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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Maria Isabel Villac, jurada de arquitetura da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, apresenta os motivos da premiação do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, MMBB Arquitetos e Bak Gordon Arquitectos na categoria “Obra de arquitetura no exterior”.

how to quote

VILLAC, Maria Isabel. Museu dos Coches em Lisboa, de Paulo Mendes da Rocha, MMBB Arquitetos e Bak Gordon Arquitectos. Premio APCA 2015, categoria “Obra de arquitetura no exterior”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo. Drops, São Paulo, ano 16, n. 101.06, Vitruvius, fev. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5960>.



“A graça da arquitetura é que ela existe antes que se construa, do ponto de vista teórico da nossa imaginação. Entretanto, o seu desiderato, que é a apropriação e o desfrute, só aparece depois que se inaugura a obra”.
Paulo Mendes da Rocha (1)

O Museu Nacional dos Coches (2), em Lisboa, projeto de 2008 e recém-inaugurado em maio de 2015, é mais uma das arquiteturas de Paulo Mendes da Rocha que, desde a cobertura da Nova Praça do Patriarca (1992-2002), celebra as “formas alvas, brancas” (3). Se, até então, em 1992, a materialidade contundente é o acinzentado concreto bruto aparente, que possui um arcaísmo concentrado e certa resistência a uma mirada distraída, é a partir da cobertura proposta para a Praça do Patriarca que a expressão branca e luminosa do metal se evidencia.

No caso do Museu dos Coches, a proposta construtiva alia concreto, que confere a “gravitas” da obra, e metal, cujos esforços são percebidos como tenacidade técnica e alta resistência na economia de matéria. Dessa decisão por uma associação construtiva que usa as virtudes estruturais diferenciadas de cada material, o antecedente paradigmático é o Ginásio do Paulistano, projeto de 1957, com obra finalizada em 1961, que ganhou o prêmio de arquitetura na Bienal de São Paulo no mesmo ano. Projeto exemplar, que já anunciava a excelência do arquiteto em desenhar uma equação de técnica mista que alia as vocações e virtudes da matéria e define a poética da arquitetura.

A arquitetura de Paulo Mendes da Rocha articula planos, integrados e superpostos. O primeiro plano que se evidencia no Museu dos Coches é o procedimento eminentemente técnico, sempre com caráter de ensaio aberto ao conhecimento. O que demonstra, ainda, que o rigor e a imaginação construtiva estão amparados no entendimento da modernidade. O arquiteto considera a vitalidade moderna não como categoria histórico-descritiva, uma visão de configuração definitiva ou estilo, mas como raciocínio cujo exercício, na contemporaneidade, implica em “realizar empreendimentos úteis, necessários” com o “emprego das últimas técnicas” (4).

Para o arquiteto brasileiro de raízes modernas, o edifício não existe sem a cidade. O que inspira o projeto do objeto arquitetônico é a cidade. Para o arquiteto que sustenta que “Hoje, o habitat do homem é a cidade” (5), o edifício tem que, necessariamente, manter a qualidade da experiência dos espaços urbanos, consolidar o ideal de vida coletiva e a organização do espaço público. E se, na cidade moderna stricto sensu, o edifício se libera da estrutura da quadra, sua autonomia determina a forma urbana de maneira abstrata e gera espaços residuais, a vocação desta modernidade em Mendes da Rocha é contextualizar-se.

O Museu dos Coches formula que a relação do edifício com o espaço onde se insere é de interdependência arquitetônica e que o edifício assume sua condição urbana e constrói a cidade. Como tantas outras obras arquitetônicas da zona monumental de Belém, a configuração formal do museu é personalíssima. Sua arquitetura se articula em pavilhão principal para as exposições – que se ergue sobre pilotis e inaugura um amplo espaço público – e um anexo com recepção, administração, restaurante, auditório – que ampara, em rampas, a ancoragem da passagem aérea de pedestres até o Tejo. A implantação do conjunto realiza o diálogo com a área envolvente, criando, por um lado, novos espaços públicos e percursos para uma das mais significativas frentes urbanas de Lisboa. Por outro lado, aos fundos, redesenha a relação do museu com um conjunto de edificações de uma cidade, de outros tempos, preservada.

Ampara assim, o projeto, diferentes escalas e estratos históricos de Lisboa. Propondo em sua diferença e singularidade nova articulação de um território que, como assinalou a imprensa portuguesa, “evoca anteriores vivências”.

notas

NE – Este texto é desenvolvimento da justificativa de premiação presente na Ata de Premiação APCA 2015, assinada pelos críticos de arquitetura filiados à Associação Paulista de Críticos de Arte. Os prêmios outorgados nas sete categorias – Homenagem pelo conjunto da obra, Espaço público, Urbanidade: Obra de arquitetura no exterior, Obra de arquitetura no Brasil, Patrimônio cultural e Memória – foram selecionados por unanimidade ou maioria a partir de critérios discutidos coletivamente. A responsabilidade de redação final coube a um determinado crítico, mas os argumentos foram discutidos coletivamente pelos críticos de arquitetura Abilio Guerra, Fernando Serapião, Guilherme Wisnik, Maria Isabel Villac, Mônica Junqueira de Camargo, Nadia Somekh e Renato Anelli. A lista dos artigos referentes aos sete prêmios da Arquitetura é a seguinte:

SOMEKH, Nadia. Pedro Paulo de Melo Saraiva, sensibilidade e precisão. Premio APCA 2016, categoria “Conjunto da obra”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.01, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5920>.

ANELLI, Renato. Recuperação do Masp: Heitor Martins (presidente), Adriano Pedrosa (curador), Martin Corullon e Gustavo Cedroni (arquitet. Premio APCA 2016, categoria “Patrimônio cultural”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.02, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5924>.

WISNIK, Guilherme. Vilanova Artigas, 100 anos: conjunto de iniciativas coordenadas por Rosa Artigas. Prêmio APCA 2015, categoria “Memória”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.03, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5933>.

CAMARGO, Mônica Junqueira de. Conjunto de projetos sociais em São Paulo elaborados por Boldarini Arquitetos Associados. Prêmio APCA 2015, categoria “Urbanidade”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.04, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5936>.

VILLAC, Maria Isabel. Museu dos Coches em Lisboa, de Paulo Mendes da Rocha, MMBB Arquitetos e Bak Gordon Arquitectos. Premio APCA 2015, categoria “Obra de arquitetura no exterior”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo. Drops, São Paulo, ano 17, n. 101.06, Vitruvius, mar. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.101/5960>.

No prelo:

GUERRA, Abilio. Parques Sabesp em São Paulo, de Levisky Arquitetos. Premio APCA 2015, categoria “Espaço público”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”.

SERAPIAO, Fernando. Galeria Cláudia Andujar em Inhotim, de Arquitetos Associados. Premio APCA 2015, categoria “Obra de arquitetura no Brasil”, modalidade “Arquitetura e Urbanismo”.

1
Entrevista com Paulo Mendes da Rocha, em São Paulo, 14 de agosto de 2013. Publicada como parte integral do texto “Paulo Mendes da Rocha | El “arte de construir” y la transformación de la materia”. In: En Blanco – Revista da Cátedra Blanca Valencia. Departamento de Proyectos Arquitectónicos – Universidad Politécnica de Valencia, n. 13 (sobre Paulo Mendes da Rocha), Valencia, out. 2014, p. 5-9 <www.revistaenblanco.es>.

2
Ver o projeto em: ROCHA, Paulo Mendes da. Museu Nacional dos Coches, Lisboa. Projetos, São Paulo, ano 16, n. 183.02, Vitruvius, mar. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/16.183/5961>.

3
“Ó formas alvas, brancas. Formas claras”, versos do poema O ABC das formas, de Cruz e Souza, citado por Paulo Archias Mendes da Rocha na Memória descritiva do Projeto Patriarca, publicado na revista Viva o Centro, ano 1, p. 11.

4
MENDES DA ROCHA, Paulo; VILLAC, Maria Isabel. A construção do olhar de Paulo Mendes da Rocha. Entrevista. In: MENDES DA ROCHA, Paulo; VILLAC, Maria Isabel. América, cidade e natureza. Coleção Arquitetos, vol. 01. São Paulo, Estação Liberdade, 2012, p. 56.

5
MENDES DA ROCHA, Paulo. Morar na era moderna. In: MENDES DA ROCHA, Paulo; VILLAC, Maria Isabel. América, cidade e natureza. Coleção Arquitetos, vol. 01. São Paulo, Estação Liberdade, 2012, p. 212.

sobre a autora

Maria Isabel Villac é Arquiteta e Urbanista pela Universidade Mackenzie e Doutora em Teoria e Historia da Arquitetura pela Universitat Politecnica de Catalunya, com tese sobre a obra do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Realizou Pós-Doutorado no IUAV de Veneza, com trabalho sobre questões de ensino e pesquisa e Composição Arquitetônica. É professora do curso de graduação e do curso de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Como pesquisadora atua principalmente nos seguintes temas: arquitetura e cidade, arquitetura, arte e cultura, arquitetura e cidadania, ensino de arquitetura.

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