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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
Relatório sobre a construção de novo edifício no sítio histórico de Santa Leopoldina (ES).

english
Report on the construction of a new building in the historic site of Santa Leopoldina (ES).

español
Informe sobre la construcción de un nuevo edificio en el sitio histórico de Santa Leopoldina (ES).

how to quote

ROCHA, Ricardo. À beira do pessimismo. O sítio histórico de Santa Leopoldina (ES) e a construção do novo edifício da Unidade de Saúde da Família. Minha Cidade, São Paulo, ano 14, n. 163.01, Vitruvius, fev. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.163/5042>.


Foto 1 o entorno do local (o terreno encontra-se à direita, ao lado do prédio dos Correios) – notar como a vegetação amortiza a presença das edificações
Foto Ricardo Rocha


No Processo No. 61306444, protocolado junto à Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo (Secult-ES), sobre a construção do novo edifício para a Unidade de Saúde da Família, dentro da poligonal da área de tombamento do sítio histórico de Santa Leopoldina, constavam:

- Ofício da Prefeitura Municipal de Santa Leopoldina encaminhando o projeto para a construção da Unidade de Saúde referida;

- três vias do projeto, constituído de cinco pranchas numeradas com plantas baixas, cortes, planta de cobertura, implantação e elevações;

- Relatório Técnico da Gerência de Memória e Patrimônio (GMP) da Secult-ES, com cinco folhas contendo duas perspectivas do projeto e mapa com sua localização no sítio histórico.

Na conclusão do Relatório Técnico da GMP/Secult-ES pode-se ler:

“Diante dos parâmetros expostos na análise, considera-se que a única adequação a ser requerida ao projeto [da nova Unidade de Saúde da Família] é a substituição das telhas de fibrocimento por telhas cerâmicas, já adotadas nos demais volumes da edificação projetada”.

Cabe ressaltar que não é intenção deste artigo analisar o projeto arquitetônico da nova Unidade de Saúde da Família em si, mas sua adequação ao sítio de Santa Leopoldina, tombado como patrimônio do Estado do Espírito Santo.

Na visita realizada pelo autor – então membro, indicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo como primeiro suplente, da Câmara de Patrimônio Arquitetônico, Bens Móveis e Acervos do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Espírito Santo – foi possível perceber que, embora situado dentro da poligonal de tombamento do sítio histórico, o entorno imediato do local do projeto encontrava-se descaracterizado (fotos 1 e 2).

Foto 2 as edificações em frente ao terreno – reparar como as duas árvores que aparecem não são suficientes para amortizar sua heterogeneidade
Foto Ricardo Rocha

Nesse sentido, de fato, o relatório da GMP era coerente e parecia não haver qualquer impedimento para a construção da nova Unidade de Saúde. Entretanto, algumas ressalvas foram feitas na ocasião pelo autor:

1) A solução para o acesso de veículos no projeto da nova Unidade de Saúde da Família, em diagonal, ligando as duas ruas que conformam o terreno de esquina, mostrava-se inadequado, pois a Rua Martinho Lutero é sem saída e tem, localizada ao seu final, uma Igreja Evangélica (foto 3);

Foto 3 Rua Martinho Lutero com a Igreja Evangélica ao fundo – notar a presença de árvores de grande porte no terreno (à direita) para o projeto da nova Unidade de Saúde da Família
Foto Ricardo Rocha

2) Além disso, foi possível constatar a presença, no terreno para a nova construção, de quatro árvores de grande porte (1), que pareciam desconsideradas pelo projeto, tal qual se podia depreender da prancha com sua implantação, remetida pela Prefeitura Municipal de Santa Leopoldina, e das perspectivas que constavam do Relatório da GMP. Estas árvores têm (ou tinham...) papel fundamental na constituição da ambiência do sítio histórico, definindo seu caráter bucólico, e amortizando  (uniformizando) a presença de construções heterogêneas, integrando-as à paisagem da encosta ao fundo (fotos 1 e 3 – compará-las com a foto 2).  Em casos como este, aliás, o fato de se tratarem, eventualmente, de espécies exóticas me parece irrelevante.

3) Destacada a importância da manutenção destas árvores, o autor endossava a recomendação do Relatório da GMP quanto ao uso de telhas cerâmicas, por uma questão prática: a solução com platibanda, adotada no projeto, determinaria o uso de calhas; com a presença das árvores e a consequente queda de folhas, é provável que a manutenção das mesmas se tornasse constante e cansativa.

Finalmente, poderia ser acrescentado, tendo em vista a recomendação anterior, que a questão fundamental não era a interferência que as árvores poderiam causar ao novo prédio da Unidade de Saúde da Família (a questão das folhas), mas o contrário: o "projeto" parecia desconsiderar sua presença e o sítio histórico de Santa Leopoldina não pode ser entendido apenas como um conjunto de edificações e sim como todo um "ambiente" (a presença do rio, a vegetação, a topografia etc.). A eliminação da vegetação, nativa ou não, alteraria o caráter bucólico do local, o que me parecia absoltamente desaconselhável.

notas

NA
Texto adaptado do relatório originalmente apresentado pelo autor à Câmara de Patrimônio Arquitetônico, Bens Móveis e Acervos do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Espírito Santo, em 19/04/2013.

1
Em imagem aérea do Google, à época, aparecia uma quinta árvore que, lamentavelmente, já havia sido derrubada quando da visita do autor.

sobre o autor

Ricardo Rocha é professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo. Foi presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria (RS) e professor no Mestrado Profissionalizante em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria (RS).

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