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entrevista ISSN 2175-6708

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Sérgio Ferro comenta a complexidade da atuação de Flávio Império nos diversos campos artísticos ao tratar de sua formação, interlocuções e contribuições para as artes no Brasil.

como citar

GUIMARAES, Andreas; CONTIER, Felipe de Araujo; LOUREIRO, Lívia. Flávio Império e as múltiplas facetas de um projeto brasileiro, por Sérgio Ferro. Entrevista, São Paulo, ano 13, n. 051.01, Vitruvius, jul. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/11.051/4405>.


Casa Juarez Brandão Lopes, São Paulo, 1968. Arquitetos Flávio Império e Rodrigo Lefèvre
Foto divulgação [Acervo Sociedade Cultural Flávio Império]


Lívia Loureiro: Como que o Flávio se insere no contexto da contracultura?

Sérgio Ferro: O Flávio era um provocador nato, constante. Realmente seria difícil encontrar alguma coisa que o Flávio tomasse como valor sagrado, a não ser a fidelidade à mãe, à Amelinha [irmã]. Ele adorava provocar. Uma vez o Artigas nos deu um projeto pra fazer: a embaixada da União Soviética em Cuba – não havia tema mais Partidão do que esse na época. Todo mundo ficou meio sem jeito ao fazer esse projeto. O Flávio foi o único que teve coragem. Ele fez um projeto, da URSS em Cuba, em Art Nouveau. Todo mundo ficava morrendo de medo do Artigas, que era um semideus. Ele apresentou, não teve receio. O Artigas tirou de letra, deu uma aula genial sobre o Art Nouveau e disse pro Flávio “faça o projeto agora”, e o Flávio fez o projeto da embaixada da URSS em Cuba. Disso vocês se livraram.

LL: Então a aula do Artigas foi sobre o Art Nouveau?

SF: Não era bem aula, porque naquele tempo ficávamos na prancheta trabalhando e ele passava, com o Paulinho, comentando. Quando chegou na mesa do Flávio, todo mundo liga a antena, vê que o velho ta falando alguma coisa, vem, cerca, fica perto. Escola da FAU naquele período era genial. Pouquíssimos alunos, nossa turma tinha 28-30, dos quais uns 10 nunca iam, não sei porque, e os professores eram o Artigas, o Paulinho, o Maitrejean, o Millan.

Felipe Contier: Qual era o papel do Millan na escola nesse momento?

SF: O Millan era uma figura essencial. E ao contrário do Guedes ou do Paulinho, que gostavam do desafio técnico – o projeto do Paulinho para o Clube Paulistano é típico, bem ousado tecnicamente –, o Millan era muito mais equilibrado, muito mais pé no chão. Nesse sentido nos ajudou muito, de certa maneira mais do que o Paulinho, neste sentido. Com o Millan discutíamos detalhe de viga, detalhe de aplicação, não era só o geral, o partido, mas detalhes mínimos.

FC: E o Millan nessa época tinha uma obra mais consagrada do que o Artigas.

SF: Não, o Artigas já era uma espécie de... Você diz publicamente?

FC: Ele ainda não tinha grandes projetos.

SF: Não, publicamente não, mas o Artigas, ao mesmo tempo, era o criador. O Artigas, sem exagerar, criou a arquitetura em São Paulo. Ele cria a escola de arquitetura, cria o programa da escola de arquitetura, cria uma coisa fora da politécnica com autônoma, funda o IAB, faz uma arquitetura completamente dele, autêntica. Artigas é um monstrinho... que eu admiro enormemente.

FC: Mas era ele e outros. Tinha muita gente envolvida na elaboração da FAU, e a obra dele só vai ganhar uma cara muito diferenciada um pouco mais pra frente.

SF: Na época em que nós o conhecemos, ele já era o Artigas.

FC: Mas era só uma casinha ou outra.

SF: Era uma casinha, mas era exemplar, paradigmática, com uma força teórica gigantesca. O Artigas tinha uma autoridade moral e intelectual que nenhum outro tinha. É óbvio que tinha a rigidez do partidão, era um pouquinho autoritário.

FC: O Millan já tinha uma inserção pública mais desenvolvida? Ele era mais bem visto, bem conceituado nos ambientes fora da FAU?

SF: Tinha, mas se você for nesse sentido, o Botti e o Miguel Forte, eram muito mais conhecidos. O Kneese de Mello, o Rino, todos esses arquitetos eram muito mais conhecidos, tinham muito mais obras que o Artigas. O Artigas tinha uma obra reduzidíssima, mesmo considerando até o fim.

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Un moderno en salta

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