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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
O artigo pretende discutir a curadoria de Rem Koolhas à frente da Bienal Internacional de Veneza 2014, usando para isto conceitos firmados por Derrida.

english
This article discusses Rem Koolhaas's curation for the Venice Biennale in 2014, using for that concepts signed by Derrida.

español
El artículo aborda la curaduría de Rem Koolhaas para la Bienal de Venecia en 2014, utilizando conceptos firmados por Derrida.

how to quote

CAPELO, Anne. Fundamentals. Curadoria como discurso. Drops, São Paulo, ano 15, n. 085.06, Vitruvius, out. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.085/5321>.



“Se a Torre de Babel tivesse sido concluída, não haveria arquitetura. Somente a impossibilidade de completá-la tornou possível à arquitetura, assim como a multidão de línguas, ter uma história.” (Derrida)

A curadoria de Rem Koolhas para a Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza 2014 (1), Fundamentals, é, antes de tudo, um exercício de metalinguagem. A seção da mostra intitulada Elementals of Architecture é a alma desse exercício. Nela, elementos da arquitetura como portas, janelas, escadas e varandas são divididos em salas e suas variações ao longo do tempo, exploradas.

Elementals of Architecture atravessa a história da arquitetura sem pudores, discursa sobre inúmeras histórias, origens, diálogos, diferenças e similaridades entre os elementos apresentados. Perpassa, assim, os séculos à procura de uma linha narrativa em meio aos mais variados elementos para apreender a arquitetura. Como se o curador procurasse uma reconciliação com Deus, aquele que confundiu as línguas quando pronunciou “Babel” e tornou a arquitetura e as demais línguas possíveis, pela desconstrução do projeto dos descendentes de Noé. Sendo a Torre de Babel o desejo mais palpável do homem de atingir o céu e de totalizar os discursos, a limitação imposta sobre o término da Torre e o consequente desmantelamento de uma linguagem universal acarretaram na ruptura de um plano de dominação política e linguística do mundo, nos informando, portanto, sobre a impossibilidade de uma única tradução universal. Koolhas, portanto, compactua com o divino em sua mostra na medida em que alicerça sua exposição na diversidade arquitetônica, na diversidade das formas de contar e interpretar a história, somente possível pela desconstrução, antes de tudo, da tentativa do homem de construir uma só linguagem.

Se toda linguagem sugere uma espacialização, como coloca Derrida em entrevista dada à Eva Meyer, em 1986, isso significa que dela podemos nos aproximar e, assim, desbravá-la, tal como desbravamos caminhos de espaços habitáveis e seus percursos interiores. Se a linguagem não pode controlar por si só os trajetos, isso significa que a própria linguagem está implicada nesses caminhos e que, portanto, está também em movimento.  A exposição, assim como a linguagem, se configura como um caminho a ser explorado, uma armadilha, um dispositivo com elementos a serem reinterpretados. A  micro-narrativa desbravada primeiramente por Koolhas, enquanto curador, possível graças aos dois anos de empenhada pesquisa em acervos e arquivos, traz à arquitetura e  à sua história uma nova via de acesso, um novo caminho a ser percorrido através dos elementos que materializam os costumes, materiais e técnicas de cada período e lugar.

Koolhaas, ao contrário de Ícaro que procurava sua liberdade através da visão totalizante, ou seja, da visão de Deus do mundo, da erótica da leitura do cosmos, do prazer de ver o conjunto, e da superação e totalização todas as perspectivas, ata seu corpo ao chão, desbravando, abrindo e inventando uma nova maneira de ver a arquitetura, até então inexplorada nas anteriores edições da Biennale. Ícaro desenlaça o corpo da Terra e o faz girar segundo uma lei anônima que subverte as práticas discursivas; Koolhas as encara e faz delas o mote de sua curadoria.

O fato de essa Bienal de Arquitetura ser também uma desconstrução do modo de ver e escrever a arquitetura nos informa sobre a impossibilidade de uma tradução universal, assim como uma construção historiográfica única e engessada. A exposição, entre outras características, é uma expressão de desacordo com a história da arquitetura contada pelos manuais a partir de períodos e obras icônicas.  Ao apresentar elementos que são pretensamente universais e que trazem à exposição a tensão que é intrínseca à memoria, Koolhas permite aos visitantes uma leitura aberta e composta por retóricas. Essa exposição é, certamente, uma aula de curadoria e de arquitetura; a história é o poder de barganha, a arquitetura, no âmbito tectônico, mantém a promessa de realidade, carregando em sua materialidade os múltiplos significados e enunciados.

nota

A exposição fica aberta ao público até dia 23 de novembro de 2014.

sobre a autora

Anne Capelo é graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UNICAMP. Foi formadora na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da mesma universidade, além de ter colaborado como assistente de pesquisa na exposição Exílio e Modernidade: O Espaço e o Estrangeiro na Cidade de São Paulo. Atualmente, é bolsista de Iniciação Científica no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP.

 

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085.06 bienal de veneza 2014
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