Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

my city ISSN 1982-9922

abstracts

how to quote

OTANI, Paula. Fallingwater X Casa das Canoas. Minha Cidade, São Paulo, ano 03, n. 033.03, Vitruvius, abr. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/03.033/2043>.


Casa de Canoas, Oscar Niemeyer
Foto Paul Meurs


Casa da Cascata (Fallingwater), Frank Lloyd Wright [As casas do século, Anatxu Zabalbeascoa, Editorial Blau]

 

Frank Lloyd Wright criou o termo “arquitetura orgânica” como uma forma de integração entre a arquitetura e o ambiente ao seu redor. Esta definição aplica-se perfeitamente as suas obras, entre elas, a maravilhosa Fallingwater na Pensilvânia. Numa recente visita a Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer no Rio de Janeiro, percebi que também trata-se de uma grande exemplo de arquitetura orgânica.

Guardadas as devidas proporções, a Fallingwater, construída em 1936 como casa de campo do magnata Edgard Kauffman e a Casa das Canoas, construída em 1951 para a própria família de Oscar Niemeyer, tem muitas coisas em comum.

As duas casas foram implantadas respeitando os desníveis dos terrenos e incorporando elementos da natureza ao projeto. Na Fallingwater, uma grande rocha foi mantida e usada como parede da sala íntima e outra foi usada como piso da lareira da sala de estar, enquanto que na Casa das Canoas, uma grande rocha sai da área da piscina e penetra pela sala até o limite da escada que dá acesso ao andar inferior, onde se encontram os quartos e a biblioteca.

Outro aspecto importante foi o uso de muito vidro, para trazer a natureza para o interior das casas. Tanto Frank Lloyd Wright como Oscar Niemeyer criaram áreas de sombra ao redor dos vidros para que não fosse necessário o uso de cortinas.

Na realidade os dois projetos integram três elementos: arquitetura, natureza e arte, pois belas esculturas foram colocadas na área da piscina, no jardim e no interior das duas casas. Além disto, as duas casas têm móveis que foram desenhados pelos arquitetos especialmente para elas.

Apesar de tantas semelhanças, num aspecto as duas casas são completamente diferentes. Tive a chance de fazer um tour de três horas por todos os aposentos da Fallingwater, assistida por um guia que fornecia todas as informações a respeito da arquitetura, dos móveis, do arquiteto e da família que comissionou o projeto. Por outro lado, quando estive na Casa das Canoas, apesar de ter chegado no horário normal de abertura ao público, encontrei o portão fechado e tive que tocar a campainha para entrar. Maior ainda foi a minha surpresa quando um caseiro veio abrir o portão e foi logo falando: “Tem que pagar cinco real”. Paguei os cinco reais e fui ver a casa por conta própria, pois não havia ninguém que pudesse me falar nada sobre aquela beleza que eu estava vendo. Somente a sala de estar e a de jantar estão em boas condições. O teto de contorno curvo, típico de Niemeyer está todo descascando e a cozinha está em condições precárias. Os quartos atualmente abrigam maquetes empoeiradas do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, da Catedral de Brasília e do Maracanã, além de algumas pinturas de Niemeyer penduradas tortas.

O que mais me deixou chateada foi constatar que um exemplo maravilhoso de arquitetura num terreno privilegiado, rodeado por uma mata densa no topo do morro de São Conrado, está lá sem receber o devido valor. Tenho receio de que se nada for feito, num futuro próximo ninguém mais vai ter a chance de ver este marco da arquitetura moderna brasileira.

Depois da visita fui buscar informações sobre a casa em websites e por incrível que pareça, as informações mais detalhadas e interessantes sobre o projeto, eu obtive num website holandês, dizendo que o contorno curvo do teto da casa, além de deixar a vegetação penetrar, foi feito seguindo o mesmo contorno da praia no pé do morro, pois em 1951, quando a casa foi construída, a vegetação não era tão fechada e a Casa das Canoas tinha vista para o mar.

Mesmo sem nenhuma infra-estrutura para receber visitantes, vale a pena ir ate lá para ver a casa de vidro de Niemeyer. O endereço é Estrada das Canoas nº 2310, São Conrado, Rio de Janeiro RJ. A casa está aberta ao público de terça-feira a sábado, das 11h00 às 17h00 e domingos e feriados das 11h00 as 13h00. Se o portão estiver fechado, toque a campainha e boa sorte!

Para aqueles que tiverem a oportunidade de visitar a Fallingwater, ela acabou de ser restaurada por um custo 11,5 milhões de dólares e está exatamente como era na época em que os Kauffman usufruíram dela, pois quando Edgard Kauffman Jr. doou a casa para Western Pensilvania Conservancy, em 1963, todos os móveis, tapetes e obras de arte também foram doados. Para informações sobre tipos de tours e horários, favor acessar o website www.wpconline.org.

sobre o autor

Paula Otani é arquiteta.

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided