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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Renato Anelli, membro da área de arquitetura e urbanismo da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, apresenta os motivos da premiação do Heitor Martins, Adriano Pedrosa, Martin Corullon e Gustavo Cedroni na categoria “patrimônio cultural”.

how to quote

ANELLI, Renato. Recuperação do Masp: Heitor Martins, Adriano Pedrosa, Martin Corullon e Gustavo Cedroni. Prêmio APCA 2015, categoria “Patrimônio cultural”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo". Drops, São Paulo, ano 16, n. 101.02, Vitruvius, fev. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5924>.



O Museu de Arte de São Paulo se destaca na história do país pela sua prolongada e abrangente ação na renovação artística e cultural. Desde sua fundação, a construção do acervo e a intenção didática de mostras, cursos e publicações navegaram pelo frágil limite entre a expansão eurocentrista da cultura e a formação de sujeitos capazes de elaborar um julgamento estético próprio. Arquitetura e expografia foram instrumentos dessa ação formativa de produtores e fruidores da arte em suas diversas modalidades. Formação antidoutrinária, que se tornou afirmação de liberdade política em tempos de restrição e autoritarismo.

Em suas duas sedes, a primeira na Rua 7 de Abril e a atual, na Avenida Paulista, o Masp dirigido por Pietro Maria Bardi conformou-se através do desenvolvimento da arquitetura expositiva de Lina Bo Bardi, resultando em combinação rara entre política curatorial e projetos expográficos inovadores. Polêmica e provocativa, como era comum aos espíritos vanguardistas, a arquiteta realizou aqui um tipo novo de museu, o museu transparente, que vinha sendo buscado por vários arquitetos desde o entre-guerras. A transparência do vidro, carregada de significado por aproximar a arte dos habitantes e do cotidiano da cidade.

O desaparecimento do seu patrono, Assis Chateaubriand, enfraqueceu a instituição no momento da inauguração da nova sede. Mais tarde, a morte de Lina e o adoecimento de Pietro, esmoreceu o seu significado para a sociedade.

Nos anos seguintes o museu procurou novos caminhos, mas o fez cometendo o erro de tentar dissipar seu significado original, seu caráter. Angariou a oposição de amplos setores da sociedade, mobilizados contra o apagamento da memória do próprio museu, por mais paradoxal que isso pareça.

Em 2014, no ano de celebração do centenário de Lina, o museu tomou nova direção, iniciando um processo de revisão de suas origens, seu acervo, suas práticas expositivas.

Para que isso se realizasse, foram necessárias a conjunção de fatores e a participação coordenada de profissionais habilitados e competentes. Do lado da instituição, a clareza de propósito por parte de Heitor Martins e Adriano Pedrosa, respectivamente presidente e curador do Museu de Arte de São Paulo; do lado profissional da arquitetura, a expertise dos arquitetos Martin Corullon e Gustavo Cedroni, titulares do escritório Metro Arquitetos Associados (1).

A recuperação dos expositores de vidro temperado apoiados em bases de concreto, denominados pela própria Lina Bo Bardi como “cavaletes de cristal”, foi central nesse processo. Sua remoção em 1996 havia se tornado símbolo da mudança de orientação do museu em direção a uma concepção museológica convencional. Tomada a decisão pelo seu retorno, o principal desafio foi reconstituir os suportes transparentes sem que se tivesse encontrado nos acervos os desenhos definitivo usados na construção dos originais. Os arquitetos partiram de croquis, fotos, vídeos e os poucos exemplares remanescentes nos depósitos do museu. Além da recuperação da forma original, foi necessária a atualização do design – uso de novos materiais, aperfeiçoamento de encaixes e da sustentação das obras de arte, de forma a melhor atender as atuais exigências internacionais na área de expografia –, mas sem perder de vista o essencial: a flutuação dos quadros no espaço expositivo.

Ao recuperar o edifício e sua expografia transparente, repassar o inestimável acervo e publicar catálogos, o museu apresenta-se ao público em plena renovação, buscando o debate franco e aberto de suas práticas e projetos. Ensaia seu futuro, sabendo que não basta refazer o que havia sido ocultado. Esboça novas perspectivas para a arte, oferecendo alento à cultura contemporânea no Brasil.

Como reconhecimento dessa nova condição do Masp o júri de arquitetura da APCA decidiu premiar seu presidente, seu curador e os arquitetos responsável pelas exposições, destacando a importância da inversão de rumos.

notas

NE – Este texto é desenvolvimento da justificativa de premiação presente na Ata de Premiação APCA 2015, assinada pelos críticos de arquitetura filiados à Associação Paulista de Críticos de Arte. Os prêmios outorgados nas sete categorias – Homenagem pelo conjunto da obra, Espaço público, Urbanidade: Obra de arquitetura no exterior, Obra de arquitetura no Brasil, Patrimônio cultural e Memória – foram selecionados por unanimidade ou maioria a partir de critérios discutidos coletivamente. A responsabilidade de redação final coube a um determinado crítico, mas os argumentos foram discutidos coletivamente pelos críticos de arquitetura Abilio Guerra, Fernando Serapião, Guilherme Wisnik, Maria Isabel Villac, Mônica Junqueira de Camargo, Nadia Somekh e Renato Anelli. A lista dos artigos referentes aos sete prêmios da Arquitetura é a seguinte:

SOMEKH, Nadia. Pedro Paulo de Melo Saraiva, sensibilidade e precisão. Premio APCA 2015, categoria “Conjunto da obra”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo". Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.01, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5920>.

ANELLI, Renato. Recuperação do Masp: Heitor Martins (presidente), Adriano Pedrosa (curador), Martin Corullon e Gustavo Cedroni (arquitet. Premio APCA 2015, categoria “Patrimônio cultural”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo". Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.02, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5924>.

WISNIK, Guilherme. Vilanova Artigas, 100 anos: conjunto de iniciativas coordenadas por Rosa Artigas. Prêmio APCA 2015, categoria “Memória”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo". Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.03, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5933>.

CAMARGO, Mônica Junqueira de. Conjunto de projetos sociais em São Paulo elaborados por Boldarini Arquitetos Associados. Prêmio APCA 2015, categoria “Urbanidade”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo". Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.04, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5936>.

VILLAC, Maria Isabel. Museu dos Coches em Lisboa, de Paulo Mendes da Rocha, MMBB Arquitetos e Bak Gordon Arquitectos. Premio APCA 2015, categoria “Obra de arquitetura no exterior”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.06, Vitruvius, mar. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5960>.

No prelo:

GUERRA, Abilio. Parques Sabesp em São Paulo, de Levisky Arquitetos. Premio APCA 2015, categoria “Espaço público”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo".

SERAPIAO, Fernando. Galeria Cláudia Andujar em Inhotim, de Arquitetos Associados. Premio APCA 2015, categoria “Obra de arquitetura no Brasil”, modalidade "Arquitetura e Urbanismo".

1
CORULLON, Martin. Concreto e cristal: arquitetura. Os cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi de volta ao Masp. Projetos, São Paulo, ano 16, n. 181.04, Vitruvius, jan. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/16.181/5908>.

sobre o autor

Renato Anelli é professor titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em São Carlos e autor de diversos livros e artigos publicados no Brasil e no exterior. Atualmente, é diretor do Instituto Bardi.

Reabertura da Pinacoteca do Masp na noite do dia 10 de dezembro de 2015. Os cavaletes de cristal, projeto original de Lina Bo Bardi, redesenho de Martin Corullon e Gustavo Cedroni
Foto Abilio Guerra

 

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