O projeto vencedor proposto para o Concurso Sustentabilidade em Edificações Públicas situa-se em Petrolina, município do estado de Pernambuco, banhado pelo Rio São Francisco, no estremo Oeste do Estado. A cidade, que em conjunto com o vizinho município de Juazeiro na Bahia, é o maior aglomerado urbano do semi-árido brasileiro, (cerca de 450 mil hab.) e vem, desda década de 80 se destacando nacionamente pelo crescimento das exportações de produtos da agricultura irrigada. A Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) foi criada em 2002 com a finalidade de atuar na promissora região abrangendo três estados, com Campus situados em: Juazeiro-BA, São Raimundo Nonato-PI e Petrolina-PE. Este último, objeto da proposta, abrigará 4 cursos (Administração, Medicina, Enfermagem, Psicologia). São cerca de 30.000m² de construção, distribuidos em Salas de aula, Laboratórios, Biblioteca, Reitoria, Prefeitura do Campus e Auditório para 500 pessoas.O clima da cidade, Tropical semi-árido, é seco e quente durante todo o ano, caracteriza-se pela escassez e irregularidade das precipitações. São apenas dois mêses de pouca chuva no verão e forte evaporação em conseqüência das altas temperaturas. Com baixa humidade do ar e ventos predominantemente vindos de Sudeste, o semi-árido nordestino tem pequena variação na duração dos dias ao longo do ano (12,5 horas de sol por dia, em média) e altos indices de radiação solar (Fonte: Instituto de Tecnologia de Pernambuco), o que favorece o aproveitamento da energia solar por painéis fotovoltaicos. Os altos custos de implantação do sistema de captação de energia solar se amenizam quando há alta eficiência, pois no semi-árido predominam os dias ensolarados em grande parte do ano. Já sistemas de captação de água das chuvas são obsoletos, devida as poucas precipitações anuais. Embora exista abundância de água na região, proveniente do rio São Francisco que banha a cidade, o reaproveitamento do esgoto cinza seria uma alternativa ao consumo de água.As soluções abordadas na proposta levaram em consideração todos os aspectos condicionantes do local, como clima, cultura e contexto socio/econômico. A busca foi de uma arquitetura eficiente, tanto do ponto de vista físico, (implantação, orientação, materiais empregados, soluções energéticas, reaproveitamento de água, vegetação) como cultural (simplicidade formal e construtiva, evitando componentes estranhos à linguagem arquitetônica do sertão).
Acreditamos que para um empreendimento humano ser denominado sustentável, é necessário que se alcance 4 requisitos básicos. Esse empreendimento tem de ser:
Ecologicamente correto;
Emprego de materiais e soluções construtivas de baixo impacto ecológico.
Economicamente viável;
A racionalidade das soluções, evitando custos desnecessários.
Socialmente justo;
Arquitetura como meio de inclusão social
E culturalmente aceito.
Para o povo do sertão uma arquitetura sertaneja.
“Evitemos essa arquitetura de volumes puros e isolados... exploremos a longa projeção... a fachada sombreada e aberta."
"Combinemos as paredes compactas com os panos vazados, para que filtrem a luz e deixam a brisa penetrar."
"Evitemos as desprotegidas fachadas envidraçadas... onde só se pode permanecer de cortinas fechadas isolado do exterior."
A sombra conforta os dias mais quentes e ensolarados no semi-arido. As áreas pavimentadas como praças de convívio e estacionamentos são arborizadas para evitar o aquecimento em demasia dos pisos. Árvores da Caatinga são caracterizadas pela baixa estatura e pela superficialidade de suas raizes. Árvores do Cerrado brasileiro se adequam bem ao clima, sendo a alternativa mais indicada para a arborização do conjunto.
"Livremo-nos dessa dependência cultural dos países mais desenvolvidos, que retardou a afirmação de uma arquitetura despojada e brasileira... " "Rejeitemos os jardins de vegetação delicada... acolhamos o caráter selvático da natureza tropical."
Textos entre aspas e em itálico retirados do livro Roteiro para Construir no Nordeste, Armando de Holanda, Recife, 1976.
ficha técnica
Projeto
UNIVASF – Universidade do Vale do São Francisco - Campus Petrolina
Local
Petrolina, Pernambuco, Brasil
Área
30.000 m²Salas de Aula, Colegiado, Laboratórios de Química, Laboratórios de informática, Biblioteca, Prefeitura do Campus, Auditório 500 lugares, Reitoria.
Arquitetura
Murilo Medeiros de Siqueira
Orientador
Professor Ênio Eskinazi
Instituição de ensino
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco