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my city ISSN 1982-9922

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BARBOSA, Antônio Agenor. Copacabana em música. Minha Cidade, São Paulo, ano 04, n. 039.01, Vitruvius, out. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/04.039/2035>.



Foto Glória Horta [www.facetascariocas.blogger.com.br]



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Copacabana é o bairro mais “cantado” – aqui, entendam-se as músicas e os galanteios – do mundo. Não, não possuo dados científicos para comprovar. Mas tenho uma forte intuição. Somente na Música Popular Brasileira sobram exemplos de letras que eternizaram e entronizaram definitivamente este pequeno pedaço de terra carioca à beira-mar.

Foi a partir de uma canção que o bairro ficou conhecido como “a princesinha do mar”. O samba Copacabana, com letra de Alberto Ribeiro e música de João de Barro, o Braguinha, foi gravado originalmente em 1946, na voz inconfundível de Dick Farney. Teve, pelo menos, mais de 20 regravações. Até Sara Vaughan cantou a “princesinha do mar”.

E Caymmi já viveu muito mais em Copa do que na Bahia. Na década de 50, ele compôs Sábado em Copacabana, originalmente gravada em 1951 por Lúcio Alves. Consta que o compositor teve como parceiro nesta canção uma das figuras mais conhecidas do bairro e da alta sociedade carioca daquela época: Carlos Guinle.

Ao final dos anos 50, o Brasil inteiro festejava a transferência da capital para Brasília. No ar, as idéias desenvolvimentistas do Presidente Bossa Nova JK. Entretanto, uma das mais célebres reações veio sob a forma de um bonito samba composto por Billy Blanco. O nome da música era Não vou pra Brasília, gravada em 1957 pelo grupo Os Cariocas. A canção foi censurada, mas os versinhos anti-JK fizeram sucesso: “Não vou, não vou pra Brasília / Nem eu nem minha família / Mesmo que seja / pra ficar cheio de grana / A vida não se compara / mesmo difícil e tão cara / Quero ser pobre / Sem deixar Copacabana”.

Em 1958, a voz de Nelson Gonçalves registrou para a eternidade a canção Nova Copacabana, de Herivelto Martins, em parceria com David Nasser. A letra dizia: “Se eu tivesse mil anos de vida / novecentos e noventa e nove / viveria em Copacabana...”.

E, se o carioca já cantava o Sábado em Copacabana, em 1968, passou a cantarolar também o Domingo em Copacabana. Primeiramente, a canção foi interpretada por Elza Soares; depois, por Elis. Era assinada por Paulo Tito e Roberto Faissal.

Dando um salto no tempo, chegamos até “Kátia Flávia, a louraça Belzebu, provocante e gostosona, e que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas”. Aos que não fazem a menor idéia de seu paradeiro, sugiro que dêem um pulo no Cervantes e perguntem a Fausto Fawcett.

Também compuseram homenagens ao bairro o superbacana Caetano Veloso, Joyce, Eduardo Dusek, Gilberto Gil, Roberto Frejat, Paulo Leminski e o insuperável Antônio Carlos Jobim (são os que eu me lembro), que ficou mundialmente conhecido por cantar as belezas e as garotas de um bairro vizinho e até rival da princesinha: Ipanema.

Por estas breves linhas acima, vê-se o alto valor simbólico que o bairro imprimiu não só à paisagem do Rio de Janeiro, mas também à própria história da urbanização no Brasil ao longo do século XX. Um bairro que tem pouco mais de 100 anos, e, atualmente, muito mais do que cem mil habitantes. É muita gente em pouco espaço. Os que tiveram a oportunidade de assistir ao documentário Edifício Master perceberam a dor e a delícia de viver em um local de tão alta densidade demográfica. Somente nos 12 pavimentos do Master vivem mais de 500 “copacabanenses”, de nascença ou adoção – são 23 quitinetes por andar. Toda essa gente ali na Domingos Ferreira, a uma quadra da praia.

Na linha oposta ao Master, vale dar uma olhada nos fundos do Copacabana Palace e deliciar-se com o cenário paradisíaco da Copacabana dos anos 20 e 30. Naquelas imagens, tem-se a exata noção de quanto este país andou.

Mas já que a intenção pioneira deste artigo era falar de canções, podemos concluir parafraseando e citando – de novo – Fausto Fawcett e Fernanda Abreu, que poderiam ter cantado assim: “Copa 40º, bairro maravilha e purgatório da beleza e do caos”.

notas

[artigo originalmente publicado na revista Escala, coluna “Campus”, Rio de Janeiro, n. 10, set. 2003]

agradecimentos

O autor e o editor agradecem especialmente a fotógrafa pela autorização para a veiculação da imagens neste artigo.

sobre o autor

Antônio Agenor de Melo Barbosa é arquiteto - urbanista, professor de Urbanismo da FAU - UFRJ , UGF e UNIPLI pesquisador bissexto de MPB.

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