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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Heitor Correa expõe a situação em que se encontra o Rio Carioca; um córrego que desagua na Praia do Flamengo, fétido, deixado à degradação, transformado em um canal de águas sujas...

english
Heitor Correa presents the situation of the Rio Carioca, a stream that flows in Praia do Flamengo, fetid, left to decay, turned into a dirty canal water, which seems to portray the Rio de Janeiro dropped to violence...

español
Heitor Correa expone la situación en que se encuentra Río Carioca; un arroyo que desagua en la Playa del Flamengo, fétido, degradado, transformado en un canal de aguas sucias...

how to quote

CORREA, Heitor. Que Rio é esse? Drops, São Paulo, ano 09, n. 025.08, Vitruvius, fev. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/09.025/1780>.


Roberto Burle Marx, Aterro do Flamengo [In BONDUKI, Nabil. Affonso Eduardo Reidy. Lisboa, Editorial Blau, 2000]


Ao passear pelo Parque do Flamengo, o mau cheiro vindo de um córrego que deságua na Praia do Flamengo toma minha atenção. A placa diz: Rio Carioca. E há uma fantasmagórica estação de tratamento de suas águas, que às vezes tem suas máquinas postas em funcionamento. Mas o odor fétido e a cor escura da água que recebe todo tipo de dejetos pelo seu caminho permanecem e se juntam à água salgada da praia. Os banhistas, por desinformação, por apatia, divertem-se na água poluída... Os públicos se calam. Quando aparecem, é para fazer marketing político e angariar votos, votos para eles, para suas famílias, para seus conhecidos. É a distorção da função pública que deveria servir ao bem comum.

O Rio Carioca, fétido, deixado à degradação, transformado em um canal de águas sujas, parece retratar nosso Rio de Janeiro largado à violência, abandonado à epidemia, ausente de saúde pública e de educação de qualidade. O descaso e a omissão fazem par com a vaidade e a ambição. É só olhar o discurso e o comportamento político na tv e ler os jornais. Escândalos se sucedem com uma engenhosidade fantástica e cruel com os recursos públicos.

Mas que Rio é esse? O Rio Carioca que percorre bairros antigos referidos genialmente na literatura machadiana traz consigo um pouco de nossas histórias. Degradado, sujo, canalizado, ainda existe. De certa forma, defendê-lo, recuperá-lo, é nos importamos conosco. É não aceitar que nossa casa, nosso quintal, nossa água sejam desprezados. Defender o Rio Carioca, como vem tentando o SOS Parque do Flamengo, tem um caráter simbólico de não aceitar o descaso, o desprezo, a omissão, a ineficiência, o discurso vazio. É um não ao Rio abandonado. É um não ao desprezo por nossas histórias. É retomar o espaço da cidadania, ainda que os agentes públicos insistam em ignorar como se fossem surdos, ou melhor, como se nós não soubéssemos o que queremos.

Nossos interesses, nossos desejos, de transformar esse Rio que aí está, é movido pela solidariedade, pela Ética, pelo bem comum. É óbvio que desagrada aqueles que têm o individualismo e a acumulação de riqueza como únicos parâmetros de comportamento. O Rio que queremos é limpo, transparente e que permita a vida em todas as suas formas. O Rio que queremos tem que ser um presente para nossos filhos e netos. Esse é o Rio Carioca que queremos.

Heitor Correa, Rio de Janeiro RJ Brasil

 

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