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my city ISSN 1982-9922

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O projeto Batatalab, promovido pelo Instituto de Pesquisa e Inovação em Urbanismo e Instituto A Cidade Precisa de Você, desenvolveu através de concurso e convite mobiliário público para o Largo da Batata em São Paulo.

how to quote

SOBRAL, Laura. Batatalab: concurso de mobiliário urbano. Premissas e resultados. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 189.01, Vitruvius, abr. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.189/5978>.


Mobiliário Remateria, tema “conforto”, coletivo lobal
Foto Rogerio Canella


O projeto Batatalab foi o desenvolvimento e a implantação de mobiliário urbano pensado de maneira processual e coletiva, no Largo da Batata, em São Paulo. Para a organização do projeto, primeiramente foram mapeados os usos no território e analisado o uso do mobiliário temporário criado pelo A Batata Precisa de Você, um movimento social local (1). Também foram consideradas informações levantadas pela Prefeitura de São Paulo. Com esse subsídio, foi lançado o concurso de ideias para mobiliário urbano Batatalab, no qual não era necessário ser arquiteto ou engenheiro para participar.

O concurso foi dividido em três categorias – conforto, lúdico e sombra –, as três necessidades apontadas pelos dados recolhidos com o estudo feito junto aos usuários. A categoria conforto foi desenvolvida junto a um coletivo ativo no lugar, que trabalha com mobiliário urbano temporário e que construiu boa parte do mobiliário temporário no Largo da Batata. As outras duas categorias foram abertas, com chamada pública, e os projetos foram selecionados por um júri que contou com representantes da sociedade civil, poder público, especialistas na área, terceiro setor e setor privado. Os projetos selecionados foram adaptados às normas de segurança e à capacidade de manutenção da equipe. E foram construídos e implementados unindo iniciativa da sociedade civil, privada e pública para um concurso que considera o processo do lugar.

Projeto Ilha, tema “lúdico”, Erê Lab
Foto Rogerio Canella

Projetos construídos

Para o tema conforto foi construído o mobiliário Rematéria, com bancos para sentar e recostar em torno de um canteiro elevado, com árvore e ervas aromáticas, e um looping que sombreia um banco largo. Para o tema lúdico, o projeto Ilha, do Erê Lab, criou um espaço para crianças e famílias sobre o gramado da Praça das Araucárias, com uma instalação em forma de caracol para as crianças, traves para equilíbrio e outras brincadeiras, espaços para sentar, além de um bosque com mastros e bandeiras.  Para o tema sombra, algo tão necessário no Largo da Batata, venceu o projeto do grupo Quasares, chamado Trançado, uma estrutura de metal coberta com amarração de cordas que faz um túnel confortável, com bancos  dentro.

Mobiliário Trançado, tema “sombra”, grupo Quasares
Foto Rogerio Canella

Todos os projetos recebidos foram de ótima qualidade, o que revela entusiasmo e grande desejo de contribuir para mudar a paisagem urbana e melhorar os espaços públicos com novas proposições, uma oportunidade de pensar a cidade que ser quer e intervir nela. O concurso estimulou o “fazer” da cidade pelas pessoas, com novos atores e resultados.

A doação do mobiliário para a Prefeitura foi prevista desde o início do projeto, do qual o poder público participou. Mas, ao final, a Prefeitura não pôde recebê-los por falta de possibilidade de manutenção. Foi então iniciado um diálogo no qual o Instituto de Pesquisa e Inovação em Urbanismo – IPIU (2) e o Instituto A Cidade Precisa de Você (3) se dispõem a colaborar com o poder público em busca de alternativas para desenvolver um termo de cooperação para peças de mobiliário urbano.

Resultados para a cidade

O conceito aplicado no projeto Batatalab foi a construção participativa e processual de espaços públicos urbanos. No Brasil, são raríssimos os projetos que fazem uma análise prévia do território e de seus usos. No Batatalab, considerou-se a complexidade do território, tentou-se abarcar o máximo possível os diferentes atores interessados para a construção de estruturas em microescala, que visaram a melhorar a qualidade do espaço e a sua dinâmica social.

Em uma cidade onde há pouco mobiliário urbano (e quase sem inovação no seu desenho),  propor equipamentos que sejam o resultando de testes com mobiliário temporário, de análises de uso, mapeamento de dinâmicas sociais e envolvendo vários setores da sociedade (sociedade civil, terceiro setor, poder público e organizações privadas) é, com certeza, um importante avanço na qualidade dos espaços públicos.

Depois de concluído o projeto Batatalab, e mesmo durante seu processo, outros grupos se organizaram para propor novos equipamentos para o Largo, tendo como primeira etapa a construção de equipamentos temporários e sua análise de uso, abrindo diálogo com o setor público e privado. Os skatistas da praça, por exemplo, estão no processo de conseguir uma pista própria. A população se sente mais empoderada e propõe processos inclusivos de debate sobre melhorias para o local. Os skatistas também viram novas possibilidades de uso do Rematéria, e fazem dali uma parte do circuito de skate no Largo, o que  abriu um canal de comunicação entre os skatistas e os projetistas e construtores do mobiliário – e na sequência, dos skatistas com o poder público.

O projeto criou novas possibilidades ao cidadão de se apropriar do espaço público. Fomentou o pertencimento, a participação, a apropriação e o uso democrático do espaço público pelas pessoas.   Muitos frequentadores do Largo da Batata ajudaram na implantação dos mobiliários, voluntariamente, e há pessoas que visitam o espaço para conhecer e usar o novo mobiliário.

Mobiliário Trançado, tema “sombra”, grupo Quasares
Imagem divulgação

Os móveis instalados tiveram repercussão na mídia e o próximo projeto nesses moldes está sendo pensado para 2016, dessa vez na periferia da cidade. Uma vez mapeados os caminhos pelos quais é possível existir uma nova maneira de pensar mobiliário urbano em São Paulo, esses caminhos estão sendo explorados.

O projeto colaborou não só com o aumento da amplitude do vocabulário de mobiliário urbano das cidades, mas também evidenciou a importância do processo e de coletivizá-lo, quando se propõem intervenções construídas no território.

O Instituto A Cidade Precisa de Você tem buscado propagar a ideia de que os cidadãos ​podem sonhar e ​criar os espaços públicos com a construção de mobiliário urbano, tanto temporário quanto permanente. Com a cocriação com comunidades e outros makers da cidade, e também pesquisando a construção conjunta como forma de diálogo comunitário, mapeamento os desejos e o mobiliário urbano como catalisador de atividades no espaço público, deixando-o mais vivo.

notas

1
A Batata Precisa de Você apoia estudantes e profissionais de design, urbanismo, construção, arte e outros interessados no desenvolvimento de projetos para espaços públicos e áreas de uso comum. Também divulga projetos open source de mobiliário, entre outras iniciativas de conscientização e formação, para que a sociedade se conscientize de que o espaço público é público, é de todos.

2
Instituto de Pesquisa e Inovação em Urbanismo <http://ipiu.org.br/>.

3
Instituto A Cidade Precisa de Você <www.acidadeprecisa.org>.

sobre a autora

Laura Sobral, arquiteta, é presidente do Instituto A Cidade Precisa de Você.

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