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my city ISSN 1982-9922

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PALUMBO DA SILVA, Evelin. Reabilitação do centro urbano de Americana. Minha Cidade, São Paulo, ano 07, n. 073.02, Vitruvius, ago. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/07.073/1941>.


Fachada do edifício da estação (1912) 2006


Praça Basílio Rangel - Calçadão Comercial 2001

Calçadão Comercial - Caixa de Força no meio do passeio- mobiliário 2001

Mapa do centro com principais pontos e localização do calçadão

Imagem do pátio da estação ferroviária - gradil e imagem da praça Basílio Rangel 2006

Imagem da proximidade da estação e do terminal inter municipal 2006

 

Americana se desenvolveu com a chegada da ferrovia. Com o apogeu da ferrovia, o centro recebeu grande incentivo para seu desenvolvimento. Nesse centro o calçadão comercial surgiu como resposta aos conflitos entre pedestres e veículos. Com a decadência do transporte ferroviário, esse centro perdeu seus atrativos. Hoje o centro tornou-se um local de passagem – movimentado durante o dia e um local escuro e deserto durante a noite. Ao lado da antiga estação ferroviária que está localizado o terminal urbano, que serve de distribuidor de fluxos para toda a cidade. Foi desenvolvido um trabalho de segurança para os pedestres, com revisão do zoneamento, alteração no sistema viário e incentivo a novas rotas, revitalização das fachadas das edificações existentes, requalificação de edifícios antigos (como o da estação ferroviária), melhoria de iluminação, mobiliário urbano adequado e formação de um corredor cultural, integrando os edifícios históricos do centro.

Localização

Americana cidade do interior de São Paulo, pertence à região metropolitana de Campinas. É uma cidade com grande desenvolvimento industrial e por estar próxima a eixos rodoviários importantes (Anhanguera e Bandeirantes), está hoje entre as cidades de médio porte no estado.

O centro

O centro de Americana viveu a partir do final dos anos 70, um permanente e intenso processo de transformação e transfiguração.Os ajustes variaram em escala e intensidade, conduzidas pelas funções de desenvolvimento do município.

Muitas vezes as transformações não passaram de arremedos superficiais de modernização. Outros, de grande impacto na estrutura urbana, como foi o caso do “calçadão” das ruas Fernando de Camargo e 30 de Julho, que surgiram como resposta ao conflito existente entre veículos e pedestres, ocasionados por ruas estreitas e atravancadas. Essa característica é comum nos centros das cidades formadas no século XIX.

O desenvolvimento do centro comercial

O calçadão foi primeiramente formado por duas quadras da Rua Fernando de Camargo e mais duas quadras da Rua 30 de Julho. A cruz formada pelo Calçadão fixava em suas extremidades as principais referências históricas, culturais e arquitetônicas da cidade.

Pontos históricos

A Matriz Nova e a primeira Igreja de Santo Antônio estão localizadas respectivamente a extremidades do calçadão. Matriz Nova na extremidade da 30 de Julho com a Vieira Bueno e a Matriz Velha a extremidade da Fernando de Camargo com rua 12 de Novembro, são elas parte da personalidade da cidade, identidade do povo local e garantia da humanização perante a imposição do concreto e vidro na paisagem urbana.

Em lados opostos aos templos, encontramos na outra extremidade da 30 de Julho a Estação Ferroviária, marco inicial da cidade, com sua imponente arquitetura industrial paulista, do início do século XIX e na extremidade da Fernando de Camargo aparece a praça Comendador Müller, onde localiza-se a biblioteca municipal com seu estilo eclético, e o Museu de Arte Contemporânea. Ambas as edificações cercadas pelo jardim da praça.

Qualidade de vida do centro

Este “Sítio Urbano” com pouco mais de 500 metros de calçadão é circundado por uma complexa rede viária e pelo intenso sistema de transportes coletivos e particulares. Caracterizando assim um cenário dramático, que foi subestimado na elaboração e execução do projeto original e em suas sucessivas intervenções.

O calçadão já passou por uma reforma, nos anos 90, onde foram retiradas as floreiras e bancos lá existentes. Tais medidas tiveram como finalidade evitar a utilização como local de permanência, o motivo alegado foi que pessoas ficavam nesses espaços observando o movimento do local, e aproveitavam para praticar delitos. Uma câmera de segurança também foi instalada no cruzamento da Fernando de Camargo com a 30 de Julho, como tentativa de diminuir os índices de roubos no local.

Hoje o calçadão foi ampliado e ganhou uma quadra da Rua Vieira Bueno, originada na 12 de Novembro e terminando na 30 de Julho, onde se integra a antiga cruz. Essa ampliação faz parte de um projeto da prefeitura para transformar esse calçadão em um “shopping de rua”, assim seria adicionada a ele uma cobertura, que diminuiria a ação do tempo (sol e chuva) enquanto a população executa suas compras (1).

Não vejo essa proposta como solução para os problemas existentes neste espaço público. Se o problema é na parte da segurança, apenas deixar o local com uma boa aparência física, não solucionará o problema. Ainda mais com a utilização de uma cobertura, que servirá de abrigo para essas pessoas que não tem onde morar.

A retirada das floreiras e dos bancos pode ser entendida do ponto de vista do fluxo, pois esse espaço livre público urbano, recebe milhares de pessoas todo o dia, seja para utilizarem o comércio, seja como passagem.

Vejo que para solucionar os problemas deste local, dever-se-ia disponibilizar mais pontos de estacionamento, retirar as caixas de força externas que atravancam a passagem, fazer a instalação das fiações no subsolo, deixando o passeio livre e limpo visualmente. Uma boa iluminação, limpeza das fachadas, e revisão do uso do calçadão apenas no horário comercial.

O uso do solo do centro na formação de Americana era em sua maioria residencial, tendo uma diversificação com comércio e indústrias. Com o desenvolvimento da cidade, a população que residia no centro (classe média – alta e alta) acabou se deslocando para outros bairros que iam surgindo, assim os antigos casarões acabaram sendo vendidos e transformados em comércio e serviços.

Hoje muitos deles já foram derrubados para dar espaço aos avanços e comodidade dos tempos modernos.

Pelo mapa constatamos que hoje no centro encontramos em sua grande maioria estabelecimentos comerciais, o que nos remete pensar no zoneamento. Não que não existam residências no centro, existem em prédios, que por sinal são antigos, sem conservação e muito desvalorizados.

No calçadão encontramos também o “marco zero” da cidade. Ele está localizado bem a frente da Estação Ferroviária e recebe o nome de Praça Basílio Rangel. Esse largo foi marco de grandes festividades, reuniões grevistas, e era lá que se localizava a sede da antiga fazenda Machadinho, que loteou parte de suas terras para a formação da “Villa dos Americanos”, como era chamada a cidade no início do século passado.

Conclusão

Existem nesse centro tantos atrativos subtilizados, que em um projeto bem elaborado poderiam ser levantados. Como a ligação entre pontos turísticos (históricos), que são tão próximos entre si, como levantado anteriormente, e que o próprio calçadão serve de eixo norteador para esses patrimônios.

A paisagem urbana é resultado da aglomeração espontânea da população na cidade. Além da separação entre as propriedades públicas x privadas, que delimita através de posse áreas particulares e áreas públicas. Esse conjunto (público e privado) constitui o ambiente urbano.

Os espaços públicos urbanos devem essencialmente ser espaços de lazer, isto é, lugares de dinâmica cultural onde o lúdico faça ressaltar um conjunto de expressões ou rituais, sinônimos do direito à cidade e de usufruto de lugares “agradáveis para viver”. Lugares que ofereçam uma grande escolha de atividades e que, ao prolongarem a vida interior, sirvam de receptáculo de muitas aspirações por vezes contraditórias, mas onde os cidadãos procurem sempre, mais ou menos conscientemente, estar em osmose com a sua unidade de vizinhança, o seu bairro, a sua cidade. O seu ordenamento é atualmente um dos aspectos vitais para a revitalização e a qualidade de vida no meio urbano. Eles interessam a todas as pessoas, independentemente do tempo livre e do grau de acessibilidades de cada um.

Conforme o plano diretor de São Paulo diz na seção III – dos elementos integradores: Subseção III – Dos espaços públicos.

Art. 130 – Os Espaços Públicos constituem elemento integrador na medida em que são ponto de encontro para os contatos sociais e a comunicação visual e palco para as manifestações coletivas e o exercício da cidadaniaParágrafo único – Para garantir o disposto no –caput- deste artigo, o Executivo criará condições para a fruição e o uso público de seus espaços, integrando-os com o entorno”.

notas 1
Terminal Urbano – Recebe todo o fluxo municipal e da região metropolitana de Campinas.

referências bibliográficas

BENFATTI, Dênio; SCHICCHI, M. Cristina. Urbanismo: Dossiê São Paulo – Rio de Janeiro. Oculum Ensaios. Rio de Janeiro/Campinas, PROURB/ PUC-Campinas, 2003.

BRYAN, Abílio Serra. Americana – Edição Histórica. Americana, Foccus, 1975.

BRYAN, Abílio Serra. Americana, sua história. Americana, 1967.

CASTILHO, Ana Luisa H.; VARGAS, Heliana C. (org). Intervenções em Centros Urbanos – Objetivos, estratégias e resultados. São Paulo, Manole, 2006.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2000.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo, Martins Fontes, 1960.

OLIVIERI, Fanny. Preservando nossa história. Americana, 1999.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo, Hucitec, 1996.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo, Hucitec, 1988.

VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel, 1998.

REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo e outras cidades: produção social e degradação dos espaços urbanos. São Paulo, Hucitec, 1994.

sobre o autor

Evelin Palumbo da Silva é arquiteta e urbanista, mestranda em Urbanismo pela PUC-Campinas.

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