuniões elegantes:

"Creio também que o que está me fazendo mal são as companhias. Meu grupo, amigos, camaradas, todos ricaços, sem preocupações. Há um eterno conflito entre mim e eles. Isso deprime. Creio que me conheces: sou incapaz de invejas dessa natureza. Deus que lhes conserve a riqueza. Mas há conflito. Dona Olívia me convida para um chá...Vai ser delicioso, eu sei. Que companhia! Tão harmônica, tão bela! Divertir-me-ei muito. Tarsila, Osvaldo, Cendrars, Gofredo, dona Carolina, Paulo Prado, Carlos de Campos (péssimo compositor, homem delicioso)... Mas às 19 horas tenho minha lição no Conservatório. Si me recuso, toda a lição é perturbada por desejos" (8).

Cendrars foi incumbido de redigir os estatutos da Sociedade, e foi provavelmente remunerado por isso, cuja cópia conservou nos “arquivos da minha torre de marfim”, que hoje repousam no Fundo Blaise Cendrars, da Biblioteca Nacional de Berna. Eis o documento que lança nova luz sobre os primórdios do nosso serviço de proteção do patrimônio histórico.

"Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil

Comitê Diretor:

Paulo Prado, dona Olívia Penteado, dr. Oswald etc. Membros fundadores

Sob o alto patrocínio de:

Personalidades políticas, presidentes de Estado etc.

Personalidades financeiras

Personalidades mundanas, amadores, colecionadores etc.

Personalidades do mundo das Letras e das Artes

Personalidades eclesiásticas

Finalidade da Sociedade:

A proteção e a conservação dos monumentos históricos do Brasil. Igrejas, palácios, mansões, casas particulares dignas de interesse (móveis, objetos e obras de arte, pinturas, estátuas, livros e arquivos, prataria etc.).

Estatutos do Comitê Diretor:

Art. I. Ser reconhecido de utilidade pública.

Art. II. Constituir tantos Comitês de Iniciativa quantos são os Estados do Brasil. O Presidente de cada Comitê de Iniciativa faz parte do Comitê Diretor, na qualidade de Delegado de Estado.

Art. III. Fazer decretar uma lei para a Classificação e a Conservação dos Monumentos Históricos.

a) Classificação dos monumentos históricos;

b) Inventário dos monumentos históricos (móveis, objetos e obras de arte, pinturas, estátuas, livros e arquivos);

c) Interdição absoluta de exportar os objetos que constarem do Inventário dos Monumentos Históricos;

d) Em caso de colocação à venda de objetos que constarem do Inventário dos Monumentos Históricos, o Estado e na sua falta a Sociedade dos Amigos se reservam uma opção absoluta, ante qualquer Museu nacional ou local e ante qualquer colecionador particular. Em nenhum caso os objetos assim vendidos poderão deixar o território nacional, mesmo se o comprador for brasileiro residente no exterior;

e) Conservação dos Monumentos Históricos;

f) Interdição absoluta de efetuar qualquer trabalho de reconstrução, de reparação, de transformação ou de restauração nos monumentos históricos classificados;

g) Qualquer trabalho de reconstrução, reparação, transformação ou restauração a se efetuar num Monumento Histórico classificado será objeto de uma solicitação por escrito;

h) Esta solicitação por escrito deverá conter os planos, projetos e orçamentos dos trabalhos assim como o nome dos seus empreiteiros, arquitetos, pintores, restauradores etc.;

i) Somente o Comitê Diretor dos Amigos estará qualificado para aprovar ou rejeitar os referidos planos e orçamentos e terá todos os poderes para fazer executar estes trabalhos sob a Direção Geral de determinado arquiteto, engenheiro, pintor, arqueólogo ou qualquer outro especialista por ele designado;

j) Obter uma subvenção anual do Estado;

k) Reter uma porcentagem sobre todas as vendas de objetos que constarem do Inventário dos Monumentos Históricos.

N. B. Uma vez que os Monumentos Históricos classificados e os objetos relacionados no Inventário fazem parte do patrimônio nacional, é urgente fazer votar esta Lei no menor prazo possível para protegê-los de toda evasão pois o tesouro artístico e histórico do Brasil não é inesgotável. Os Monumentos classificados e os objetos inventariados poderão ser declarados, pela mesma Lei, Propriedade Nacional, e serem colocados sob a Proteção Pública.

Art. IV. Ação do Comitê Diretor (Membros fundadores e Delegados dos Estados):

a) Fiscalizar a boa execução da Lei em todo o país;

b) Cercar-se de todos os especialistas, cientistas, arqueólogos, historiadores, pintores, amadores esclarecidos etc., cujos bons ofícios podem ser úteis à boa execução e ao trabalho efetivo da obra, e assegurar sua colaboração;

c) Convocar alguns operários especializados e assegurar-lhes o treinamento necessário para assumirem a difícil profissão de restaurador;

d) Divulgar o patrimônio artístico e histórico do Brasil no interior do país e no estrangeiro por meio de

I) artigos de jornais e de revistas

II) monografias

III) livros

IV) conferências

V) filmes cinematográficos e cartões postais

VI) exposições

VII) uma revista;

e) Constituir um Museu Nacional Brasileiro (tendo como modelo o Museu Nacional Suíço de Zürich);

f) Constituir um fundo de aquisição.

Art. V. Ação do Comitê de Iniciativa em cada Estado:

a) Fiscalizar a boa execução da Lei no território do Estado;

b) Constituir um Museu Estadual ou de preferência coleções locais consagradas às curiosidades artísticas, históricas e naturais, às vezes anedóticas.

N. B. Através das coleções locais se efetuará uma primeira triagem dos objetos dignos de serem enviados ao Museu Nacional. (Estas coleções poderiam estar reunidas dentro dos Monumentos Históricos classificados que dessa forma encontrariam uma função.)

c) Investigar desde já se a ação dos Comitês de Iniciativa não poderia se estender à Proteção das Paisagens, Sítios e Belezas naturais do País, ou ao estabelecimento de um Parque Nacional, tendo como modelo o de Yellowtown (9);

d) Ocupar-se igualmente da arte popular sob todas as suas formas: pinturas, esculturas, arte da mobília e caseira, músicas, canções e danças;

e) Organizar festas populares tradicionais nos diferentes estados (carnaval, festas religiosas);

f) Arte culinária;

g) Interessar-se particularmente pelos vestígios da arte indígena e por todas as manifestações dos negros;

h) Colecionar tudo o que concerne à Pré-História.

N. B. Esses dois últimos parágrafos podem dar origem à uma Sociedade Folclórica Brasileira.

Meios Financeiros:

Art. VI

a) Subvenção anual do Governo federal ao Comitê Diretor;

b) Subvenção anual dos diferentes Estados aos diferentes Comitês de Iniciativa;

c) Porcentagem proveniente das vendas públicas;

d) Receitas de Museus, conferências, exibição de filmes cinematográficos, exposições;

e) Produtos da venda de livros, fotografias e cartões postais;

f) Assinaturas da revista e dos boletins da Sociedade;

g) Venda de discos de gramofone de música brasileira gravada sob os auspícios dos comitês de iniciativa;

h) Quotização dos membros da Sociedade;

i) Doações, legados;

j) Apelo ao grande público para a aquisição excepcional de uma obra de grande interesse nacional;

k) Festas, carnaval, peregrinações, turismo;

l) Restaurante.

Organização:

Art. VII Organização interior dos diferentes Comitês...

Desembolsos:

Art. VIII Desembolsos e despesas desses diferentes Comitês...

N. B. Prever um escritório para a venda, compra e troca de objetos de arte.

Sede Social:

Art. IX

Registro Legal:

Art. X

São Paulo, maio 1924
Blaise Cendrars" (10)

Nesses estatutos, que não ultrapassaram o estágio preliminar de minuta, avultam certas características que, mesmo depois de setenta anos, ainda impressionam pelo descortino. O organismo defensor do patrimônio histórico é aí concebido como entidade privada, isto é, pública não-governamental, segundo modelo anglo-americano, no mínimo uma surpresa partindo de um escritor que havia adotado a cidadania francesa. O modelo é francamente antecipatório, basta ver que no final do século o próprio poder público brasileiro estimula a criação de “sociedades de amigos” para com sua agilidade desemperrar a administração dos museus e instituições culturais.

Outras questões de cunho conceitual, político, institucional, administrativo, financeiro, merecem aqui uma breve reflexão.

No plano conceitual, Cendrars e amigos vislumbraram a ação protetora da sua Sociedade num espectro amplo, para além da ênfase nos monumentos históricos; sem dela abdicar promovem a abertura para os bens móveis. A ecologia, a culinária e as manifestações populares, com suas festas pagãs e religiosas, também encontram abrigo. A vertente antropológica, com sua mirada abrangente para a cultura dos povos indígenas e dos negros conquista um lugar. Para avaliar essa novidade, é preciso ter em mente que em 1924 “as manifestações dos negros” ainda não haviam sido assimiladas pela cultura burguesa, que a elas resistia em função de sua origem racial e por serem portadoras de valores de um grupo social inferiorizado. Cendrars enxerga nessa valorização das culturas não européias o embrião de uma Sociedade Folclórica Brasileira, que Mário de Andrade concretizaria com a fundação em 1937 da Sociedade de Etnologia e Folclore.

Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, desenho de Tarsila feito na viagem a Minas, que ilustra Feuilles de Route, livro de poemas de Blaise Cendrars

Do ponto de vista político, o projeto astuciosamente procura formalizar um compromisso da elite, representada pelos seus vários segmentos – governo, igreja, intelectuais e artistas, banqueiros, membros da sociedade – que Cendrars convocou para um empreendimento coletivo. Entre os membros fundadores aparecem nomeados d. Olívia, que fazia por merecer a alcunha de “Nossa Senhora do Brasil”, Paulo Prado e Oswald. Por motivos óbvios chama a atenção a ausência do nome de Mário de Andrade. Privilégio dos “ricaços” ou será que ele justamente nessa terça-feira 20 de maio de 1924 havia se recusado a comparecer ao salão de d. Olívia, para não prejudicar sua aula no Conservatório?

No aspecto institucional, o projeto aponta para a necessidade e urgência de uma lei, que fornecesse o amparo legal para a atuação da Sociedade, pois “o tesouro artístico e histórico do Brasil não é inesgotável”. Os estatutos avançam ainda na direção de prever a possibilidade da desapropriação do bem cultural, tornando-o “propriedade nacional”. Entre as atribuições da Sociedade figuram a classificação e o inventário dos bens, medidas de conservação, o controle das intervenções para evitar a desfiguração do imóvel e a autoridade para indicar o profissional responsável pela sua restauração, o controle de saída do país dos bens móveis, a preferência do poder público na aquisição dos bens tombados.

O modelo administrativo está assentado no princípio da descentralização: a Sociedade constituiria ramificações nos diversos estados, segundo um sistema nacional, o qual promoveria naturalmente a filtragem das coleções, que confluiriam de museus locais e estaduais para um Museu Nacional. O projeto contempla ainda a preocupação com o uso dos bens tombados, que deveriam assumir uma função, por exemplo a de abrigar as “coleções locais”.

No capítulo financeiro, as dotações proviriam de subvenções permanentes do poder público, acrescidas de rendas próprias, fossem institucionais, originárias de porcentagem sobre a venda de bens tombados, ou comerciais, resultantes de vendas de livros, fotografias, cartões postais, discos de gramofone (11) de música brasileira (numa época em que não havia indústria de discos, nem mesmo uma demanda definida pela música popular), da exibição de filmes, receitas de ingressos aos museus ou provenientes da venda, compra e troca de obras de arte. A visão capitalista de uma iniciativa pública cristaliza-se na perspectiva da promoção de festas populares, particularmente do Carnaval (que nem cogitava tornar-se a indústria dos tempos atuais), no desenvolvimento do turismo, pela sua vertente cultural, na criação de um restaurante visando à valorização da culinária nativa. Tudo culminando na constituição de um Fundo de aquisição, assemelhado à figura jurídica de uma fundação.

Vista de São João D’El Rei, em desenho de Tarsila, 1924

Um escritor sensível à poesia concreta da publicidade não descuidaria dos meios eficazes de divulgação e propaganda, mesclando processos clássicos – conferências, livros, revistas, campanhas públicas – com os da então nascente indústria cultural.

Por tudo o que representava de novidade, a viabilização da Sociedade certamente não seria tarefa trivial. Mas independente das dificuldades de toda a sorte que teriam que ser enfrentadas, dela nunca mais se ouviu falar, o que faz supor a ocorrência de acontecimento de grandes proporções que abortasse no nascedouro um movimento espontâneo e desinteressado. A hipótese levantada por d. Carolina Penteado da Silva Telles, testemunha do sincero empenho de sua mãe, no sentido de atribuir à eclosão tão violenta quanto inesperada da Revolução de 5 de julho, comandada pelo general Isidoro Dias Lopes, a desordenada dispersão do grupo – os que puderam refugiaram-se em suas fazendas–, parece confirmar-se (12). Cendrars viaja com os Prado para a Fazenda Santa Veridiana e quando retorna em agosto já começa a arrumar as malas. O ambiente político turvara-se, não havia mais tempo para diletantismo e promoção cultural.

O tema – a necessidade de preservar o patrimônio histórico – no entanto continuou na ordem do dia. Já estava na pauta da Igreja a julgar por artigo de Jackson de Figueiredo, “A defesa do patrimônio artístico das igrejas”, publicado na Gazeta de Notícias (RJ), e transcrito na Revista do Brasil, de abril de 1924. Comentava a circular no. 8 de d. Sebastião Leme, na qual o arcebispo chamava

“a atenção dos senhores vigários [...] para a conservação e defesa do patrimônio histórico e artístico de nossas igrejas.[...] É desejo do Santo Padre que em suas visitas pastorais os bispos tomem conhecimento dos objetos antigos, livros e papéis, manuscritos ou impressos, obras de arte e história, descurados e quiçá ignorados no recanto das igrejas” (13).

Assis Chateaubriand, que havia pouco adquirira O Jornal, no final desse mesmo ano promovia campanha pela preservação dos monumentos históricos brasileiros (14).

O assunto no entanto já havia ingressado no mundo político e jurídico. No final de 1923, o deputado pernambucano Luís Cedro apresenta projeto de lei federal visando à criação, junto ao Museu Histórico Nacional, da Inspetoria de Monumentos Históricos. Em 1925, o presidente do estado de Minas Gerais, Fernando de Melo Viana, instituía uma comissão, presidida pelo jurista Jair Lins, que viria a propor a criação de um órgão federal de proteção e restauração do patrimônio histórico e artístico. O espírito desse anteprojeto acabará por influenciar o teor das medidas adotadas pelo governo federal em 1937, o decreto-lei n. 25, que finalmente criou o Sphan – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (15).

De volta à França, Cendrars não esquece a visão das obras relegadas do Aleijadinho. Uma entrevista publicada em Paris no início de 1925, nos advertia:

“Blaise Cendrars, embaixador benévolo do novo espírito, depois de, na costa, beber o bom café da amizade brasileira, penetrou no interior. Nesse imenso continente de possibilidades infinitas, ele viu obras de uma notável arquitetura indígena e proclamou: Brasileiros, protejam seus tesouros!” (16).

No grupo que fizera a viagem a Minas, a questão também preocupava. Washington Luís, amigo próximo de Oswald de Andrade, cujo livro Capitania de São Paulo Cendrars tentara adaptar ao cinema, tomava posse na presidência da República em 15 de novembro de 1926. Oswald, por iniciativa própria ou a pedido do presidente, apresenta-lhe o esboço de uma repartição que ficaria incumbida da proteção do patrimônio “artístico”. O rascunho manuscrito desse projeto diz o seguinte:

"Cria o DODEPAB – Departamento de Organização e Defesa do Patrimônio Artístico do Brasil

Sede

Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Fins

Salvar, inventariar e tombar o patrimônio nacional, as riquezas artísticas espalhadas pelo território brasileiro. Considerar monumentos públicos e proteger como tais as principais realizações arquitetônicas da Colônia e os sambaquis, necrópoles e demais vestígios da nossa pré-história.

Organizar pela propaganda intelectual o conhecimento e a defesa dos bens artísticos do Brasil.

Criar e manter museus locais onde se guardem as riquezas artísticas e tradicionais que não se possam transportar para o Museu Nacional.

Organizar publicações, álbuns, coleções fotográficas, reproduções de documentos e fichas etc., em língua nacional e em línguas estrangeiras, para tornar conhecidas as riquezas culturais do Brasil.

Entrar em relações com os museus dos outros continentes a fim de melhorar as nossas coleções e fazer conhecidos em todo o mundo o Brasil artístico e tradicional.

Organizar conferências e cursos na capital e cidades, tendendo ao conhecimento e à defesa do P.A.B.

Divulgar e fixar em livros, revistas e pesquisas as nossas tradições, lendas e riquezas folclóricas.

Fundar uma Biblioteca Brasílica, destinada à guarda do tesouro intelectual e artístico do Brasil anterior.

Organizar excursões educacionais e promover o turismo às principais regiões onde se acham os monumentos tradicionais da arte brasileira – Minas, Bahia, Marajó, Miracanguera etc.

Verba

Emolumentos. Viagens. Propaganda.

Cargo

Diretor com faculdade de escolha de auxiliares" (17).

O projeto de Oswald, em que pese o teor sumário, guarda semelhanças com o de Cendrars, especialmente na articulação entre museus locais e um Museu Nacional, no destaque dado à propaganda e ao turismo, e, salvo engano, na idéia de uma certa autonomia financeira do órgão, cuja “verba” seria composta por “emolumentos” e receitas de “viagens” e “propaganda”. As principais diferenças ficam por conta da natureza do organismo: um departamento de museu oficial, cujo espírito de repartição pública salta à vista quando Oswald menciona o item “cargo”, e o alcance restrito da proteção pública: patrimônio “artístico da Colônia”, vestígios da pré-história, acervo folclórico. O projeto de Cendrars é mais ambicioso e mais elaborado, apesar de também sintético.

É bem conhecido o envolvimento de Mário de Andrade na criação do Sphan. Elaborou, em 1936, a pedido do ministro Gustavo Capanema, o abrangente anteprojeto de uma instituição governamental, cuja principal virtude estava em distribuir a proteção pública sobre as culturas erudita e popular, artes etnográficas e aplicadas, e ecologia. Intelectual duplo de cientista social, ele foi capaz de sistematizar e ilustrar os casos de conflito e aproximação de experiências culturais brasileiras sem impor-lhes hierarquia e buscando para elas uma configuração de interdisciplinaridade. No entanto suas próprias limitações de homem de gabinete confinavam o seu interesse à especificidade do fenômeno cuja manifestação caberia resguardar.

Numa entrevista concedida em Paris e publicada em O Jornal (Rio de Janeiro), em 1937, Cendrars, desconhecendo o que se fazia no país, ainda insistia:

“O Brasil possui em suas antigas igrejas do interior verdadeiros tesouros, dos quais poderia mostrar-se mais orgulhoso. Infelizmente, tenho a impressão de que não é cioso, como o devera ser, de todas aquelas maravilhas. Os artistas brasileiros deveriam meditar a obra daquele genial artista que foi o leproso de Ouro Preto e estudar e amar as relíquias do passado, disseminadas pelas igrejas, para que elas constituam o substrato afetivo na formação e no desenvolvimento da arte nacional...” (18)

Mesmo afastado dos amigos brasileiros da primeira hora, o tema jamais deixou de interessar a Cendrars. Entre seus papéis foi encontrado um recorte de jornal com artigo de Germain Bazin, de 28 de janeiro de 1949: “Au Brésil, les intellectuels d’avant-garde ont charge de protéger les monuments historiques”, que elogia o grupo modernista – Rodrigo Melo Franco de Andrade, Drummond, Mário – pelo seu trabalho no Sphan.

A confirmar-se a nossa hipótese, o estatuto que Cendrars esboçou para ser discutido na reunião em casa de d. Olívia naquele 20 de maio de 1924 teria recebido reforço conceitual se Mário de Andrade dela tivesse participado. E o anteprojeto de Mário, elaborado doze anos depois, teria se beneficiado da visão premonitória que Cendrars introduziu particularmente nos planos administrativo-financeiro, promocional e de exploração das potencialidades oferecidas pelas indústrias cultural e do turismo.

Nesse dia, a lição de Mário no Conservatório deve ter sido “perturbada” por outra sorte de sentimentos, além de simples “desejos”.

Três páginas com datiloscrito de Blaise Cendrars, com os estatutos de uma “Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil”, encomenda de dona Olívia Guedes Penteado [Fundo Blaise Cendrars, Biblioteca Nacional Suíça, Berna, P 40]

notas

NA - Os textos de Blaise Cendrars, com exceção da entrevista publicada em O Jornal, foram traduzidos por Carlos Augusto Calil.

NE 1 - Artigo publicado em: FARIA, João Roberto; ARÊAS, Vilma; AGUIAR, Flávio (org). Décio de Almeida Prado, um homem de teatro. São Paulo, Edusp/Fapesp, 1997, p. 319-333; FREITAS, Maria Teresa de; LEROY, Claude (org.). Brésil, L’Utopialand de Blaise Cendrars. Paris, L’Harmattan, 1998, p. 85-102; CALIL, Carlos Augusto Machado. Sob o signo do aleijadinho. Blaise Cendrars precursor do patrimônio histórico. In: MORI, Victor Hugo; SOUZA, Marise Campos de; BASTOS, Rossano Lopes; GALLO, Haroldo (org.). Patrimônio: atualizando o debate. São Paulo: 9ª SR/IPHAN, 2006.

NE – Sob coordenação editorial de Abilio Guerra (editor Arquitextos), número traz dez artigos sobre o tema “Patrimônio histórico”, tendo como inspiração artigo de Clara de Andrade sobre vida e obra de seu pai, o intelectual Rodrigo Melo Franco de Andrade, falecido no dia 11 de maio de 1969. Os artigos do número especial sobre patrimônio histórico são os seguintes:

ALVIM, Clara de Andrade. Rodrigo Melo Franco de Andrade, meu pai. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.00, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4526>.

SANTOS, Cecília Rodrigues dos. A noção de patrimônio e a origem das ideias e das práticas da preservação no Brasil. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.01, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4528>.

COSTA, Lucio. Museu do Ouro. Sabará. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.02, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4532>.

ANDRADE (JANJÃO), Antonio Luiz Dias de. O discurso do sofá. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.03, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4534>.

TORELLY, Luiz Philippe. Patrimônio cultural. Notas sobre a evolução do conceito. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.04, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4539>.

CALIL, Carlos Augusto. Sob o signo do Aleijadinho. Blaise Cendrars, precursor do patrimônio histórico. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.05, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4540>.

GUIMARAENS, Cêça. Rodrigo Melo Franco de Andrade e a paisagem hiperreal do patrimônio. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.06, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4543>.

ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Brasília-patrimônio. Cidade e arquitetura moderna encarando o presente. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.07, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4547>.

ALCÂNTARA, Antonio Pedro de. Aspectos do espaço barroco na arquitetura civil dos séculos XIX e XX. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.08, Vitruvius, out. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4550>.

PROZOROVICH, Fernando Alvarez. El patrimonio histórico como punto de vista. Notas sobre la asignatura “Intervención en el patrimonio histórico”. Arquitextos, São Paulo, año 13, n. 149.09, Vitruvius, oct. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4537>.

1
CENDRARS, Blaise. Sous le signe de François Villon. La Table ronde, Paris, n. 51, mar. 1952, p. 48

2
Carta de Di Cavalcanti a José Mariano Filho, datada de 11 de janeiro de 1924, véspera do embarque de Cendrars para o Brasil. Eis a sua versão integral: “O portador desta carta é o meu caro amigo Blaise Cendrars, como você sabe um dos maiores representantes da moderna poesia francesa. Mas apresentando-o a você desejo apenas que faça ele conhecer as nossas riquezas características e que encontre nele um ótimo camarada, digno de toda sua simpatia. Blaise deseja fazer umas entrevistas para o Excelsior, que ele representa, sobre a nossa flora e sobre os nossos antigos monumentos. Ninguém melhor que você poderá prestar a este nosso amigo um grande obséquio. Como vão as coisas por aí? PS. Mostre ao Blaise Paquetá”. Biblioteca Nacional Suíça, Fundo Blaise Cendrars: O 36a.

3
Depoimento de Tarsila do Amaral a Carlos Augusto Calil, publicado em EULALIO, Alexandre, A aventura brasileira de Blaise Cendrars. São Paulo/Brasília, Quíron/INL, 1978, p. 265.

4
Blaise Cendrars – Henry Miller. Correspondance 1934-1979: 45 Ans d’amitié. In CENDRARS, Miriam (org.), Paris, Denoël, 1995, p. 228.

5
ANDRADE, Mário de. “Crônicas de Malazarte – VIII”, América Brasileira (Rio de Janeiro), maio 1924, transcrita em BATISTA, Marta Rossetti; LOPEZ, Telê Porto Ancona; LIMA, Yone Soares de (org.). Brasil: 1o Tempo Modernista. São Paulo, Instituto de Estudos Brasileiros, 1972, p. 111-112.

6
Idem, ibidem. Frase atribuída por Mario de Andrade a Tarsila do Amaral.

7
THIOLLIER, René. O homem da galeria. São Paulo, Livraria Teixeira, 1927, p. 22. O autor aí alude a uma “Sociedade dos Amigos do Brasil”.

8
ANDRADE, Mário de. Cartas a Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1966, p. 60.

9
Cendrars queria certamente referir-se ao parque de Yellowstone, situado no estado de Wyoming, nos Estados Unidos.

10
Datilografado. Fundo Blaise Cendrars, p. 40, tradução de Carlos Augusto Calil.

11
Cendrars era fascinado pelos aparelhos de som: gravadores, gramofones e ditafones, invenções recentes. Publicou um romance em 1929, Les Confessions de Dan Yack, que não teria sido “escrito” pela personagem, mas “gravado no ditafone”. Numa entrevista do mesmo ano, BC afirmava ter ele-mesmo gravado discos no Brasil “de pássaros, tempestades, uma noite na floresta, cantos, assobios de canibais, a língua dos índios Bô-no-ro” [sic]. CENDRARS, Blaise, Dites-nous, monsieur Blaise Cendrars... RICHARD, Hughes (org.). Lausanne, Rencontre, 1969, p. 66-67.

12
Cf. AMARAL, Aracy A. Blaise Cendrars no Brasil e os modernistas. São Paulo: Martins, 1970, p. 75. Numa carta a Sérgio Milliet, de 11 de agosto de 1924, Mário descreve o sentimento imperante depois da surpresa da revolução de Isidoro: “Tua carta me encheu de relativa alegria. Relativa porque estes dias de pós-revolução não permitem alegria total. A gente começa a pensar sobre o Brasil, destinos do Brasil, o horror da aventura passada e não há como livrar-se de idéias acabrunhadoras. [...] O prejuízo não foi tanto físico e epidérmico. Mas por dentro, Sérgio, foi um desastre. 20, 30, quantos anos de atraso? Ainda não se pode imaginar bem. E o vexame sobretudo.” DUARTE, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. São Paulo, Edart, 1971, p. 298.

13
Revista do Brasil, São Paulo, vol. XXV, n. 100, abr. 1924, p. 375-376.

14
MORAIS, Fernando. Chatô, o rei do Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1994, p. 144.

15
SALA, Dalton. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: história oficial e Estado Novo. Dissertação de mestrado. São Paulo, ECA USP, 1988, p. 14-15, 28.

16
“Chez Blaise Cendrars”, entrevista a W. Mayr, Le Journal Littéraire 3 (Paris), 3 jan. 1925. Coleção Instituto de Estudos Brasileiros, USP.

17
Manuscrito. Coleção Adelaide Guerrini de Andrade, transcrição de Carlos Augusto Calil. Parte desse documento foi pela primeira vez divulgado em BOAVENTURA, Maria Eugênia. O Salão e a Selva. São Paulo/Campinas, Ex-Libris/Unicamp, 1995, p. 122. Agradeço à autora o acesso à versão integral do projeto de Oswald de Andrade.

18
“Um amigo do Brasil”, entrevista de Blaise Cendrars a Beatrix Reynal, O Jornal, Rio de Janeiro, 27 jun. 1937.

sobre o autor

Carlos Augusto Calil (1951) é professor do departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Exerceu funções de direção em órgãos públicos culturais (Embrafilme, Cinemateca Brasileira, Centro Cultural São Paulo). Desde abril de 2005 é Secretário Municipal de Cultura de São Paulo. Realizador de documentários em filme e vídeo. Autor de ensaios e editor de publicações sobre cinema, iconografia, teatro, história e literatura, dedicados a autores como Blaise Cendrars, Alexandre Eulalio, Paulo Emilio Salles Gomes, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Federico Fellini, Paulo Prado, Vinicius de Moraes.

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