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my city ISSN 1982-9922

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Em 1986, João Filgueiras Lima, Lelé projeta a sede da Prefeitura de Salvador, um edifício de caráter transitório no centro histórico da cidade. Uma construção singular na obra de Lelé, pois se trata de uma intervenção em sítio histórico

how to quote

MARQUES, André. Sede transitória da Prefeitura de Salvador. Aspectos da racionalização e contexto histórico. Minha Cidade, São Paulo, ano 12, n. 139.02, Vitruvius, fev. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/12.139/4207>.


Prefeitura de Salvador. Arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé
Foto Abilio Guerra


Em Salvador nos anos 1980, o arquiteto carioca João Filgueiras Lima, Lelé, projetou a sede da Prefeitura de Salvador, capital do Estado da Bahia. Proposta de caráter provisório, teve sua implantação localizada em uma região muito consolidada da cidade, o centro histórico, junto aos seus mais simbólicos edifícios, como, por exemplo, o elevador Lacerda e o Palácio Rio Branco – sede do governo do estado da Bahia.

A construção desta sede fazia parte da campanha eleitoral do então recém-eleito prefeito Mario Kertész. Sua construção foi feita em 12 dias, surpreendendo a população, como explica o arquiteto:

“O prefeito anunciou que a prefeitura tinha que ir para o centro da cidade. Até para a valorização do centro histórico. Para poder coordenar toda a campanha dele foi feita em cima disso. Agora ninguém acreditava. Quando ele fez causou o maior reboliço.

Porque naquele lugar existia uma praça que era a coisa mais horrível. Que antigamente existia o prédio da biblioteca lá. Ai resolveram fazer, isso na década de 1960, uma garagem para a câmara que fica do lado oposto. Uma garagem com uma praça em cima. Mas erraram os níveis e a praça ficou levantada com umas coisas em cima, uma coisa pavorosa. E ai apelidaram aquilo de cemitério de sucupira.

Tivemos que fazer em cima do cemitério do sucupira porque não podíamos demolir a garagem. Mas ninguém esperava que a gente fosse fazer o prédio ali. Primeiro todo mundo imaginava que qualquer coisa que fosse fazer lá teria que demolir a garagem. Mas fizemos o prédio em cima dos pilares da garagem. Eu fiz um levantamento, fui procurar as fundações. Fiz uma estrutura muito leve em aço e argamassa. É uma coisa que permitiu tecnicamente. Eu acho uma coisa muito revolucionária, em termos de você fazer uma coisa muito rapidamente uma coisa que ninguém acreditava em um lugar que ninguém achava possível fazer nada. Era um lugar que estava fadado as maiores críticas, o cemitério sucupira” (1)

Apesar da proposta ser de um edifício transitório, passados vinte e cinco anos, ainda se encontra no local de sua construção. Foram feitas inúmeras modificações, algumas que descaracterizaram o desenho inicial do projeto, como a pintura e os vidros espelhados. Fato que demonstra suas preocupações de permanência, característica de uma obra de arquitetura, como descreve Lucio Costa:

“Enquanto satisfaz apenas as exigências técnicas e funcionais, não é ainda arquitetura; quando se perde em intenções meramente decorativas, tudo não passa de cenografia; mas quando – popular ou erudita – aquele a ideou para e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilares ou da relação entre a altura e a largura de um vão, e se detém na obstinada procura de uma justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei,  e se demora atento ao jogo dos materiais e a seu valor expressivo, quando tudo isto se vai pouco a pouco somando em obediência aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas, também, aquela intenção superior que escolhe, coordena e orienta no sentido da ideia inicial toda essa massa confusa e contraditória de pormenores, transmitindo assim ao conjunto, ritmo, expressão, unidade e clareza – o que confere a obra o seu caráter de permanência – isto sim, é arquitetura” (2).

Descrição da obra

A sede da Prefeitura de Salvador caracteriza-se por seu volume suspenso sobre 8 pilotis em forma de “pés” apoiados e parafusados sobre o platô do “sucupira” (estacionamento subterrâneo) e por seus volumes prismáticos coloridos que identificam de forma didática as instalações e os espaços servidores. Essa tipologia de ideia de ordem hierárquica (3) possibilita a flexibilidade do espaço, quesito necessário tratando-se de uma construção transitória e efêmera como esta (4) e elemento de forte composição no edifício. Lelé ressalta os volumes com cores fortes como o amarelo no cilindro da cobertura, usado para as instalações de ar condicionado, e o verde para o volume da escada que acessa o subsolo, onde se encontra o estacionamento. O uso de cores mostra uma sutil citação às cores institucionais das bandeiras estadual (vermelho e azul no caixilho) e federal (amarelo no cilindro externo do ar condicionado e verde no volume das escadas).

Um ponto forte da composição formal do edifício é a sua caraterística teutônica. O uso do aço SAC 50 (Corten), auto protegido pela própria corrosão, e do vidro transparente ressalta as características de textura e cor dos elementos. Outro material utilizado é a argamassa armada, empregada nos volumes coloridos já citados e na construção do piso do edifício. O vidro é cortado por dois trilhos metálicos, pintados nas cores vermelho e azul, por onde corre os vidros quando abertos. As fachadas longitudinais são marcadas pelos quebra-sóis horizontais, metálicos e móveis, pintados na cor branca. O edifício é implantado no sentido norte-sul, por isso a simetria no tratamento das fachadas, lembrando que a cidade de Salvador tem latitude baixa próxima à linha do equador.

Com modulação de 1,15m x 1,15m e sub-módulos de 0,575m x 0,575, podemos notar que os espaços seguem um grande rigor na racionalização e geometria, como é possível notar na imagem 1. Modulação tal que permitiu manter o alinhamento dos pilotis com os pilares existentes do estacionamento subterrâneo do “sucupira”, como descrito no memorial do projeto:

“A estrutura constitui-se de vigamento principal no sentido longitudinal do prédio, recebendo vigas transversais a cada 2,30m. Os pilares em dois níveis de seção tubular para conduzir as aguas pluviais da cobertura, se apoiam nos pilares de concreto existentes do “Sucupira”, de modo a não transferir esforços para a laje e vigas.” (5)

Acima seção transversal do edifício Demonstração da geometria e equilíbrio estático

O vão ficou organizado nas proporções de 1/5 nos balanços e 3/5 no vão central, permitindo assim o equilíbrio da estrutura e diminuindo o momento, como podemos notar na figura abaixo.

Acima circulação proposta e estrutura. Abaixo estudo da geometria sobre a malha da modulação proposta

3- Contexto histórico

A Sede da prefeitura de Salvador foi construída na Praça Tomé de Souza, centro histórico da cidade  –primeira capital do Brasil –, que guarda características do tempo do império e da primeira urbanização do país. A Praça Tomé de Souza é a porta de entrada da cidade alta, pois nela se encontra o elevador Lacerda, cuja primeira edificação data final do século IX e a atual de 1930. (6)

Praça Tomé de Souza nos anos 30. Onde podemos notar a presença da antiga biblioteca pública [salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com]

A implantação da proposta de Lelé fica onde antes estava a antiga biblioteca pública, demolida nos anos 1960. A praça é composta por edifícios como o Palácio Rio Branco – antigo Palácio dos Governadores-Gerais do Brasil, cujo prédio original é seiscentista, mas passou por uma reforma na segunda década do séc. XX – e a Sede do Legislativo municipal – antiga Casa de Câmara e Cadeia, construída no decorrer séc. XVII e XVIII (7).

Lelé posiciona o edifício no eixo do Palácio Rio Branco, reconfigurando a Praça Tomé de Souza e enaltecendo a rosácea.

Croqui do arquiteto [LATORRACA, Op. Cit. 2000, p.22]

Importante ressaltar o estado do local antes da construção do edifício da Prefeitura em 1986, onde a rosácea era encoberta por carros estacionados no centro da praça.

Foto da praça Tomé de Souza antes da construção da sede da prefeitura sendo usada como estacionamento [salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com]

Polêmicas

Após sua construção, o edifício foi marcado por inúmeras polêmicas. A população, em certo tom de deboche, apelida o projeto de “Alta do tubo” – em alusão a sua forma e a uma canção do cantor baiano Luiz Caldas, que marcou o carnaval daquele ano. (8)

Lelé comenta que, por motivos políticos, a mídia da época criticou muito a construção da proposta e isso marcou o cidadão baiano, fazendo com que tivesse vergonha do edifício.

“O baiano tem vergonha dessa prefeitura! Eles tem ódio! Isso tem uma coisa muito imposta pela mídia na época. Tanto que agora, quando quiseram demolir a prefeitura, o pessoal foi até lá, deram se os braços e disseram não. Era provisório mas não conseguiram demolir. Tanto assim que tem gente que odeia e gente que gosta.” (9)

O ponto principal da polêmica é o contraste com as edificações existentes, anunciado, segundo o arquiteto e professor Chango Cordiviola, pela marcante presença do estilo de sua época.

“Deve ficar absolutamente claro que a construção do Palácio nunca foi uma ação destrutiva do patrimônio pré-existente e que sua simples retirada não recompõe uma situação patrimonial histórica nem estética ou que aumente a “ostensividade” do conjunto. O que reduz a discussão e, dentro dela a sentença, a pura polêmica estética de valor arquitetônico: constatação de compatibilidade ou incompatibilidade estética entre o Palácio Tomé de Souza e as pré-existências monumentais.” (10)

Em 10 de setembro de 2004, o Ministério Público condena a remover ou demolir o Palácio Tomé de Souza (sede da Prefeitura), situado na Praça Municipal de Salvador, em seis meses. Lelé defende o edifício dizendo:

“Minha intenção era a de respeitar a volumetria e que de certa forma estabelecesse um diálogo com o Palácio do Rio Branco e valorizasse a Câmara. […] Apesar de ser um prédio transitório, ele respeita todas as questões urbanísticas que ainda defendo hoje. […] Hoje acho que o prédio não tem nada de errado. E se chegar a uma conclusão que está completamente errado, prejudicando todo o Centro da Cidade aí tem que tirar. Mas essa não pode ser uma avaliação feita por um juiz. Ou você acha que agora é um juiz que avalia toda a questão de urbanismo?” (11)

Importante salientar que essa remoção não reconfiguraria uma condição perdida por sua construção. Como colocado por Alessandra Horschutz em seu texto: E se não tivéssemos o Palácio Thomé de Souza?

“Será que seria melhor deixar o “Cemitério de Sucupira” vazio? Eu penso que não!” (12)

Como podemos simular na imagem:

Foto montagem retirando o edifício projetado por Lelé

Uma intervenção em um contexto histórico de enorme valor como Salvador, não poderia passar indiferente às polêmicas. Lelé projeta um edifício com o “espirito de sua época” (13), resolvendo as questões próprias do sítio proposto e buscando com isso uma forma de se amarrar à trama urbana existente sem precisar  usar de artifícios estéticos de épocas passadas. Podemos assim notar que toda a polêmica sobre a obra da sede da prefeitura de Salvador está em volta das questões estilísticas e não sobre sua inserção urbana. Fato esse de transformação da praça que é possível de se notar na imagem abaixo, quando comparada com a imagem da década de 80.

Uma verdadeira praça cívica, onde podemos notar o patamar projetado por Lelé como palco para festividades públicas [Site da Prefeitura de Salvador]

Contexto contemporâneo

Algumas características desse edifício são passíveis de serem comparadas com as preocupações contemporâneas da arquitetura “high tech” inglesa dos anos 1980. Como, por exemplo, a biblioteca projetada por Norman Foster, Carré d’ Art em Nimes, França (1984-1993), implantada em um sítio histórico, ao lado de uma construção da época do império romano. O escritório de Foster projeta um edifício novo, mas com características modernas, em aço e vidro. Essa proposta permitiu uma grande mudança no espaço publico da cidade, transformando-o em algo novo, como descreve o próprio escritório.

“O Carré d'Art mostra como um projeto de construção, apoiada por uma iniciativa política esclarecida, não só pode incentivar um diálogo entre as arquiteturas antigas e modernas, mas também pode fornecer um poderoso catalisador para o relançamento do tecido social e físico de uma cidade. O desafio foi o de relacionar o novo ao antigo, mas ao mesmo tempo para criar um edifício que representou sua própria idade com integridade.” (14).

Outro ponto característico da obra, que pode ser relacionado com os arquitetos britânicos, é a super valorização da estrutura e da instalação, como descrito no começo deste artigo. A instalação no eixo central do edifício, como elemento característico na obra, lembra muito o projeto do arquiteto inglês Richard Rogers na Fábrica de micro processadores Inmos (1982 – 1987), Newport, Pais de Gales (figura 8). Essas características se apresentam não por um processo de cópia ou simples influência a um grande pensador moderno, mas sim como preocupação comum de uma arquitetura que representa a contemporaneidade, como conclui Ana Gabriella Lima Guimarães em sua tese de doutorado:

“Podemos constatar que a dimensão ideológica, presente nas obras de Lelé e nos projetos dos arquitetos britânicos, supera a ingênua noção reformista e tecnocrática do Movimento Moderno. A tecnologia é admitida como recurso necessário à materialização de espaços mais humanos e democráticos. Tanto para Lelé como para os arquitetos high-tech a forma arquitetônica é considerada parte de uma reflexão crítica sobre o tempo, o espaço e o ser, não estando necessariamente subjugada a uma fórmula fechada (tratados, normas, categorias estilísticas, tipologias), mas sim definida por uma matriz metodológica flexível e aberta que permita a ela moldar-se às realidades objetivas e subjetivas do mundo contemporâneo, em constante transformação, e acenando por uma linguagem própria dessa contemporaneidade.”. (15)

Obra de Norman Foster, Carré d’ Art em Nimes, França (1984-1993)

Obra de Richard Rogers na Fabrica de micro processadores Inmos Newport, Pais de Gales. (1982 – 1987)


Conclusão

Podemos concluir que a sede transitória da Prefeitura de Salvador apresenta todas as características de uma obra permanente, que se projeta na dimensão do tempo, permitindo flexibilidade e adaptabilidade ao espaço. Sua permanência nesses vinte cinco anos evidencia tal fato , pois, passado tanto tempo, suas características sem mantém (16). A reforma revela sua capacidade de fácil desmontagem e adaptação com a possibilidade de diversos usos, como previa o arquiteto Lelé. Veja a figura 9.

O edifício se impõe na paisagem soteropolitana sem engessar seu perfil histórico, colocando-se como algo novo, com uma forma simples, mas sem grandes gestos formais. A obra apenas se caracteriza por sua tecnologia e leveza. E as polêmicas que a rodearam  foram somente relacionadas ao seu caráter estético moderno.

João Filgueiras Lima, Lelé ao projetar essa obra, utiliza todas as possibilidades tecnológicas para sua construção e liberdade espacial, demonstrando apuro construtivo e preocupações com o conforto do usuário. Uma construção de impecável acabamento e sem a necessidade de sobreposição de técnicas construtivas ou decorativas. Um espaço de características espartano, mas condizentes às funções públicas que ali são exercidas.

O projeto, ainda que de forma muito simples,  resolve com estratégias passivas as questões climáticas especificas de Salvador. Busca-se, na utilização de proteções solares e ventilação cruzada, a minimização do uso de equipamentos ativos (ar condicionado) para o conforto térmico. Outra estratégia importante a ressaltar é o espaço público e social criado pela sombra do edifício no seu piloti, algo de extrema generosidade espacial para um clima quente como o baiano. Solução que precede as atuais preocupações de sustentabilidade energética e social, mostrando caminhos projetuais para os dias de hoje.

Reforma da Sede da Prefeitura de Salvador em 2010 [Prefeitura de Salvador]

notas

1
Em entrevista ao autor em 11 de novembro de 2010, no Instituto do Habitat, Salvador BA.

2
COSTA, Lucio. Arquitetura. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006, p. 22-23.

3
QUIROGA, Fernando Agrasar. Del tipo a la idea. Herramientas teóricas del proyecto arquitectónico moderno y contemporáneo. Artigo publicado no IV Projetar, 2009.

4
Como colocado no memorial descritivo da obra: “A solução proposta, em pré-fabricado metálico, possibilita a desejável rapidez de construção. Além disso, garante a transferência futura do edifício para outro local sem perdas ou danos dos seus componentes.” In: LATORRACA, Giancarlo (org. e ed.). João Filgueiras Lima, Lelé. Lisboa: Editora Blau: Instituto Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi, 2000.

5
LATORRACA, Op. Cit., p. 22.

6
Sobre os edifícios no centro histórico de Salvador consultar o livro:

PESSOA, José. PICCIANATO, Giorgio. Atlas de centro históricos do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2007, p. 31-32.

7
Idem, p. 32

8
A canção era Fricote de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu em que dizia: Nega do duro/ Que não gosta de pentear/ Quando passa na baixa do tubo/ O Negão começa a gritar. Baixa do tubo é um bairro pobre de Salvador.

9
Em entrevista ao autor em 11 de novembro de 2010, no Instituto do Habitat, Salvador BA.

10
LIMA, João Filgueiras. Depoimento. In: WEINSTEIN, Mary. “Instituto quer o Thomé de Souza de pé”. In: A Tarde, Caderno Local, 16 abr. 2005. Salvador, 2005.

11
CORDIVIOLA, Chango. “Prefeitura de Salvador: o passado no futuro e o presente no passado”. In: Arquitextos, São Paulo, 06.062, Vitruvius, jul 2005. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.062/447.

12
HORSCHUTZ, Alessandra. “E se não tivéssemos o Palácio Thomé de Souza?”. In: Arquitextos, São Paulo, 06.070, Vitruvius, mar 2006. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.070/372

13
Pensamento de Le Corbusier ver as revistas L’Espirit nouveau, (1917-1926).

14
Texto original: “The Carré d'Art shows how a building project, backed by an enlightened political initiative, can not only encourage a dialogue between ancient and modern architectures but can also provide a powerful catalyst for reinvigorating the social and physical fabric of a city. The challenge was to relate the new to the old, but at the same time to create a building that represented its own age with integrity.” Em http://www.fosterandpartners.com/Projects/0344/Default.aspx

15
GUIMARÃES, Ana Gabriella Lima. A obra de João Filgueiras Lima: No contexto cultural arquitetônico contemporâneo. Tese de doutorado. São Paulo: FAU/USP, 2010. Orientador: Hugo Segawa, p.130.

16
Até 2008 as modificações foram: colocação de película refletiva nos vidros; Pintura da estrutura na cor preta; Ocupação do rés do chão. Em 2010 houve uma nova reforma onde foram tiradas as construções no rés do chão e a estrutura foi novamente pintada, agora de cor branca.

bibliografia complementar

Revista AU, Especial João Filgueiras Lima, n◦175, outubro de 2008, p.48

BRUNA, Paulo Júlio Valentino. Arquitetura, industrialização e desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976.

GUIMARÃES, Ana Gabriella Lima. João Filgueiras Lima: O último dos modernos. Dissertação de Mestrado FAU/USP, 1999-2003 Orientador: Hugo Segawa.

LIMA, João Filgueiras. Escola transitória: modelo rural. Brasília: MEC, 1984.

LIMA, João Filgueiras. CTRS - Centro de Tecnologia da Rede Sarah. Brasilia: SarahLetras; São Paulo: Fundação Bienal/ProEditores, 1999. 65p.

LIMA, João Filgueiras: MENEZES, Cynara. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras Lima) em depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro: Record, 2004.

PEIXOTO, Elaine Ribeiro. Lelé – O arquiteto João da Gama Filgueiras Lima. Dissertação de Mestrado FAU-USP, 1996.

PESSOA, José. PICCIANATO, Giorgio. Atlas de centro históricos do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2007. pg. 31-32.

RIBEIRO, G.P. Conforto Ambiental e sustentabilidade do edifício na obra de João Filgueiras Lima (Lelé). Dissertação de Mestrado FAU/Mackenzie 2002-2004. Orientador: Carlos Leite.

internet

EKERMAN, Sergio Kopinski. “Um quebra-cabeça chamado Lelé”. In: Arquitextos, São Paulo, 06.064, Vitruvius, set 2005 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.064/423

www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com

anexo

Entrevista realizada no dia 11 de novembro de 2010, no Instituto do Habitat, Salvador BA.

AFRM: Outro projeto que pensei, é a sede da prefeitura de Salvador.

JFL: Essa está muito maltratada!

AFRM: Essa obra é muito polemica! Eu já li que você diz que as pessoas do lado do elevador Lacerda tiram centenas de foto e a prefeitura nunca aparece.

JFL: Eles tem vergonha! Tem vergonha dessa prefeitura. O baiano tem vergonha! Eles tem ódio. Isso tem uma coisa muito imposta pela mídia na época. Não é uma coisa em fim... Tanto assim que quando, agora,  quiseram demolir a prefeitura. O pessoal foi até lá deram se os braços e disseram não. Era provisório! E não conseguiram demolir. Tanto assim que tem gente que odeia e gente que gosta.

AFRM: Outra coisa que acho importante dessa obra, é que relendo uma revista projeto dos anos  80, dizendo que a obra foi construído em 15 dias e que isso era uma atitude ditatorial do prefeito. Porque ninguém sabia da obra e de repente ela estava lá.

JFL: 12 dias!

AFRM: 12 dias e que isso era uma atitude ditatorial do prefeito. Porque ninguém sabia da obra e de repente ela estava lá.

JFL: O que não é verdade! O prefeito . Aquela prefeitura. O prefeito anunciou que a prefeitura tinha que ir para o centro da cidade. Até para a valorização do centro histórico. Para poder coordenar. Toda a campanha dele foi feita em cima disso. Agora ninguém acreditava. Quando ele fez causou o maior reboliço.

Porque naquele lugar existia uma praça que era a coisa mais horrível. Que antigamente existia o prédio da biblioteca lá. Ai resolveram fazer, isso na década de 1960, uma garagem para a câmara que fica do lado oposto. Uma garagem com uma praça em cima. Mas erraram os níveis e a praça ficou levantada com umas coisas em cima, uma coisa pavorosa. E ai apelidaram aquilo de cemitério de sucupira.

Ai tivemos que fazer em cima do cemitério do sucupira porque não podíamos demolir a garagem. Mas ninguém esperava que a gente fosse fazer o prédio ali. Primeiro todo mundo imaginava que qualquer coisa que fosse fazer lá teria que demolir a garagem. Mas fizemos o prédio em cima dos pilares da garagem. Eu fiz um levantamento, fui procurar as fundações. Fiz uma estrutura muito leve em aço e argamassa. É uma coisa que permitiu tecnicamente. Eu acho uma coisa muito revolucionária, em termos de você fazer uma coisa muito rapidamente uma coisa que ninguém acreditava eu um lugar que ninguém achava possível fazer nada. Era um lugar que estava fardado as maiores críticas, o cemitério sucupira.

Então eu acho que como eu era muito novo aqui na cidade. Isso existe sempre, bairrismo terrível, ainda mais para arquitetos. Naquela época eu era criticado, tudo que fazia era criticado. Então era terrível. Eu vim para cá coordenar todas as obras , Mario Kertez me covocou. Para os arquitetos Bahianos isso foi uma afronta.

sobre o autor

André Felipe R. Marques formou-se em 2003 em arquitetura e urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu. Em 2007 fez Pós Graduação em Conforto Ambiental pela FUPAM-FAU/USP. Desde 2003 trabalha como arquiteto autônomo e paralelamente trabalha como arquiteto industrial para Comparco. Atualmente é mestrando em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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