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drops ISSN 2175-6716

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Segundo Roberto Ghione, a nona edição da BIAU demonstra como o rigor poético da tradição espanhola e o refinamento da escola portuguesa encontrou no espaço ibero-americano os caminhos da identidade cultural.

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GHIONE, Roberto. Força jovem. Resumo da IX Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo, Rosário, Argentina. Drops, São Paulo, ano 15, n. 085.07, Vitruvius, out. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.085/5323>.



A diversidade cultural, social, política, econômica, geográfica e climática da América Latina se complementa com uma história de unidade, que define desafios comuns para o continente localizado ao sul do Rio Grande, ainda considerado quintal dos Estados Unidos. Essa unidade está baseada na conquista e colonização ibérica, que definiu línguas e religião, subjugou até quase exterminar as culturas preexistentes, promoveu as independências políticas durante o século 19, e fomentou o desenvolvimento de histórias paralelas de países dependentes, oprimidos e subordinados, determinantes de uma realidade presente construída com mais penas que glórias.

Neste contexto, os colonizadores originais (Espanha e Portugal) realizam um novo “Descobrimento de América”, desta vez tendente a integrar os processos culturais iniciados desde o século 16 e perdurados no século 20 através de migrações em ambos os sentidos. Foi assim que surgiram as Bienais Ibero-americanas de Arquitetura e Urbanismo, cuja nona edição teve lugar em Rosário, entre 13 e 17 de outubro de 2014 (as anteriores aconteceram, desde 1998, em Madrid, México, Santiago de Chile, Lima, Montevidéu, Lisboa, Medellín e Cádiz).

A escolha de Rosário como sede reflete o reconhecimento internacional que a cidade tem ganhado nos últimos anos, produto de acertadas gestões e intervenções urbanísticas que valorizam os espaços públicos, além de projetos arquitetônicos que consolidam, desde fins do século 19, uma estrutura urbana compacta, eficiente e qualificada.

O evento, que teve mais de três mil participantes, transcorreu “de cara para o rio Paraná”, origem histórica desta cidade-porto de escoamento da produção agropecuária argentina e símbolo do atual processo de recuperação urbanística através de um imenso parque linear que integra natureza, história, sociedade e urbanidade. Arquitetura e exposições tiveram lugar nos galpões reciclados para atividades culturais, e urbanismo (ciclos de palestras denominados Transformações urbanísticas e Áreas metropolitanas) no Centro Cultural Parque España, no edifício projetado em 1980 pelo escritório catalão Martorell, Bohigas, Mackay, inaugurado em 1992.

O tema da bienal, “Novas geografias”, pretendeu abordar a produção dos últimos dois anos através da integração da arquitetura às geografias físicas, sociais e políticas do espaço ibero-americano. A notável predominância de arquitetos jovens transmite mensagens de otimismo e esperança, especialmente em relação ao futuro da cultura arquitetônica desta parte do mundo. As sementes plantadas pelos arquitetos notáveis do continente ao longo do século 20 frutificam em inúmeras obras que manifestam criatividade e sensibilidade a partir das circunstâncias, possibilidades e limitações dos contextos latino-americanos. Força jovem que pretende superar a história de subordinação e dependência dos modelos externos, que sempre cativaram as consciências locais. Pequenas obras baseadas em grandes conceitos para enfrentar a banalidade e frivolidade que ainda deforma e degrada pensamentos e cidades do continente. Manifestação do sonho, ainda vivo, da independência cultural, utopia que por momentos parece tão difícil alcançar.

Participaram desta edição 22 países, 15 delegados e 16 jurados para a seleção de 30 obras premiadas, escolhidas como representantes de uma nova arquitetura no espaço ibero-americano, produzidas a partir de sensibilidades conscientes que marcam um caminho que, possivelmente, uma geração vindoura transformará em realidade cultural genuína e independente.

Neste contexto, o Brasil esteve representado por obras e intervenções extremamente qualificadas, porém parciais, restritas ao espaço midiático paulista e carioca (além de um escritório gaúcho-uruguaio). O espírito de integração ibero-americana parece não ter sido assimilado num país de dimensões continentais, subordinado aos exemplos difundidos pela mídia concentrada no sul.

Os projetos premiados brasileiros foram: a Casa de fim de semana, de spbr arquitetos, apresentado por Angelo Bucci (1); o Conjunto habitacional Jardim Edite, de MMBB e H+F arquitetos, apresentado por Pablo Hereñú (2); a Praça das Artes, de Brasil Arquitetura e Marcos Cartum, não apresentado (3); a Sede da Inspetoria do CREA PB, do escritório MAPA; e o Conjunto habitacional Parque Santo Amaro, de Vigliecca e Associados, apresentado por Blanca Riotto (4). Complementarmente, foram apresentadas as intervenções nas favelas cariocas, por Jorge Mario Jáuregui, avaliação de intervenções em áreas populares, por Alan Pinheiro, o novo Plano Diretor de São Paulo, por Fernando de Mello, e a Transformação urbana da área do porto do Rio de Janeiro, por Gloria Torres.

Os momentos emotivos ficaram por conta da palestra e premiação à trajetória do venezuelano Fruto Vivas, especialmente pelo compromisso social e a pesquisa em tecnologias apropriadas, e a homenagem ao notável projetista rosarino Rafael Iglesia.

Entre a sensibilidade promovida pelas limitações latino-americanas, o rigor poético da tradição espanhola e o refinamento da escola portuguesa, o espaço ibero-americano procura os caminhos de identidade cultural através da arquitetura e urbanismo confiante na força de novas gerações, que nos fazem sonhar um futuro promissor de independência cultural.

notas

1
PORTAL VITRUVIUS. Casa de fim de semana em São Paulo. Arquiteto Angelo Bucci. Projetos, São Paulo, ano 14, n. 160.02, Vitruvius, abr. 2014 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.160/5130>.

2
PORTAL VITRUVIUS. Conjunto Habitacional do Jardim Edite. Projetos, São Paulo, ano 13, n. 152.04, Vitruvius, ago. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.152/4860>; ANELLI, Renato. Prêmio APCA 2013 – Categoria “Urbanidade”. Conjunto habitacional do Jardim Edite / MMBB Arquitetos, H+F Arquitetos. Drops, São Paulo, ano 14, n. 077.08, Vitruvius, fev. 2014 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/14.077/5074>.

3
PORTAL VITRUVIUS. Praça das Artes. Projetos, São Paulo, ano 13, n. 151.03, Vitruvius, jul. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820>; GUERRA, Abilio. Praça das Artes. Complexo arquitetônico brasileiro começa a ser reconhecido no exterior. Minha Cidade, São Paulo, ano 14, n. 161.02, Vitruvius, dez. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.161/4984>; GUERRA, Abilio. Prêmio APCA 2012 – Categoria “Obra de arquitetura”. Premiado: Praça das Artes / Brasil Arquitetura e Marcos Cartum. Drops, São Paulo, ano 13, n. 063.08, Vitruvius, dez. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4629>.

4
CAMARGO, Mônica Junqueira de. Prêmio APCA 2012 – Categoria “Urbanidade”. Premiado: Hector Vigliecca. Drops, São Paulo, ano 13, n. 063.05, Vitruvius, dez. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4616>.

sobre o autor

Roberto Ghione, arquiteto, é formado pela Universidad Nacional de Córdoba, Argentina. Pós-graduado em Preservação do Patrimônio, Crítica Arquitetônica e Planejamento Urbano pela Universidad Católica de Córdoba. Titular do escritório Vera Pires Roberto Ghione Arquitetos Associados, Recife PE.

 

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