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interview ISSN 2175-6708

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português
Hans-Michael Herzog é diretor artístico e curador da Casa Daros, projeto que abriu suas portas em março de 2013, na cidade de Rio de Janeiro. Com sede na Suíça, a Coleção Daros Latinamérica conta com acervo de cento e dez artistas e mil e duzentas obras.

english
Hans-Michael Herzog is Artistic Director and Curator of Casa Daros, a project opened to the public on March, 2013, in Rio de Janeiro. Headquartered in Switzerland, The Daros Latinamerica Collection has about 1,200 artworks by more than 110 artists.

español
Hans-Michael Herzog es director artístico de Casa Daros, proyecto lanzado en marzo del presente año en la ciudad de Río de Janeiro. Con sede en Suiza, la Colección Daros Latinoamérica cuenta con acervo de ciento diez artistas y mil doscientas obras.

how to quote

BUENAVENTURA, Julia. A nova casa. Abertura da Casa Daros no Rio de Janeiro. Entrevista, São Paulo, ano 15, n. 057.06, Vitruvius, mar. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/15.057/5093>.


Casa Daros. Salão de entrada
Foto Jaqueline Felix [Imagens do Povo]

Julia Buenaventura: Nesses vinte anos de experiência, em todo esse tempo viajando pela América Latina, e trabalhando com a Casa no Rio, como vê a relação entre a arte brasileira e a arte dos países hispanos?

Hans-Michael Herzog: Para começar com o passado, com a arte Concreta, temos toda uma relação entre os países culturalmente importantes na época: Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai. Mas essa relação ficou no passado. Tivemos o corte, a catástrofe dos regimes militares em muitos países, o que durante bastante tempo quase aniquilou todo o progresso cultural e humano. Desde o fim desse período até agora, ainda sendo claramente poucas décadas, é como se cada pais tivesse começado se reconstruir novamente e, neste momento, temos desenvolvimentos diferentes em cada lugar. É claro que também o Brasil teve um processo diferente dos outros países, no que se refere a artes plásticas. Hoje, acho, o Brasil é um pais que está muito bem economicamente. E, embora tenha muitos problemas, há uma tradição de colecionismo. Há vários museus, ainda que não sejam suficientes, ou instituições culturais que estão expondo as obras. Isso significa que se uma pessoa chega como jovem artista brasileiro, e alguém começa a comprar sua obra, já está alcançando, mais o menos facilmente, um certo nível no mercado. Isso, como sempre, tem um lado negativo, ainda quando não seja um erro específico dos brasileiros, mas um efeito do mercado: uma produção muito grande se torna, as vezes, superficial.


JB: Que efeitos têm a consolidação desse mercado no Brasil? Está mais consolidado?

HMH: Sim, muito mais. Por isso penso que em muitos outros países latino-americanos, talvez haja mais rigor no pensamento, na produção.

JB: Porquê abrir a Casa Daros no Rio de Janeiro?

HMH: Desde que começamos a coleção, sabíamos que um dia teríamos de procurar um lugar na América Latina. Comecei a procurá-lo em Havana. No início, tive a idéia de ter duas casas; era um pouco naif ou megalómano, mas foi assim. Tudo ia muito bem lá, até que em 2003 Fidel começou com as represálias contra os dissidentes e outras pessoas. Então ninguém queria apoiar Cuba, e por isso o projeto não foi para frente. Quase no dia seguinte fui para o Rio de Janeiro, que sempre foi minha segunda opção. Por que o Rio? Porque pensava em um centro, e o Brasil é o maior país e está no meio do continente. São Paulo não, pois já tinha muitas instituições culturais que funcionavam mais ou menos bem. Nessa época, no Rio quase nada funcionava. O Museu de Arte Moderna estava em uma situação terrível, embora hoje esteja muito melhor. Do mesmo modo, consideramos a quantidade de artistas que moram no Rio, pois isso sempre foi a base de tudo. E porque é uma cidade muito grande, também isso esteve claro desde o começo; não iríamos a América Central, por exemplo. Também pensei em Bogotá, mas, na época, os dirigentes de Daros disseram que não. Bogotá não era ainda tão segura e não queríamos fazer isso lá nesse momento. Tampouco quis fazê-lo em Buenos Aires, pois Buenos Aires já tem sua infraestrutura, que está funcionando bem, e nos países andinos é difícil pois estão um pouco mais na margem de tudo. Aliás, quando você convida as pessoas ao Rio, todas vem.

JB: Por que abrir a Casa Daros com uma exposição de arte colombiana?

HMH: Quero fazer algo de impacto na cultura política brasileira. Estamos no Brasil e sabemos como são as coisas aqui: “Tudo bom, tudo ótimo, tudo joia!”. É ótimo tudo isso, mas claramente na vida nem tudo é joia, alegria, e disso quero falar um pouco. É por isso que quero abrir com Cantos Contos Colombianos, para que os brasileiros compreendam o que está acontecendo em um país vizinho, que para eles é tão exótico, quanto para um suíço ou um alemão. Eles vêem a droga, a guerra, o sangue, etc., e não sabem nada sobre. Não é sua culpa, mas não sabem que há outro aspecto cultural e algo que está florescendo nesse país. Por isso quero abrir com a Colômbia, para dizer aos brasileiros: “Escutem!, vocês não têm ideia do que acontece ao seu redor. Olhem, por favor, saibam, e vão ver a alta qualidade da produção artística do pais vizinho”. Assunto que vai se repetir em outras ocasiões e com outras obras de arte. Porém, não é que eu esteja interessado em representar país por país, essa não é a minha intenção. Nunca foi, mas neste caso sim, porque para mim é algo problemático. 

JB: O Brasil sempre parece estar olhando para a Europa ou Estados Unidos?

HMH: E para seu próprio umbigo...

Esta exposição tem um alto conteúdo político. No geral, a arte colombiana tem um grande conteúdo político. Como você vê isso?

HMH: Certamente. Acho excelente, pois é o que os artistas colombianos expressaram durante a década de 90. Acho justo e natural que um país como a Colômbia produzisse essa arte nessa época.

JB: É interessante mostra-lo justamente aqui, no Brasil, porque se trata de um país onde a discussão política está um pouco anulada. Há discussões sobre futebol, como se o futebol tivesse suplantado à política...

HMH: Sim, sim, exatamente.

JB: Para fechar, queria perguntar-lhe: depois desses vinte anos trabalhando no panorama da arte latino-americana, de toda essa experiência, não foi afetado novamente por um pouco de tédio?

HMH: Não, nada de tédio. Vejo um panorama que se abre, que cada dia se desenvolve mais, altera-se, um panorama muito interessante e bastante fértil.

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