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my city ISSN 1982-9922

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MANSKI, Sonia. Arquitetura de presente: obra de Konigsberger & Vannucchi em São Paulo. Minha Cidade, São Paulo, ano 04, n. 046.03, Vitruvius, maio 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/04.046/2011>.



Quando se completa mais um ano de vida, é costume comemorar. Maior a festa quando a data é redonda. Se assim acontece com as pessoas, por que haveria de ser diferente quando a aniversariante é uma cidade?

À parte a polêmica da Rita Lee a respeito de nossa capacidade de festejar, o que se pode dizer dos presentes recebidos, parte tão importante das celebrações? Fora os tantos livros editados e reeditados e as músicas cantadas em sua homenagem, muito poucos são os gestos concretos de efetivo altruísmo para com a Paulicéia.

Visível que não faz parte da nossa tradição a cultura de generosidade para com o urbano. Muito mais e melhor do que nós, os italianos ao longo da história aplicaram recursos na ornamentação da cidade. Encomendaram igrejas, praças e monumentos. Terminado o dinheiro, as obras permaneceram. Com uma grande vantagem: o deleite da paisagem é democrático. Quando a cidade ganha presentes, são seus moradores os premiados.

Observa-se em Sampa o contrário: os maus tratos vêm de longe. Tenham ou não relação com o privilégio dado ao transporte individual, notório foi o caso da praça (a Roosevelt) retirada dos cidadãos para ser devolvida  mutilada, com um novo acesso por escadas (quem subiria um andar para entrar numa praça?) e um super-mercado incrustado. Alguém se lembra da feira que tinha lá?

E o que dizer da obstrução do espaço aéreo de avenidas que se não eram belas, pelo menos possuíam sua dignidade? Os restos mortais das deterioradas Nove de Julho e São João não deixam margem à dúvida.

Grande perigo correm os parques, em particular o Ibirapuera, cujos cobiçados espaços de grande visibilidade atraem a ganância de muitos que se apressam em oferecer benefícios em troca de publicidade, não raras vezes causadora de prejuízo à paisagem.

Dentro deste panorama, vale a pena comemorar a honrosa exceção oferecida aos paulistanos ainda antes de completados os 450 anos. Que um espaço privado se abra ao público merece aplausos. Mais ainda quando reúne qualidades estéticas apreciáveis.

O conjunto Brascan Century Plaza, projeto de Konigsberger & Vannucchi com paisagismo de Benedito Abbud, localizado no Itaim-Bibi (na confluência das ruas Joaquim Floriano e Bandeira Paulista), que abriga três edifícios e as salas de cinema Kinoplex, vem na tendência oposta. Obviamente sem deixar de lado a viabilidade financeira do empreendimento, é um presente que se oferece à cidade. Em quantos outros lugares abertos o pedestre é convidado a entrar e desfrutar de uma deliciosa paisagem criada? Simplesmente sentar – de preferência com um cafezinho – nesta praça interna a céu aberto ladeada pelas dezenas de espécies de pau-brasil é um privilégio que passamos a poder ter.

Talvez a primeira experiência inovadora neste sentido remonte ao princípio do século passado, com a inauguração dos empreendimentos da Companhia City por essas plagas. Apesar de comerciais, os loteamentos aqui realizados reservaram áreas públicas ajardinadas em algumas esquinas. Sem falar das calçadas verdes que criaram deliciosas alamedas para passeio, muitas das quais infelizmente destruídas para dar lugar – mais uma vez - a entradas para estacionamento de automóveis, presença sempre crescente.

Algum ranzinza de plantão certamente tentará tirar o mérito desses ingleses alegando que motivações mercadológicas sempre estiveram por detrás do aparente altruísmo. Nada disso importa. Conta menos a intenção do que o fato. E este demonstra que até hoje são ruas tão aprazíveis que receberam inclusive o reconhecimento estadual do seu valor através do instituto do tombamento.

Na mesma contramão, os exemplos não são muitos. Cabe citar a sede da Caixa Econômica Federal na avenida Paulista que abre seus espaços livres para usufruto dos transeuntes. Não esquecer da vista do belvedere na mesma avenida, conservada por Lina Bo Bardi em seu projeto para o Museu de Arte de São Paulo, cujo pavimento térreo é praticamente uma extensão da calçada para dentro do lote. Sem falar no inigualável Conjunto Nacional convidando todos a penetrar em seu interior, brilhantemente revitalizado graças à eficiência de uma atuante síndica.

Alguém se lembra de mais algum?

Que os arquitetos, empreendedores e administradores aprendam como se presenteia urbanisticamente falando.

sobre o autor

Sonia Manski é arquiteta formada pela FAU USP e trabalha no CONDEPHAAT.

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