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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público de Arquitetura para o Aeroporto Internacional de Florianópolis – SC. Projetos, São Paulo, ano 04, n. 042.02, Vitruvius, jun. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/04.042/2345>.


1. A Nova via, o Espaço-tempo, a Permanência, a Modernidade.

“Assim ele vai, corre, procura. O quê? (...) Ele busca esse algo, ao qual se permitirá chamar de Modernidade; pois não me ocorre melhor palavra para exprimir a idéia em questão. (...) A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável”.
Charles Baudelaire, Sobre a Modernidade

O carro veloz percorre o espaço-tempo da nova via, desbrava paisagens antes inexistentes ao olhar curioso da cidade. O Morrote e o Morro do Campeche são vistos por ângulos totalmente novos. Vegetações nativas são visitadas. Tudo é novo!

A grande reta traçada corta e amplia os limites da cidade. Guarapuvus floridos – habitantes nativos – dão as boas vindas ao novo. Curva à esquerda...Pausa...Curva à direita...Pausa...De repente o olhar é invadido pelo engenho humano, invenção com rigor e precisão. Se os movimentos sinuosos e a velocidade, as emoções súbitas e inesperadas, e a aproximação iminente do objeto desejado, fazem experimentar intensamente a sensação de espaço-tempo e a situação geográfica da nova paisagem, o novo aeroporto sugere placidez, calmaria, reflexão.

A dupla, ou múltipla, face que se oferece do problema urbano com a decisão de construir um novo aeroporto e uma nova via que lhe dê acesso, e que, ao mesmo tempo, preserve e alimente o que há de vital no tecido urbano em que se insere sem prejuízo do acesso à natureza ou do indivíduo, leva a enfrentar o que de fato é essencial. Como o fez Aldo Rossi diante dos palácios italianos, pergunta-se – onde começa a individualidade deste aeroporto e de quê depende?

2. Os açorianos, a colonização, o partido, a proposta arquitetônica

“Num pedacinho de terra
Belezas sem par!
Ilha da moça faceira,
Da velha rendeira tradicional
Ilha da velha figueira
Onde em tarde fagueira
Vou ler meu jornal”.
Trecho do Hino Oficial de Florianópolis

A colonização de Santa Catarina teve grande influência das famílias açorianas que chegaram ao litoral catarinense em meados de 1750. Junto com elas vieram os costumes que aos poucos foram se incorporando nas novas terras. Foram estes colonizadores que trouxeram o trigo, o açúcar, o feijão, o linho e o cânhamo. As mulheres trouxeram com elas a tradição da renda de bilro e as festas religiosas.

A referência da renda sempre esteve presente nos lares das famílias de pescadores do litoral catarinense.

É rotina bastante comum: os homens vão para o mar em busca da grande pesca, enquanto suas mulheres ficam cuidando dos trabalhos domésticos, da educação das crianças e transmitindo para geração posterior todos os conhecimentos da arte do bordado e da renda. É devido a esta constante presença da renda nas roupas, nos tecidos de uso doméstico, na toalha que decora a mesa de jantar, enfim na cultura do povo catarinense, que decidimos por seu uso como referência formal para o projeto, tanto no Terminal de Passageiros quanto na Central de Utilidades. Substituiremos o algodão, matéria prima das rendas, pelo aço e pelos painéis pré-moldados (cobogós). Assim o Terminal de Passageiros e a Central de Utilidades terão um ar têxtil, familiar. A renda de labirinto é uma metáfora da condição humana: estamos enredados em nossos próprios fios.

O novo aeroporto tratado como "marco referencial" de identidade própria, vem a ser um elemento primordial de desenho urbano que permeia realidades físicas e humanas tão distintas. Assim, justifica-se a intenção perseguida na proposta apresentada de encerrar em um só objeto e desenho aspectos irreconciliáveis (?) do tecido urbano e da própria natureza humana.

O Aeroporto foi concebido como uma grande sombra criada por 48 "árvores metálicas" abrigando no seu interior todas as funções, todos os sistemas, todas as emoções.

Permanece a serenidade da proposta-síntese de elementos definidos em si – um único tubo com trecho reto e outro calandrado, em revolução faz surgir a grande "árvore metálica": elevação branca matriz da nova sombra. Para aqueles que as vêem desde o saguão ou das salas de embarque, sua visão é a clareza do partido, a absoluta limpidez de espaço e forma.

3. A tecnologia, a engenharia, a arquitetura, a arte

As formas de arquitetura, tal como nós as conhecemos, estão profundamente gravadas na natureza e anatomia humanas. Desde as primeiras cavernas habitadas, a necessidade de proteção contra os elementos ou contra adversários, ditou a existência de uma porta ou de um telhado. As colunas dos templos gregos e o esplendor arborescente do gótico vão buscar as suas raízes nas florestas de um tempo anterior à civilização. E se a natureza anatômica da arquitetura não fosse evidente em milhares de exemplos, seria suficiente ver a cúpula e os "braços" estendidos de São Pedro em Roma para compreender que aquilo que é construído flui a partir daquilo que somos. Nem tais referências ao corpo limitaram a arquitetura antiga. Com as tarefas essenciais de proteção há muito dominadas, o valor simbólico da arquitetura, como por exemplo enquanto expressão de poder, continua a procurar a sua legitimidade nos fatos mais básicos da existência humana.
Neil M. Denari, Gyroscopic Horizons, Thames & Hudson, Londres, 1999

O que se indaga em um concurso que tem como pré-requisito o trabalho em equipe multidisciplinar e a colaboração inicial e íntima entre arquiteto e engenheiro?

Além de assegurar a exeqüibilidade do devaneio, está claro e posto o desafio da solução original e possível, da forma surpreendente que deriva da criatividade da boa engenharia. "Como é competente a engenharia brasileira!" Enfrentou todos os desafios do concreto armado propostos pelos arquitetos da geração de Oscar Niemeyer. Agora, o diagrama proposto em conjunto deve somar-se e ampliar o repertório de soluções possíveis para este tipo de estrutura urbana, ademais de satisfazer às exigências mínimas do edital.

As estruturas em forma de árvores, como elemento arquitetônico, foram utilizadas nas colunas dos templos gregos, passaram pelo gótico arborescente medieval e chegaram aos nossos dias através de projetos emblemáticos, todos com grande efeito arquitetural e desafios construtivos: O Palácio do Trabalho em Turim (Pier Luigi Nervi), a Johnson & Wax Company em Wisconsin (Frank Lloyd Wright), a Expodach em Hanover (Thomas Herzog), a estação do Oriente em Lisboa (Santiago Calatrava), o aeroporto de Stuttgart na Alemanha (Von Gerkan Marg), o aeroporto de Stansted na Inglaterra (Norman Foster) etc. A característica comum a todos eles é a criação de uma grande "sombra" que libera o espaço interno para as mais variadas funções.

Para a Central de Utilidades, por suas características de uso, optamos por um fechamento em peças pré-moldadas em concreto, semelhantes aos famosos painéis de cobogós projetados por Lúcio Costa. Pintadas de branco darão a impressão de uma grande "toalha rendada".

4. A construção, a modulação, a velocidade, os custos

Para a implantação da edificação no terreno levou-se em conta a topografia existente, que, na área da primeira etapa de construção proposta não apresenta grandes variações de cotas altimétricas (mínima de +2,500 m e máxima de +3,158 m) configurando um terreno extremamente plano. Outra característica do terreno é o nível da água encontrado que varia entre as profundidades de –2,50 a –3,00 m. Optamos pela construção da Central de Utilidades no mesmo nível do pavimento térreo, do lado direito do novo Terminal de Passageiros (estamos prevendo as ampliações futuras do terminal sempre para o lado esquerdo), abandonando a idéia do possível subsolo. Esta decisão traz grandes vantagens econômicas pois tira partido das características topográficas e geotécnicas do terreno.

É natural que os programas organizados a partir de uma rotina de funcionamento pré-fixada e com base na utilização de técnicas e equipamentos se modifiquem a cada dia, tornando desejável que o sistema construtivo adotado permita uma total flexibilidade para que cada setor possa modificar-se com independência.

O sistema construtivo estabelecido se baseia no uso, em grande escala, de componentes pré-fabricados produzidos fora do canteiro, de modo a permitir uma execução disciplinada e rápida da obra.

Foi adotado um sistema estrutural com altíssimo índice de industrialização, ou seja, grande utilização de elementos produzidos industrialmente, em série e em grandes quantidades. Com o objetivo de se reduzir os custos e o prazo de execução da obra, não serão utilizados grandes volumes de serviços artesanais.

Optamos por um módulo estrutural bastante generoso: um triângulo eqüilátero com lados de 25,00 metros é a matriz de toda a planimetria. Nos Vértices do triângulo "nascem as árvores". As "árvores" são formadas por uma estrutura principal (tronco) e uma estrutura secundária (copa). O tronco é composto por 12 tubos idênticos de %%C 4" com trecho reto de 5,30m e trecho calandrado de 11,16m com raio de 9,16m. A copa é formada por 12 planos triangulares em tubos de %%c 2". A partir de sua multiplicação é urdida no céu a grande "renda", esta não tecida com fios de algodão mas com a alta tecnologia do aço. As "Árvores metálicas" serão executadas com tubos metálicos em aço especial de alta resistência à corrosão, do tipo SAC-50. Serão montadas sobre aparelhos de apoio confeccionados em chapa grossa de aço do tipo SAC-41.

Com esta solução o Terminal de Passageiros ganha uma estrutura completamente modular, possuindo flexibilidade suficiente para as futuras expansões ("plantar novas árvores metálicas"), sem prejuízo do partido arquitetônico inicial, e sem causar nenhum ônus às ampliações futuras.

5. O Meio-ambiente, a visão, a audição, o tato, as sensações, o conforto

“Ambos os termos, Arquitetura e Recursos, têm muitos significados: Arquitetura, arte de edificar e depurar, construindo e preservando, em oposição ao consumo e ao desperdício de energia e de recursos. O nosso planeta, o mundo em que vivemos, é um sistema fechado, baseado em ciclos e procedimentos auto-regenerativos, o qual se integra num processo de transformação e reciclagem. A consciência dos ciclos dos materiais, do balanço energético e da limitação de recursos será decisiva para a arquitetura e para o urbanismo do presente século”.
Trecho do Programa do Congresso da União Internacional dos Arquitetos realizado em Berlim

Com as atuais preocupações mundiais com o uso inteligente e responsável das fontes de energia não podemos mais pensar em edifícios que funcionem como autênticas estruturas devoradoras de energia. Os Edifícios atuais devem enriquecer o espaço público de nossas cidades, responder às necessidades sempre mutantes de seus usuários e explorar tecnologias sustentáveis.

As necessidades atuais dos edifícios sustentáveis nos desafiam a reelaborar novos conceitos capazes de dar um impulso revitalizante à profissão do arquiteto hoje. Devem, ao mesmo tempo, celebrar a vida em sociedade e o respeito à natureza.

O projeto de iluminação pensado para o Aeroporto de Florianópolis faz chegar a luz natural ao interior do edifício de forma a reduzir ou até mesmo eliminar a utilização da luz elétrica durante o dia, contribuindo assim para uma substancial redução nos consumos de energia e nos conseqüentes danos ambientais. Oferecerá condições de uso mais saudáveis e agradáveis.

A iluminação natural virá dos grandes panos envidraçados que dão fechamento vertical ao edifício e do "rendilhado" gerado pelo encontro das "copas" das "árvores metálicas", criando uma iluminação uniforme e suave, projetando no piso um interessante efeito luminoso, sem os problemas de ofuscamento e contrastes. A iluminação natural proporcionará grande conforto térmico, pois o uso da iluminação artificial (grande geradora de calor) será apenas no período noturno.

Os níveis de ruído que provêm do aeródromo têm grande influência na edificação e devem ser motivo de estudo detalhado para que sejam compatíveis com as atividades realizadas no seu interior. Todos os elementos da construção que fazem limite com o exterior (alvenarias, painéis de esquadrias, etc.) terão tratamento acústico e contra vibrações.

Da análise da carta bioclimatológica de Florianópolis constata-se que apenas 20,8% das horas do ano apresentam condições de conforto térmico. Com 79,2% das horas do ano em situação de desconforto térmico e com grandes dificuldades técnicas para resolver este problema (ventilação nos períodos quentes e de massa térmica e aquecimento solar nos períodos frios) optamos pela adoção de um sistema geral de condicionamento de ar. O sistema adotado utilizará tanques de termo-acumulação para, durante a noite, quando a tarifa de energia é mais barata, produzir a água gelada que será usada durante o dia como trocadora de calor com o interior do edifício.

Cruzando-se os dados da carta bioclimatológica com a carta solar de Florianópolis (latitude 28º sul) constatamos que a grande fachada envidraçada voltada para o pátio de aeronaves só terá incidência solar, e no período da manhã, a partir do equinócio de outono (21/03) até o solstício de inverno (22/06) voltando para o equinócio da primavera (21/09). Com essa posição a grande fachada do pátio de aeronaves receberá os raios solares nos períodos mais frios do ano, justamente quando necessitamos do auxílio solar para minimizar o frio. Do equinócio da primavera até o solstício de verão (22/12) voltando para o equinócio de outono os raios solares não atingem, em nenhum instante do dia, a grande fachada envidraçada do pátio de aeronaves. Neste período é que temos os dias mais quentes e o terminal está protegido dos raios solares pelas "árvores metálicas" voltadas para o estacionamento.

O uso da iluminação natural, o cuidado com os fechamentos e isolamentos acústicos e o condicionamento de ar são fatores que, com certeza, criarão sensações de extremo conforto aos usuários do novo aeroporto de Florianópolis.

6. Os tubos, os dutos, as galerias, a manutenção

Na diretriz geral utilizada nos projetos da Central de Utilidades, todos os sistemas que nela são abrigados e suas ligações com o Terminal de Passageiros foi prevista flexibilidade total dos sistemas, admitindo possibilidade de mudanças de características, localização e expansão.

Com a decisão de localizar a Central de Utilidades do lado direito e no mesmo nível do pavimento térreo do Terminal de Passageiros tivemos como principais objetivos a velocidade (podemos iniciar sua execução concomitantemente com a do TPS), os custos com a execução da obra (a topografia, o nível de água no subsolo, as contenções, as impermeabilizações, tudo levou a descartar a possibilidade do subsolo) e as manutenções futuras (muito mais simples e diretas que em um suposto subsolo).

Todas as tubulações, dutos, calhas elétricas etc., correrão no entreforro criado entre a grelha metálica de sustentação das placas pré-moldadas do piso do pavimento superior e o forro tipo colméia. Este espaço, que batizamos de lâmina serviço (separa a lâmina terra da lâmina ar) tem toda a sua extensão (250,00m x 9,15 m x 1,15m) livre para a passagem das tubulações, dutos, calhas elétricas etc., e comunica-se com todos os espaços da edificação através do entreforro (0,65 m livres) e dos shafts.

7. O embarque, o desembarque, o abastecimento, os fluxos

Todo o projeto seguiu o conceito do Desenho Universal – Concepção de espaços que visam atender simultaneamente a todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade.

Tanto no pavimento térreo como no superior, sanitários para deficientes foram previstos. Esses sanitários ficam fora das baterias de sanitários públicos, pois são utilizados por pessoas de ambos os sexos.

Em todo o edifício as mudanças de nível são vencidas por escadas fixas (01 no saguão de embarque, 01 no saguão de desembarque, 01 para o embarque remoto doméstico, 01 para o embarque remoto internacional, 01 para o desembarque remoto doméstico, 01 para o desembarque remoto internacional e 01 para o acesso à CUT), escadas rolantes (02 no saguão de embarque, 02 no saguão de desembarque, 01 para o embarque remoto doméstico, 01 para o embarque remoto internacional, 01 para o desembarque remoto doméstico, 01 para o desembarque remoto internacional) e elevadores (01 panorâmico no saguão de embarque, 01 panorâmico no saguão de desembarque, 01 para o embarque remoto doméstico, 01 para o embarque remoto internacional, e 01 para o acesso à CUT). Os elevadores do saguão são hidráulicos e foram dimensionados para os usuários com carrinhos de bagagem, com acesso amplo e confortável, são panorâmicos, envidraçados com vidros transparentes incolores, inclusive as portas. Para o acesso as aeronaves as pontes de embarque terão rampas com no máximo 8% de inclinação.

O abastecimento das lojas e da praça de alimentação se dará através da CUT em circulação especifica. A retirada do lixo será através da CUT, sendo o lixo orgânico gerado na praça de alimentação pré-acondicionado em local especifico para posterior encaminhamento ao lixo congelado localizado na CUT e, a partir daí ao seu destino final.

8. As áreas

Terminal de Passageiros – TPS
Térreo: 14.809,05m²
Superior: 12.729,11m²
Área Total: 27.538,16m²

Central de Utilidades – CUT
Térreo: 4.190,00m²
Superior: 1.428,00m²
Área Total: 5.618,00m²

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Equipe premiada
Fortaleza CE Brasil

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