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my city ISSN 1982-9922

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Neste artigo, Edgardo Berjman fala sobre o projeto de Metropolização de Paris, as políticas públicas que vem sendo aplicadas nesse sentido para as infra-estruturas de transportes da região com a implantação do metrô automático

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BERJMAN, Edgardo. Esquemas de metrô automático para a metropolização de Paris. Minha Cidade, São Paulo, ano 11, n. 126.01, Vitruvius, jan. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.126/3723/pt>.



Iniciamos uma série de comunicações sobre o desenvolvimento do processo de Metropolização de Paris, com base em nossa tarefa de observação e análise iniciada em 2007; que entregaremos trimestralmente.

Depois de décadas de intensa urbanização no mundo, os processos de Metropolização são a cada dia mais necessários, inevitáveis e numerosos.

O caso de Paris é emblemático, por seu início e desenvolvimento inovadores, o que motiva um interesse de observação e análise que pode servir como referência para outros processos de metropolização no mundo.

É um tema que se instalou no centro da vida francesa, criando expectativas positivas na sociedade e debates com grande participação e mobilização dos âmbitos profissionais e estudantis.

O grande ganhador é o Urbanismo, que atrai a atenção e a participação de grande parte da sociedade.

Devido à dupla designação deste monumental projeto: “Gran Paris” por parte do Governo Nacional e “Paris Metropolis” por parte dos Governos da Região e da cidade de Paris; vamos nos referir a ele como Metropolização de Paris, para ser neutros e diferenciar os dois projetos.

É complexo, como são em geral os processos urbanísticos na França, que têm 3 características: são lentos, consultivos e se realizam.

Se encontra em uma etapa importante, como é a atual Consulta Pública para o esquema de Metrô Automático ao redor de Paris, eixo principal de todas as propostas de transporte público conhecidas; significa a concreção da primeira etapa do Plano traçado pelo Governo Nacional.

Não existe hoje um plano urbanístico aprovado para a Metropolização de Paris, e não existem definições oficiais básicas, como: seu perímetro, sua governança e seu conteúdo. Todas elas estão em discussão e debate.

Breve resenha

A Assembleia Nacional aprovou, em maio deste ano (2010), a Lei sobre o Gran Paris, criando a Sociedade do Gran Paris SGP; a 3 anos do anúncio do projeto pelo Governo Nacional, que iniciava seu mandato de 5 anos.

Esta Sociedade se ocupará da construção do Metrô Automático, e entre outras coisas, de realizar empreendimentos imobiliários ao redor das estações da rede de transportes como fonte de rendas; com esse fim a lei lhe outorga uma incumbência de 50 Ha nos arredores de cada uma delas. O que restringe os direitos Municipais e Regionais.

O Governo Nacional contribuirá com 4.000 milhões de euros para a construção do Metrô Automático e o terceiro aporte para seu financiamento será um imposto aos habitantes da Região, por certo muito discutido.

O Governo Nacional criou a Secretaria de Estado para o Gran Paris, que elaborou um esquema de Metrô Automático, que denominou de “Double Rocade” ou “Grand Huit”, localizado na primeira e segunda coroas.

Por sua vez, o Sindicato de Transportes de Ile de France STIF vinha trabalhando anteriormente em um esquema de Metrô Automático que chamou “Arc Express”.

Estes dois esquemas eram, até a pouco, os únicos documentos oficiais existentes e publicados sobre o processo de Metropolização, aos quais agora há de se agregar o esquema chamado “Troisième Voie”, (Terceira Via) apresentado em 18 de novembro ao Presidente da República, por um grupo de conhecidos arquitetos e urbanistas que participaram da Consulta Internacional: Jean Nouvel, Yves Lion, Richard Rogers e Roland Castro, entre outros.

São o Governo Nacional, de centro direita e os governos da Região de Ile de France e da cidade de Paris, socialistas, que resumem seus interesses nestes 2 projetos de esquemas para o Metrô Automático de Paris e os arquitetos e urbanistas que foram consultados oportunamente, com uma posição neutra.

A Região da Ile de France é uma das 22 regiões que conformam o mapa político–geográfico da França Metropolitana, há mais 4 regiões localizadas em “outros mares”. As regiões na França não tem a autonomia que dispõe as Espanholas ou as províncias Argentinas; porque a Constituição Francesa é unitária e não federal.

Ile de France (12.000 km2) está constituída, por sua vez, por 8 Departamentos: aquele localizado em seu centro geográfico é Paris (105 km2, quase a metade da superfície da cidade de Buenos Aires), rodeado pela Primeira Coroa (formada por 3 Departamentos), que por sua vez está rodeada pela Segunda ou Grande Coroa (formada por outros 4 Departamentos). Esta última tem uma escala territorial muito grande em relação à Paris e à Primeira Coroa.

[Ver o mapa da Ile de France: imagem A]

As duas coroas tem seus territórios fragmentados pelas autopistas e a Rede do Expresso Regional RER (ferrovia em nível fora de Paris) dirigidos radialmente de e até Paris.

As Comunidades de Aglomeração são associações entre vários Municípios para realizar projetos em comum: tratamentos paisagísticos nas margens dos cursos de água, serviços de transporte público, aquisições de insumos, serviços administrativos, etc.

São organismos Metropolizadores do território, mediante a interterritorialidade e um sistema de governança que supera o local, e que pode servir para estruturar a futura Governança Metropolitana.

A cada dia são mais numerosas e produzem benefícios econômicos e de qualidade de vida.

A Municipalidade de Paris criou a sociedade “Paris Metropolis”, agrupando as 170 Municipalidades mais povoadas da Região (com diferentes tendências políticas); que somam 8,7 milhões de habitantes sobre um total de 11.

Sua posição técnico-política é de apoio à Região, para colocar sobre a mesa suas ideias urbanísticas.

Há anos que a Municipalidade de Paris trabalha para integrar os tecidos urbanos com as populações vizinhas, e o conseguiu em algumas das Portas de Paris, cobrindo partes que eram a trincheira aberta da Avenida de Circunvalação (Periférico), que no mesmo traçado da última muralha constitui uma grande barreira urbanística.

A grande rede de transportes públicos conta com uma densa trama de serviços interconectados (coordenados por STIF) que cobrem a cidade e parte de sua periferia: 14 linhas de Metrô (2 delas conformam um Circular) com 17 trajetos na periferia; 5 linhas da Rede do Expresso Regional RER, que cruzam a cidade em todas as direções e a vinculam com a região; 3 Tranvias, uma circular com a 2a etapa (de três) em finalização e outras duas tangenciais ao Periférico; 57 linhas diurnas de ônibus, com alguns trajetos fora da cidade e 37 linhas noturnas, todas partem do centro, com trajetos exteriores à cidade; 750 estações de bicicletas de livre uso (Velib); um sistema de autos elétricos de livre uso (Autolib) em instalação e com inauguração próxima.

O Plano Diretor da Região de Ile de France SDRIF foi finalizado em 2008 pelo Institut d’Amenagement et Urbanisme de la Region de Ile de France IAURIF com o horizonte no ano de 2030, mediante a participação de 5.000 políticos dos 1.281 municípios da região, mais as instituições e forças vivas locais; o qual contém o Plano de Metrô Automático localizado na primeira coroa, que chamou de “Arc Express”.

Desde que foi lançada a ideia da Metropolização de Paris, os comentários giravam em torno daqueles que propiciavam que a Metropolização tivesse lugar na Primeira Coroa; outros opinavam que correspondia que a Grande Coroa também fizesse parte (sobretudo para incluir o Aeroporto Internacional ao norte).

A proposta–surpresa do urbanista Antonio Grumbach estende o Gran Paris até o porto de Le Havre; um eixo de 300 km a oeste da atual Paris.

A Consulta Internacional foi organizada pelo Ministério da Cultura e da Comunicação, que fez um chamado a equipes de arquitetos e urbanistas, para apresentar propostas abertas e não vinculativas sobre o futuro de Paris tendo como horizonte 2050. Foram selecionados:

  • Rogers Stirk Harbour and Partners, London School of Economics, Arup.
  • Castro – Denisof – Casi, Ecole d’Architecture de Paris –La Villette, Nexity –Villes et Projets, BERIM.
  • Christian de Portzampac, Laboratoire Creteil Université Paris XII.
  • Antoine Grumbach & Associés, Arte Charpentier Architecture, Ecole d’Architecture Paris –Belleville, CNRS, BLUE.
  • L’AUC, Djamel Klouche, Ohno Lab+Avant, Ladrhaus, Citec, H5, MSC y I. Thomas.
  • Jean Nouvel (AJN), Jean-Marie Duthilleul (AREP), Michel Cantal-Dupart (ACD).
  • Studio / Bernardo Secchi y Paola Vigano, IUAV, PTV France, MIT, MOX, EMU.
  • Lin / Finn Geipel – Giulia Andi, Harvard University, MIT.
  • Groupe Descartes: Yves Lion, Ecole des Ponts et Chaussées, Marc Mimram.
  • MVRDV / Winy MAAS, ACS – ENSAPM, AEU.

Como fonte de informação se tomaram os estudos e análises apresentados no Plano Diretor da Região de Ile de France SDRIF.

Estratégias, princípios, análises, reflexões e sugestões que desenham cenários urbanos possíveis; que foram expostos na Cidade da Arquitetura e Patrimônio (Palais de Chaillot, Trocadéro) de 29 de abril a 22 de novembro de 2009; conferências, mesas redondas e debates com os autores contaram com grande afluência de público.

O Atelier Internacional do Gran Paris AIGP foi criado pelo Governo Nacional, que com um orçamento anual de 1 milhão de euros e a participação de representantes das 10 equipes internacionais, continuam desenvolvendo suas propostas no subsolo do Palais de Tokyo (antigo pavilhão do Japão na exposição de 1937, aonde hoje funciona o Centro de Criação Contemporânea), aonde se guarda o material gráfico das 10 Propostas Internacionais.

O Metrô Automático é um sistema muito apreciado, pois a última linha do metrô de Paris (a N° 14) funciona eficientemente com esse sistema há 10 anos: robotizado, permite frequências dos trens de até 85 segundos, com controle e programação informatizada.

Conta com um fechamento de cristal temperado na borda do passeio, com painéis removíveis que funcionam sincronizadamente com as portas do trem.

Aquele que foi projetado para ao redor de Paris transportará 1 milhão de passageiros/dia.

As obras necessárias para a Metropolização de Paris se realizarão em sua maior parte fora da cidade atual, porque ela tem uma qualidade de vida muito alta, que vai se perdendo nas populações de seus arredores.

Um dos principais objetivos de toda a Metropolização é o de integrar territórios e grupos sociais; para o qual os transportes públicos são fundamentais.

Os atores do metrô automático:

  • A Sociedade do Gran Paris SGP, mandatária para construir o projeto, gerenciando-o até sua finalização.
  • O Sindicato de Transportes de Ile de France STIF, ente regulador e político–financeiro que terá a seu cargo a exploração.
  • A Sociedade Nacional da Ferrovia SNCF e a Regie Autônoma de Transportes de Paris RATP, empresas que trabalham em comum e muito eficientemente na França e no exterior, que serão os operadores.

“Double Rocade” ou “Grand Huit”

[Ver o projeto: imagem B]

Com uma extensão de 130 km e um orçamento estimado em 22.000 milhões de euros, prevê uma realização em etapas.

Sua característica principal é que presta serviços às populações mais numerosas que rodeiam Paris (coincidindo em partes com o “Arc Express”), exceto na periferia leste, onde está a população de menores recursos. Devido ao fato que seu percurso se abre mais a leste, para servir a um Polo de Desenvolvimento Nacional (a Cidade Descartes, dedicada à Construção Ecológica e um grande centro universitário existentes) que atualmente dispõem do RER.

Outra característica deste projeto é que faz uma rótula ao sudoeste e outra ao norte – por isso seu nome de duplo desvio ou grande oito.

O primeiro para servir a um Polo de Desenvolvimento Nacional Universitário e Tecnológico situado na planície de Saclay; e o segundo para estabelecer uma comunicação entre La Defense (primeiro Centro de Negócios de Europa e paradigma do Governo Nacional) e o Aeroporto Internacional.

Essas duas rótulas são as que levam a duplicar o orçamento previsto para o “Arc Express”.

“Arc express”

[Ver o projeto: imagem C]

Foi realizado pelo Sindicato de Transportes de Ile de France STIF, com base no que foi pensado na categoria transportes pelo Plano Diretor da Região de Ile de France SDRIF e em colaboração com o Institud d’Amenagement et Urbanisme de la Region d’Ile de France IAURIF.

De 60 km de extensão e com 50 estações, das quais 30 serão intermodais, está localizado na primeira coroa. Com um orçamento estimado de 11.000 milhões de euros.

A principal característica deste projeto é que foi traçado para servir às populações mais habitadas do entorno de Paris, rodeando exteriormente todo o Periférico.

Desta maneira absorverá parte dos viajantes que hoje necessitam chegar ao centro de Paris com o Metrô ou o RER para deslocar-se por sua periferia; reduzindo, além disso, o uso de automóvel, hoje inevitável em muitos casos, que produzem engarrafamentos de até 6 horas por dia (entre o Periférico e as autopistas que terminam nele, nenhuma entra em Paris).

“Troisieme Voie”

[Ver o projeto: imagem D]

Este esquema é apresentado como abarcador de todos os sistemas de transporte da aglomeração parisiense e conciliador entre os outros dois projetos.

Seus 3 princípios: assegurar a maior quantidade de interconexões entre os diferentes sistemas de transporte, aumentando a eficiência dos existentes e prestando serviços a todos os territórios.

Dez estações de TGV (Trem de Grande Velocidade) interconectadas seriam as portas de entrada à nova Metrópole.

Inclui 3 novas linhas expressas aéreas (tipo monotrilho) interconectando os 2 aeroportos e os polos de desenvolvimento.

Consulta pública

Foi estabelecida pela Lei sobre o Gran Paris, para cumprir com o requisito da legislação Urbanística e para definir o Plano do Metrô Automático, com base no “Double Rocade” ou ”Grand Huit” e no “Arc Express”.

O esquema da Terceira Via está fora da consulta, devido à data de seu lançamento.

  • Organizador: Comissão Nacional de Debate Público CNDP
  • Data: 30 de setembro de 2010 a 31 janeiro de 2011.
  • Objetivo: Definir, por meio da participação pública, o trajeto definitivo do Metrô Automático.
  • Reuniões: Programa de 50 reuniões públicas nas municipalidades do percurso.
  • Orçamento: 6.000.000 €

O funcionamento destas reuniões se dá com base em uma exposição dos projetos, críticas aos mesmos (por parte de instituições públicas e privadas) em forma de dossiês para consulta e exposições verbais, com a moderação dos debates por parte de animadores da CNDP.

A participação do público é livre, e necessário se registrar e pode-se fazê-lo por escrito.

A Comissão registrará e avaliará todas as opiniões vertidas para produzir um informe detalhado, definindo a viabilidade do projeto e/ou as variantes propostas. Se o balanço é positivo, o projeto será declarado de utilidade pública.

Próxima comunicação em março de 2011, com o desenvolvimento da Consulta Pública, seus resultados e as próximas etapas previstas.

Paris, dezembro de 2010

sobre o autor

Edgardo Berjman, Presidente do LedU – Laboratório Europeu de Urbanismo.

[tradução Marina Rodrigues Amado]

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