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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Este artigo apresenta uma reflexão teórica sobre o entendimento do conceito de tempo na arquitetura contemporânea, mais especificamente a respeito de um enfoque neo-pragmático em arquitetura.

english
This article shows a theoretical reflection about the understanding of the idea of time in contemporary architecture especially about a neo-pragmatic vision in architecture.

español
Este artículo presenta una reflexión teórica acerca del entendimiento del concepto de tiempo en la arquitectura contemporánea, más específicamente sobre la mirada neo-pragmática en arquitectura.


how to quote

DUARTE, Rovenir Bertola. A Arquitetura Contemporânea e o uso pragmático do tempo. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 152.05, Vitruvius, jan. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.152/4649>.

Há algum tempo atrás escrevi um texto sobre a questão do ‘tempo’ a partir de dois diferentes caminhos em direção ao futuro da arquitetura. Um proposto em 1981 o outro em 91, um por Kenneth Frampton o outro por Bernard Tschumi, um retaguarda o outro vanguarda, um resistência o outro procurando a sedução, cada um através de seus 6 apontamentos, que justificou o título do meu texto 6=6? (1). É possível dizer que estes dois grandes pensadores da arquitetura contemporânea, criticamente fundamentados e apoiados em referências sólidas advindas da sociologia e filosofia, colaboraram com o duelo travado entre a abordagem ‘regionalista crítica’ e a ‘desconstrutivista’ nos anos 80 e 90 (2). São dois caminhos em direção ao futuro, mas como destaca van Toorn (3), o primeiro pode ser visto como ‘ilhas utópicas’ flutuando no mar do anonimato, não se conecta com o momento atual, é nostálgico mesmo não querendo sê-lo (4), investe em espaços longe das grandes aglomerações urbanas e do capitalismo tardio reinante: Resistência. O segundo caminho possui um forte viés textual e lingüístico, é perseguido pela obstinação de desmascarar as forças as quais se opõe, é marcadamente reativo, mas ao final, o perigo é que a crítica se torne a única esperança deste, podendo não levar a lugar nenhum, pois sua grande meta estaria no prazer do caminhar: Sedução.

Entretanto o carrossel teima em girar rápido demais, assim novas gerações de arquitetos pouco pacientes com esta discussão querem experimentar e, mesmo antes de explorar suficientemente as duas ‘antigas’ trilhas, novas são esboçadas. Uma destas será tratada neste texto, o Novo Pragmatismo. Este ‘Novo Pragmatismo’ não se trata de um estilo ou escola, mais que um conjunto de ideias, parece ser uma postura diante da velocidade da transformação dos hábitos e crenças da época atual, visível em firmas de arquitetura como MVRDV, UNStudio, FOA e Greg Lynn. Desta forma, este texto continua a reflexão acerca da noção de ‘tempo’ na arquitetura contemporânea apresentada no “6=6?”, entretanto, a pouca distância histórica deste caso explica uma ausência de uma cartografia mais precisa deste novo caminho, algo mais especulativo. Mesmo assim, a possibilidade de novos lugares sugere que não se pode parar, pois o novo e o risco parecem andar juntos.

A trilha deste Novo pragmatismo foi provavelmente iniciada, de forma mais contundente, pelo filósofo John Rajchman em 1997 – e reforçado desde então por outros textos, edições de revista e eventos; e mais recentemente ganhou corpo com a publicação de ‘The New Architectural Pragmatism’, editada por W. Saunders. Este será o caminho percorrido, uma abordagem teórica buscando traços no material publicado de uma visão pragmática de tempo na arquitetura. Porém, é sempre importante salientar que esta trilha não está definida, as suas bordas se multiplicam e desaparecem, como uma trilha na floresta percorrida a noite, onde a mesma floresta que os constrói também os destrói bem a frente dos olhos.

A trilha do novo pragmatismo na arquitetura

Em julho de 1997, o filósofo americano John Rajchman proferiu uma palestra na conferência ‘Anyhow’ em Roterdam (5), onde a questão apareceu já no título: ‘Um novo pragmatismo?’ Este autor sugere um novo tipo de pragmatismo, que mesmo alinhado aos filósofos do Pragmatismo americano clássico e próximo ao chamado ‘Neo-Pramatismo’(6), parece apresentar tonalidades extras derivadas das filosofias francesas (7). Rajchman o chama de: “Pragmatismo do Diagrama e do Diagnóstico”.

O Pragmatismo filosófico clássico encontra origem na ‘máxima pragmática’ de Charles Pierce, onde a concepção de um objeto não pode ser separada de suas repercussões ou efeitos práticos, ou seja, o conteúdo de um signo reside em suas implicações concebíveis sobre a conduta na vida. Entretanto, a explicação de Rajchman se inicia no conhecido aforismo pragmático de William James, que traz um sentido temporal indiscutível: ‘things in the making’(8). Esta frase destacaria, segundo Rajchman, a existência de forças que não se pode prever, mas apenas experimentar, pois é um conhecimento vivo derivado do movimento da realidade, assim um futuro que não se pode projetar ou programar, mas somente ‘diagnosticar’ e ‘diagramar’. Estes dois termos viriam menos dos dois clássicos autores e mais de outra escola de pensadores, partiriam de Michel Foucault que desenvolveu a questão Pragmática em uma nova maneira, denotando um sentido experimental e não instrumental ou prático (9). Rajchman encontra esse sentido experimental no termo ‘arquivo’ (10) de Foucault, o vê como um diagnóstico em um intempestivo futuro dos significados. Para Rajchman o arquivo foucaultiano não traria a causa para ‘esboçar com antecedência o que vamos ver’ mas, ao contrário, confronta com o fato que ‘estamos no processo de tornar-se alguma coisa outra, que ainda não conhecemos’ (11).

Este ‘arquivo’ estaria relacionado com um processo de complexificação dos signos no discurso, relacionar-se-ia com o momento pierciano da ‘Pragmática’, de onde se extraem as regras de uso e governo do signo a partir de cada contexto de interpretação e as confluências dos momentos. Em principio a visão de Foucault não se trataria de um esvaziamento da produção da linguagem, e sim, um outro sabor ao sentido da ‘Pragmática’, algo como uma “Pragmática do múltiplo” (12). Com mais atenção ao desconhecido que está batendo a porta, assim mais experimental que instrumental.

Experimental no sentido de pertencer a um jogo de relações que caracteriza o nível do discurso, onde as formações discursivas produziriam os objetos que se busca comunicar. Neste sentido, como ressalta Britos (13), se abandonaria a referencia de um sujeito-origem, e em seu lugar apareceria uma série de vetores desvelados pelo movimento dos enunciados, formando um desenho de continuidades e também bifurcações. Trata-se do espaço anônimo onde nem tudo está dito, onde a relação com o real não ocorre apenas por algo exterior, mas também pelo ritmo dos discursos que incide sobre este e gera traços ao se espacializar. Estes traços seriam a resultante do jogo de forças que se estabelece entre vozes múltiplas. Os conceitos se transformam, se movem, se associam, se afastam... esse movimento em direções múltiplas desmontariam uma racionalidade preponderante nos sistemas discursivos. As diversas relações acidentais configurariam linhas de integração que resulta na lógica do diagrama foucaultiano.

O ponto chave parece estar no fato que Foucault trabalharia com diagramas no lugar de um projeto, plano ou programa, assim a força dos enunciados não se esgotariam na sua função de designar algo. A produção de significado seria uma ação na ordem das práticas e seria lida nos desdobramentos de seus efeitos que se multiplica. Para Rajchman é necessário quebrar o ‘ar de evidente’ que poderia estar presente no ato de prever do projeto ou da programação, deve-se buscar uma maneira de questionar e de ver singularidades inesperadas que a sociedade atual pode desencadear, através de linhas acidentais configurar-se-ia o movimento dos múltiplos discursos que os diagramas tentam registrar. Como destaca Brito, a ação do discurso é caracterizada pela produção de ordem, o discurso produziria uma ‘verdade’, e o diagrama é o mapa, a cartografia, coextensivo a todo o campo social, um modo de buscar penetrar nas práticas que se materializam em formatos institucionais. Assim, como disse Deleuze, Foucault agiria como um novo cartógrafo (14) e introduziu, nas palavras de Rajchman, um ‘tempo do diagramático’.

Assim Rajchman, inspirado pelas ideias de Deleuze e Foucault, vê no diagrama um potencial analítico e capacidade de diagnóstico, e por consequência o arquiteto como um diagnosticador de novas forças presentes na sociedade. Como Sewing observa (15), trata-se de uma vertente pragmática e operativa do conceito de diagrama e de um projetista que sobrepõe estruturas formais ao seu meio.

A trilha prossegue: Desdobramentos

As discussões sobre o pragmatismo na arquitetura não se resumiram ao texto de Rajchman, em 2000 aconteceram dois eventos sobre o tema, um na universidade de Columbia e outro no MoMA, ambos em Nova Iorque. No evento do MoMA o aforismo de James destaca-se já no título, ‘Things in the making: contemporary architecture and the pragmatist imagination’, e o filósofo Rajchman foi um dos palestrantes inaugurais, contudo o protagonismo se aproximou dos dois proeminentes filósofos neo-pragmatistas americanos, Richard Rorty e Cornel West, que travaram debates respectivamente com Peter Einseman e Rem Koolhaas.

Entretanto, como a própria organizadora do evento no MoMA Joan Ockman (16) comenta, deve-se diferenciar um pragmatismo com “p” minúsculo de outro com “P” maiúsculo. O arquiteto em sua prática profissional sempre se vê próximo ao primeiro, devido à necessidade de ações práticas e imediatas, mas, para a organizadora, intuitivamente se aproximaria do segundo. Contudo, depois das discussões deste congresso, Rem Koolhaas, que outrora intitulava seu método de trabalho de “Pragmatismo Radical”, agora não mais se sentia vinculado a esta tradição, cuja ‘...defesa durante o evento teria chegado algumas vezes às raias de um nacionalismo americano’ (17). Na verdade, pareceu que a discussão nestes dois congressos, como lembra Sewing baseada na ‘única filosofia genuinamente americana’, não ajudou a entender o Pragmatismo na arquitetura contemporânea, principalmente europeia e asiática, onde a aproximação à filosofia francesa pos-estruturalista se faz cada vez mais clara (18).

A trilha ganha corpo: A operacionalidade das ‘Práticas projetivas’ frente ao Paradigma da crítica

Em uma aparente tentativa de aproximar o ‘P’ do ‘p’, como acima explicado, Somol e Whiting em 2002 teorizam uma visão estratégica chamada de ‘Prática projetiva’ (19). Em uma busca de um sentido operacional, estes dois autores buscaram uma alternativa ao projeto baseado no Paradigma da crítica (20), que haveria exaurido a disciplina arquitetônica com soluções acabadas nos anos 80. Eles apresentaram um debate apoiado na contraposição, ou compressão (21), entre a arquitetura crítica e a projetiva, a ‘hot’ e a ‘cool’ (22), a indéxica e a diagramática. Assim propõem uma arquitetura diagramática, ao invés de uma arquitetura indéxica baseada em uma narração imaginativa e referente ao vestígio do real. Essa arquitetura diagramática se voltaria para as forças e seus efeitos, que revela os mundos virtuais (23) dentro do real, uma maneira de conduzir em uma multiplicidade particular, buscando funcionar menos para representação da óbvia realidade que se apresenta. A intenção operativa para a arquitetura estaria pautada na ação prática do presente, não mais voltada para o passado ou futuro. Uma mudança na ideia de disciplina antes baseada na tradição ou voltada por um futuro projetado, agora compreendendo esta como um organismo mais ativo, não planejado. Somol e Whiting, a partir de uma leitura Foucaultiana, comentam que a disciplina arquitetônica seria governada por regras, mas em perpétua transformação.

Para Somol e Whiting as ‘práticas projetivas’ são uma alternativa baseada na ação, ou seja, na prática do arquiteto não mais na crítica (24). Estas práticas seriam um tipo de método de atuação, assim, o foco se deslocou do ‘porque’ e do ‘o que’, deixando-os indefinidos, para dedicar-se ao ‘como’, uma pesquisa sistemática da realidade encontrada (25). Whiting, melhor explicando o termo ‘projetivo’, destaca que este tem o caráter mais de estratégia do que produto, que se projeta para frente, ao contrário do crítico que sempre olharia para trás (26). Este ímpeto ganha a imagem do efeito Doppler, presente no título do seu artigo, que se relaciona com a diversificação de movimentos, buscando arranjos ou cenários alternativos para o entendimento de uma arquitetura disciplinar (27). Como van Toorn observa, Somol e Whiting propõem estas práticas para envolver contextos locais específicos, ao invés de se concentrar em preconceitos ideológicos derivados de utopias ou críticas, a solução da forma arquitetônica se concentraria na sua capacidade de funcionar interativamente.

Outros autores ajudam a dar corpo a esta visão teórica, por exemplo, Michael Speaks chama atenção para a necessidade de o projeto incorporar uma inteligência que o permita negociar com a realidade: ‘Design Inteliggence’. Esta inteligência não residiria na sua capacidade de oferecer uma representação contra ou a favor de algo, mas sim em um processo aberto, na sua capacidade de adaptação e gerar soluções plausíveis (28). Manuel Gausa, editor da revista espanhola Quaderns, levanta uma quase defesa pelo que chama de ‘Otimismo operativo’ (29), buscando ‘otimizar a realidade’, ou seja, aceitar a própria impureza substantiva do tempo atual, baseada na capacidade de combinar informações simultâneas, lidando com sinergias, interações e a reativação positiva do entorno.

Considerando as diversas leituras acima, fica claro que uma ‘p’ragmática visão simplificadora, onde a verdade se faz por sua utilidade imediata, pode enfraquecer o entendimento ‘P’ragmático de uma verdade mutante das coisas em processo, o ‘things in the making’ na construção dos significados. O caminho do ‘p’ minúsculo pode conduzir a um “praticismo” arquitetônico acrítico.

Reflexões sobre a direção tomada: Arquitetura pós-crítica?

Os caminhos descritos acima parecem optar pela ação à reação, pró-atividade à reatividade, ou ainda, prática no lugar de crítica. É exatamente a última palavra que sugere a importante pergunta: Qual o papel da crítica para essa arquitetura Pragmática? Como diz Saunders (30), esta geração parece reagir contra um castelo de cartas hyper-intelectual montado nos anos 80, a overdose de pensamento crítico teria gerado um caminho anti-intelectual, ou nas palavras de van Toorn, a realidade pareceu melhor que qualquer sonho (31).

Para Rajchman, o ato de pautar na ação repensa o próprio sentido de ‘crítica’, pois na ausência de um a priori, a questão crítica centra-se no ‘como’ em lugar do ‘por que’. Em 2003 esta discussão sobre uma possível arquitetura pós-crítica, foi revisitada pela revista americana Praxis (32). Nesta Kwinter (33) decreta: não existe uma arquitetura pós-crítica, e sim, boas e más críticas. Entretanto, ao contrário de defender a visão do projeto crítico dos anos 70 e 80, pautado, segundo ele, na ‘confortável’ crítica ideológica contra o capitalismo, clama outra que considerasse as questões atuais, em busca de novos pensamentos não tão ‘confortáveis’. Esta crítica flerta com o movimento incessante dos fatos no tempo atual, um dinamismo que se opõe a posições críticas estáveis, um conceito que parece se aproximar à ideia de ‘reflexivo’ proposta pelo sociólogo inglês Anthony Giddens.

O termo reflexivo parte exatamente deste inerente dinamismo, segundo Giddens, de um tipo de modernização que destrói e se modifica, uma destruição criativa da sociedade industrial (34), assim radicalizaria a ruptura com a tradição: as ‘descontinuidades da modernidade’ (35). Reflexiva porque os termos introduzidos por determinado discurso acabam por transformar a realidade na qual o próprio discurso é formado (36), onde se vive cada vez mais os resultados das próprias ações, enfrenta-se aquilo que se cria. Assim a marca desta época seria exatamente a auto-reflexão, entendida nos termos da sociedade que se vê confrontada com seus limites, coordenada por um padrão de racionalidade reflexiva (37).

A partir dessa longa e necessária construção preliminar, aproxima-se ao tema proposto: a questão do tempo. Antes, deve-se chamar a atenção que Hays, naquele mesmo debate da revista Praxis, alerta sobre o perigo de uma arquitetura anti-utópica, vinculada ao pensamento do “tempo real”, em uma tecnocracia positivista contemporânea (38). Seu alerta sobre o excesso de realidade é sem dúvida pertinente, mas a questão do ‘tempo real’, que parece fazer menção ao presente, pode camuflar a existência de um tempo desencaixado, fragmentado e múltiplo; este é o cerne deste artigo.

Quase chegando: A questão do tempo e seu desencaixe

Rajchman, em seu texto sobre um Novo Pragmatismo (39), fala da necessidade de reajustar a técnica de mapeamento em prol de outra forma de espaço e tempo, ou o que chamou de espacement. Ele faz uma importante observação: se o diagrama disciplinar de Foucault trabalhou através de múltiplas segmentações do espaço-tempo, agora esta ‘duração’ é composta de múltiplos pedaços irregulares, combinados de tal maneira que pode nunca voltar a ser uma perfeita narrativa contínua. Garcia-German, autor dedicado ao diagrama na arquitetura, também parece ver um novo conceito de tempo, comenta sobre um tempo mais ‘plano’ que ‘profundo’ (40) e, partindo das ideias de Banham, fala de um tempo operacional que não é cronológico ou histórico, mas envolve ‘reordenamentos’. Um tempo mais para as oportunidades em aberto do que para o planejamento do seguro. Estas duas visões de tempo na arquitetura permitem, ou provocam, uma aproximação ao ‘tempo desencaixado’ (41) de Giddens.

Na visão de Giddens, o dinamismo social vivenciado hoje está fundamentalmente relacionado com este ‘desencaixe’ do tempo, diretamente associado com a ruptura com a tradição, a antiga organizadora do tempo-espaço que relaciona as ações das pessoas a outras realizadas em tempos passados e em locais comuns. Em seu lugar, um tempo ‘esvaziado’ e mecânico conecta culturas e tradições diferentes de locais diversos, este tempo recombina costumes fracionados em, como chama Giddens, ‘zonificações’ precisas. Um tipo de artificialização do tempo que se iniciou com a popularização do relógio mecânico iniciada no século XVII e que se agrava no século XX, isto é visível, por exemplo, no cinema do século XX e nas tecnologias de informação digital do século XXI. Assim, se combinam em um dinamismo impar hábitos desencaixados do oriente com ocidente, de diferentes tempos e universos.

Para completar esse panorama, recorre-se novamente a Rajchman, agora no ano de 1999 em outra conferencia da Anyone Corporation cujo tema foi o tempo na arquitetura, onde o aspecto da ‘apresentação’ é destacado. Neste ensaio ele observa a importância de uma arquitetura que ‘apresenta’ mais do que ‘representa’ o tempo (42). Rajchman recorre novamente a Deleuze, refere-se ao tempo inventado pelo cinema, dos ‘espaços desconectados’, um tempo liberto dos ciclos e estações, que funciona não linearmente suscetível a cortes abruptos. O autor cita Deleuze: ‘the time is out of joint’ (43). Seria o ‘tempo da cidade’, onde muitos possíveis mundos podem coexistir em um único dinâmico espaço, permitindo a estranha justaposição, simultaneidades, disparidades e hibridez. Uma nova maneira de apresentar o tempo não mais subordinado ao movimento prévio ou ciclo, como Rajchman comenta, o promenade corbusiano seria interrompido, quebrado, multiplicado, com saída e entrada deslocadas, mais próxima a uma ‘diagramação koolhaasiana’. Chega-se a algum destino: uma estratégia pragmática do emprego de ‘tempos’ múltiplos, fracionados e passíveis de reordenamentos.

Em algum destino ainda que intermediário: concluindo sobre o artifício pragmático

Refletir sobre o tempo é sempre uma tarefa muito abstrata e perigosa, pois existe um viés bastante subjetivo, há muitos tempos dentro do tempo. Assim uma análise teórica sempre pode resultar em um intelectualismo estéril. Uma visão contextualizada permite administrar melhor este risco, ainda que não o resolva em absoluto, e gera reflexões que poderão ser uteis para tarefa de ‘re-semantizar’ o papel do tempo na contemporaneidade arquitetônica. Então, uma brevíssima contextualização.

Como já foi tratado por Garcia-German (44), houve uma mudança na forma de entender o ‘tempo’ histórico na arquitetura. Do tempo linear unidirecional modernista endereçado para o futuro, para um ‘tempo genealógico’ voltado para o passado, uma colagem pós-moderna historicista. Em outras palavras, de uma visão destradicionalizada voltada para o sabor utópico do futuro, para outra enamorada do passado e saudosista do valor da tradição rompida. Deste ambiente surgem os dois caminhos comentados no começo deste artigo e tratado no texto ‘6=6?’. Um deles, nomeado às vezes como Regionalismo Crítico, parte da ideia que é possível buscar uma essência do passado que possa ser atualizada, sua visão de tempo é alongada onde passado e presente se misturam desaparecendo suas diferenças. Baseia-se de alguma forma em ‘certezas’, uma ‘verdade dada’ culturalmente, que faz sua adaptação ao dinamismo atual às vezes muito difícil. Um claro risco surge se tratar apenas com as representações sociais dadas, podendo não conseguir responder as demandas atuais, por exemplo, o desencaixe oriundo das tendências globais.

O segundo, taxado como Desconstrutivismo, bem mais próximo das ideias pragmáticas aqui apresentadas, está mais focado no presente. Porém, este ‘tempo presente’ é entendido através de mecanismos de narração e desconstrução. Um processo indéxico que busca revelar ou inventar indícios de algo escondido por detrás de alguma máscara ou de sua exterioridade. Porém, por mais que a narração ‘apresente’ um evento, seu produto muitas vezes termina na armadilha formal de apenas ‘representar’ os rastros de sua desconstrução analítica. Assim, se por um lado evita as representações sociais tradicionais, acaba em um resultado indexado através de elementos construtivos fora de sua posição convencional. Ao final, ao invés de tratar dos problemas da metrópole está representando seus efeitos por meio de um intelectualismo analítico. Mesmo que trate do presente não consegue fixar-se a este, pois está preso a seu julgamento.

Provavelmente a partir de uma reação anti-intelectual e da busca de respostas compatíveis com o dinamismo contemporâneo, o caminho de uma arquitetura Pragmática se ergue junto a uma ideia específica de tempo. Desta vez, sua ideia de presente parece se refletir sobre uma ‘verdade’ em constante construção, nas ‘things in the making’, como também, um entendimento de um mundo complexo, construído por múltiplos discursos. Um mundo cambiante e não definitivo, passível somente a diagnósticos e diagramações.

Chega-se a um ponto, ou múltiplos pontos: o tempo do diagramático

O ato de projetar, ação que em alguns momentos históricos se confunde com a definição de arquitetura, traz em si uma clara questão temporal. O projetar tem um sentido de antever, é determinar algo que está à frente, e assim, flerta com algo futuro. Trata-se de uma ação no presente, mas constrói relações tanto com o passado como com o futuro, sendo mais específico, com representações do passado e idealizações do futuro. Agora, fazendo um exercício de imaginação, supondo que a percepção do tempo estivesse extasiada por um tempo muito dinâmico, de transformação contínua, como não pensar que a ‘linha’ da projeção, do antever, não fosse atingida e a previsão ameaçada? Alguns arquitetos contemporâneos se mostram interessados em esta suposta impossibilidade de projetar ou planificar o futuro, assim, para lidar com este dinamismo, eles parecem entender o tempo em múltiplas frações e direções. O passado não mais se torna referencia segura e o futuro uma incógnita. Caberia neste sentido apenas, como defende Rajchman, ‘diagnosticar’ e ‘diagramar’, ou como lembra Giddens (45), cartografar futuros possíveis-prováveis-disponíveis se torna mais importante que qualquer cartografia do passado.

Tratar-se-ia de uma cartografia do mundo virtual dentro do real, assim uma cartografia múltipla, que não trataria somente da análise das ligações entre as coisas e o homem através dos efeitos que produzem, mas da interrogação dos desdobramentos de suas enunciações. Não se trata de um signo que ofereça uma simples representação contra ou a favor de algo, a partir de parâmetros estaticamente organizados, trata-se de uma questão diagramática que trata do movimento, das relações estruturais internas e externas, como a própria visão peirceana já o definia. Este diagrama enfoca as sinuosidades dos movimentos dos discursos no campo de suas influencias, como destaca Brito, o diagrama remarcaria ativamente as sinuosidades, intensificaria o movimento, traçaria dobras em uma superfície presunçosamente homogênea, produziria uma ordem, ou seja, o desafio seria dar novo impulso ao jogo de forças: enunciar descontinuidades. Este cumpriria uma função de interrogar o desdobramento das enunciações no momento semiótico da Pragmática, gerando um outro tipo onde o múltiplo se apresenta.

Assim, na arquitetura contemporânea começa a ser cada vez mais usual ver diagramas ganhando destaque em lugar de desenhos de edifícios acabados. Estes não representam uma realidade final, mas sim traduzem/recriam os movimentos das forças presentes em múltiplos movimentos e tempos. Emergem na arquitetura cada vez mais fluxos cartografados de pessoas, veículos, informação ou mercadorias. Forma-se uma paisagem de dados quantitativos que se movimenta e se desdobra, um exercício microfísico que não pode ser lido em um código representacional universal, pois é necessário um signo que registre as sutilezas de seu movimento e suas virtualidades, seus devires. Interno a produção destes diagramas se encontra um ‘tempo do diagramático’, como nomeou Rajchman, que se caracteriza como um tempo múltiplo composto por fragmentos que não mais se organizam linearmente. Estes lidam com forças que não somente podem extrair regras de uso que governam os significados em cada interpretação, mas também marcas de descontinuidades e experimentos: uma Pragmática do múltiplo.

A questão se esta multiplicidade esvazia a produção da linguagem, ou se a potencializa no desdobramento das interrogações de seus discursos, fica em aberto, mas parece claro que sua capacidade múltipla virtual dialoga com as variáveis parametrizáveis e os diversos padrões algoritmos do mundo digital. Este mundo joga com o futuro, através da diagramação das possibilidades encontradas no presente. Estas possibilidades são procuradas a cada momento que algum slider é regredido ao zero, e o tempo é reiniciado, um tempo explodido e simultâneo, mas residente no presente (figura 1). Um tempo marcado pela experiência no presente, mas não é o presente do imediatismo, e sim como o “presente vivo” definido por Deleuze, onde “...o passado e o futuro não designariam instantes distintos de um instante supostamente presente, mas as dimensões do próprio presente, na medida em que ele contrai os instantes” (46).

Entretanto é importante destacar que o ‘real time’ digital – presente na ‘reality’ dos replays, cortes e loops; revela-se muitas vezes mais um escravo de uma realidade ilusória que liberto na virtualidade das possibilidades. Este tempo fragmentado e múltiplo, desprendido do peso da ‘repetitividade’ da tradição e da sedução idealizada utópica, trata de um presente em aberto como um campo de possibilidades. Assim, por meios de registros como os diagramas, estas estratégias trabalham com tal abstração, que o tempo se mostra seccionado e desencaixado como um filme de Peter Greenaway. O tempo ao qual o diagrama se refere é múltiplo, é a virtualidade existente no presente e trata das diversas possibilidades do momento, contraindo passado e futuro. O diagrama lida com um significado de caráter estrutural, busca estruturantes da realidade/coisa apresentada, e assim, seu tempo interno não tem começo ou fim, e por cartografar forças e movimentos múltiplos decorrem destes vários possíveis presentes, com múltiplos sentidos e direções. O diagrama aqui é signo e raciocínio criador, e potencialmente uma máquina geradora de outras imagens e significados, rastreando os movimentos das ‘things in the making’.

Por detrás desta atitude pragmática, ou Pragmática, é claro que reside um enorme perigo, e antes que pareça que este artigo ignore ingenuamente este aspecto ou até mesmo nutra uma simpatia muda, um alerta final não poderia ser esquecido: o problema de adotar o presente como moradia, seja o da dureza da realidade ou o da liberdade da virtualidade, é que este precisa existir fora de um breve momento. As claras tentativas de aproximação à filosofia francesa parecem tentar escapar da crítica que historicamente rondou o Pragmatismo filosófico clássico, no entanto, entre um ‘p’ e outro ‘P’, esta crítica agora parece assombrar a arquitetura: o perigo de retirar da vida o que mais lhe dá significado, a possibilidade de sonhar além de suas necessidades visíveis, a necessidade de desejar um universo mais fantástico, como diz van Toorn, ‘ambições maiores’. Talvez pela circunstância/ressaca da época atual, é compreensível essa paixão pela realidade e aversão a utopia, mas de modo franco, este caminho parece mais um na complexa rede de vias para a arquitetura futura. Seria interessante que essa condição pragmática dê condições de, “quando a grande oportunidade bater a porta”, como diz Rajchman, se tenha condições de experimentá-la e continuá-la, sem deixar-se aterrorizado no imediatismo da prisão da mudança eterna.

notas

NA
Este artigo faz parte de uma investigação de doutorado que conta com o auxílio da CAPES através de bolsa Doutorado Pleno.

1
DUARTE, Rovenir B. 6=6? Caminhos, reflexões e o tempo da arquitetura contemporânea. Arquitextos, São Paulo, 11.124, Vitruvius, sep 2010 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.124/3573>.

2
Este tipo de rotulagem é muitas vezes útil e sempre perigosa, mas pode-se dizer que houve uma polarização entre o universo acadêmico ‘desconstrutivista’, apoiado em filósofos como Derrida, e os ‘profissionais da construção’. Mais próximo deste último aparece esta abordagem de resistência, por uma arquitetura que considerasse seu meio e não fosse tão abstrata.

3
VAN TOORN, R. “No more Dreams?” In: Saunders, W. (ed.). The New Architectural Pragmatism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2007.

4
Como foi escrito no texto ‘6=6?’, Frampton comenta que o Regionalismo Crítico possui uma visão crítica sobre o regionalismo sentimental, contra um ar nostálgico.

5
RAJCHMAN, J. “A new pragmatism?” In: Davidson, C. (ed.). Anyhow. London: The MIT Press, 1998, p.212-217. O Anyhow é uma das dez conferências anuais realizadas para investigar as condições da arquitetura no fim do milênio, são chamadas de Any Conferences, com a organização de Cynthia Davidson.

6
O Pragmatismo ‘clássico’ é centrado principalmente em três nomes: Charles Peirce, William James e John Dewey. Os dois primeiros, membros do Metaphysical Club, travaram discussões fundamentais nos anos de 1870. Contudo foi James que, desenvolvendo-a, tornou popular, principalmente em ‘Pragmatism’ (1907). A partir destas idéias que pensadores como Richard Rorty, Richard Bernstein e Hans Joas, por volta dos anos 70, retornam as ideias do pragmatismo, principalmente de Dewey, gerando o ‘Neo Pragmatismo’. Questionam fortemente a ideia de verdade enquanto representação da realidade, propõem uma filosofia anti-representacional e uma verdade mutável.

7
SEWING, W. “From Deleuze to Dewey?”. In: AV Monografías: Pragmatismo y Paisaje (Madri), n. 91, Septiembre-octubre, 2001, p. 8-13. Para o teórico alemão Werner Sewing, Rajchman parece ter inaugurado um pragmatismo que deriva de forma quase forçada da teoria francesa pós-estruturalista, uma herança da época como professor em Paris, pois tratava na mesma medida o discurso francês, o debate em Nova York e na difusão neo-pragmática nos Estados Unidos.

8
‘Coisas em processo’, um aforismo de William James, de 1909, ‘What really exists is not things made, but things in the making’, foi acunhado em uma discussão com Henry Bergson, para introduzir a oportunidade dentro da questão do ‘como’. Este aparece no livro cujo título já revela o espírito de suas idéias, ‘A Pluralistic Universe’ (1909).

9
Na visão pragmática clássica as ideias devem ser consideradas como um “guia para a ação”, em sentido instrumental, porém para Foucault é necessário interrogar o desdobramento de suas enunciações, a partir dos efeitos de verdade que se produzem em seu acontecer: um sentido experimental (Britos, 2003).

10
“Arquivo” é um dos pressupostos teóricos fundamentais de sua ‘Arqueologia do Saber’ de 1969. Faz parte de um método de inquérito dos discursos, uma análise dos enunciados, repousando ‘...no princípio de que nem tudo é sempre dito’ (Foucault, 2008). O Arquivo seria aquilo que faria prisões se assemelharem-se a fábricas, escolas, quartéis e hospitais. Sobre este comenta: “Trata-se (...)  do que faz com que tantas coisas ditas por tantos homens, há tantos milênios, não tenham surgido apenas segundo as leis do pensamento, ou apenas segundo o jogo das circunstâncias (...); mas que tenham aparecido graças a todo um jogo de relações que caracterizam particularmente o nível discursivo; que em lugar de serem figuras adventícias e como que inseridas, um pouco ao acaso, em processos mudos, nasçam segundo regularidades específicas; em suma, que se há coisas ditas - e somente estas -, não é preciso perguntar sua razão” (FOUCAULT, M. Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, 1985, p.143).

11
RAJCHMAN, J. Op. Cit., p.214.

12
Este termo não é comentado por Rajchman, na verdade é uma expressão de Deleuze em sei livro “Foucault”, onde comenta “toda a filosofia de Foucault é uma pragmática do múltiplo” (Apud BRITOS, 2003).

13
BRITOS, María del Pilar. “Michel Foucault: del orden del discurso a una pragmática de lo múltiple”. In: Tópicos, Santa Fe, n. 11, 2003. Disponible en Scielo <http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1666-485X2003000100004&lng=es&nrm=iso>. accedido en 07 sept. 2012.

14
Rajchman comenta a observação feita por G. Deleuze a respeito de M. Foucault, em seu livro ‘Foucault’ de 1986.

15
SEWING, Op. Cit.

16
OCKMAN, J. “Pragmatism and Architecture”. In: AV Monografías: Pragmatismo y Paisaje (Madri), n. 91, Septiembre-octubre, 2001, p.4-7.

17
O arquiteto comenta ‘(...) depois deste congresso me sinto menos ainda tentado a fazê-lo’. Em: KOOLHAAS, R. “Masa crítica” (debate entre Rem Koolhaas e Cornel West). In: AV Monografías: Pragmatismo y Paisaje (Madri), n. 91, Septiembre-octubre, 2001, p. 32.

18
Estas discussões refletiram demasiadamente o surgimento de uma nova leva de filósofos americanos, por exemplo, Richard Rorty fez uma grande defesa do novo patriotismo e valorização dos fundamentos da sociedade norte-americana (SEWING, op. cit). Por outro lado, Koolhaas observa que a arquitetura atual busca respaldo do pragmatismo devido a sua riqueza na materialização de conceitos (KOOLHAAS, op. cit.).

19
SOMOL, R. e WHITING, S. “Notes Around the Doppler Effect and Other Moods of Modernism”. In:  Perspecta (New Haven), vol. 33, 2002, p. 72-77.

20
Paradigma proposto por M. Hays em ‘Critical Architecture: between culture and form’ (1984). Neste texto o autor procurou uma posição entre a eficiente representação dos valores culturais preexistentes e dominantes, e a autonomia de um sistema formal abstrato desassociado das contingências do lugar e do tempo.

21
Os autores comentam que mais do que invocar a estratégia oposicional, uma estratégia da dialética crítica, procuram algo como o efeito Doppler, termo que aparece no título do artigo (Somol e Whiting, 2002). Esse efeito é observado quando um emissor de ondas encontra-se em movimento, como ao atirar uma pedra em um lago, quando olhado por cima é visto que as ondas estão igualmente espaçadas, mas quando uma pedra é atirada de modo a quicar na superfície da água, se observa que à frente a distância entre as ondas é menor, parecem comprimidas.

22
Hot no sentido de algo mais ambicioso, van Toorn (2007) observa que Somol e  Whiting provocam insinuando que os arquitetos deveriam parar de se queimar nesta arquitetura ‘hot’ que insiste na confrontação, desencorajando assim uma arquitetura nascida da dor ou na necessidade de sabotar as normas. O Cool seria algo mais tranqüilo e sem muito esforço.

23
Deleuze em o ‘Atual e o virtual’ (In: Alliez, Éric. Deleuze filosofia virtual. São Paulo. Editora 34, 1996, p.47-58), observa que as imagens virtuais são tão pouco separáveis do objeto atual como o contrário, reagindo sobre o atual. Afinal virtual não se contrapõe ao real e sim ao atual.

24
Assim quando os arquitetos se engajam em tópicos aparentemente externos à arquitetura, não agiriam como especialistas em economia ou política, por exemplo, mas sim como especialistas em projeto, e entenderiam como este afetaria a economia e a política (Somol e Whiting, 2002)

25
Van Toorn, op. cit.

26
O termo aqui seria ‘projective’ advindo do item ‘From critical to projective’ do texto de Somol e Whiting, esta explicação é dada por Whiting a van Toorn, presente em nota de rodapé 6 em van Toorn (2007), quando este a questiona. Interessante observar que em sua resposta aparece o caráter estratégico deste termo, o que permite pensar as indagações de Rajchman, a partir de Foucault, sobre o caráter estratégico, e não instrumental, e o fato de ser uma diagramatização e não planejamento.

27
Este efeito parece uma deformação assimilando o movimento, Somol e Whiting (2007) relacionam este efeito à visão da disciplina arquitetônica, que ao invés de invocar uma estratégia opositora, típica da dialética crítica, entende a disciplina arquitetônica como uma síntese adaptativa de muitas contingências arquitetônicas.

28
Speaks, M. Design Inteliggence. A+U (Tóquio), n. 387, 2003, p.11-15.

29
Gausa, M. Optimismo Operativo: Hacia un nuevo idealismo pragmático en Europa. In: Cros, S. (ed.). Optimismo operativo en arquitectura: OPOP! Barcelona: Actar, 2005.

30
Saunders, W. (ed.). The New Architectural Pragmatism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2007.

31
Como expressa o subtítulo de um texto de van Toorn (op. cit.), ‘Desencanto’, em mundo caracterizado pela produção informatizada, pelas aplicações genéticas e tecnologia, comércio e entretenimento cultural: a realidade pode parecer bem excitante que qualquer sonho. Muitos arquitetos acreditam que não mais faz sentido gastar tempo construindo novas ideologias e críticas ao sistema.

32
A revista Praxis n. 5, cujo tema foi ‘Achitecture After Capitalism’, com a participação de M. Hays, S. Kwinter, F. Scott, M. Speaks e H. Foster, publicou um Fórum sobre os diferentes modos que a teoria e a prática poderiam operar dentro ou fora da economia, política e modelos ideológicos do capitalismo tardio.

33
Kwinter, S. There is no such thing as ‘Post Critical’ (only good and bad criticism). Praxis: ‘Achitecture After Capitalism’ (Boston), n. 5, 2003. P. 17-21.

34
Giddens, A.; Beck, U. e Lash, S. Modernização Reflexiva: Política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora Unesp, 1997.

35
Giddens, A. As conseqüências da Modernidade. São Paulo: Ed. Unesp, 1991

36
Paixão, H. (et.all). Modernidade e Reflexividade: Uma leitura da obra de Anthony Giddens. Revista de Iniciação Científica da FFC, v.4, n.1, 2004.

37
Costa, S. Quase crítica: insuficiências da sociologia da modernização reflexiva. Revista Tempo Social (São Paulo), v. 16, n. 2, 2004, p. 73-100.

38
Hays, M. After Critique, Whither? Praxis: ‘Achitecture After Capitalism’ (Boston), n. 5, 2003. p. 16-20.

39
Rajchman, op. cit.

40
Garcia-German, J. From representation to diagram. Saarbrücken: Verlag Dr. Müller, 2010. O autor observa que no lugar de um ‘tempo profundo’ de Rossi, existiria o ‘tempo plano’ de Colin Rowe e Robert Venturi. Mais informação em seu texto ‘From genealogical time to creative time’.

41
Por desencaixe se refere “...ao ‘deslocamento’ das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço” (Giddens, op. cit. p.29).

42
Rajchman, J. Time Out. In: Davidson, C. (ed.). Anytime. Cambridge: The MIT Press, 1999, p.152-167.

43
Esta frase dá origem ao título deste artigo de Rajchman (1999), refere-se à de Hamlet citada por Deleuze em Cinema 2, cuja tradução poderia ser: o tempo está desarticulado ou desencaixado.

44
Garcia-German, op. cit.

45
Giddens, op. cit.

46
Deleuze, G. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2006, p.75.

sobre o autor

Rovenir Bertola Duarte é mestre pela FAU-USP (2000) e professor do curso de arquitetura da Universidade Estadual de Londrina desde 1996, foi coordenador do grupo de estudos Contemporar e diretor do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Engenharia e Arquitetura. Atualmente se encontra em licença cursando doutorado na Univesitat Politècnica de Catalunya (UPC-Barcelona).

 

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