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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
O trabalho do arquiteto urbanista na promoção da qualidade do processo humano de habitar o mundo e a contribuição de estratégias da pesquisa qualitativa para abordar a complexidade do “objeto” social dessa profissão em projetos e intervenções sociais.

english
The work of architect and urbanist in promoting the quality of the human process of dwelling the world and the contribution of qualitative strategies to approach the complexity of the social "object" of his profession in projects and social interventions.

español
El trabajo del arquitecto urbanista en la promoción de la calidad del proceso humano de habitar el mundo y la contribución de las estrategias de investigación cualitativa para abordar la complejidad del "objeto" social de esa profesión en proyectos.


how to quote

KARNOPP, Zuleica Maria Patrício; ALMEIDA, Maristela Moraes de; SIERVI, Elizabeth Campanella de; BULA, Natalia Nakadomari. A pesquisa qualitativa e o ente da arquitetura e urbanismo. Contribuição para estudos e o exercício da profissão. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 192.04, Vitruvius, maio 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.192/6058>.

Foco na complexidade. O olhar do arquiteto sobre a existência humana, seus valores, desejos e necessidades
Foto Rei Santos

Introdução

Quando um arquiteto elabora, ou mesmo quando avalia um projeto de arquitetura costuma analisar variados elementos, desde aqueles mais evidentes até aqueles ligados a micro estruturas - quase nano - dos materiais utilizados. Isso é ainda mais intenso face ao crescente avanço das tecnologias. Talvez tão complexo quanto esses componentes, aparentemente inanimados, sejam aqueles notadamente animados, desejantes e volitivos: os demais seres humanos. Presente em todos os processos de trabalho do arquiteto, esses “elementos” podem gerar situações de difícil compreensão e abordagem, em razão da diversidade de intenções, valores sociais e éticos envolvidos na interação.

Esse tema resultou de reflexões sobre atividades de pesquisa e extensão, realizadas junto a populações de contextos brasileiros, nos quais considerava-se a diversidade ambiental e formas possíveis de ocupar e “circular” nos espaços (1) e a adequação às necessidades e aos direitos e desejos, bem como aos deveres daquela população em relação aos mesmos.

A análise daquelas atividades mostrou uma complexidade de situações intersubjetivas e ressaltou a forte relação da qualidade da existência do ser humano com a sua forma de habitar o mundo. Esse contexto, associado à análise da Lei do Exercício Profissional e das Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em arquitetura e urbanismo, apontou a importância do papel do arquiteto urbanista na promoção da qualidade de vida das pessoas e do ambiente, evidenciando a necessidade desse profissional aperfeiçoar-se em pesquisa qualitativa, por ser a modalidade mais apropriada para fenômenos humanos.

Diálogos no cotidiano acadêmico da arquitetura e urbanismo, associados à análise de publicações e currículos de cursos dessa área no cenário brasileiro, apontam fragilidades na formação do arquiteto urbanista no que diz respeito a essa modalidade de abordagem. A questão é que, por suas particularidades, a abordagem qualitativa contribui com o aperfeiçoamento de habilidades do profissional para condução de situações que exigem competência para conhecer, compreender e atender a demanda complexa de componentes humanos repletos de subjetividades.

Com a leitura de artigos de autores da área da arquitetura, voltados a essas questões, esse pressuposto foi fortalecido, mais ainda quando, em processos de ensinar-aprender pesquisa qualitativa com doutorandos, emergiram reflexões sobre qual seria “o ente – ou entes - da arquitetura e urbanismo”: “Qual é a essência da arquitetura e urbanismo como profissão?”; “O arquiteto trabalha para atender necessidades humanas relacionadas a criação de espaços para o viver individual e coletivo?” “Afinal, o profissional arquiteto existe por que/para que?” E quais as formas de abordar esse contexto?”.

A discussão de abordagem interdisciplinar, integrando diferentes pessoas e saberes, gerou este artigo, um ensaio sobre esse tema, cuja intenção é sensibilizar estudantes e profissionais da área de arquitetura e urbanismo para refletir sobre o sentido da profissão no mundo atual e a pertinência da utilização sistemática de princípios e técnicas da pesquisa qualitativa em seus objetos de estudo e cotidianos de trabalho.

Qual é o ente da arquitetura e urbanismo?
Foto Rei Santos

O ente da arquitetura e urbanismo: da reflexão à legislação

O ente poderia ser identificado como o foco e o significado de ser e de existir do profissional da arquitetura e urbanismo; aquele ser, individual ou coletivo, para o qual seu trabalho se destina; aquele, repleto de “possibilidades”, que deverá ser considerado em todo o processo de elaboração de arquiteto como coautor e beneficiado pelo produto final de suas criações, de suas estratégias pedagógicas e de sua responsabilidade técnica. Considere-se que em alguns contextos haja o envolvimento, a existência, de outros entes, talvez de relação mais direta daquela existente entre o arquiteto e o “usuário”, como é o caso da interação com o sujeito contratante do arquiteto.

“Ente”, para Heidegger, “é tudo aquilo de que falamos; tudo aquilo em que pensamos; tudo aquilo em relação ao que nos comportamos, mas também é o que nós mesmos somos e a maneira pela qual o somos” (2).

Sem dúvida, a compreensão do ente pode se exprimir num discurso. Mas ela é, antes de tudo, implícita, vivida. A interpretação do ente é, primordialmente, uma atitude prática e efetiva em relação a ele, um modo de nos situarmos diante dele, de nos relacionarmos com ele (3).

Nos estudos de Abbagnano, “ente” é “o que é, em qualquer dos significados do ser” (4).  Este é o conceito de maior significância entre os filósofos e o qual se pretende associar no contexto desse artigo.

A palavra “ser” é usada em diferentes contextos, entretanto, quando “se parte do sentido existencial de ‘é’, então parece ser lícito passar a um sentido existencial de ‘ser’. É justamente o que ocorre quando se fala de ‘o ser’, significando-se com isso o que existe, o ‘sendo’ ou o ‘ente’ (5).

Considerando-se semelhanças e controvérsias relativas às diversas definições de “ser”, apresentadas na obra de Abbagnano, algo fica evidente: o “ser se diz de muitos modos” e, ainda: um “ser” também percebido como possibilidades de “entes” (6).

Esse “ente” é um processo, é o ser-aí (Dasein na língua original de Hegel e de Heidegger); o indivíduo existindo pelo seu modo de ser, com indeterminadas possibilidades de vir a ser, dada a sua essência (7). Juez (8), na visão contemporânea, diz que os paradigmas do projeto estão em mutação; a autoria partilhada, a relação arte-técnica no múltiplo reprodutível, o quotidiano desmistificador e ainda a emergência do novo ator - o usuário - são traços de sua socialização no século 20, o que se fortalece ainda mais no contexto atual.

Figura-Fundo. A complexidade e diversidade do ente da arquitetura e urbanismo
Foto Rei Santos

A análise da Lei do exercício profissional do arquiteto urbanista (9) e das Diretrizes Nacionais Curriculares (DNC) de graduação em arquitetura e urbanismo, aguçam reflexões sobre o “ente” da arquitetura. Quando definem os campos da atuação profissional do arquiteto urbanista, sugerem o quanto essa profissão exige uma formação que habilite o egresso para: a compreensão dos humanos; a criação e preservação de ambientes que promovam a qualidade de vida; o desenvolvimento de habilidades de intervenção educadora junto a indivíduos e populações – os “usuários”. O Art. 4º ilustra essa percepção ao estabelecer que o curso de arquitetura e urbanismo “deverá ensejar condições para que o futuro egresso tenha como perfil”:

sólida formação de profissional generalista; aptidão de compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidade, com relação à concepção, organização e construção do espaço interior e exterior, abrangendo o urbanismo, a edificação e o paisagismo; conservação e valorização do patrimônio construído; proteção do equilíbrio do ambiente natural e utilização racional dos recursos disponíveis (10).

Das treze “competências e habilidades”, inscritas no Art. 5º, e cuja formação deverá possibilitar, destaca-se para esse contexto aquelas que dizem respeito a formação do arquiteto urbanista para:

o conhecimento dos aspectos antropológicos, sociológicos e econômicos, relevantes e de todo o espectro de necessidades, aspirações e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construído; as habilidades necessárias para conceber projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo e para realizar construções, considerando os fatores de custo, de durabilidade, de manutenção e de especificações, bem como os regulamentos legais, de modo a satisfazer as exigências culturais, econômicas, estéticas, técnicas, ambientais e de acessibilidade dos usuários; e para os conhecimentos de teoria e de história da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo, considerando sua produção no contexto social, cultural, político e econômico e tendo como objetivo a reflexão crítica e a pesquisa (11).

É interessante observar que esta perspectiva complexa do “ente” da arquitetura se estabelece desde a antiguidade, exigindo do arquiteto o desenvolvimento de habilidades, hoje conduzidas por uma formação teórico-prática ampliada, interdisciplinar e com doses de sensibilidade:

Vitrúvio nos falava sobre o arquiteto medieval: Ele que seja educado, habilidoso com o lápis, instruído em Geometria, que saiba muito de História, que tenha seguido os filósofos com atenção, compreenda música e tenha alguns conhecimentos de Medicina, saiba a opinião dos Juristas e esteja familarizado com a Astronomia e a teoria dos céus (12).

Esse perfil “medieval” do arquiteto, hoje mais diversificado e instituído na Lei do Exercício profissional e nas DNC, vem sendo transformado, acompanhando a complexificação dos modos de viver humano e dos conhecimentos tecnológicos. Tecidos em uma diversidade de teias sociopolíticas e ambientais, essa realidade requer do arquiteto o aperfeiçoamento contínuo de suas múltiplas competências. Inclui-se a reflexão crítica sobre suas ações e seus respectivos paradigmas; sobre a coerência de suas estratégias de pesquisa e intervenção social com suas aspirações criativas, responsabilidades e considerações ao seu “ente”. Lidar com fenômenos humanos em um dado contexto, exige abordagem com propriedades próprias, e com rigor metodológico que considere o usuário e o profissional da mesma natureza: “ente”, ou seja, Dasein.

Sendo assim, identifica-se a necessidade de o arquiteto urbanista desenvolver seu potencial para pesquisa e interações com diversos tipos de seres humanos, considerando ainda, os vários contextos e situações de vida nos quais seus projetos possam estar envolvidos.

A relação dos métodos qualitativos de pesquisa com o ente da arquitetura e urbanismo: Questões epistemológicas e de prática profissional

Refletir sobre o ente da arquitetura e urbanismo traz à memória aquela cantiga de infância de Villa-Lobos (13), provocativa e instigante em sintonia com a imagem do processo de Projetar do arquiteto urbanista, quando pensa e sente sobre um espaço para si: Se essa casa, se essa casa fosse minha..., Se essa rua, se essa rua fosse minha... Se essa calçada, se essa calçada fosse minha... Se essa praça, se essa praça fosse minha...Se essa escola, se essa escola fosse minha...Se esse hospital, se esse hospital fosse meu...Se essa clínica, se essa clínica fosse minha...Se essa academia, se essa academia fosse minha...

E quando precisa Projetar um espaço com outras pessoas, como pensa e sente o arquiteto? Se essa casa fosse nossa; se essa rua fosse nossa, se esse bairro fosse nosso; se essa praça fosse nossa; se essa cidade fosse nossa...?

Mas, se for ainda mais específico em relação a certos projetos, o arquiteto necessita pensar e sentir sobre a cultura do espaço do “ser”: alemão; italiano; índio; brasileiro do norte; brasileiro do sul; multicultural; professor; pobre, rico; morador de rua... E pensar e sentir, também, naqueles humanos que cultivam “seres” crianças, adolescentes, idosos, ou mesmo pessoas nos diversos ciclos da vida, e pessoas com necessidades especiais.

E, ainda, talvez tivesse que pensar e sentir sobre os logradouros deles, os escritórios deles, os bares e restaurantes deles, as escolas deles, os jardins deles, os cemitérios deles, as praças deles, os hospitais deles... as cidades deles.

Não bastasse isso, o arquiteto precisa considerar possibilidades e limitações dos entornos e suas relações afins, bem como possíveis contingências advindas de gestões públicas. Esse aspecto é mais evidente no contexto sociopolítico que se inscreve, conforme Brandão:

No século 20 dá-se a valorização do papel de um novo actor, até aqui inexistente, que é o usuário/consumidor, quase sempre representado pelo Estado, Municípios e outras Instituições, responsáveis pela tutela de interesses públicos. A Arquitectura finalmente “socializa-se” (14).

Para o autor, esse contexto leva os profissionais a terem que assumir sua responsabilidade no nível da valorização da arquitetura como cultura na construção, como processo de apoio ao controle social e como produto ético para atender aos interesses dos usuários finais.

Nessa perspectiva qual seria o ente da arquitetura e urbanismo? E como proceder para abordar esse ente com excelência, levando em conta as novas perspectivas trazidas pela contemporaneidade?

Sabemos que toda arte requer uma técnica apropriada, um modo especial de produzir. São criações que exigem um olhar sensível, muito, muito sensível, para projetar uma obra, desde a sua concepção de imaginário até sua conclusão.

Sabemos também que criar uma obra no âmbito da arquitetura e urbanismo tem sempre um sentido de produção de arte. Quando o “olhar técnico e sensível” do profissional aguça seus sentidos para perceber princípios éticos e estéticos inseridos nas necessidades, nos desejos e nas sensações possíveis de indivíduos ou coletividades, a obra também torna-se uma estratégia de empoderamento para os envolvidos.

Esse contexto exige que o arquiteto aprimore seus instrumentos de trabalho, introduzindo estratégias de métodos qualitativos de pesquisa, cujos princípios e técnicas o empoderam para identificar as diversas dimensões que compõem a complexidade da vida humana - sua identidade existencial, particular e coletiva, relacionada às dimensões socioculturais, psicofísicas e psicoespirituais - e para compreender as diferentes situações que se estabelecem na reciprocidade e dinamicidade dos seres humanos no ambiente natural e construído e momento histórico. Por priorizar técnicas como a entrevista com questões abertas e a observação participante no próprio contexto da situação estudada, a abordagem qualitativa entende o pesquisador como o “instrumento” mais importante no processo de investigação (15, 16, 17, 18 e 19).

Qualificando o olhar. Compreender as diferentes situações cotidianas. Reflexões de Dilnot (20) sobre o texto “Construir, habitar, pensar” de Heidegger, eleva a condição da pesquisa qualitativa na arquitetura
Foto Rei Santos

Qualificando o olhar. Integrar às questões de construir, aspectos relacionados ao Ser e ao seu propósito e modos de habitar
Foto Rei Santos

Investigar dessa forma, envolve perceber as manifestações da cultura humana, conforme concepção de Geertz e Weber (21 e 22), em toda a sua representação subjetiva e objetiva, o que lhe confere um caráter antropológico social, podendo envolver questões da metafísica e da psicologia cognitiva. Na perspectiva do significado prático, a investigação arquitetônica migra da lógica de funcionamento dos lugares para tarefas “prescritas”, para as lógicas de uso dos ambientes para atividades conforme são de fato realizadas pelos indivíduos e grupos, segundo suas características sociais e psicofísicas (23 e 24).

Sendo assim, um estudo qualitativo possibilita descrever e compreender fenômenos humanos, seu ambiente e o próprio ser humano, incluindo o profissional-pesquisador: sua história; sua mobilidade geográfica; seus conhecimentos, valores, interesses, desejos e sentimentos de medo, de prazer e de dor; suas emoções, crenças, normas, preocupações, motivações, intenções e expectativas, bem como suas práticas cotidianas, seus rituais e suas limitações e possibilidades de viver em um dado contexto e tudo o mais que se refira à simbologia do viver humano. A análise desses dados, integrada ao diálogo com a literatura, confere ao profissional maior propriedade para produzir um conhecimento ou avaliar uma dada situação dessa natureza. E ainda, essa construção teórica através da análise dos dados empíricos, possibilita gerar ou aperfeiçoar teorias de base e também teorias aplicadas com maior legitimidade (25).

Esses aspectos tornam os estudos qualitativos apropriados para abordagens fenomenológicas, dialéticas, holísticas, construtivistas e sistêmicas que possibilitam estudar situações complexas do processo de viver em diferentes contextos e ao longo dos processos históricos, particulares e coletivos. Essa modalidade tem sido utilizada nas áreas das ciências humanas, sociais aplicadas e saúde, mas é indicada para qualquer outra área cujo objeto de estudo e de ação envolva o ser humano em seu diversificado processo viver-morrer.

Chama-se atenção para o fato de que a pesquisa qualitativa não tem a intenção de testar ou comprovar hipóteses, no máximo apresenta pressupostos, dependendo do nível de complexidade da pesquisa. É comum ocorrer o contrário: a pesquisa qualitativa gerar muitas “hipóteses”, ou seja, outros pressupostos e questionamentos. E, tal como ocorre no cotidiano da arquitetura e urbanismo, essa modalidade de abordagem é exuberante no pressuposto de que não existe uma única solução correta para determinada situação-problema, mas várias possibilidades (26).

Estudar situações humanas, considerando sua complexidade e dinamicidade, requer procedimentos específicos de pesquisa com o rigor apropriado a esse “objeto” de estudo, bem como referenciais teóricos correspondentes. Para além de “conhecer” ou “identificar” componentes de uma dada situação, a pesquisa qualitativa é a única modalidade de investigação que possibilita compreender e desenvolver estratégias de intervenção apropriadas às situações sociais. Mesmo que, dependendo do objeto do estudo, haja necessidade de incorporar a modalidade quantitativa. Aliás, há trabalhos quantitativos sobre fenômenos humanos, cujos resultados são considerados mais legítimos quando suas “variáveis” são geradas por pesquisa qualitativa.

Parafraseando Fourez (27), a propósito da adequação de ferramentas para produzir conhecimentos, considere-se insensato querer fazer matemática sem se submeter, por exemplo, a disciplina de cálculos. Assim é impossível pensar em fazer arquitetura sem se submeter, também, ao estudo da condição humana, do seu papel de cidadão e de seu caráter particular de subjetividades.  

Esse pressuposto é reforçado quando, estimulados por Bachelard (28) ao se referir a compreensão de manifestações humanas, imagina-se atitudes qualitativas do arquiteto que o fazem transcender certos padrões da ciência positivista. Ao projetar uma residência, por exemplo, o profissional buscaria in loco, por entrevista e observação participante, conhecer o que é morar para o usuário indo além dos significados das áreas sociais da casa, “vasculhando”, também, o “sótão” e o “porão”, locais onde encontrará outras significações que acrescentariam atributos ao arquiteto.

Reforçando essa reflexão, Pallasmaa (29) diz que ao projetar uma casa, por exemplo, o arquiteto não consegue projetá-la para o outro como um usuário externo, estabelecendo dois âmbitos complementares: a capacidade de compreender as necessidades objetivas e subjetivas dos usuários.

É da máxima importância compreender que há muito a aprender com as reações individuais dos moradores às sugestões contidas no projeto. As moradias são projetadas segundo o que [os projetistas] pensam que as pessoas querem. E o que eles pensam não pode ser outra coisa além do estereótipo: tais soluções podem ser mais ou menos adequadas, mas nunca inteiramente satisfatórias. São interpretações coletivas dos desejos individuais de uma multidão elaborada por um pequeno grupo. O que sabemos de fato dos desejos individuais das pessoas, ou como podemos descobrir quais são seus desejos? (30).

Na perspectiva de projetos no âmbito de coletividades esse aspecto, e a necessidade de abordagens qualitativas, é ainda mais evidente. O ensaio de Malard (31), a propósito da “compreensão da arquitetura e de seu processo de criação”, considera a dimensão simbólica e busca demonstrar a conciliação da fenomenologia de Heidegger com a visão de caráter científico de Popper. A autora aponta para a necessidade de o arquiteto usufruir de sua natureza e refletir criticamente sobre seus processos de projetos, posto que a complexidade das dimensões envolvidas exige associação de abordagens.

A grande questão metodológica que se coloca à participação dos usuários no processo de planejamento e projeto do ambiente construído é de ordem puramente operacional: quando se trata de um objeto a ser apropriado por milhares de pessoas, como viabilizar a participação desse coletivo na formulação do projeto desse objeto? Essa não é uma questão trivial, pois não pode ser resolvida pelos instrumentos metodológicos usualmente presentes nas ações de projeto de arquitetura e urbanismo. A primeira dificuldade que a participação coletiva apresenta é relacionada à compreensão, por parte de leigos, dos códigos de representação do objeto arquitetônico (32).

Isso vale também para seu carácter interdisciplinar. A percepção sobre a diversidade nas demandas da produção na área da arquitetura e urbanismo, demonstra que o arquiteto necessita dialogar com outras áreas do conhecimento, tais como: Ambiental; Antropologia; Arqueologia; Artes; Design; Educação; Engenharia; Ergonomia; Filosofia; Psicologia; Saúde e Sociologia. Não para a simples ação de importar conhecimentos, ou conceitos científicos “nômades” - aqueles que passam de uma ciência à outra, segundo Stengers apud Fourez (33), mas de integrar esses conceitos de maneira que dialoguem com conceitos da arquitetura e conceitos representativos do senso comum, presentes na cultura popular.

Parece claro que, com exceção daqueles momentos de plena individualidade criativa, onde seu próprio “ente” se esvai em possibilidades, os processos de trabalho do arquiteto exigem dele habilidades especiais para interagir com diferentes pessoas, sejam colegas de equipe, clientes, de caráter público ou privado, ou mesmo representantes e gestores públicos, e uma infinidade de trabalhadores de culturas e histórias de vida diferentes das suas. Sob formas particulares de expressão, essas pessoas trazem para as interações com o profissional a matéria prima humana: intenções e outras representações de sua história de vida particular e coletiva, geradas por alegrias e mazelas vividas até então, enquanto sujeito particular e cidadão de um dado contexto, com possibilidades e limitações, com necessidades de sobrevivência e de transcendência, crenças, habilidades, frustrações, desejos, sonhos e expectativas...

São expressões do movimento dialético de estar e ser no mundo com os outros e a natureza; são questões éticas e estéticas que exigem do arquiteto atitudes de respeito, compreensão e responsabilidade. São fenômenos que, quando considerados pelo arquiteto, estarão naturalmente presentes na composição de seus trabalhos de criação, execução ou de ações educativas. Sem dúvida, questões como, por exemplo, “Por que as pessoas querem dessa, ou daquela forma?”; “Por que algumas pessoas cuidam, preservam os espaços e outras não?”; “Como desenvolver determinado projeto público com a Comunidade?”; “Como lidar com conflitos relacionados a componentes culturais, tais como valores, crenças e normas?” E, “Como essas abstrações se materializam no espaço?”.

Esses fenômenos demonstram a importância da abordagem qualitativa no trabalho do arquiteto, posto que, em menor ou maior intensidade, integra questões socioculturais, socioambientais, sociopolíticas e psicoafetivas das pessoas envolvidas. Até porque, em casos mais complexos, suas ações poderão exigir não somente a visão interdisciplinar, mas todo o processo de trabalho interdisciplinar e participante, a ponto de caracterizar-se um trabalho transdisciplinar. Partindo desse pressuposto, percebe-se que o arquiteto não somente estará aperfeiçoando suas habilidades técnicas e humanísticas mas, também, seu próprio aperfeiçoamento pessoal.

Dito isso, reforça-se o potencial dos métodos qualitativos, em especial de abordagem participante, para aperfeiçoar ainda mais as competências do arquiteto na sua aproximação aos contextos de habitar e circular e, assim, contribuir para o desenvolvimento da Ciência da arquitetura, em sua essência e seu sentido pleno na contemporaneidade.

Síntese final

A pertinência da pesquisa qualitativa na concepção e no gerenciamento de projetos de arquitetura é evidenciada quando o arquiteto urbanista necessita de princípios e técnicas dessa abordagem para levantamento, diagnóstico e análise de dados, bem como quando precisa de estratégias para desenvolver atitudes de intervenção social. O saber perguntar e o saber escutar e o saber olhar com ferramentas apropriadas é um começo, ainda mais sob a compreensão do contexto em evidência.

O profissional de arquitetura e urbanismo para desenvolver o perfil qualitativo, necessita saber aplicar adequadamente os princípios e as técnicas típicas dessa abordagem. Posto que nem todo o trabalho que apresente dados subjetivos será obrigatoriamente reconhecido como resultado de um estudo de abordagem qualitativa. A certeza de ser um estudo qualitativo, somente poderá ser confirmada pela constatação da forma como os dados foram levantados e como foram analisados.

Por exemplo, é preciso verificar se as perguntas realizadas e as expressões corporais do profissional que interroga e observa não provocaram, de forma alguma, qualquer indução de resposta por parte dos entrevistados (sujeitos, participantes/atores sociais). Tal qual, quando se aplica um questionário com questões de ordem subjetiva, mas com as respostas fechadas para assinalar: apesar de a investigação estar relacionada à subjetividade, a abordagem não pode ser considerada qualitativa (34).

Ao utilizar ferramentas qualitativas, o profissional arquiteto tem outra perspectiva de sucesso, seja porque a pesquisa qualitativa oferece maior credibilidade aos dados subjetivos levantados, seja porque suas estratégias possibilitam, de fato, expressar na materialização de seus processos de trabalho os elementos éticos e estéticos, próprios de um trabalho de arquitetura que tenha sido orientado pela liberdade de criação, consideradas a Lei do Exercício Profissional e as Diretrizes Curriculares que fomentam a formação profissional.

Assim, um trabalho de arquitetura, subsidiado por estratégias qualitativas está mais sintonizado com tudo o que se inscreve no universo dos questionamentos sobre “o modo como o ser humano habita esse mundo e as repercussões na sua qualidade de vida, individual e coletiva”, acabando por refletir na atitude do profissional no que tange a sua responsabilidade pelo processo de ocupação e modificação dos espaços.

O exercício sistemático de aplicação de técnicas de abordagem qualitativa no cotidiano dos processos de projeto aperfeiçoa a sabedoria do arquiteto, ampliando seus conceitos de "ambiência dos espaços", sejam estes do habitar humano individual ou coletivo. Posto que, segundo Malard (35), “ambiência” nada tem de esotérico ou impalpável, trata-se de uma dimensão bastante concreta da arquitetura. Considerada como um conjunto de qualidades que fazem de um lugar um espaço “sagrado”, ambiência representa um constante processo de apropriação, exigindo atitudes de cuidar, seja para preservar, arrumar ou para embelezar o lugar.

Toda essa apropriação de espaços é nada mais nada menos, que ação de humanizar ambientes, o que significa torná-los adequados ao uso humano; torná-los apropriados e apropriáveis segundo suas necessidades e desejos (36). Ou seja: significa colocar significados - subjetividades - na criação e no cuidado dos espaços de habitar.

Todo o projeto de arquitetura, percebido como um processo de transformação de um contexto socioambiental, seja este micro ou macro, individual ou coletivo, público ou privado, impõe especial competência técnica fomentada pela competência dos sentidos. Uma competência dessa natureza envolve razão e sensibilidade, tendo em vista a complexidade de seu “ente” e a consciência de como o profissional está intervindo na vida do outro ser humano e dos demais elementos da natureza.

Retomando o ponto de partida desse artigo, essas reflexões de caráter ético e estético, nos fazem perceber ainda mais a importância do arquiteto urbanista na promoção da felicidade humana e na qualidade da vida individual e coletiva e da natureza de maneira geral.

Fazendo uma analogia de conteúdos do livro “A arte de passear” de Schelle (37) com o trabalho desse profissional, especialmente quando se questiona “por que, ou para que, o arquiteto existe?”, acredita-se que o arquiteto urbanista exista como profissional para que, com sua arte e dedicação, ajude as pessoas a “passear” pela Vida, com mais satisfação, segurança, conforto e bem estar; com mais inspiração e alegria, mesmo com o sentimento de finitude.

Qualificando o olhar. Passear pela vida!
Foto Rei Santos

Nesse contexto, o arquiteto urbanista existiria para - com seus conhecimentos, sua criatividade, suas habilidades humano-científicas e com seus instrumentos e recursos tecnológicos – mediar o processo de reencantar o mundo, reencantar a vida individual e coletiva dos “seres” em parceria com a Natureza. Com seus projetos, ele reinventa técnicas, formas, texturas, cores, estruturas e possibilita mais segurança, funcionalidade, melhores vibrações, maior beleza e conforto e mais prazer e felicidade às pessoas.  Seu papel no mundo fica ainda mais evidente se incorporar seu potencial de educador junto à população, no sentido de mediar o aprendizado das pessoas para melhor usufruir os espaços construídos, no pleno sentido ético e estético da expressão.

E, se bem estimuladas pelas atitudes e produções desse profissional, viver para as pessoas, em todo e qualquer espaço, será como fazer um “passeio”, mas de maneira que suas pegadas não deixem rastros que impeçam a contemplação, o conforto, a alegria e o bem estar daqueles seres que ainda virão habitar esse mundo ou, melhor dizendo: que ainda virão “passear” nesse mundo.

A sistematização dos trabalhos do arquiteto com viés qualitativo, através de técnicas que lhe são próprias, tende a potencializar suas habilidades técnicas e artísticas e a estimular um tipo especial de percepção, sabendo integrar razão e sensibilidade nas diversas interações de seu cotidiano.

La arquitectura es una forma artística del ojo, de la mano, de la cabeza y del corazón. La práctica de la arquitectura exige al ojo una observación precisa y perspicaz. [...]. Puesto que la arquitectura es un arte de construcción y fabricación física, sus procesos y sus orígenes son ingredientes esenciales para su propia expresión. El arquitecto necesita de su cabeza para pensar con claridad. [...] necesita de su corazón con el fin de imaginar situaciones de la vida real y sentir compasión por el destino humano (38).

notas

NA – Agradecimentos ao fotógrafo Rei Santos por ceder suas imagens captadas com olhar sensível para esse artigo.

1
CIAM. Carta de Atenas. In: CURY, Isabelle (org.). Cartas patrimoniais. 3ª ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/montarPaginaSecao.do;jsessionid=BAAD7FAF13E965854EAFA32B5CED9FBA?id=17575&sigla=Institucional&retorno=paginaInstitucional>.

2
RUSS, Jacqueline. Dicionário de Filosofia: os conceitos, os filósofos, 1850 citações.  São Paulo: Ed. Scipione, 1994.

3
LADRIÈRE, Jean. Ética e pensamento científico: abordagem filosófica da problemática bioética. São Paulo: Letras & Letras: SEAF, [199-].

4
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

5
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

6
ABBAGNANO. Op. cit.

7
RUSS. Op. cit.

8
JUEZ, Fernando Martin. Contribuciones para una Antropologia del Diseño. Editorial Gedisa Mexicana: Barcelona, Espanha, 2002.

9
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da arquitetura e urbanismo; cria o Conselho de arquitetura e urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de arquitetura e urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 31 dez. 2010, p.1 (Edição Extra). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/L12378.htm>.

10
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n° 2 de 17 de junho de 2010. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em arquitetura e urbanismo, alterando dispositivos da Resolução CNE/CES no 6/2006. Brasília: Diário Oficial da União, 18 jun. 2010, seção 1. p. 37-38. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12991:diretrizes-curriculares-cursos-de-graduacao>.

11
Idem.

12
BRANDÃO, Pedro. Ética e profissões, no design urbano: convicção, responsabilidade e interdisciplinaridade - traços da identidade profissional no desenho da cidade. Tese. Programa de Doctorado Espacio Público y Regeneración Urbana: Arte y Sociedad. Departamento de Escultura. Universidade de Barcelona: Barcelona, 2005.

13
VILLA-LOBOS, Heitor. Nesta rua. Disponível em: <http://letras.mus.br/cantigas-populares/983995/>.

14
BRANDÃO. Op. cit.

15
BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto, 1994.

16
HAGUETTE, Tereza Maria F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis, Vozes, 2001.

17
MINAYO, Maria Cecília; DESLANDES, Suely Ferreira (Org). Caminho do pensamento: epistemologia e método. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2002.

18
PATRÍCIO, Zuleica M. Qualidade de vida do ser humano na perspectiva de novos paradigmas: possibilidades éticas e estéticas nas interações ser humano-natureza-cotidiano-sociedade. In: PATRÍCIO, Zuleica M.; CASAGRANDE, J; ARAÚJO, M. Qualidade de vida do trabalhador: uma abordagem qualitativa do ser humano através de novos paradigmas. Florianópolis, PCA, 1999. p.19-88.

19
STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Basics of qualitative research: grounded theory procedures and techniques. California/London/New Delhi, Sage Publications, 1990.

20
DILNOT, Clive. O texto decisivo: para iniciar a leitura de “Construir, Habitar, Pensar”. Revista Risco Online, São Carlos, p. 202-217, n.9, 2009. Trad. Valéria Eugênia Garcia e Manoel A. L. Rodrigues Alves.

21
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, LTC, 2008.

22
WEBWE, Max. Sociologia. São Paulo, Atlas, 1979.

23
BROADBENT, Geoffrey. Um guia pessoal descomplicado da teoria dos signos na arquitetura. In: NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica 1965-95. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 141-162.

24
ALMEIDA, Maristela Moraes de. Da experiência ambiental ao projeto arquitetônico: um estudo sobre o caminho do conhecimento na arquitetura. Florianópolis, 2001. 219 f. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/teses/PEPS2213-T.pdf>

25
PATRÍCIO. Op. cit.

26
KARNOPP, Zuleica M.P. O processo ético e estético de pesquisar: um movimento qualitativo transformando conhecimentos e a qualidade da vida individual-coletiva. Disciplina Introdução à Pesquisa Socioambiental do Curso de Especialização em Recursos Hídricos/UFSC. Florianópolis: Núcleo de Estudos das Águas/UFSC/CNPq, 2004.

27
FOUREZ, Gérard. A construção das Ciências: Introdução à Filosofia e á Ética das Ciências. São Paulo: UNESP, 1995.

28
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico, contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

29
PALLASMAA, Juhani. A. Imagem Corporificada, imaginação e imaginário na arquitetura. Porto Alegre: Ed. Bookman, 2013.

30
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 1999 .p.158.

31
MALARD, Maria Lucia. O método em arquitetura: conciliando Heidegger e Popper. Cadernos de arquitetura e urbanismo. Belo Horizonte, v.8, n.8, p.128-154, 2000.

32
MALARD, Maria Lucia, et al. Avaliação pós-ocupação, participação de usuários e melhoria de qualidade de projetos habitacionais: uma abordagem fenomenológica. In: ABIKO, Alex Kenia; ORNSTEIN, Sheila Walbe (org.). Inserção urbana e avaliação pós ocupação (APO) da habitação de interesse social. Volume 1, Coletânia Habitare/FINEP,1. São Paulo: FAUUSP, 2002. P.242-267, Capítulo 9. Disponível em: <http://www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/92.pdf>

33
FOUREZ. Op. cit.

34
KARNOPP. Op. cit.

35
MALARD, Maria Lucia. Os objetos do quotidiano e a ambiência. In: Encontro Nacional de Conforto do Ambiente Construído, 2º, 1993, Florianópolis. [Comunicação técnica]. Florianópolis. Anais... Florianópolis, ANTAC/ABERGO/SOBRAC, 1993, p.359-361.

36
Idem.

37
SCHELLE, Karl Gottlob. A arte de passear. São Paulo, Martins Fontes, 2001.

38
PALLASMAA, Juhani. La mano que piensa: sabiduría existencial y corporal en la arquitectura. Trad. Moisés Puente. Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 2012.

sobre os autores

Zuleica Maria Patrício Karnopp é docente aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina. Colaboradora em programas stricto sensu em disciplinas e projetos ligados a Métodos Qualitativos de Pesquisa, Processos de Ensinar-Aprender Construtivista Participante e a Qualidade de Vida na Relação Ser Humano-Ambiente.

Maristela Moraes de Almeida é arquiteta urbanista, docente do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutora em Engenharia de Produção.

Elizabeth Campanella de Siervi é arquiteta urbanista, docente do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Doutora em Engenharia Ambiental. Pós-doutorado em arquitetura e urbanismo.

Natalia Nakadomari Bula é arquiteta urbanista, docente no curso de arquitetura e urbanismo da Sociedade Educacional do Vale do Itajaí-Mirim, ASSEVIM. Mestre em arquitetura e urbanismo.

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