Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Revistas brasileiras – Veja e Isto É – desperdiçam fatos positivos de Niemeyer e batem nele maldosamente

english
Brazilian magazines - Veja e Isto É - ignore positive facts of Niemeyer and criticize him maliciously

español
Revistas brasileñas -Veja e Isto É- desperdician hechos positivos de Niemeyer y lo critican maliciosamente

how to quote

HUYER, André. Imprensa maltrata Niemeyer. Revistas brasileiras desperdiçam fatos positivos de Niemeyer e batem nele maldosamente. Drops, São Paulo, ano 03, n. 006.03, Vitruvius, jul. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/03.006/1604>.


Ao contrário da imprensa internacional, que tem a maior estima por Oscar Niemeyer, as principais revistas semanais brasileiras demonstram um incompreensível preconceito contra nosso maior arquiteto.

Em edição internacional, a revista norte-americana Newsweek (01 abril 2002) publicou reportagem homenageando Niemeyer. A capa, metade do índice e cinco páginas foram dedicadas integralmente a Niemeyer.

A matéria faz uma análise de sua obra, sua influência, sua repercussão, seus críticos positivos e negativos, e finaliza com uma entrevista. O que fez nossa imprensa? Sacou uma frase do último parágrafo da extensa reportagem, e publicou-a isolada, em destaque e fora do contexto:

"Eu não ligo a mínima para o cliente. Beleza e forma são meus objetivos".(1)

"Estou me lixando para o cliente".(2)

Ambas com foto do arquiteto.

Difícil saber se preconceito contra "santo de casa", ou se puro mau jornalismo mesmo. Provavelmente os dois. Por que não reproduziram os rasgados elogios que a matéria original fez à Niemeyer? Já que nesta ocasião a imprensa internacional não bateu no Brasil, nossa própria imprensa se encarrega disto! É de se questionar se algum dia nossas revistas dedicarão tantos páginas a Niemeyer.

Poderiam ter destacado a importância manifestada à obra de Niemeyer: "Ele deu ao Brasil – e grande parte do mundo – uma expressão, um estilo e um herói". Ou: "Niemeyer colocou esta nação tropical em destaque no mapa da arquitetura", ou "Enquanto alguns estão questionando sua obra, ele tornou-se maior que qualquer moldura onde queiram enquadrá-lo". Ou ainda: "Graças a estas formas de tirar o fôlego, grande parte do mundo veio a conhecer o Brasil um pouco melhor".

Se não gostam de elogiar Niemeyer, poderiam ter citado os elogios redigidos a outros arquitetos brasileiros: "Niemeyer não é o único arquiteto brasileiro talentoso. Com suas linhas limpas e graciosas, o paulista Paulo Mendes da Rocha tornou-se um construtor de classe mundial, enquanto João Filgueiras, da Bahia, praticamente revolucionou o projeto de hospitais". Mas para serem justos, poderiam ter pinçado outras declarações nominais de Niemeyer, que estavam ao lado da que elegeram: "Arquitetos devem saber dos problemas da vida". Ou: "Nós deveríamos todos ser irmãos, empenhar-se de mãos dadas e vivendo em paz, e não termos tantas pretensões". Ora, como que quem tem estas preocupações está se lixando para o cliente?

Lendo a matéria inteira, percebe-se que Niemeyer faz exatamente o que seus clientes esperam dele. E aí nossa imprensa acusa seu atraso em relação à tendência mundial pela valorização da arquitetura. "Em tempos de Xanadus de titânio, quando prédios são concebidos não apenas para servir, mas para enfeitiçar, impressionar conta muito" ou "Arquitetos são nossos novos heróis. De Frank Gehry, cujo reluzente Guggenhein transformou a decadente Bilbao em uma estrela do turismo, a Peter Eisenmann, que mobiliza multidões em qualquer lugar que palestre."

Não é fato isolado. A mesma revista Veja (16 janeiro 2002) iniciou a matéria "Oscar refaz sua obra" com a seguinte frase: "Uma característica do arquiteto Oscar Niemeyer, que desenhou fachadas em dezenas de países, é não gostar de ver alguém remendando suas obras". Ora, demonstra um absoluto desconhecimento do que é arquitetura. Além de diminuir arquitetura ao fachadismo, desconhece noções elementares de direito autoral – qual é o arquiteto que gosta de "... ver alguém remendando suas obras"?

Estas mesmas pessoas que fazem pouco caso da arquitetura brasileira e de seus arquitetos, talvez sejam as mesmas que quando vão à Europa, fazem uma extensão de seu roteiro para ver o museu Guggenhein em Bilbao, de Frank Gehry, citado pela Newsweek.

notas

1
Veja, 3 abril 2002, p. 352

2
Istoé, 3 abril 2002, p. 22

[publicação: setembro 2002]

André Huyer, Porto Alegre, Brasil

 

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided