Diretrizes
A um primeiro olhar o projeto para a extensão do SEBRAE MG nos traz o desafio de adequar uma nova arquitetura num território com ocupação imprecisa, solicitando da nova construção um acerto de contas entre os lotes de geometrias distintas, a imbricada condição urbana e as construções que pretende harmonizar. Podemos definir as principais condicionantes para o projeto como sendo:
1. A utilização das frontalidades existentes nos lotes para a vinculação do conjunto construído às duas ruas.
2. A ocupação extensiva da área com o embasamento do edifício, para a conter o grande programa de uso público.
3. A definição de um volume único sobre o embasamento, reforçando a sugestão do edital na ênfase da horizontalidade.
Implantação
O projeto ocupou a quase totalidade das frentes para as ruas, completando o conjunto existente como uma nova quadra edificada. Na frente para a avenida Barão Homem de Melo, acesso principal ao edifício, locamos o volume do embasamento, definido pelas áreas de uso público: recepção/exposição e salão multiuso. O volume laminar superior, que concentra as atividades privativas, encaixa-se no limite disponível dos recuos obrigatórios. Com três pavimentos sobre a base, reforça o caráter de uma horizontalidade harmonizadora entre construções e terreno e marca uma forte presença institucional pela extensão da fachada.
Programa
A organização do programa priorizou o cuidado com o intercambio ou independência entre as atividades, conforme a necessidade funcional. Deste modo separa desde o acesso as circulações verticais entre pública ou privativa, preservando a integridade de cada uma, assim como dos ambientes.
O embasamento: o piso térreo, de acesso, contém o grande estoque de áreas abertas, onde situa-se o salão multiuso e recepção. A este espaço integra-se o mezanino, com a área de exposição. O salão multiuso pode assumir varias configurações: fechado com as 12 salas; aberto com palco em condição de ser visto também do mezanino, integrado totalmente à área de recepção; ou definindo cinco auditórios de tamanho variáveis, sendo o maior para 498 lugares.
O edificio laminar: concentra as demais atividades e está setorizado horizontalmente para manter a total privacidade dos ambientes administrativos. Os dois cores de circulação vertical têm acesso controlado aos diversos pavimentos, abrindo-se ao público nas atividades a visitantes, ou com controle magnético nos demais setores. A estrutura periférica e os cores nas extremidades, possibilitam o máximo de flexibilidade nas plantas.
Os subsolos: compostos por três pavimentos destinam-se aos estacionamentos. O primeiro nível recebe também a área técnica. Respondemos à complexa geometria e a grande demanda por vagas, com uma solução que explora meios níveis e acesso pelo subsolo já existente, reduzindo ao limite a área de rampas. Certamente tal solução considera o ajuste de níveis entre o volume novo e o antigo, além da adequação de uso do subsolo existente.
Sistema estrutural
O conjunto é concebido em estrutura de concreto armado com modulações distintas para o volume do embasamento e o edifício laminar. Neste edifício a estrutura é composta de pilares periféricos, modulados a cada 8,75m, com balanço na laje entre os dois cores. A laje, em grelha, foi calculada para uma secção de 0,60m. Esta configuração flexibiliza o piso em toda sua extensão. O embasamento, ao qual incorpora-se o mezanino, também terá apoio periférico, garantindo ao máximo a liberação do salão de atividades. A cobertura também em grelha será parcialmente invertida para a composição do jardim elevado.
Conforto, eficiência e instalações prediais
As soluções de conforto ambiental e racionalização das instalações prediais refletem-se nas próprias decisões da arquitetura:
- altura de 4,00 metros piso a piso: favorecendo a rede de instalações sobre forro.
- sistema de brise soleil nas fachadas, controlando a exposição solar e a luminosidade.
- sistema de ventilação cruzada na totalidade do edificio, pela possibilidade de abertura dos caixilhos. Os pisos inferiores também receberão ventilação natural, através de fossos nas áreas sob solo.
- sistema de reuso de águas pluviais, para limpeza e irrigação, através da implantação de cisternas no subsolo junto ao reservatório inferior.
- racionalização dos sistemas de infra-estrutura predial, com caminhamentos em poços de inspeção (shafts).
Acessos e fluxos
Acessos: o acesso de automóveis se dá pela entrada existente, facilitando o controle único, onde propomos a conexão entre o subsolo existente e o proposto. O acesso pedestre está no saguão de recepção. Propomos um acesso de serviço para a rua Botorubi.
Fluxos: o argumento fundamental para os fluxos internos é a independência e controle dos acessos públicos e privativos. Os dois cores de circulação vertical atendem a todos os ambientes, mas o da extremidade direita é exclusivo de uso privativo. O core central, de uso público, também tem acesso aos ambientes administrativos, acessáveis apenas por sistema de controle.
ficha técnica
Arquitetura: Arquiteto Francisco Spadoni
Co-autores: Arquitetos Lauresto Couto Esher e Tiago de Oliveira Andrade
Equipe técnica: Arquitetos Mayra Simone dos Santos, André Procópio e Ricardo Canton; estagiárias Carolina Mina Fukumoto, Fabiana Jaqueta Benine e Sabrina Chibani
Maquete: FredCarol Maquetaria
Paisagismo: Arquitetos Francisco Spadoni e Vladimir Bartalini
Projeto estrutural: Engenheiro Fábio Takahiro Oyamada
Fundações: Engenheiro Eduardo José Portella da Costa
Instalações prediais: MBM Engenharia
Ar condicionado: Unitempo Engenharia
Orçamento: Engenheiro Miguel Angelo D'Amore