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interview ISSN 2175-6708

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Haruyoshi Ono, sócio e interlocutor de Roberto Burle Marx por quase três décadas, dá um amplo depoimento sobre sua atuação como paisagista ao lado do mestre e de sua trajetória autônoma à frente do escritório que ainda leva o nome do fundador.

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BARBOSA, Antônio Agenor; RODRIGUEZ, Stella. Entrevista com o arquiteto paisagista Haruyoshi Ono. Entrevista, São Paulo, ano 15, n. 057.01, Vitruvius, jan. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/15.057/5010>.


Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional do Verde, Osaka
Foto divulgação [Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo]


Antônio Agenor Barbosa e Stella Rodriguez: O senhor poderia nos falar como foi a sua formação, tanto no âmbito acadêmico e também profissional, como arquiteto e, particularmente, como paisagista?

Haruyoshi Ono: Fiz o ginásio e o científico no Colégio Cruzeiro. Depois fiz vestibular para a Faculdade Nacional de Arquitetura, na época Universidade do Brasil, em 1964, e em 1968 me formei como arquiteto. Esta é, portanto, minha formação acadêmica.

Enquanto eu ainda cursava arquitetura, tive contato com o professor Antônio Leitão, que era o nosso professor de desenho artístico, e fiz parte do seu escritório de arquitetura. Mais tarde ingressei no ateliê de Roberto Burle Marx como estagiário, em 1965, e de estagiário passei para desenhista dentro do escritório. Ao me formar arquiteto fui chamado para ser sócio da empresa. E continuei até a morte de Roberto, em 1994. Portanto, fui sócio do escritório Burle Marx & Cia. Ltda. de 1968 até 1994, e, desde então, dirijo a empresa.

AAB / SR: O senhor é nascido no Rio?

HO: Nasci no Rio de Janeiro, no bairro do Rio Comprido, em 1943.

AAB / SR: E a sua opção pelo Paisagismo se deu basicamente pelo encontro com o Burle Marx?

HO: Sim, basicamente foi. Mas eu sempre tive interesse por vegetação ainda em minha infância. A minha mãe, por exemplo, gostava muito de plantas também e nós tínhamos um pequeno quintal em casa. Minha mãe era japonesa e o interesse dela por plantas não tinha origem e nem relação direta com paisagismo ou jardins orientais. Apenas ela gostava de conviver e tratar das plantas, e com isso aprendi muita coisa com ela. Esse foi meu primeiro encontro com a vegetação. Mais tarde, lógico, com o Burle Marx fui aprendendo praticamente quase tudo que eu sei até hoje.

AAB / SR: Que tipo de plantas sua mãe cultivava?

HO: Eram na sua maioria plantas anuais e exóticas. Tinham dálias de diversas florações, muitos crisântemos, algumas árvores, e cravinhos e violetas. Ela apreciava muito essas plantas por causa da floração e do cheiro. As azaléias eram especiais para ela. E no meio de tudo isto as buganvílias se destacavam por suas belas florações. Como o nosso quintal era pequeno, eram as árvores da vizinhança que me impressionavam muito.

AAB / SR: Então sua infância aconteceu em um espaço que tinha um jardim?

HO: Sim. Num pequeno espaço nosso, particular, “o quintal”, que a gente chamava de jardim. E tinham ainda os arredores, as ruas bem arborizadas. Mas isto já não era mais no Rio Comprido, bairro onde nasci, e sim em Senador Camará, para onde me mudei aos seis anos de idade quando saímos do centro da cidade e fomos para a zona rural. E foi em Senador Camará que passei minha infância e onde nós moramos por muito tempo. Lá era bom porque era cercado de mata, tinha um rio atrás, um rio pequeno que as pessoas se banhavam. Havia ainda bois e vacas perto da casa, pastando.

AAB / SR: E a sua infância foi ali, nesse ambiente... O senhor tem irmãos?

HO: Minha infância foi no meio de jamelões, mangas, laranjas. Tenho dois irmãos. Um mais velho e outro mais novo. Nós três apreciávamos muito essa vida na zona rural. Nas horas de lazer tinham os jogos de bola – boa época, não é? – pipas, pião, aquelas brincadeiras de ruas, bandeirinhas etc. Eu ainda me recordo bem.

AAB / SR: Então, a experiência com a natureza e o contato com as plantas estavam ali bem próximas de vocês. E o teu pai?

HO: Hoje penso que o mais importante não era esse contato com a vegetação, mas sim de um modo geral o contato com a terra. Meu pai era comerciante, e em função disso, por causa do seu trabalho, fomos morar em Senador Camará. Eu saí de lá com 16 ou 17 anos, mais ou menos.

Eu comecei a estudar no Centro do Rio de Janeiro, em 1950, no Colégio Cruzeiro. No meio do ano letivo nos mudamos e fiquei sem estudar alguns meses por falta de vaga na escola. No ano seguinte fui matriculado numa escola particular chamada Colégio São José. Era uma turma muito engraçada porque tinham alunos desde o curso primário o ginasial. Havia aulas de inglês junto com português, francês, e a crianças pequenas no meio, numa sala ampla dividida em grupos.

Depois fui para uma escola pública onde fiquei até o curso de admissão. Prestei uma espécie de concurso para uma escola estadual, já em Campo Grande, ainda na zona rural. Campo Grande era naquela época um bairro do Rio de Janeiro, desenvolvido e distante. Hoje é tudo ligado, diferente daquele tempo. E ali eu estudei por dois anos, o primeiro e o segundo ginasial. Terceiro ginasial eu já vim fazer aqui no Rio, no Colégio Cruzeiro, voltando à origem. Era um colégio alemão, bilíngüe e tínhamos a opção de cursar em alemão ou não. Ainda hoje é considerado um bom colégio aqui no Rio de Janeiro. Concorria na época com o Colégio Pedro II.

AAB / SR: E havia o convívio com seus avôs também?

HO: Não. Eu não conheci praticamente meus avôs. A minha avó materna eu conheci em visitas de poucos dias, aqui no Rio de Janeiro. O meu avô paterno eu só vi uma vez no interior de São Paulo. Eram japoneses.

AAB / SR: E o senhor tinha algum contato com o Japão mesmo? Viajou durante sua infância e adolescência?

HO: Não, durante a infância o contato com a cultura japonesa era através dos meus pais. Meu pai trabalhava numa loja de importação e exportação de mantimentos e objetos japoneses, então havia contato com esses funcionários japoneses. Além disso, dentro de casa os costumes, a alimentação e a linguagem eram preservadas. Já na adolescência o contato foi maior, pois meu pai passou a trabalhar na Embaixada do Japão e com isto passamos a ter maior convívio com os japoneses.

AAB / SR: E o senhor já teve a oportunidade de ir ao Japão? E a primeira vez foi com que idade?

HO: Dormi várias vezes em Tóquio, pois lá fazia a escala para irmos ver o desenvolvimento do projeto do Parque KLCC, em Kuala Lumpur. Entretanto, somente em 1990 tive a oportunidade de passar alguns dias no Japão, visitando várias cidades. O nosso escritório foi convidado pelo Governo japonês para fazer o jardim do Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional do Verde, em Osaka, conhecida como EXPO 90. Convidamos o arquiteto Ruy Ohtake para fazer a arquitetura do pavilhão e nós fizemos o jardim.

AAB / SR: E a sua opção pelo estudo de arquitetura, como se deu?

HO: A arquitetura foi um acidente na minha vida. Na época eu queria fazer Agronomia, foi a minha primeira opção, passei mas não me adaptei àquele ambiente. No ano seguinte fiz novo vestibular, desta vez para Arquitetura e Desenho Industrial. As provas eram concomitantes, mas o resultado da Arquitetura saiu antes. Quando soube que tinha sido aprovado, optei por ela.

AAB / SR: Agronomia não deu certo por quê?

HO: Por causa do ambiente que eu não gostei muito.

AAB / SR: Mas tudo tem uma aproximação pela história do seu interesse do contato com a natureza, com a terra, certo?

HO: No final das contas, no meu trabalho profissional, eu acabei tendendo pra esse lado da natureza.

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