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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Gabriel Rodrigues da Cunha entrevista o arquiteto e professor Julio Roberto Katinsky, que fala sobre sua trajetória profissional e de pesquisador, a arquitetura paulista e alguns de seus expoentes

english
Gabriel Rodrigues da Cunha interview the architect and professor Julio Roberto Katinsky, who talks about his career as a researcher, the architecture of São Paulo and some of its exponents

español
Gabriel Rodrigues da Cunha entrevista al arquitecto y profesor Julio Roberto Katinsky, que habla sobre su trayectoria profesional y de investigador, la arquitectura paulista y algunos de sus exponentes

how to quote

CUNHA, Gabriel Rodrigues da. Julio Roberto Katinsky. Entrevista, São Paulo, ano 08, n. 029.01, Vitruvius, jan. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.029/3298>.


Park Hotel São Clemente Nova Friburgo RJ. Lúcio Costa, 1944
Foto Nelson Kon

Gabriel Rodrigues da Cunha: Existe uma arquitetura paulista?

Júlio Roberto Katinsky: Eu não aceito esta idéia de arquitetura paulista. Eu criei uma outra palavra mais adequada. O que existe é uma grande escola Corbusiana de Arquitetura brasileira, da qual nós temos em primeiro lugar Lúcio Costa – que é uma cabeça teórica e prática fundamental sem ela os outros não existiriam. Depois você tem Reidy, Afonso Reidy, Z. Roberto fundamentalmente e Artigas. São discípulos diretos de Lúcio Costa, Le Corbusier e, o Artigas em particular, é discípulo do Reidy, além de Oscar Niemeyer. Ele é bem mais novo que estes arquitetos...

GRC: Você concorda com o Hugo Segawa (2) que acredita que, de certo modo, a arquitetura paulista é um desenvolvimento da arquitetura carioca?

JK: Sim. Há cerca de quinze anos atrás descrevi isto também. Está publicado num artigo, ainda a Lina estava viva e todos eles estavam também... (3)

GRC: (Risos) Acho que vou ter que ler o que Senhor escreveu...

JK: E eu critiquei esta expressão “arquitetura paulista”, isso não existe! E a Lina não me aceitou! Eu acho que arquitetura paulista é um eufemismo, porque os caras não tinham coragem de confessar que eram discípulos de Artigas! O Artigas sempre foi perseguido por ser comunista etc. Então... não vai falar arquitetura paulista.

GRC: Não falariam arquitetura “artiguiana”, mas aceitavam corbusiana! É interessante que é facilmente admissível o termo corbusiana, wrightiana, mas não artiguiana...

JK: Mas porque corbusiana? Porque realmente o pai da história toda é o Corbusier, apesar do pessoal “raspar” o mais que podia não tem Wright, não tem Gropius, Mendelson, nem Mies Van der Rohe, que é o que mais influenciou os arquitetos brasileiros além do Corbusier. Não dá para comparar com a importância do Le Corbusier! Agora, por que ele é importante? Porque justamente ele não é inovador! Ele é um homem de síntese, ele pega o trabalho dos outros e amarra tudo!

GRC: Não bastasse isto ele ainda sai propagando para os quatro cantos do mundo...

JK: Mas isso aí todos faziam. Uns pegavam outros não pegavam. Acontece que ele tem um negócio. Ele não costuma dizer de onde ele pegou as coisas, mas que ele pegou, pegou. Ele só confessava que tinha pegado quando não dava para negar. Por exemplo, a planta livre. A planta livre vem de Chicago. A fachada livre é conseqüência imediata da planta livre e da estrutura independente e são contribuições da escola de Chicago. Agora a janela em comprimento e não em altura. De onde ele tira isto? Ele tira das teorias médicas que recomendam a varredura dos quartos, para efeito de eliminação de micróbios...

GRC: Isso...

JK: O teto-jardim é do Toni Garnier. Então você vê que a única coisa que sobra e que eu não consegui até hoje identificar é o piloti. Realmente não... O brise soleil alguém já escreveu um livro que diz que foi ele que inventou. Eu acho absolutamente possível. Acontece que Le Corbusier pegava um negócio que foi feito lá na Grécia, que nunca ninguém iria tomar conhecimento, e leva para o trabalho dele e transforma numa coisa única.

GRC: E associava a ele.

JK: Por que o Mies Van der Rohe, teve tanto acesso? Porque uma das raízes da arquitetura erudita brasileira é a arquitetura francesa e o Mies é um homem ligado à arquitetura francesa. A grande arquitetura neoclássica francesa, então é se reconhecer. E o Mies Van der Rohe foi muito absorvido pelos arquitetos brasileiros por causa disto. Porque ele é impecável, é um cristal! No fim ele acaba fazendo um projeto só, sempre o mesmo! Mas... tudo bem! E ele sabe interpretar bem o Frank Lloyd Wright, toda essa arquitetura de planta livre que é o que caracteriza a Escola de Chicago, ele também sabe fazer, ele aproveita bem. É sempre a mesma coisa, tanto ele como Le Corbusier são homens que aproveitaram muito bem a lição da Escola da Chicago.

Portanto, não existe Escola Paulista! Porque se for Escola Paulista o Bratke é da Escola paulista? Não é! O Rino é da Escola Paulista? Não é! Quem mais? Oswaldo Corrêa Gonçalves é da Escola Paulista? Não é! Então quem é da Escola Paulista? Ah, Escola Paulista é o Artigas, Paulo Mendes e assim por diante! Tem uma lista enorme... Ubirajara Gilioli, um monte de gente! João Toscano, tudo Escola Paulista? Tudo bem! Só que todos eles estão ligados ao Artigas porque os arquitetos... o Isail Weinfeld não é Escola Paulista, não é mais! Começa a ter um monte de... o Telésforo Cristofani é um arquiteto da Escola Paulista? É difícil!

GRC: E esta é justamente a questão, o que é a Arquitetura Paulista?

JK: Agora se você pega e define uma Escola Corbusiana, aí sim! Há uma diferença muito grande! Aí a Escola corbusiana é a escola que passa pelo Oscar Niemeyer, passa por Artigas e o Paulo Mendes da Rocha é um corbusiano também. Através do Artigas, através do Oscar Niemeyer! Todos eles! Entendeu? Está é minha resposta e aí está gravado!

notas

2
SEGAWA, Hugo. “Vilanova Artigas – O renascer de um mestre”. Resenha Online, nº 021. São Paulo, Portal Vitruvius, dês. 2001. <www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha021.asp> [resenha do Livro: “Vilanova Artigas”. Série Arquitetos Brasileiros. São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi / Fundação Vilanova Artigas, 1997].

3
KATINSKY, Julio Roberto. “Arquitetura paulista: uma perigosa montagem ideológica”. AU – Arquitetura e Urbanismo, nº 17. São Paulo, 1988, p. 66-71.

Residência do Arquiteto, São Paulo SP. Paulo Mendes da Rocha, 1964
Foto Nelson Kon

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Marcos Konder

Antônio Agenor Barbosa and Juliana Mattos

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