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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
O artigo discorre sobre a implantação do programa Arte no Metrô em São Paulo, onde os limites entre a Arte e a Arquitetura tornam-se difusos na medida em que, tanto uma quanto a outra se inspira na experiência física do indivíduo.

english
The article discusses the implementation of the Art program in the subway of São Paulo, where the boundaries between Art and Architecture become diffused insofar as both are inspired by the individual's physical experience.

español
El artículo discurre sobre la implantación del programa Arte en el Metro en São Paulo, donde los límites entre el Arte y la Arquitectura se vuelven difusos en la medida en que, tanto una como la otra se inspira en la experiencia física del individuo.

how to quote

MACEDO, Arthur Justiniano de; HAJLI, Sandra Maalouli. Arquitetura e arte no metrô de São Paulo. Minha Cidade, São Paulo, ano 18, n. 216.01, Vitruvius, jul. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/18.215/7018>.


"Sem título, painel de Renina Katz, estação de metrô Jabaquara, São Paulo
Foto divulgação


Quando a Estação Sé do Metrô de São Paulo foi inaugurada em 1978, já com as primeiras obras de arte instaladas, surgiu o momento de colocar em prática uma ideia que vinha sendo trabalhada desde a fundação da companhia em 1968, de transformar as estações do sistema em galerias de arte subterrâneas e aproximar o cidadão das manifestações culturais, além das formas institucionais.

Em um primeiro momento a inserção da arte nas estações ocorreu timidamente com eventos culturais transitórios e a instalação de algumas poucas obras plásticas. A reação positiva dos usuários, demonstrada pela aceitação, preservação e apreciação das obras de arte, constatada tanto por pesquisas formais realizadas pela Companhia, resultou no projeto “Arte no Metrô”, formalizado em 1988, que passou a estabelecer critérios e organizar o acervo de arte contemporânea do Metrô de São Paulo.

“Quatro Estações”, de Tomie Ohtake, estação de metrô Consolação, São Paulo
Foto Abilio Guerra

A intensa procura dos artistas para ter seus trabalhos expostos para um público mais amplo do que o alcançado nos ambientes de museus e galerias, fez com que o Metrô instituísse em 1990 a Comissão Consultiva de Arte, formada por representantes da Pinacoteca do Estado, do MASP, do MAM, do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, da Associação Paulista de Belas Artes – ABPA e por representantes das áreas de Marketing e Arquitetura, da Companhia de seleção criterioso e consistente para a escolha de projetos de arte contemporânea, bem como sua adequação para ser instalada em espaço publico do Metrô de São Paulo (1).

Para Radha Abramo, que durante anos foi uma espécie de curadora do projeto Arte no Metrô, a disponibilização de obras de arte para milhares de usuários do metrô regata o sonho utópico de John Ruskin de levar a arte até o povo, em função de seu inegável potencial educador.

“Quatro Estações”, de Tomie Ohtake, estação de metrô Consolação, São Paulo
Foto Abilio Guerra

 

Entende Radha que o homem moderno é caracterizado pela percepção fragmentada das coisas e que essa fragmentação tem suas origens na aceleração da vida. E acrescenta que, normalmente o “fruidor não para diante do painel do metrô; movimentando-se em formas, cores e linha que depois se arranjam mentalmente em correspondência com a obra vista. Com essa atitude, ele soma ao anterior prazer de admirar concretamente a obra, o prazer de recria- la abstratamente na memória” (2).

Esta integração entre arte e metrô desenvolve-se de modo particular, diferentemente dos espaços privados como galerias e museus. Nas estações de metrô, a intervenção artística não constitui a matéria essencial ao reconhecimento do lugar, a obra de arte não é ornamento e nem atrativo, mas funciona como um conjunto de impressões promotoras do efeito de bem-estar, capazes de uma abordagem qualitativa e quantitativa do espaço.

“Estação Sumaré”, de Alex Flemming, estação de metrô Sumaré, São Paulo
Foto Abilio Guerra

Neste contexto, a intervenção artística na sua ligação direta com o espaço e consequentemente com a arquitetura, desenvolvem relações diversas. Por vezes tem um caráter pontual, inserindo-se no programa de arquitetura já definido. Neste caso a intervenção plástica nada acrescenta ao espaço da arquitetura, refletindo-se a si própria em detrimento de qualquer comunicação e concordância com a arquitetura, ela entra em monólogo. Outras vezes, ela pretende dialogar com o espaço, integrando-se no projeto de arquitetura, criando um campo de relação e comunicação entre as duas expressões artísticas. Pode-se, a partir deste momento, falar de integração entre arte e arquitetura, em que a arte se liga ao espaço arquitetônico (3).

“Em 2012 a rede do Metropolitano de São Paulo contava com 91 obras de artistas renomados, entre esculturas, instalações, murais, mosaicos e poemas, distribuídas em 37 estações do sistema” (4).

Quanto à especificidade das obras em relação ao lugar em que está inserido, o acervo abrange desde as obras totalmente desvencilhadas do contexto, vindas de ateliers, alcançando aquelas pensadas para os contextos físico, social, histórico, cultural, ecológico/ambiental e relacionadas à memória do lugar (5).

“Sem título”, de Caíto, estação de metrô Sumaré, São Paulo
Foto Abilio Guerra

Essa memória do lugar, não se prende somente à necessidade de consolidar a intervenção mas, sobretudo com a necessidade de se preservar a identidade de um lugar e a forma de como os seus usuários o compreendem, preparando-o para ser de novo apropriado. Neste sentido, é um espaço material, que gera benefícios imateriais.

Segundo Ewely Branco Sandrin, a produção artística nas estações de metrô de São Paulo, ao longo de décadas, a arte permanente esteve enquadrada no conceito de “arte em espaço público” por se tratar, inicialmente, de obras compradas ou comissionadas para os espaços públicos das estações. Sob o ponto de vista físico, enquadra-se no conceito de “arte pública” ao assumir caráter funcionalista, como instrumento eficaz para apaziguar a relação do metropolitano com o usuário.

As intervenções artísticas não se limitam ao território, elas se estendem a fronteiras de todas as linguagens e das imagens do pensamento que as animam, constituindo um somatório de intervenções culturais preexistentes. Nas estações do metrô, as obras de arte servem para fazer os lugares não parecerem específicos.

“Pássaro Rocca”, de Francisco Brennand, estação de metrô Trianon-Masp, São Paulo
Foto Abilio Guerra

Quando procuramos uma imagem para expressar o dia-a-dia do homem urbano e dos espaços que o representam, uma das possíveis visões será a de uma estação de metrô. Esta memória não se prende somente à necessidade de mobilidade, mas, sobretudo pelas vivências dos indivíduos no lugar.

O metropolitano de São Paulo desde o início se preocupou em prestar um serviço urbano de qualidade, resultando em um comportamento favorável por parte da população desse meio de transporte. Para a equipe de arquitetos brasileiros liderados por Marcello Fragelli, encarregados dos projetos das estações da linha norte-sul do metrô de São Paulo, a arquitetura requer a presença humana para ser completa, pois esta presença humana é parte integrante do espaço, do cenário e do tempo de vida da arquitetura. Em oposição a arquiteturas universais, sem referências ou raízes, a arquitetura procura criar espaços cuja razão de ser não reside em si, mas no seu propósito.

A inclusão do programa “Arte no Metrô” contribuiu, em certa medida, para a criação de uma imagem pública positiva relativa ao sistema de transporte. Um dos retornos mais evidentes reflete-se na satisfação individual e coletiva, reforçando a conexão urbana e social no sentido de pertencimento e identidade.

“Totem Florafauna”, de Marcos Lopes, estação de metrô Chácara Klabin, São Paulo
Foto Márcio Minemoto

As intervenções artísticas tem a capacidade de produzir resultados extraordinários, reconhecidamente benéficos e vantajosos, mas que não podem ser mensuráveis, ou expressos diretamente em números. Contudo, os seus resultados indiretos refletem certamente em um retorno institucional para a Companhia do Metrô.

notas

1
MELLO, Vasco de. Entrevista para dissertação sobre a linha norte-sul do metrô de São Paulo, 2015.

2
ABRAMO, Radhá. A filosofia do projeto arte no metrô. In: COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO. Arte no Metrô. São Paulo, Alter Market, 1994, p. 16. Apud SACRAMENTO, Enock. Arte no metrô. São Paulo, A&A Comunicação, 2012, p. 8.

3
STRÖM , Marienne. Metro-Art dans les Metro-poles. Paris, Jacques Damase Éditeur, 1990 apud LIMA, 2001.

4
SACRAMENTO, Enock. Op. cit., p. 8.

5
SANDRIN, Ewely Branco. Arte/Arquitetura/Design: tecnologias atuais nas estações do metrô de São Paulo. Tese de doutorado. São Paulo, FAU USP, 2012.

sobre os autores

Sandra Maalouli Hajli é mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo.

Arthur Justiniano de Macedo é mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo.

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