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projects ISSN 2595-4245


Imagem dos autores do projeto

abstracts

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SILVA, Tiago Holzmann da; INDA, Pedro Augusto Alves de . Refúgio Biológico Bela Vista em Itaipu. Projetos, São Paulo, ano 01, n. 010., Vitruvius, out. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/01.010/2132>.


Projeto Executivo de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo para reformulação e ampliação do Refúgio Biológico Bela Vista localizado junto à Central Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, Paraná

Equipe de Projeto Autores: Arqs. Tiago Holzmann da Silva e Pedro Augusto Alves de Inda
Co-autores: Arqs. Camilo Holzmann da Silva e Marco Antônio Lopes Maia
Colaboradores: Arqs. Rafael Simões Mano, Letícia Rodrigues, Letícia Thurman Prudente, Daniele Caron, Carlos Eduardo Paes Leme Nicolini, Hilton Albano Fagundes; Biol. Rodrigo Balbueno; Acad. Cristian Illanes, Cristiano Kunze, Luciana Ramos de Castilhos, Vinícius de Medeiros.

Introdução

O Refúgio Biológico Bela Vista encontra-se às margens do reservatório da Central Hidrelétrica de Itaipu e é um dos dois refúgios do lado brasileiro do Rio Iguaçu. A área do Refúgio compreende uma extensão de 1.920 ha, tendo como limite sul a barragem de terra, a leste a Vila "C", a oeste o reservatório e a norte áreas de reflorestamento e preservação.

As atividades desenvolvidas no local englobam desde o plantio de mudas para reflorestamento das margens do reservatório até a criação e recuperação do animais nativos para sua procriação e re-inserção no habitat natural.

Através dos dados levantados junto aos funcionários do RBV, averiguou-se que as instalações existentes foram construídas em caráter provisório, tendo-se a previsão da construção de definitivas, ato que este estudo objetiva. Sendo que as novas instalações, que agora se projetam, devem incorporar os conceitos e práticas de sustentabilidade e respeito ao ambiente natural e humano.

Conceito de sustentabilidade

A preocupação com a proteção ambiental e a ecologia são recentes na nossa sociedade. Os estudos e teorias desenvolvidos e divulgados, assim como as práticas existentes, ainda não foram suficientes para consolidar o claro entendimento das palavras e termos normalmente utilizados, e, principalmente, o significado destes quando aplicados a intervenções urbanas e arquitetônicas.

Termos como desenvolvimento sustentável, permacultura, etc. estão sendo utilizados muitas vezes sem que se tenha conhecimento preciso do que representam. Sente-se, pois, a necessidade de esclarecimento destes conceitos para a definição de premissas a partir das quais se desenvolverá o projeto.

Os conceitos de sustentabilidade são, na verdade, bastante óbvios, e alguns deles dizem respeito diretamente às construções, de como torná-las menos impactantes ao ambiente através da adoção de algumas atitudes simples, tais como:

– Captação e uso racional de água;
– Captação e uso racional de energia;
– Redução do uso de materiais de construção;
– Seleção de materiais menos impactantes ao ambiente;
– Maximização da durabilidade da edificação;
– Minimização de perdas e reutilização de materiais em geral.

A Permacultura é um conjunto de conceitos e estudos para a criação de ambientes humanos sustentáveis. É uma contração das palavras "permanente" e "agricultura" ou "permanente" e "cultura". O termo foi criado no final dos anos 70 por Bill Mollison e David Holmgren na Austrália, e não trata somente dos elementos de um sistema, mas principalmente dos relacionamentos que podemos criar entre eles por meio da forma em que os colocamos no terreno.

O objetivo é a criação desses sistemas, que, sendo ecologicamente corretos e economicamente viáveis, supram suas próprias necessidades, não explorando ou poluindo, e que, sejam sustentáveis a longo prazo. Para isso, a Permacultura busca imitar a natureza criando ecossistemas cultivados, sendo basicamente de observação – reflexão – design, como num ciclo: após o design há uma nova observação, nova reflexão e, então, este é reajustado se necessário.

A Permacultura possui uma ética: cuidado com a Terra, cuidado com as pessoas, e, cuidado com a distribuição dos excedentes. Existem alguns princípios inerentes à qualquer projeto permacultural, em qualquer clima e escala. Estes são selecionados pelos princípios de várias disciplinas: ecologia, conservação de energia, paisagismo e ciência ambiental, em resumo são:

– localização relativa: cada elemento (casa, tanques, estradas, etc.) é posicionado em relação ao outro, de forma que auxiliem-se mutuamente;
– cada elemento executa muitas funções: cada elemento no sistema deverá ser escolhido e posicionado de forma a executar o maior número possível de funções;
– cada função importante é apoiada por muitos elementos: necessidades básicas como água, alimentação, energia e proteção contra o fogo, deveriam ser supridas de duas ou mais formas;
– planejamento eficiente do uso de energia: a chave para isso é o posicionamento de plantas, áreas para animais e estruturas de acordo com zonas (energias internas) e setores (energias externas); o planejamento por zonas trata do posicionamento dos elementos de acordo com a quantidade ou a freqüência em que os utilizamos ou necessitamos visitá-los (áreas que precisam ser visitadas todos os dias são localizadas mais próximas enquanto que locais visitados menos freqüentemente são posicionados mais adiante); setores tratam das energias não controláveis, os elementos do sol, luz, vento, chuva, fogo e fluxo de água, que vêm de fora do sistema e passam por ele;
– preponderância do uso de recursos biológicos sobre o uso de combustíveis fósseis;
– reciclagem local de resíduos;
– policultura e diversidade de espécies;
– utilização de bordas e padrões naturais;
– não existem problemas e sim oportunidades.

Conceitos de projeto

Os Quatros Elementos e a Vida – Conceito Fundamental

AR
ÁGUA
FOGO
TERRA
VIDA

A vida é a mistura de todos os elementos. O conceito fundamental do projeto parte disso: concebendo as edificações como os elementos, a vida seria o percurso que liga todos, passeando por entre eles. Assim, enquanto o visitante fosse percorrendo o caminho (que representa a vida), ele iria encontrando os elementos (representado pelas edificações e espaços lúdicos), fazendo a conexão entre todos, auxiliando na compreendendo desta relação holística que existe no Universo.

Esta conceituação, obviamente, é um pouco abstrata, não representando algo construído: funciona como uma idéia à perseguir, como o tema central de uma redação, ele não aparece escrito, não são palavras, mas entendo-se quando se lê todo texto. Juntamente com esse conceito base, uma serie de outros, bem mais claros e sólidos, são agregados, definindo, assim, os critérios para o desenvolvimento do projeto.

Conceitos Gerais

Diversidade. Um projeto sustentável deve priorizar a diversidade (tão necessária a vida), assim, a adoção de sistemas diferenciados para a solução das variáveis do projeto é prioritária.

Unidade. Deve-se ter uma linguagem uniforme, ou algum elemento que se repita, dando uma leitura clara de todo Refúgio, fazendo que se perceba que o todo, apesar de suas singularidades.

Integração. As diversas funções, desde cumpridas suas exigências programáticas, devem permitir uma integração maior, de acordo com os preceitos da multidisciplinaridade.

Horizontalidade. As edificações horizontais são mais adequadas quando se procura inseri-la numa paisagem mais plana (pouco acidentada) como é o caso.

Permeabilidade visual. Permitir que funcionários e visitantes percebam o entorno natural desde os edifícios e locais de trabalho.

Simplicidade. Clareza na proposta de implantação, definindo facilmente a leitura e percepção dos espaços destinados às atividades de trabalho, de visitação e de lazer. Simplicidade como conceito contrário a simploriedade, pobreza.

Complexidade. Provocar relações internas e externas diversas e ricas entre os elementos e objetos de projeto que geram uma interdependência e complementaridade entre eles. Complexidade como conceito antagônico a complicação.

Flexibilidade e Modulação. O projeto deve prever e permitir a fácil ampliação das edificações, através da adoção de sistemas construtivos modulares.

Educação. Enfatizar, visualmente, a adoção de tecnologias sustentáveis, e, eliminar o acesso de veículos de passeio e de excursão ao interior do RBV.

Interfaces. Eliminar barreiras físicas agressivas visualmente, como muros, cercas, etc.

Elementos Reguladores

A partir do levantamento executado, foram identificados os elementos reguladores do projeto, (1) que são diretrizes na sua concepção, fazendo o elo entre o sítio, e suas singularidades, com a proposta. A insolação, direção dos ventos, as massas vegetais, eixos de circulação e acessos, a interface com a comunidade do entorno, os limites Leste (Reservatório de Itapu) e Oeste (com a comunidade), além da malha, em quadrícula, foram considerados os mais importantes. Deste modo, o desenvolvimento da proposta estará sempre relacionada, ou adaptada, a estes, já que a inserção do projeto no seu contexto físico, social e cultural, é prioritário nos conceitos de sustentabilidade.

Acessibilidade

Identificados os dois acesso principais do RBV, foi proposta a retificação do acesso pela CHI, com os seguintes objetivos:

a) unificar a entrada num único ponto, facilitando a segurança e controle;
b) o acesso retificado, passando ao longo da divisa com a comunidade vizinha, ameniza a atual interface, existindo, assim, uma rua atrás do muro, e não apenas vegetação, desencorajando a invasão e o depósito de lixo no refúgio.

Zoneamento Funcional

Diferentemente do zoneamento entregue no Caderno de Levantamentos, este procura relacionar as funções, e não as áreas, do RBV, assim, foram divididas as edificações e atividades que acontecem em espaços abertos, como trilhas, por afinidade ou necessidade programática. (3) Essas afinidades/necessidades foram definidas:

a) pelo uso ser, maior ou menor, do público visitante (níveis de acessibilidade);
b) pela necessidade de proximidade, ou distância, entre atividades;
c) pela posição atual, quando esta função não poderia ser relocada.

Para que um projeto tenha uma ordem em seu todo, ou seja, que todas as partes em que se subdividem seu programa funcional e estrutura sejam coerentes, é necessário uma base geométrica geral, que, a partir de subdivisões desta, possa se adequar o programa e racionalizar a estrutura, facilitando a construção e a leitura do projeto como um todo.

A geometria geral do projeto será baseada no conceito de duas malhas sobrepostas: uma retangular, utilizada nas áreas de funcionais do RBV, e a outra radial, relacionada às áreas para o público visitante. Estas malhas servirão de base para a posição e desenho das circulações, trilhas e edificações do refúgio, e a sua sobreposição permitirá uma inter-relação entre as duas, criando pontos de interface, propiciando uma interação controlada e diversificada entre o público visitante e o funcionamento do refúgio.

Circulação e fluxos

A partir dos diagramas anteriores, podemos definir como funcionarão as circulações e fluxos internos, ou seja, como funcionários e visitantes irão acessar as diferentes áreas e edificações no RBV. O conceito básico é bem simples e claro: as atividades de trabalho do refúgio, diretamente relacionadas a malha retangular, permitem um acesso mais direto; as atividades de visitação, relacionada a malha radial, circundam as áreas de trabalho, permitindo um percurso mais longo e diversificado, criando espaços de atividades, contemplação, descanso, e integração com o funcionamento do RBV, sendo, assim, mais atrativo ao visitante.

Tecnologias e materiais. Um dos itens que mais determina as soluções possíveis de um projeto de arquitetura são as tecnologias e os materiais de construção empregados, assim, seguindo o conceito de sustentabilidade, a utilização da cerâmica, reaproveitamento de sobras, ou materiais de demolição, são os mais aconselháveis ao projeto. Do mesmo modo, a possibilidade de suportar as práticas cotidianas de sustentabilidade e a instalação, ou a previsão da instalação, de equipamentos com este tipo tecnologia, como painéis fotovoltáicos, trocadores de calor, é determinante na forma da edificação e disposição dos espaços abertos.

Tecnologias de sustentabilidade

Ar – a energia eólica

A energia eólica, como fonte geradora de energia elétrica, mostra grande viabilidade em sistemas de grande porte, situados em locais com regime de vento intenso, quando conectadas a rede de distribuição. Mas para pequenos sistemas ainda se mostra inadequada, principalmente devido a problemas de custo de manutenção e a limitação quanto ao local de implantação dos coletores na propriedade, que nem sempre possui a situação adequada ao uso dessa energia.

Por outro lado, a energia eólica é largamente utilizada, para o bombeamento de água, sob a forma de cataventos. A fácil instalação e manutenção conferem viabilidade econômica para este sistema, podendo ser aplicado no projeto de revitalização do RBV.

Água – coleta, reuso e racionalização

A água é o elemento fundamental para a vida, assim, o seu uso adequado é imprescindível para um ambiente sustentável. O desperdício de água no Brasil é muito grande, talvez pela abundância de rios e fontes que temos, deste modo não nos preocupamos com este elemento tão precioso. Chegamos ao extremo de lavarmos nossas calçadas com água potável e tratada.

Para obtermos uma utilização mais sustentável da água, podemos utilizar técnicas de abastecimento, racionalização e reuso de água. Para se conseguir um abastecimento alternativo de água, podemos fazer o recolhimento da água da chuva, nos telhados e nas ruas, armazenando-as e tratando-as com filtros lentos de areia, utilizando-a para fins domésticos, se de boa qualidade, ou para lavar equipamentos, veículos, etc., se houver dúvidas quanto a sua qualidade.

Para uma racionalização no uso da água, se utiliza uma descarga em dois estágios: o primeiro para urina e o segundo para fezes. Isto porque as descargas são dimensionadas para a pior situação, a segunda, que por sua vez são utilizadas 4 vezes menos que para expulsar a primeira. Esta técnica sozinha é capaz de reduzir em 20% o consumo da água em uma residência, e, já são comuns nos EUA, Japão e países da Europa.

Porém o que traria o maior grau de sustentabilidade para as edificações seria o reuso das águas. A água proveniente dos ralos das pias e chuveiro, após um tratamento em filtros lentos de areia, podem ser rebombeadas para um segundo reservatório separado do com água potável, sendo esta água utilizada para as descargas, aí sim, indo definitivamente para a fossa séptica.

De um modo geral, o bom uso da água é imprescindível para futuro da humanidade neste planeta. Utilizando plenamente tais métodos sustentáveis, se estará alcançando uma economia de até 90% na água proveniente do abastecimento público.

Água – trocadores de calor

Em locais com grandes reservas de água acumulada, como é o caso do Reservatório de Itaipu, a instalação de trocadores de calor com a água é uma eficiente maneira de garantir um condicionamento térmico, ou a redução da utilização de aparelhos de ar-condicionado.

Estes trocadores funcionam de um modo simples: uma serpentina é instalada a uma certa profundidade, onde a água mantém uma temperatura constante o ano todo, e bombeada para outra, que troca seu calor com o ambiente, voltando para a primeira para ser resfriada, ou aquecida, novamente.

Água – inércia térmica

A utilização de coberturas com acumulo água permite uma inércia térmica maior à edificação, mantendo-a aquecida, ou resfriada, por mais tempo. Sua execução é simples: impermeabiliza-se uma laje de modo a funcionar como um reservatório de água, uma piscina, mantendo-a sempre cheia de água.

Fogo – a energia solar

Existem basicamente dois tipos de utilização da energia solar: Uma por conversão térmica (transforma a energia do sol em calor) e outra através de células foto voltaicas que transformam a energia do sol em eletricidade.

A utilização do aquecimento por conversão térmica ainda é a mais indicada para lugares onde se dispõe de rede elétrica. Usada para o aquecimento da água contribui para reduzir o consumo da energia utilizada em chuveiros e torneiras elétricas: uma economia bastante significativa. Além disso esse sistema também pode ser utilizado junto com o aquecimento à gás.

Já a tecnologia de painéis fotovoltáicos ainda não está evoluída a ponto de ser uma alternativa economicamente viável, e um sistema pequeno com base nessa tecnologia só apresenta retorno do investimento com mais de 20 anos.

Fogo – combustão

A combustão pode ser utilizada de modo sustentável: lareiras e caldeiras abastecidas por lenha de reflorestamento são soluções viáveis. Em um ambiente bem arborizado, o CO2 liberado pela combustão é absorvido, permitindo que as espécies vegetais possam realizar a fotossíntese.

Terra – trocadores de calor

Quando não for possível utilizar trocadores com a água, a instalação de trocadores de calor com a terra pode servir de alternativa para o condicionamento térmico. Funcionando de forma parecida, estes trocadores fazem seu resfriamento, ou aquecimento, a alguns metros de profundidade, onde a terra também mantém uma temperatura constante durante todo ano.

Terra – inércia térmica

A terra, pela sua inércia natural, pode ser utilizada no condicionamento térmico das edificações. O quanto mais ela for enterrada, tanto na cobertura com laterais, mais inerte será. É claro, não se pode cobrir todo o prédio, já que este necessita de iluminação e ventilação: deve-se procurar o equilíbrio. Em terrenos excessivamente planos, a utilização deste tipo de solução também pode tornar-se inadequada, considerando a grande quantidade de terra movida para enterrá-la. Porém, em qualquer caso, a cobertura com jardim continua sendo uma boa opção.

Terra – o paisagismo produtivo

Um modo de integrar a ocupação humana ao habitat natural, criando um ambiente mais sustentável, é através do paisagismo produtivo. A inter-relação dos seus elementos e o conhecimento profundo da área onde será implantado é fundamental para extrair-se o melhor resultado desta técnica permacultural.

O paisagismo produtivo baseia-se principalmente no aproveitamento dos recursos hídricos, do solo, relevo, e, principalmente, da vegetação, onde a idéia é levar para a mesa das pessoas produtos naturais, produzidos e colhidos na própria área, livre de intermediários e inseridos na paisagem natural, tornando-a produtiva sem agredi-la.

Para obter-se este resultado, uma serie de zonas para a produção podem ser criadas, com o cuidado de sempre se colocar as que necessitam de mais atenção e freqüência de uso mais próximas às habitações, e assim sucessivamente. As primeiras podem ser floreiras, com ervas e temperos, seguidas de uma pequena horta, com tomates, cebolas, couve e alfaces. Mais afastado pode ficar um pomar, pois não necessita de visitas menos freqüentes.

Outra técnica é tentar aproveitar ao máximo a vegetação para sombreamento, estética e marcação de divisas (árvores de grande porte, gramados e cercas vivas) com espécimes produtivas, como árvores frutíferas (amoreiras, leucenas), forrageiras e espaldeiras frutíferas (kiwi, maracujá, chuchu).

Utilizar as fontes de água, a topografia e recursos naturais presentes no terreno é fundamental para o paisagismo produtivo, assim como o cuidado para que estes não se esgotem, exigindo um conhecimento profundo da área. A vermicompostagem é eficiente para o tratamento dos resíduos orgânicos. Ainda existem várias outras técnicas, entre elas podemos listar:

a) produção de ovos;
b) produção de leite;
c) criação de porcos;
d) grandes hortas;
e) grandes pomares;
f) forragens;
g) aquacultura

Terra – a reciclagem de resíduos

A acumulação do lixo produzido pela nossa cultura é hoje uma das maiores preocupações mundiais, assim, a sua seleção e reciclagem é uma das técnicas de permacultura. Separar e reaproveitar o lixo é um modo de criarmos um ambiente sustentável.

A primeira parte para se conseguir isto é separando o lixo em orgânico e inorgânico. O lixo orgânico é proveniente de restos de cozinha, das cascas aos alimentos que sobram nos pratos. Ele pode ser utilizado para alimentar animais como galinhas ou porcos, porém se apenas armazenado, apodrece e perde valor. O lixo inorgânico, também conhecido como lixo seco, pode ser subdividido em outras classes: vidros, papéis, plásticos, metais e latas, e são reaproveitados pelas indústrias. Lixos como os provenientes de papéis higiênicos usados são usados na compostagem. A separação pode ser feita em lixeiras especiais, que contenham espaço específico para cada tipo de lixo, tanto nas edificações como nos caminhos e áreas abertas.

Enfim, para que a reciclagem realmente seja eficaz, é necessário uma educação ambiental muito grande para que a separação minuciosa aconteça, já que a mistura dos lixos acaba por inviabilizar seu reaproveitamento.

Materiais de construção

Cerâmica

Por ser considerada de baixo impacto no ambiente, a cerâmica é eleita como principal material de construção. Isto determina a adoção de sistemas construtivos portantes, com a utilização de planos horizontais e de vãos livres de tamanho reduzidos. Ela pode ser empregada na forma de blocos, tijolos, pastilhas, azulejos, pisos e telhas.

Pedras

Quando se tem boas reservas de material rochoso, o uso racionalizado de blocos de pedra é interessante. Pode ser aplicado na execução das fundações e paredes das edificações.

Madeira

Apesar de seu tratamento contra infestações ser extremamente tóxico, a madeira pode ser utilizada desde que com racionalização: apenas quando as estruturas necessitarem vãos maiores, como cobertura e varandas. Existe, ainda, a possibilidade de empregar madeiras com tratamento alternativo, menos tóxicos e impactantes, necessitando, porém de mais manutenção, e com vida útil reduzida.

Concreto

Assim como a madeira, o concreto é discutível pelo alto grau de impacto na sua produção, porém, o seu uso limitado as estruturas que necessitem de suas características de resistência à compressão, inércia e massa ativa, viabiliza seu emprego.

Aço

Considerado o material com maior impacto no ambiente, seu uso será restringido a reutilização de sobras e quando for indispensável, como em equipamentos de tecnologia sustentável, pregos, parafusos e pecas para encaixe e sustentação, assim como em calhas de recolhimento junto às coberturas. A necessidade de vãos livres de grandes dimensões, como para o recinto das aves, pode sugerir a utilização de estruturas de aço, já que, tanto o concreto como a madeira, talvez não vençam o vão com uma dimensão otimizada.

Derivados de petróleo

Pelo alto impacto ambiental, devem seguir os mesmos cuidados do aço, utilizando-os apenas quando imprescindíveis.

Cimento amianto e PVCs

Pelo alto grau de toxidade, devem ser evitados. O cimento amianto pode ser facilmente trocado por outros materiais e o PVC deve ser empregado apenas quando não for possível sua substituição, como poderá ocorrer com as instalações hidrossanitárias.

notas

1
Entende-se por elementos reguladores todos aqueles que criam limitações, ou indicam direções a ser tomadas, na concepção do projeto, como, sítio, tamanho do lote, relevo, insolação, ventos predominantes, eixos visuais e de circulação e acesso importantes, malhas, limites, interfaces, pólos, etc.

2
programática refere-se ao programa de cada edificação ou espaço aberto, ou seja, o seu uso, assim, funções como o CRV e o estacionamento de visitantes, por exemplo, devem estar próximas, facilitando seu funcionamento.

comentário sobre as imagens

Imagem 2
1. Torre de observação; 2. Alojamentos; 3. Portal de acesso; 4. Veterinária; 5. Administração; 6. Centro de recepção aos visitantes; 7. Quarentenário; 8. Equipamentos lúdicos e choupana; 9. Pontos de parada; 10. Portinho; 11. Casa do sol e da lua; 12. Área de visitação - recintos dos animais; 13. Recinto de aves aquáticas; 14. Canteiros e manejo existentes; 15. Mirante

Imagem 16
Plano Diretor de Ocupação e Uso do Solo, Anteprojeto de Arquitetura de Edificações, e outros, para o Refúgio Biológico Bela Vista, situado na área da Central Hidroelétrica de Itaipu (CHI), junto ao Município de Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

Imagem 17
Autores: arquitetos Pedro Augusto Alves de Inda e Tiago Holzmann da Silva; Co-autores: arquitetos Camilo Holzmann da Silva. Letícia Teixeira Rodrigues, Marco Antônio Lopes Maia, Rafael Simões Mano; Colaboradores: arquitetos Carlos Eduardo Paes Leme Nicolini e Hilton Albano Fagundes, acadêmicos de arquitetura Cristian Illanes, Cristiano Lindemeier Kunze e Vinicius de Medeiros

Imagem 18
Coordenador: Eng. e Agr. Miguel Aloysio Sattler, Phd.; Pesquisadores: Luis Carlos Bonin, Christiane Carbonell Jatahy, Cristiano Viégas Centeno, Giane Grigoletti, Michele Sedrez, Sérgio Tomasini, Telissa Frenzel da Rosa, Verena Schmidt Baldoni

ficha técnica

Localização: Foz o Iguaçu, Paraná
Data do Projeto: Janeiro a Abril de 2001
Área total: 48 hectares
Área construída: aproximadamente 5.000m²
Área urbanizada: aproximadamente 23.000m²

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