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drops ISSN 2175-6716

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Segundo Helena Guerra, o movimento do Passe Livre, que levou milhões às ruas das cidades brasileiras, recebe críticas injustas nas redes sociais, sendo cobrado por questões que não estavam em sua agenda.

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GUERRA, Helena. Movimento Passe Livre. Um passo de cada vez. Drops, São Paulo, ano 13, n. 069.06, Vitruvius, jun. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.069/4779>.


Galera,

Tudo começou com uma reivindicação do movimento Passe Livre (leia o nome do movimento e imagine pelo o que eles lutam). Esse movimento luta há anos por transporte público mais decente e exige a abertura dos gastos feitos nessa área. Com isso, seria possível propor modificações no sistema em benefício da população e entender quem está ganhando/perdendo com essa história.

Depois dos primeiros protestos desse ano surgiu a indignação popular: polícia descendo porrada em manifestantes simplesmente por estarem se manifestando. Surgiu então a bandeira “não são só 20 centavos”, pois o povo se indignou com as imagens de violência extrema e foi para as ruas para apoiar o movimento que estava sofrendo repressão. O povo foi para rua. O foco inicial era sobre os 20 centavos, mas se voltou também contra a violência policial.

O movimento Passe Livre é um movimento apartidário, porém um movimento social de esquerda; e isso eles nunca negaram. Por isso as bandeiras partidárias nas manifestações são sim legítimas visto que sempre estiveram presentes nos movimentos.

O que me parece ter acontecido é que a grande massa, percebendo que era possível tomar as ruas para fazer uma reivindicação, embarcou no movimento Passe Livre, ampliando a luta com outras causas. E foi aí que o movimento do “vem pra rua vem, contra o aumento” se multiplicou em “vem pra rua vem, contra o governo”, “Impeachment para o Alckmin”, “Copa do Mundo é um lixo”, “fora Dilma”, “o povo acordou”, “o gigante acordou”, “da copa ao SUS”, “tchau corrupção”, “fora Lula”, “luta pelas marmotas mortas no Haiti”, “sim ao aborto”, “não ao aborto”, “libertação das armas”, “diminuição da maioridade penal” e os outros trezentos milhões de chateações cotidianas do pobre povo brasileiro!

E aí, no Quinto Ato contra o Aumento do Busão, cada brasileiro foi pra rua por um motivo específico e o movimento perdeu seu foco principal e único. Cada um faz o movimento que quiser; estamos em um país democrático, não? Se você acredita que temos causas piores para lutar contra, procure um movimento que já lute por essa causa, ajude-o a crescer ou faça seu próprio movimento. O movimento Passe Livre está lutando pelo transporte público decente e fez sua parte levando milhões às ruas.

Essa é a pauta deles. Qual é o problema disso??? Não consigo entender o discurso: “temos problemas maiores”. Para mim isso não passa de um fala-fala que não dá em nada! Eu acredito que lutar por um país melhor é maravilhoso, mas lutar por tudo é a mesma coisa que lutar por porra nenhuma. Se a população lutar por uma coisa de cada vez podemos conseguir um país melhor, isso é certo.

E, juro por Deus, o que realmente não entendi são as insinuações presentes na rede social sobre os membros do Movimento Passe Livre terem sido corrompidos: “acho que eles ganharam um carro”, “acredito que ganharam um prêmio pra abandonar o barco no meio do oceano”. Alô? Corrupção? Fico revoltada que pessoas digam uma coisa dessas. Pergunto: se vocês que pensam assim recebessem uma proposta de um carro, de um avião ou de qualquer merda em troco de pararem de lutar pelos seus ideais, vocês aceitariam??? Desde pequena aprendi em casa que isso é um absurdo. Vocês conhecem os meninos do movimento Passe Livre pra falar uma coisa tão sem nexo? Pois eu os conheço. Foram meus colegas no colegial e estão nas ruas há anos em busca de um mundo melhor. Lutando aos poucos, sim, mas fazendo diferença e não sendo violentos com ninguém. Nem em atitudes, nem com palavras. Se vocês realmente acham isso é porque compactuam e assim fariam.

E, para finalizar, morro de medo do discurso nacionalista que ando ouvindo por ai. Foi ele que, alguns anos atrás (vocês que viveram devem se lembrar. Lembrar, eu não lembro, mas estudei bastante), serviu pra usar o povo como massa de manobra pro golpe militar. Então fiquem atentos com o que vocês pedem, com como vocês pedem e a quem vocês estão dando ouvidos, galera.

Bem, queridos, relembrar é viver:

"Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem" (1).

Essa é a minha opinião, é o que eu acredito, são meus ideais.

nota

1
”Ressurge a democracia”, editorial do jornal O Globo, publicado no dia 2 de abril de 1964, um dia após o golpe militar. O fato de se ter criado a mentira que o golpe foi no dia 31 de março dispensa comentários.

sobre a autora

Helena Guerra é formada em cinema na Faap em 2011.

 

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069.06 manifestação popular
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